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domingo, 27 de outubro de 2013

Viagem e visita ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina


Localização

         O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina localiza-se no litoral sudoeste de Portugal, entre a ribeira da Junqueira em São Torpes e a praia de Burgau, com uma extensão de 110 km, numa área total de 74 414,89 hectares, correspondendo a área terrestre a 56 952,79 ha e a área marinha adjacente a 17 461,21 ha. O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina abrange o litoral sudoeste de Portugal Continental, no sul do litoral alentejano e no barlavento algarvio em redor do Cabo de São Vicente. Inclui territórios de freguesias dos seguintes concelhos:
Sines (freguesias de Porto Covo e Sines);
 - Odemira (freguesias de Longueira / Almograve, Santa Maria, São Luís, São Salvador, São Teotónio, Vila Nova de Milfontes e Zambujeira do Mar);
 - Aljezur (freguesias de Aljezur, Bordeira, Odeceixe e Rogil);
 - Vila do Bispo (freguesias de Budens, Raposeira, Sagres e Vila do Bispo).
Para além da faixa costeira e da zona submarina de 2 km a partir da costa, o parque inclui o vale do rio Mira desde a foz até à vila de Odemira. Na área do parque encontram-se diversos tipos de paisagens e habitats naturais e semi-naturais, tais como arribas e falésias abruptas e recortadas, praias, várias ilhotas e recifes (incluindo a ilha do Pessegueiro e um invulgar recife de coral na Carrapateira), o estuário do Mira, o cabo Sardão, o promontório de Sagres e Cabo de São Vicente, sistemas dunares, charnecas, sapais, estepes salgadas, lagoas temporárias, barrancos (vales encaixados com densa cobertura vegetal), etc. As altitudes máximas são: 324 m, no interior (em São Domingos, Odemira); e 156 m, no litoral (em Torre de Aspa, Vila do Bispo). A profundidade máxima é 32 m, 2 km ao largo do Pontal da Carrapateira (Aljezur).







História :  

       O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina foi criado a 7 de julho de 1988, ocupando uma área de 60 688 hectares, e integra parte dos concelhos de Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo. A sua mais importante zona húmida é sem dúvida o estuário do Mira, que inclui praias, bancos de areia, falésias, sapal, arrozal, zonas de mato, áreas florestadas, culturas de sequeiro e de regadio e incultos. Quase no limite norte do Parque Natural, encontra-se a ilha do Pessegueiro, próximo de Porto Covo e diante do Forte de Terra. A coroá-la, uma fortaleza, rodeada de águas ricas em peixe, ponto de nidificação e abrigo de algumas aves.




Biodiversidade :

         No que diz respeito à vegetação de todo o litoral, esta reflete, para além da pobreza do solo, a exposição direta à salinidade e aos ventos do mar, daí, em parte, o aspeto de desolação com que se apresenta. A generalidade da área é coberta por plantas herbáceas e por arbustos de pequeno porte, a maioria das vezes caindo sobre o solo para garantirem a sua sobrevivência. Nas dunas e medos, a vegetação é dominada por espécies como o estorno e nas zonas de maior mobilidade ocorre um número apreciável de espécies raras ou endémicas. Nas falésias e no alto das arribas, depara-se com um conjunto de plantas adaptadas à secura, ao vento e à salsugem, que se congregam por vezes em pequenos tufos ou moitas, sendo a sabina-das-praias uma das que mais ocorre. Nas zonas húmidas encontra-se, para além de sapal, agrupamentos halofíticos típicos destas zonas que contrastam de forma evidente com as urzes e estevas que dominam as zonas não agricultadas das charnecas litorais. Há ainda a referir montados de sobro, como o existente no barranco do candeeiro, próximo de Vila do Bispo, pinheiro-manso, na Bordeira, figueiras e amendoeiras, no litoral sul de Vila do Bispo, bosquetes de sobro e de medronheiro, nas encostas expostas a norte de um ou outro barranco mais escondido. O promontório de Sagres e o cabo de S. Vicente constituem duas zonas de particular interesse onde se podem encontrar perpétuas douradas, arménias, tomilho-do-algarve e rosmaninhos. A costa alcantilada, com numerosos rochedos e ilhotas no seu flanco, aliada ao facto de até há relativamente pouco tempo não existir uma presença humana demasiado elevada, faz do litoral português um local ideal para a nidificação de numerosas espécies de avifauna. Para além das típicas gaivotas, aves de presa como a águia-pesqueira, uma das espécies mais ameaçadas de extinção no nosso país, a águia-de-bonelli e o peneireiro-das-torres nidificam nesta costa. O mesmo se passa com as garças (garça-branca e garça-boeira) e com a cegonha-branca, que, facto inédito na Europa, nidifica em ilhotas costeiras. Os curiosos ninhos de cegonha, nomeadamente nas imediações do Cabo Sardão e na Zambujeira do Mar, atraem pela beleza e pelo insólito. Na zona do Cabo de S. Vicente reproduzem-se a gralha-de-bico-vermelho e a gralha-de-nuca-cinzenta, espécies em declínio no continente europeu. Os pombos-das-rochas do Sudoeste são os únicos representantes puros da espécie que restam, enquanto o corvo-marinho-de-crista e o falcão-peregrino concentram neste litoral parte importante dos seus efetivos nacionais. Finalmente, esta costa representa também um importante corredor migratório para os falconiformes e passeriformes em geral e o principal corredor da migração outonal das rolas.
Para além das aves, o litoral do Sudoeste dá abrigo a numerosos mamíferos: raposas, ginetas, saca-rabos e fuinhas. Ao longo do litoral existe uma população de lontras cujos hábitos marinhos representam um facto pouco vulgar no continente europeu, enquanto em numerosas grutas e furnas existem importantes colónias de morcegos cavernícolas. O litoral do Sudoeste Alentejano e a costa vicentina caracterizam-se por ser habitat de ricas comunidades haliêuticas - peixes, crustáceos e moluscos - constituindo uma das áreas com maior diversidade e abundância de organismos marinhos de toda a costa portuguesa.
A presença humana é atestada quer através de vestígios pré-históricos quer por construções, sobretudo de carácter militar, erguidas em épocas mais recentes. De facto, a construção de pedra sempre primou pela ausência e os materiais mais utilizados em toda a zona foram desde há muito aqueles que estavam mais à mão, sobretudo o barro que, cru ou cozido, fez durante séculos a casa do Sudoeste. Restam os fortes e fortins, as únicas edificações que ainda pautam o cordão litoral: os fortes da ilha e de terra, em Porto Covo, o castelo de S. Clemente, em Milfontes, os fortes da Arrifana e da Carrapateira, a torre de Aspa, o forte de Beliche, as fortalezas de Sagres e de S. Vicente, os fortes de Baleeira, do Zavial, de Figueira, de Almádena e a bateria do Burgau.




