Translate

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Vagos

Brasão de Vagos

Localização : 

           O concelho de Vagos tem onze freguesias distribuídas numa área total de 165,6 Km2, sendo a de Vagos, freguesia com sede na Vila homónima, que não é mais que a sede concelhia; está incluído no distrito de Aveiro e é limitado a Norte pelo concelho de Ílhavo, a Este pelos de Aveiro, Oliveira do Bairro e Cantanhede, a Sul pelos de Cantanhede e Mira e a Oeste pelo Oceano Atlântico. Banhado por um dos quatro braços da ria de Aveiro, que se prolonga de Ílhavo até à embocadura do rio Boco numa extensão de sete quilómetros, Vagos abrange o litoral dunar da parte Sul da ria. De acordo com estudos topográficos, terá aqui existido um golfo de pequenas dimensões, aberto ao Noroeste e bem protegido dos ventos, por onde terá passado alguma navegação marítima. Encontra-se um povoamento extremamente disperso, com inúmeras pequenas aldeias de baixa densidade habitacional, apenas tendo Vagos, Gafanha da Boa Hora e Sosa uma densidade populacional superior a 10 Hab./Ha. Pode considerar-se este povoamento como típico da região gandaresa, com uma dispersão ordenada ao longo dos caminhos, formando maiores aglomerados nas zonas de cruzamentos, com maior índice de concentração. O território concelhio é muito plano, com raríssimos declives superiores a 16%, estando a maior parte abaixo dos 40 metros de altitude. O solo é composto, sobretudo por areias e argilas e possui uma vasta área integrada na Reserva Agrícola Nacional, na Reserva Ecológica e uma área submetida ao Regime Florestal. Sendo uma região privilegiada pela sua beleza natural onde se conjugam harmoniosamente o mar e a ria, o turismo poderá constituir uma enorme fonte de receita no futuro. O concelho de Vagos possui um clima temperado mediterrânico de feição marítima, tendo temperaturas médias anuais que rondam os 14ºC, fracas amplitudes térmicas anuais e precipitações rondando os 1000mm, com máximos de chuva no Outono e Inverno e Verões de escassa precipitação.



História :

