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domingo, 22 de setembro de 2013

Viagem e visita ao Parque natural da Ria Formosa




Localização

         A Ria Formosa é um sapal situado na província do Algarve em Portugal, que se estende pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, abrangendo uma área de cerca de 18.400 hectares ao longo de 60 quilómetros desde o rio Ancão até à praia da Manta Rota. E foi considerado um dos mais belos parques do algarve , tendo uma grande função e um belo habitat.


História

             Trata-se de uma área protegida pelo estatuto de Parque Natural, atribuído pelo Decreto-lei 373/87 de 9 de Dezembro de 1987. Anteriormente, a Ria Formosa tinha estatuto de Reserva Natural, instituído em 1978. A sul é protegida do Oceano Atlântico por um cordão dunar quase paralelo à orla continental, formado por duas penínsulas (a Península do Ancão, que engloba a praia do Ancão e a praia de Faro; e a Península de Cacela, que engloba a Praia de Cacela Velha e a Praia da Fábrica) e cinco ilhas barreira arenosas (Ilha da Barreta, Ilha da Culatra, Ilha da Armona, Ilha de Tavira e Ilha de Cabanas), que servem de protecção a uma vasta área de sapal, canais e ilhotes.
A norte, em toda a extensão, o fim da laguna não tem uma delimitação precisa, uma vez que é recortada por salinas, pequenas praias arenosas, por terra firme, agricultável e por linhas de água doce que nela desaguam (ribeira de São Lourenço, rio Seco, ribeira de Marim, ribeira de Mosqueiros , rio Gilão, ribeira do Almargem e ribeira de Cacela), tem a sua largura máxima junto à cidade de Faro (cerca de 6 Km) e variações que nos seus extremos, a Oeste e a Este, atingem algumas centenas de metros. Este sistema lagunar tem uma forma triângular e apesar de ser reconhecido como ria, na realidade não o é, uma vez que uma ria é um vale fluvial inundado pelo mar o que não é o caso, uma vez que a laguna não é nenhum vale fluvial e é formada por ilhas barreira. O seu fundo é constituido essencialmente por sedimentos lagunares (matéria orgânica, vasa salgada), sedimentos Continentais (oriundos do transporte pelas ribeiras e escorrência das águas das chuvas) e sedimentos arenosos ( provenientes das correntes de maré, sobretudo nas barras, galgamentos e ventos) que se têm vindo a consolidar com a ajuda da "morraça" que é um tipo de vegetação predominante e caracteristico desta região. A sua fisionomia é bastante diversificada devido aos canais formados sob a influência das correntes de maré, formando assim, uma rede hidrográfica densa.
É uma zona húmida de importância internacional como habitat de aves aquáticas. Está, por este motivo, inscrita na Convenção de Ramsar, pelo que o Governo Português assumiu o compromisso de manter as características ecológicas da zona e de promover o seu uso racional, esta área protegida está também classificada como zona de protecção especial no âmbito da Directiva 79/409/UE.
O parque natural está geminado com Domaine de Certes - Le Teich, França, ao abrigo do Programa de Germinação de Áreas Protegidas Costeiras da Europa, tem sido ameaçado pelo excesso de população que vive na região, principalmente devido ao turismo.