Lazer e Passeios :

         As Praias, muito procuradas pelos surfistas, são das melhores do país. A variedade é enorme, encontrando-se extensos areais ou pequenas praias aninhadas entre arribas e rochas. De entre tantas, podemos referir Porto Covo, Malhão, Vila Nova de Milfontes,  Almograve, Monte Clérigo, Arrifana e a Praia do Amado. Se tiver energia e vontade de caminhar, pois os acessos nem sempre são fáceis, poderá descobrir muitas outras que se mantêm em estado quase selvagem. No extremo sudoeste do Parque, não deixe de visitar o Farol, no Cabo de São Vicente que dá nome a esta parte da costa, e muito perto, a Ponta de Sagres, onde existiu a famosa Escola Náutica fundada pelo Infante D. Henrique no séc. XV.

Cabo de S. Vicente :

     O Cabo de São Vicente próximo de Sagres e a Ponta de Sagres em Portugal juntos formam o ponto mais a ocidente do continente Europeu. O cabo tem uma falésia de aproximadamente 69 m praticamente sem vegetação. Já era considerado um lugar sagrado nos tempos Neolíticos, conforme atestam os menhires na zona. O nome da zona em que se localiza recorda o Promontorium Sacrum romano. Os antigos gregos chamavam-no de Ophiussa (Terra das Serpentes), habitado pelos Oestriminis. Os cristãos seguiram a tradição e dedicaram a última zona da terra conhecida a São Vicente, dando também o nome à costa adjacente (Costa Vicentina). De acordo com a lenda, as relíquias do mártir São Vicente foram transportadas da Terra Santa para o cabo por corvos. O impressionante farol que guia os navios que passam pelo cabo pode ser visitado. Apesar de ser um dos pontos de passagem mais frequentados pelos navios, como têm de respeitar grandes distâncias por razões de segurança, são apenas pequenos pontos no horizonte. Nas falésias circundantes que sofrem com a força do vasto Atlântico, os pescadores locais arriscam as suas vidas empoleirando-se em sítios dramáticos acima do mar violento. Todos os anos alguns deles, bem como turistas imprudentes, encontram aqui a sua morte.




Fortaleza : 

  O Rei D. João III ordenou a construção desta fortaleza no século XVI para proteger o convento franciscano contíguo dos ataques dos piratas. A porta principal ostenta o brasão do rei. A torre foi destruída por Sir Francis Drake e reconstruída no século XVII.


