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sábado, 1 de junho de 2013

Viagem e visita ao concelho da Moita

Brasão de Moita

Localização

            A Moita é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Setúbal, região de Lisboa e sub-região da Península de Setúbal, é sede de um pequeno município com 55,08 km² de área e subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a norte e a leste pelo município do Montijo, a sueste por Palmela, a oeste pelo Barreiro e a noroeste tem uma estreita faixa ribeirinha no estuário do Tejo.


História

         As origens da ocupação humana no Concelho da Moita remontam aos inícios do Neolítico e correspondem a uma ocupação de carácter habitacional com cerca de seis mil anos, como atestam os achados arqueológicos da jazida do Gaio.
Contudo, não se conhece uma continuidade da ocupação do espaço, na medida em que só a partir de meados do século XIII podemos apontar a existência de um núcleo humano em Alhos Vedros , como certifica o mais antigo documento que se conhece referente a esta localidade, que confirma a existência desse lugar com um capelão chamado Fernão Rodrigues, datado de 30 de Janeiro de 1298. O povoamento da faixa ribeirinha, na qual se integra o território do actual concelho da Moita, só terá ocorrido de uma forma mais ou menos contínua com a pacificação de toda esta zona, o que nos faz supor que apenas terá sucedido após a reconquista definitiva de Alcácer do Sal em 1217.
Toda esta extensa região (doada por D. Sancho I, no ano de 1186) que se estendia desde a Margem Sul do Rio Tejo até à extrema do Alentejo estava na dependência directa da Ordem Militar de Santiago. É neste contexto que surge a designação de Riba Tejo, termo utilizado pelos freires de Santiago para denominarem o vasto território compreendido entre o rio de Coina e a ribeira das Enguias e no qual nasceram e se foram desenvolvendo vários núcleos populacionais, atraídos pela força do estuário. É no âmbito desta estrutura organizacional que surge a freguesia de São Lourenço de Alhos Vedros, confirmada documentalmente por uma sentença, datada de 5 de Outubro de 1319. O período que medeia os séculos XIV e XVI é propício ao desenvolvimento económico e populacional de Alhos Vedros, de tal forma que vê crescer a sua importância no contexto regional, ao receber o estatuto de vila (1477), o poder municipal (1479) e a carta de foral (1514).
Contudo, no final da centúria de quatrocentos e início de quinhentos, é que terá assumido o seu período áureo, abrangendo o seu termo um extenso território que compreendia os actuais concelhos do Barreiro e da Moita, estendendo-se desde a Ribeira de Coina até Sarilhos Pequenos. Embora detivesse uma área de jurisdição, o antigo concelho de Alhos Vedros estava na dependência directa da Ordem Militar de Santiago, a sua donatária, pelo que constituía uma comenda da Mesa Mestral da Ordem. É neste contexto espácio-temporal que vão surgindo pequenos aglomerados, constituídos por pouco mais do que uma dezena de habitantes, demonstrando que a humanização, no território do actual concelho da Moita se fez muito lentamente, o que se deveu, em grande parte, à estrutura do solo, coberto exclusivamente por matas e extensos pinhais. Dados os imperativos geográficos, os aglomerados que nasceram no termo de Alhos Vedros cresceram em estreita articulação com o trabalho no rio, através de uma rede efectiva de ligações fluviais com a outra margem, o que permitia uma rápida circulação de pessoas e de bens. Aliás, o desenvolvimento da Moita está indissociavelmente ligado ao transporte de cabotagem, actividade que a converteu numa terra de passagem e num importante nó de ligação entre o Sul do país e a cidade de Lisboa.
Assim, à medida que assistimos ao crescimento da Moita, que culmina com a sua elevação a vila em 1691, Alhos Vedros vai lentamente declinando, situação que se reflecte na desintegração do seu território e consequentemente no decréscimo da população, de modo que, no século XVIII, Alhos Vedros tinha apenas 124 moradores, enquanto a Moita já registava 225 “vizinhos” e o lugar de Sarilhos Pequenos 55 “vizinhos”.
Nos finais do século XVII, passámos a ter duas vilas e dois concelhos com as respectivas áreas jurisdicionais, administradas individualmente por dois juízes ordinários, vereadores, um procurador do concelho, escrivão da Câmara, juiz dos órfãos com o seu escrivão, dois tabeliões, um alcaide e uma companhia de ordenança.
No século XIX, no decorrer das reformas administrativas empreendidas pelo governo liberal, Alhos Vedros perdeu definitivamente a sua autonomia municipal e foi integrado como freguesia, num primeiro momento, no Barreiro (1855) e, num segundo momento, na Moita (1861). Na última década do século, com a segunda extinção do concelho da Moita (1895), a freguesia de Alhos Vedros voltou a ser anexada, por mais três anos, ao Barreiro, para ser de novo reintegrada, em definitivo, no concelho da Moita (1898). 

