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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho da Murtosa

Brasão de Murtosa


Localização : 

            O concelho da Murtosa pertence ao distrito de Aveiro, de cuja sede dista cerca de 27 Km e é limitado a Norte pelo concelho de Ovar, a Este pelo de Estarreja e Albergaria-a-Velha, a Sul pelo concelho de Aveiro e a Oeste pelo Oceano Atlântico e possui quatro freguesias: Murtosa, freguesia com sede na Vila homónima, Monte, Bunheiro e Torreira, esta com sede na Vila com o mesmo nome. Murtosa resulta de uma conquista da terra ao mar, que aconteceu provavelmente, 500 anos antes de Cristo, num acidente natural que deu origem geológica ao assoreamento progressivo do curso inferior do Vouga e à diminuição da grande laguna. A Ria, laguna que se estende de Ovar a Mira, atingindo uma extensão de 45 Km, sendo circundada por dez municípios - Aveiro, Ílhavo, Murtosa, Estarreja, Ovar, Albergaria-a-Velha, Águeda, Oliveira do Bairro, Vagos e Mira - independentemente da importância sócio-económica e geográfica que desde sempre assumiu nestes concelhos, constitui-se como um elemento fundamental da identidade sócio-cultural das populações de cada um deles, que aprenderam a usar os recursos que lhes oferece. O concelho da Murtosa está assente numa planicíe, exposta aos ventos e às marés, principais responsáveis pela redução da ria. A água, elemento predominante e unificador, desempenha aqui um papel fundamental na vida dos habitantes, ao proporcionar a existência de atividades que constituem o modo de vida de uma parcela considerável da população. Entre o mar e a ria nota-se a presença constante de matas aprazíveis, onde abundam os pinheiros. Estas características têm vindo a transformar certas zonas em atrativos centros turísticos, com crescimento notável nos últimos anos. Este concelho é dos mais pequenos no distrito de Aveiro, em termos de superfície ocupada; a sua área é de 73,6 Km2 e a sua população ronda os 9.103 habitantes, distribuídos pelas suas quatro freguesias.



História : 

         Apesar da recente constituição do concelho da Murtosa e embora o mesmo não tenha um longo passado histórico, nem profundas tradições genealógicas, não lhe faltam aspectos caracterizadores, que o tornam numa das terras mais individualizadas do distrito de Aveiro. Assim, pode dizer-se que a Murtosa e as povoações que a ela pertencem têm existência relativamente jovem, quando comparada com a maioria das terras do distrito. Neste concelho não chegaram até aos nossos dias vestígios que testemunhem a presença, mesmo que passageira, dos povos romanos, godos e árabes, havendo quem defenda que as suas origens remontam apenas aos séculos VIII e IX, ao chamado período novigodo, só depois de conquistada a cidade de Coimbra aos mouros. A constituição antropológica do povo murtoseiro, aparece normalmente associada aos fenícios, antigos navegadores, que estenderam a sua influência da Ásia até aqui, tendo fundado em Espanha, cidades importantes como Málaga ou Cádis, entre outras. A fixação das primeiras povoações na Murtosa ficará a dever-se a pescadores de origem nórdica e mediterrânica que, instalando-se com as famílias, aqui se juntaram aos naturais dos sítios. Esta fusão ter-se-á dado no decorrer da 1ª Dinastia, ao encontro da política da fixação levada a cabo pelos primeiros monarcas. O seu solo era na maioria coberto por areias movediças, pauís e terras encharcadas e lamacentas, o que ocasionou o povoamento tardio que, só passou a verificar-se à medida que se foi procedendo ao seu arroteamento, tornando fértil aquela quantidade de terrenos estéreis.Em 1220, numa relação das propriedades dos mosteiros e ordens religiosas da Terra de Santa Maria, é feita a primeira referência a Pardelhas. Neste documento, aquele reguengo (do qual a Murtosa fazia parte) é assinalado como pertença do mosteiro de Vila Cova de Sandim (Vila Nova de Gaia), fundado pelas monjas beneditinas. O nome pelo qual Pardelhas era então conhecida era "villa Mariña de Salgueiro", derivando o atual topónimo de "paredeiros" ou "pardeeiros" (pobres e rústicas habitações de colmo). Mais tarde, durante o reinado de D. Afonso III (1245-1279), o mosteiro dota o reguengo de Pardelhas com sistema judicial próprio, de características rudimentares (composto por juiz, procurador e vereadores), a quem fica entregue a administração da justiça. Na segunda metade do século XIV, D. Pedro I extingue aquela magistratura, passando o reguengo a estar sob a alçada (administrativa e judicialmente) do juiz do concelho de Figueiredo (concelho já extinto e que atualmente é um simples lugar da freguesia de Pinheiro da Bemposta, no concelho de Oliveira de Azeméis) e, subsequentemente, de Bemposta e Pinheiro de Bemposta. Em Dezembro de 1835, as povoações do reguengo de Pardelhas deixavam de estar adstritas a essa jurisdição e, juntamente com a Torreira (cuja fundação é atribuída a uma colónia de pescadores vindos do Norte da Europa ou do Mediterrâneo, nos séculos XII e XIII; e que até ao decreto de 24 de Outubro de 1855, pertenceu à freguesia e concelho de Ovar, sendo desta desanexada a 1 de Dezembro desse ano) passam a fazer parte do concelho e comarca de Estarreja, adquirindo, deste modo, com os núcleos da Murtosa e do Monte, unidade política. Esta administração por parte de Estarreja parece não ter sido coroada de sucesso, como o testemunha a tentativa que Murtosa levou a cabo para conseguir a sua autonomia, em 1899. A população murtoseira considerava a sua terra constantemente votada ao abandono pelos poderes concelhios, impossibilitando o seu progresso e desenvolvimento económico-social. Esta tentativa de separação não foi contudo, bem sucedida, vindo a Murtosa a alcançar a tão desejada autonomia apenas a 29 de Outubro de 1926, por força e vontade da população e do precioso contributo do Almirante Jaime Afreixo.

Bandeira de Murtosa

Cultura e Turismo : 

      A população da Murtosa é possuidora de um leque de instituições que têm levado o nome do concelho a vários pontos do país, quer na vertente desportiva quer cultural. A principal riqueza turística da Murtosa advém da diversidade paisagística que a natureza pôs à sua disposição; a força da beleza da Ria, com as águas serenas, propícias para a prática dos desportos náuticos e toda a zona entre a Torreira e S. Jacinto se abriu, nas últimas décadas, ao turismo, aumentando de ano para ano, o número de residências de Verão e aldeamentos, bem como de estabelecimentos da indústria hoteleira. A vasta extensão de matas entre a Ria e o mar, oferece momentos de repouso e lazer, que se podem prolongar num dos parques de campismo da mata de S. Jacinto. As praias de mar são outro atrativo  com extensos areais e dunas. Destaca-se a famosa praia da Torreira, das mais concorridas na época balnear.



Gastronomia : 

             De assinalável interesse é a cozinha murtoseira, onde também a Ria desempenha um papel fundamental. Dela vêm as enguias com que se preparam as principais especialidades gastronómicas locais: caldeiradas (de enguia ou peixe), enguias de escabeche, as tradicionais "barricas de enguias" e, além disso, os rojões de carne de porco, o pão-de-ló e os ovos moles.


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