Constituição

            No Parque Natural da Ria Formosa distinguem-se três zonas: a zona marítima (mar), a zona do cordão dunar e a zona de sapal (rio).
No que diz respeito à flora, são dois os principais interesses do Parque Natural: por um lado, os sapais - áreas submersas pela maré alta e a descoberto na maré baixa - com a sua vegetação halófita (vegetação que tolera elevados teores salinos, escassez de oxigénio dos solos e longos períodos de emersão). Por outro lado, a flora dunar - espécies adaptadas aos ventos fortes, salinidade excessiva e grande permeabilidade dos solos - que apresenta como espécies o estorno, a arméria, o malmequer-das-praias, o narciso-das-areias e os cordeirinhos-da-praia.
Quanto à fauna do parque, a aparente pobreza da vegetação contrasta com a riqueza de que se reveste a sua vida animal. A composição e abundância do zooplâncton - conjunto de organismos animais que vivem de forma mais ou menos passiva por não possuírem capacidade de deslocação - é de importância fundamental, sobretudo na cadeia alimentar dos peixes que aí habitam. A ria Formosa torna-se assim, para além de local de abrigo, zona privilegiada para a alimentação, reprodução e permanência de numerosas espécies animais, desde os peixes aos invertebrados, incluindo moluscos e crustáceos, servindo simultaneamente de suporte a uma avifauna diversificada. A importante variedade de habitats existentes alberga mais de 50 espécies de peixes, desde os sedentários aos de origem marinha, parte deles migradores, e de que se podem citar a dourada, o robalo, o sargo, a tainha, a enguia, entre outros. Para além dos peixes, devem referir-se os crustáceos - o camarão-de-monte-gordo e o camarão-da-ria, o caranguejo-morraceiro e a boca - e cefalópodes, como o polvo, o choco e o búzio. Fundos baixos, temperaturas adequadas, uma salinidade elevada, águas renovadas e um substrato de fundos arenosos e argilosos são outros tantos fatores propícios à fixação e desenvolvimento das mais variadas espécies marinhas, sobretudo daquelas que necessitam de águas protegidas para efetuarem o seu ciclo normal de vida. Devido ao facto de possuir todas estas condições a ria tornou-se local de criação no respeitante aos moluscos bivalves. Os anfíbios, grandes consumidores de insetos e, salvo raras exceções, quase sempre associados a massas de água doce, estão bem representados na planície costeira que bordeja a ria - rã-comum, rela e sapo -, enquanto o cágado-vulgar e o cágado-de carapaça-estriada estão presentes na Quinta do Ludo.  A ria é uma importante zona de invernada de aves aquáticas e limícolas oriundas do Centro e Norte da Europa, dando guarida a efetivos importantes de borrelho-grande-de-coleira, tarambola-cinzenta, maçarico-de-bico-direito, pilrito e alfaiate. A zona de água doce, por sua vez, é local de nidificação para a galinha-sultana, cada vez mais rara, galinha-de-água, galeirão-comum, mergulhão-pequeno, garça-pequena e pato-real, enquanto o caniçal constitui refúgio para uma importante população de garça-boieira. Finalmente as salinas, sobretudo o salgado da Terra Estreita, próximo de Tavira, são locais onde se podem encontrar grandes concentrações de gaivinas e de limícolas e um dos raros locais onde se pode observar o flamingo.
Diretamente dependente da ria está a extração de inertes, sobretudo areias que, se por um lado é resultante das drenagens necessárias à manutenção das barras e canais, por outro é uma exigência motivada pelo enorme surto de construção civil existente em toda a área.






Pontos de Interesse

               Toda a área do Parque é de grande interesse natural, cultural e paisagístico. Apresentam-se seguidamente os principais pontos de interesse na área do PNRF, de Vila Real de Santo António a Loulé.
Núcleo histórico de Cacela Velha - concelho de Vila Real de Santo António, freguesia - Vila Nova de Cacela. Classificação Imóvel de Interesse Público - Decreto-Lei n.º 2/96, 2 março e Zona Especial de Proteção – Despacho de janeiro de 1987 (DGMEN). Núcleo urbano histórico de origem medieval. 
Época construção- diversas (século XVIII, XVI) Utilização inicial - núcleo urbano de reduzida dimensão - residencial, cultural, agrícola, administrativo e turístico. Utilização atual - núcleo urbano. Propriedade pública: estatal e municipal; privada: igreja católica, misericórdia e habitações. Inclui fortaleza (arquitetura militar); igreja matriz, com portal renascentista; casa da Misericórdia (séc. XIII); Casa da Câmara, séc. XVI edifício da cadeia; cisterna medieval; e cemitério antigo.
Torre d'Ares ou Aires - concelho de Tavira, freguesia da Luz. Utilização inicial - Atalaia – defesa. Propriedade municipal. Foi recuperada pelo PNRF em 1989.
Forte do Rato - concelho de Tavira, freguesia de Santa Maria. Localização - 2 km a SE de Tavira, junto à foz do rio Gilão. Classificação Imóvel de Interesse Público – Decreto-Lei n.º 8/83, 24 janeiro (DGMEN). Época de construção - séc. XVI , reinado de D. Sebastião. Utilização inicial - militar, defesa do porto de Tavira.
Forte de São João da Barra ou da Conceição - concelho Tavira, freguesia Cabanas. Localização - faixa terrestre adjacente à laguna, numa pequena elevação, a NE de Cabanas. Acesso pela EN 125 até ao acesso a Cabanas e depois pela EM 1238, contornar o núcleo urbano pelo limite sul e depois acesso por caminho vicinal. Classificação - Imóvel de Interesse Público, Dec. 43073, 14 julho, 1960 (IPPAR). Época construção -  séc. XVII - reinado de D. João. Utilização inicial - militar, de defesa. Utilização atual - habitação, propriedade privada. Observações: em 1670 foi submetido a remodelação e ampliação. Em 1783, estando muito arruinado, foi de novo reedificado.
Chalet João Lúcio - concelho de Olhão, freguesia de Quelfes. Acesso pela EN 125, a cerca de 1 km a este de Olhão, junto ao Parque de Campismo de Olhão e à sede do PNRF. Casa senhorial do início do séc. XX (1916). Trata-se de um edifício com três pisos, quadrangular, sem frente nem traseiras. O Chalé possui quatro entradas cada uma com o seu significado e distribuídas pelos pontos cardeais: a escadaria a norte tem a forma de peixe; a sul de guitarra; a nascente de violino; e a poente de serpente. Assim, o peixe representa a água, a guitarra o fogo, o violino o ar e a serpente a terra. A casa, outrora pertença do Dr. João Lúcio (advogado e poeta), figura mistíca e carismática de Olhão, nunca foi por ele habitada pois, em 1918, morre vítima de pneumonia. Utilização inicial - moradia. Utilização atual - Ecoteca. Propriedade: ICNF/PNRF.
Quinta do Ludo - concelhos de Faro e Loulé. O Ludo é um santuário da natureza. O diversificado ecossistema que o caracteriza é, actualmente, um caso já raro no Algarve, visto que ainda reúne espaços florestais, agrícolas, ribeirinhos e marinhos numa estreita relação harmoniosa, enriquecida por uma importante ocorrência de fauna e flora silvestres.