Bandeira de Moita

Heráldica

Brasão: de prata com um sobreiro de verde, frutado de ouro e troncado e arrancado de negro, realçado de prata. Em chefe uma cruz de Santiago, de púrpura, acompanhada de dois cachos de uvas de púrpura, folhados de verde. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres: «Vila da Moita», a negro.

Bandeira: esquartelada de amarelo e de verde. Cordões e borla de ouro e verde. Lança e haste douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro dos círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal da Moita».


Cultura e Turismo

        Neste concelho que nasceu e se desenvolveu em estreita relação com o rio Tejo, vale a pena vir à descoberta da sua zona ribeirinha. Da Baixa da Banheira a Sarilhos Pequenos, a paisagem é diversa mas o Tejo, esse é comum. São 20 Km de margens, alternando entre as zonas verdes tratadas, sapais e antigas salinas, cais e estaleiros navais, praia fluvial, além da animação desportiva e cultural a cargo das associações locais e das autarquias. Também a riqueza do património religioso e civil faz com que valha a pena uma visita mais demorada ao Município da Moita. 
Na Baixa da Banheira, deixe a EN11 e vire em direcção ao Parque da Zona Ribeirinha. Estacione o automóvel, se for o caso, e faça uma caminhada ao longo do Parque que acompanha o recorte natural das margens do Tejo. Pode também subir ao miradouro e apreciar uma outra perspectiva do vasto parque ribeirinho, construído para reaproximar esta vila operária do seu rio. 
Já em direcção à Moita, visite, à entrada da antiga vila de Alhos Vedros, o Parque das Salinas, cuja concepção segue a mesma filosofia do anterior. Também aqui a área verde de lazer foi "ganha" ao rio, através da recuperação das antigas salinas desactivadas e vazadouros. Virada para o Parque das Salinas, está a Igreja Matriz de S. Lourenço de fundação medieval. Com as suas interessantes capelas, esta é uma das mais importantes peças do conjunto patrimonial desta vila. Chegado à Moita, meta pela Rua do Rosário, no fim da Avenida Marginal, em direcção à característica localidade do Gaio. Aí procure a indicação "Estaleiro Naval" ou "Parque das Canoas", cujo nome não poderia ser mais apropriado. Construído junto ao antigo Estaleiro Naval de barcos tradicionais do Tejo, este parque é o local ideal para passar um fim de tarde no sossego da beira-Tejo.
Entre Sarilhos Pequenos e Alhos Vedros, vários são locais onde são ainda visíveis os restos de antigas salinas, junto aos sapais e outras zonas naturalizadas. Destacamos, pela sua acessibilidade, a zona da antiga Quinta do Esteiro Furado, para ver da estrada municipal entre Sarilhos e Rosário (trata-se de propriedade particular) e as antigas salinas junto à estrada entre o Gaio e a Moita, à chegada a esta vila. 
Entre as várias espécies de aves aquáticas que aqui se podem observar, contam-se os flamingos, visíveis durante quase todo o ano na baixa-mar (com mais facilidade, na Caldeira da Moita), sobretudo a partir do fim do Verão até ao Inverno, época em que o Tejo chega a albergar vários milhares de indivíduos dispersos por todo o estuário.
O Cais do Descarregador em Alhos Vedros é uma paragem obrigatória para quem se interessa pela história e pelas actividades tradicionais ligadas ao rio. Junto ao Cais, encontra-se o Moinho de Maré e a sede da Associação de Desportos Náuticos "Amigos do Mar". 
Na Moita, o antigo cais, construído no séc. XVIII, testemunhou o vaivém dos barcos do Tejo, carregando e descarregando produtos agrícolas e passageiros entre esta margem e capital. O Centro Náutico Moitense situa-se igualmente nas imediações. Em Sarilhos Pequenos, no Esteiro da Elisa, pode visitar o estaleiro naval, propriedade de Jaime Ferreira da Costa & Filhos. Aqui, apesar das técnicas de construção terem acompanhado a evolução tecnológica, a vocação dos barcos do Tejo e o enquadramento na paisagem conferem-lhe características únicas. E, mais uma vez, o clube náutico local – Associação Naval SariIhense  – não se encontra longe, embora o caminho até lá justifique uma volta mais atenta pela povoação de antigos marítimos, onde são conhecidos os excelentes artesãos de miniaturas de barcos típicos do Tejo.
Durante o Verão, sugerimos um dia passado na Praia do Rosário, descansando nas calmas areias salpicadas por conchas das famosas ostras do Tejo (cuja apanha constituiu outrora o único sustento de muitas famílias), ou petiscando no agradável parque de merendas ou, ainda, deliciando-se com uma caldeirada à fragateiro num dos restaurantes locais. Se for dia de largada de touros na praia, previna-se contra as investidas mas não deixe de apreciar a particular luminosidade do fim de tarde no adro da capela manuelina alcandorada sobre o Mar da Palha que apaixona, até hoje, fotógrafos, realizadores de cinema e publicitários, para já não falar dos próprios rosarenses.