          O povoamento do território que corresponde hoje ao concelho de Vagos é de origem antiquissíma não havendo memória da primeira fundação desta terra. Segundo alguns escritores, estes povos são descendentes dos fenícios, que depois de expulsos do Egipto, e saídos de Menfis, dirigiram-se para Norte entrando no rio Nilo, e mareando em direção ao Norte, chegaram ao Monte Atlas, onde embarcaram em canoas e navegaram pelo Atlântico seguindo a costa da Península Ibérica para Norte, até que chegaram à barra da antiga Mira, que hoje fica na grande lagoa próxima de "S. Tomé Velho". Depois de terem entrado pela terra adentro, caminharam até onde hoje fica Nossa Senhora da Conceição de Vagos, pelo lado Nascente do "forte" de que ainda hoje há alguns vestígios, e sendo estas terras uma ilha vaga, acharam um promontório onde poderiam viver em segurança, e assim povoaram e habitaram as terras de Vagos. Mesmo a designação, "Vagos" deve repousar no facto do território se encontrar despovoado, o que levou os primeiros povoadores a designa-lo de "Vacuus", significando etimologicamente "despejado". Segundo António Gomes da Rocha Madail, era costume os descendentes dos antigos fenícios terem sempre nas suas casas um recipiente com uma certa quantidade de água, uma fouce "forneira", e uma "pica". Eram sempre muito fiéis aos seus familiares e conterrâneos, mas eram desconfiados e pouco fiéis em relação aos de fora, pois os vaguenses como tinham andado homiziados e expatriados, tinham sempre medo de serem pilhados, e por tais razões, colocavam várias sentinelas e vigias para guardarem as suas terras e haveres, daí o nome do lugar que hoje se chama Vigia. Dedicaram-se à vida de pescadores, dado terem a Ria pelo Nascente, e outro braço pelo Norte e Poente, e mais tarde, dedicaram-se à pastorícia de gados, pois tinha sido esta a sua antiga ocupação, e daí os seus descendentes se transformarem em lavradores. Vagos era uma terra um pouco estéril, e apenas produzia em tempos remotos, tremoços bravos e figos dados por algumas figueiras aí existentes. O primeiro repovoamento talvez deva atribuir-se ao presbítero Rodrigo, a quem o Conde Sisnando doou, com o respectivo e vasto território despovoado e selvático, em 1088, a ermida de S. Cristóvão nele existente, para o repovoar, vivendo nela. Que a doação sisnandina abrangera Vagos, ou melhor, o lugar da atual vila, que beneficiaria de tal obra de povoação, mostram-no os limites do território doado ao presbítero Rodrigo, desde a nascente até ao litoral do Oceano, ou seja, abrangia quase a totalidade do actual concelho de Vagos, estando incluída Sosa ou toda a sua parte Nordeste, a oriente do rio de Vagos. A velha ermida, cuja doação ao presbítero Rodrigo foi feita em fins de Janeiro de 1088 "cum sua mata", deve ter possuído uma primeira fundação imemorial e o seu culto deve ter talvez substituído um outro, hispano-romano pagão. Pode dizer-se que Vagos entra na história verdadeiramente com os inícios do chamado santuário de Nossa Senhora de Vagos, cujos princípios remontam pelo menos aos começos da Nacionalidade. À sua volta surgiram lendas, interessantes mas nem sempre concordantes entre si e sem grande rigor cronológico. Diz a tradição, que no reinado D. Sancho I, mas em ano que se ignora, um navio francês naufragou próximo ao sítio da Vagueira, e o capitão apenas pôde salvar uma imagem da Santíssima Virgem, que trazia a bordo. O autor Pinho Leal, citando o que está escrito no tomo 4º, pág. 682, do Santuário Mariano, diz que o tal capitão, "escondeu-a em uma mata, chamada Soalhal, a uns 4 ou 5 quilómetros do mar, e logo com alguns companheiros partiu para a vila de Esgueira, (...), a dar parte ao pároco dela, para que, com a devoção que se devia à Senhora, tratasse de a ir buscar para a sua igreja". E assim, "o pároco da Esgueira acompanhado de muito povo, foi com muitos dos seus paroquianos, e com o tal capitão, à mata onde se havia escondido a dita imagem, mas não lhes foi possível encontrá-la". Entretanto, soube isto D. Sancho I, que estava então em Viseu, e logo marchou para Vagos, ordenando uma busca mais rigorosa, dando logo com a imagem. Sem hesitações, o rei "mandou imediatamente construir uma formosa ermida no sítio onde achara a Senhora, e perto dela, uma alterosa torre, para defender o santuário e os romeiros, das surpresas dos piratas berberescos, que com frequência invadiam as nossas costas, saqueando as povoações e levando cativos os seus habitantes". Mais tarde, um rico fidalgo das proximidades da Serra da Estrela de nome Estevão Coelho, estando atacado de lepra, ali se dirigiu para venerar a Santa. Tendo o devoto Estevão Coelho feito a oração a Nossa Senhora de Vagos, logo se achou totalmente curado e, vendo-se assim livre de tão feia e terrível enfermidade, fez voto à Santa imagem de viver e morrer na sua ermida onde de facto foi sepultado, deixando à Senhora muitas rendas que possuía no lugar de Sandomil, e que comprara no termo da vila de Vagos. Em l202, D. Fernando João doou àquela igreja as terras do couto de S. Romão. Por doação de D. Sancho I, o santuário e todas as suas rendas passaram a estar sob administração dos frades crúzios do Mosteiro de Grijó, e o prior do mosteiro encarregava um frade e um beneficiado, para o exercício do culto à Virgem. Posteriormente, os reis D. Afonso II, D. Sancho II, e D. Manuel I completaram um vasto conjunto de doações para a continuidade do culto à Virgem. Durante cerca de 400 anos, a ermida do santuário ficou no local primitivo e ao fim deste tempo foi necessário mudá-la para o local onde hoje se encontra, por causa da invasão das areias, sendo que, da antiga ermida, não resta vestígio algum. Foi D. Fernando quem fez a primeira doação da vila de Vagos, e recebeu-a Alice Gregório, tendo logo passado esta doação para senhorio dos Silvas, descendentes do rico homem Gonçalo Gomes da Silva, 1º Senhor de Vagos, alcaide-mor de Montemor-o-Velho. Dele e sua mulher, D. Leonor Coutinho, descenderam todos os senhores de Vagos, assim como João Gomes da Silva que recebeu doação da vila de Vagos por parte do Mestre de Aviz quando este era ainda defensor do reino, em reconhecimento dos serviços por ele prestados, convertendo aquela doação de temporária em perpétua, depois de nomeado rei. A importância de Vagos vem já desde a Idade Média, dado o facto de denominar-se Vagos "a porta das muralhas de Aveiro", e de mais tarde, ter recebido Foral Novo de D. Manuel I, passado em Lisboa, a 12 de Agosto de 1514.


Cultura e Turismo : 

             Vagos possui um imponente Pavilhão de Desportos, ranchos musicais, Orfeão, grupos de teatro amador, associações desportivas e culturais, e outras instituições congeneres  Destaca-se a Filarmónica Vaguense, fundada em 1860 e que integra a Banda Vaguense, a Orquestra Ligeira de Vagos, um grupo de saxofones, uma banda juvenil e a escola de música. A ampla zona florestal convida a agradáveis piqueniques e passeios num salutar contacto com a Natureza. Mas o principal atrativo turístico desta zona, continua a ser a praia, com extensos areais. Um dos pontos mais apreciados é sem dúvida a praia da Vagueira, dotada de um parque de campismo e de ótimas condições para se passar um bom e repousado período de férias. Situada na Gafanha da Boa Hora, a cerca de 7 Km da Vila de Vagos, esta praia proporciona aos veraneantes, em simultâneo, o mar e a ria. Além disso, é ampla e tranquila, favorecida por um clima moderado de águas límpidas e convidativas. Além deste, Vagos tem outros locais, entre os quais merecem destaque especial as Pontes da Água Fria e da Fareja; as bonitas margens do rio Boco, as azenhas e os moinhos triangulares de madeira.



Gastronomia :

          No plano gastronómico, as especialidades deste concelho são as enguias de escabeche, a caldeirada de enguias, a caldeirada mista, o peixe grelhado, o coelho com molho de leitão, o leitão assado, a chanfana e o carneiro.