PNRF - centro de Cacela
Cacela 
PNRF - Torre dAires
                                                                                 Torre d'Ares 

Lazer e Passeios

Trilho da ilha da Barreta 

Acesso: de barco, a partir de Faro.
Ponto de partida e de chegada: pontão da ilha Deserta junto ao molhe da barra nova de Faro. 
Extensão: 3,2 km. 
Duração: 2 h.
Dificuldade: fácil. 
Apoios: percurso sinalizado; restauração na ilha (abertura ocasional e periódica). 
Breve descrição : 
Caminhando pela praia pode-se observar inúmeras conchas e búzios, testemunho da vida existente na faixa litoral. A zona dunar apresenta uma vegetação diversa bem adaptada às condições ali existentes. O sapal enche-se de atividade na baixa-mar, traduzida na presença de mariscadores e de inúmeras aves que aí se alimentam. 

Trilho das salinas da Nécton

Acesso: seguindo pela EN125 no sentido Faro–Olhão virar à direita nos primeiros semáforos controladores de velocidade (a cerca de 5 km da rotunda de Faro). Continuar pela estrada em terra, passar a linha do comboio até chegar a um edifício branco identificado como Nécton S.A. 
Ponto de partida e de chegada: edifício da Nécton, itinerário circular . 
Extensão: 700 m. 
Duração: cerca de 1 h. 
Dificuldade: fácil. 
Apoios: os escritórios e laboratórios da Nécton encontram-se em funcionamento todo o ano e a e o visitante poderá obter mais informações. Possibilidade de adquirir sal e flor de sal com qualidade reconhecida.
Breve descrição : 
Inseridas no concelho de Olhão, as salinas da Nécton, empresa que produz sal tradicional certificado, são um bom exemplo da exploração salina na área do PNRF. Com um projeto inovador que alia a produção de sal tradicional e flor de sal e a pesquisa a nível da produção de plantas típicas do sapal, de que é exemplo a Salicornia spp planta muito apreciada na gastronomia francesa. As salinas da Ria Formosa são famosas pela boa qualidade do sal e responsáveis por cerca de metade da produção nacional de sal marinho.Trata-se de uma atividade que não põe em causa os valores ecológicos da região, antes é exemplo de uma exploração sustentável dos recursos naturais proporcionando, ainda, refúgio, alimento e locais de nidificação para a avifauna. Este percurso encontra-se interpretado com placas informativas sobre o processo de produção do sal. De notar que é um processo demorado em que o início dos trabalhos decorre em março/abril e terminando em setembro. No entanto, este percurso não fica desprovido de interesse durante o inverno. Nesta época do ano, as salinas são local de refúgio e alimentação para inúmeras aves que, vindas do norte da Europa, aqui permanecem, temporariamente, preparando-se para a travessia do Atlântico com destino a África. Outros grupos permanecem todo o inverno, fazendo um vaivém intercalado entre a maré e as salinas.