Tauromaquia

Na Moita, já em 1837, os festeiros da Festa em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem realizavam duas corridas de touros. Passadas três décadas, o desenvolvimento da «aficion» local permitirá perspectivar a exploração económica do espectáculo com touros, edificando-se, para o efeito, a Praça de Touros Nª. Sr.ª da Boa Viagem, em 1872, também designada, por vezes, como Praça da Caldeira. Em 1947, a velha praça de touros conclui a sua função na história da tauromaquia moitense. De 1872 a 1947, foram cumpridos 75 anos ao serviço da festa brava, interrompidos pela vistoria que detectou carências ao nível das condições de segurança. Sem praça de touros que estimulasse festeiros não se realizaram as Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem em 1948 e 1949. Sendo uma circunstância insustentável para os moitenses, tem início um movimento para a construção da nova praça de touros, constituindo-se a Sociedade Moitense de Tauromaquia, proprietária da actual praça de touros, que tomou a denominação de Daniel do Nascimento. A inauguração da Daniel do Nascimento ocorreu em 16 de Julho de 1950.
Ao longo destes anos, a Moita tem consolidado uma posição cimeira no panorama tauromáquico, detendo actualmente aquela que é conhecida como a mais importante feira taurina de Portugal, que se realiza em Setembro, aquando as Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem.
De salientar, ainda, na forma de festejo popular, as tradicionais largadas de touros, na Avenida Dr. Teófilo Braga, Moita; as largadas na Praia do Rosário, no Gaio-Rosário; em Sarilhos Pequenos; em Alhos Vedros e na Barra Cheia. 





Gastronomia

          Terra de marítimos e fragateiros, a gastronomia da Moita está estreitamente ligada ao Rio Tejo. Nos vários restaurantes do concelho, podem ser provadas iguarias que fazem parte da gastronomia local e que merecem ser apreciadas demoradamente: destaque para a Caldeirada à Fragateiro, seguida da Massinha da Caldeirada, Ensopado de Enguias, Arroz de Marisco, Choco Frito, Massa de Peixe, Massinha de Sapateira ou simplesmente grelhados no carvão.
                                                                                                        Ferradura 
Massa de Cherne