Ponta de Sagres :

       Sagres exibe algumas das mais impressionantes paisagens do Algarve. A força da natureza é tão forte na ponta mais a sudoeste de toda a Europa continental que os visitantes logo percebem porque os antigos colonos a apelidaram de “sagrada”, porque foi o ponto de partida dos exploradores portugueses no século XV rumo ao desconhecido e como conseguiu manter a sua fascinante beleza natural.
A história de Sagres foi definida pela sua localização geográfica e pelos magníficos promontórios de Sagres e do Cabo de S. Vicente. A ideia de que a terra termina aqui nestes promontórios com 50 metros de altura que se precipitam dramaticamente no mar foi uma fonte constante de mistério e atracção para os sucessivos colonizadores da região, conforme atestado pelos diversos vestígios da sua presença. A figura mais influente da história de Sagres foi o Infante D. Henrique, que aí se inspirou para embarcar nas suas viagens de descoberta, trazendo fama à região e levando à fundação da Vila do Infante. Sob o seu comando, a zona transformou-se num centro de actividade marítima, onde se reuniam cartógrafos, astrónomos e marinheiros, onde se construíam caravelas e onde se deu início à exploração da costa africana.
A paisagem selvagem e acidentada de Sagres e a força e atracção do mar continuam a encantar os visitantes. As bonitas falésias e as longas extensões de areia da costa a norte do Cabo de S. Vicente tornaram-na um local de eleição entre os surfistas, os praticantes de parapente e os amantes dos ambientes naturais selvagens e inóspitos. A costa sul oferece mais alternativas. As praias expostas, como a do Tonel, ajudaram a transformar Sagres na capital do surf no Algarve, enquanto as praias mais abrigadas, como a Mareta ou o Martinhal, são favoritas entre as famílias, pois continuam a manter o seu ambiente natural e imaculado. Estas são especialmente populares entre os mergulhadores, que desfrutam ao máximo das grutas submersas das falésias calcárias da Mareta ou das ilhotas ao largo do Martinhal. Viajando para leste ao longo da costa sul, encontrará longos areais alternados por pequenas grutas aninhadas entre falésias, sendo as de mais difícil  acesso as que por vezes oferecem praias abençoadas e praticamente desertas. Sagres é uma animada vila piscatória com um pitoresco porto na Ponta de Baleeira, que se torna muito animado ao final do dia, quando os pescadores regressam da faina. Vários barcos que oferecem actividades de pesca, passeios para observação de golfinhos ou passeios panorâmicos pela impressionante costa também partem deste local. A Praça da República, o centro da vila, é um ponto interessante no qual se pode observar a rotina do dia-a-dia enquanto se degustam as especialidades locais. O peixe é o ingrediente principal de muitos pratos e a variedade é fabulosa, desde percebes a chocos e moreia frita, servido de várias formas deliciosas. Os meses de Verão trazem muita animação aos bares de Sagres, à medida que os surfistas rumam às praias e participam no festival anual de surf que aí se realiza. A Praia da Mareta, a mais próxima de Sagres, encontra-se a curta distância a pé a sul da vila. Enquanto os amantes da praia desfrutam do sol, os praticantes de golfe podem desfrutar das lindíssimas vistas sobre o mar ao mesmo tempo que testam as suas aptidões nas colinas ondulantes do campo do Parque da Floresta, situado na aldeia vizinha de Budens.

Fortaleza de Sagres

        Classificada como Monumento Nacional, a fortaleza original do Infante D. Henrique, datada do século XV, foi destruída durante as incursões de Sir Francis Drake às costas sul de Espanha e Portugal durante o século XVI, tendo sido reconstruída durante os séculos XVI a XVIII.


Rosa dos Ventos

          Atribuído ao Infante D. Henrique, este círculo com 43 metros de diâmetro e 32 raios feitos com pedras, foi descoberto em 1921. É conhecido como rosa-dos-ventos, embora alguns estudiosos acreditem que tenha sido um relógio solar.



Igreja de Nossa Senhora da Graça 

      Construída sobre as fundações da igreja original de Santa Maria, mandada construir pelo Infante D. Henrique, esta igreja do século XVI ostenta uma imagem de S. Vicente vinda do convento do Cabo de S. Vicente. Nela pode ver-se o sepulcro de um capitão espanhol do século XVI que ajudou a defender a fortaleza dos ataques de Sir Francis Drake em 1587 e o túmulo de dois comandantes da fortaleza durante o século XVII.



Onde ficar :

Herdade da Matinha
Cercal do Alentejo, tel.: 962 944 285 (www.herdadedamatinha.com). 
Um monte alentejano com quatro quartos com cama de casal e cama extra. Em época alta, este turismo rural funciona em regime de meia-pensão, com pequeno-almoço com pão cozido em forno de lenha e jantares gourmet, usando só produtos da região e da horta biológica da herdade. Duplos a partir de € 70, em época baixa, e € 90, em época alta. Fica entre Odemira e Vila Nova de Milfontes.

turismo rural MatinhaCasa da Bica da Matinha no Alentejo


Monte do Papa-Léguas
Zambujeira do Mar, tel.: 283 961 470; www.montedopapaleguas.com; montedopapa@sapo.pt. 
Um monte tradicional alentejano, acolhedor, numa propriedade com cinco mil hectares, dentro do Parque Natural. Organiza vários tipos de percursos, passeios a cavalo, de BTT, a pé ou de canoa. Possui 5 quartos duplos. Preços a partir de € 52,38. Os preços de equitação rondam os € 22,45 por hora, a canoagem inclui 6 horas de viagem com almoço à beira-rio e visita às cascatas, este passeio custa cerca de € 30 por pessoa (mínimo 6 participantes).