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sexta-feira, 29 de março de 2013

Viagem e visita ao concelho de Rio Maior

Brasão de Rio Maior

Localização

           O concelho de Rio Maior pertence ao distrito de Santarém, estando situado na zona de transição entre o Ribatejo e o Litoral, pertencendo à região natural de "Estremadura Ribatejana" e sub-região da Lezíria do Tejo, abrange uma área de 272.2 km2, distribuída por catorze freguesias. Em termos turísticos, pertence à Região de Turismo do Oeste. O concelho faz fronteira a Norte com o concelho de Alcobaça; a Este, com Santarém; a Sul, com Azambuja; e a Oeste, com os concelhos de Caldas da Rainha e Cadaval, o concelho é limitado a Norte pela Serra dos Candeeiros, apresentando um variado número de grutas e algares naturais. Um outro importante recurso natural de Rio Maior são as salinas da Fonte da Bica. São várias as linhas de água que percorrem o território deste concelho, a mais importante das quais aquela que lhe dá o nome, Rio Maior.


História

          O topónimo principal deste concelho é derivado do rio com o mesmo nome que nasce no concelho de Alcobaça, na encosta Oeste da Serra de Candeeiros, passa na cidade e desagua na margem direita do rio Tejo. O povoamento do território que corresponde ao atual concelho de Rio Maior é bastante remoto, existindo vários vestígios que atestam essa antiguidade e fazem recuar a ocupação humana nesta região ao Paleolítico, passando pelo Neolítico, até à ocupação Romana e Árabe. Entre os principais locais onde foram encontrados vestígios dessa ocupação podem-se citar o castro de S. Martinho, as grutas da Senhora da Luz e Alcobertas, as estações da Quinta da Rosa e de Arruda dos Pisões, entre outros.
O primeiro documento escrito relativo à povoação de Rio Maior data de 1177 e refere-se a uma venda que Pero Aragão e sua mulher Sancha Soares fizeram à Ordem do Templo do quinto que ali tinham no poço e salinas. Não se sabe ao certo quando foi criada a freguesia que pertencia ao concelho de Azambujeira. Sabe-se que era um priorado da ordem de Avis e da apresentação da mesa da Consciência. Aquando da extinção do concelho de Azambuja passou a integrar o de Santarém, instituindo-se como concelho independente através do decreto de 6 de Novembro de 1836. Para melhor entender a história deste concelho pode-se analisar a história de algumas freguesias que o compõem. A freguesia de Arrouquelas foi criada em 25 de Março de 1962, mantendo genuinamente as suas tradições. Do povoamento inicial do território da freguesia, pouco ou nada se conhece; porém, sabe-se que administrativamente, Arrouquelas pertenceu a S. João da Ribeira, sendo que em 1527, pelo "Cadastro da População do Reino" tinha apenas cinco vizinhos o que correspondia a uma população de cerca de vinte habitantes. Em 1708 a "Corografia Portuguesa" refere o lugar de "Arrouquelas com a sua ermida". Em 1758, Carlos José de Moura, o vigário de S. João Baptista da Ribeira escreve nas suas "Memórias Paroquiais" que a "Ermida de Nossa Senhora da Encarnação fica ao pé do lugar de Arrouquelas e é da administração do povo". Arrouquelas tem por curiosidade, o facto de nela ter sido criada a primeira feira anual que se realizou na área do concelho, e que durou de 1674 até 1739. Esta feira realizava-se a 15 de Setembro, e foi levada a cabo pela Irmandade de Nossa Senhora de Arrouquelas, tendo como objectivo a angariação de fundos para a conclusão as obras da igreja; isto porque, após a prolongada Guerra da Restauração e consequente expulsão dos espanhóis, os circuitos económicos portugueses encontravam-se gravemente afetados  Era urgente que os novos centros populacionais ou antigos despertassem, contribuindo para o reequilíbrio económico do País. Em muitos casos, a venda de novidades agrícolas atraindo mercadores de regiões próximas ou mesmo afastadas, foi o impulso necessário para a obtenção de meios; noutros casos foi a celebração de festas religiosas. E aqui se enquadra a petição realizada pelos juízes da Irmandade de Nossa Senhora de Arrouquelas, no termo de Santarém, solicitando autorização para a criação de uma feira a 15 de Setembro, e cujo alvará foi concedido a 23 de Outubro de 1674. A feira realizou-se em Arrouquelas até 1739, ano em que Rio Maior, atendendo ao progresso então registado, solicitou a D. João V alvará para a criação da sua feira, o que veio a acontecer logo no ano seguinte, substituindo assim as funções a aldeia de Arrouquelas.
Em Arruda dos Pisões o povoamento remonta a épocas anteriores à Nacionalidade. A paróquia devia estar integrada na de Santa Maria de Alcáçova de Santarém pois que só se encontra instituída muito depois da idade média. Devido ao senhorio em Santarém, a paróquia aparece como vigairaria e comenda da Ordem de Avis, apresentando-a, no século XVIII, a Mesa da Consciência e Ordens na pessoa de um freire professo. No entanto, segundo a Estatística Paroquial de 1862 a apresentação estava ao cargo do Marquês de Nisa. 
A freguesia de Asseiceira foi criada a partir da de Rio Maior, por Decreto-Lei de 6 de Maio de 1984, em vigor a partir de 31 de Dezembro desse ano; também de criação bastante recente é a freguesia de Assentiz, criada em 1989, tendo Marmeleira como freguesia de origem; sendo assim, a evolução histórica da sua povoação confronta-se com a história de Marmeleira, que terá sido criada em 1879, tendo por seu turno pertencido, até então, à freguesia de S. João Baptista da Ribeira. Julga-se que as origens da povoação primitiva de Assentiz recuem ao século XVI; contudo, a tradição faz recuar ainda mais o seu povoamento, referindo tesouros enterrados no monte de S. Gens, onde existiria uma aldeia mourisca com o seu castro. Nos finais do século XVIII ou inícios do seguinte, deu-se o grande desenvolvimento destas terras; nesta altura, a povoação pertencia à província de Batalha e funcionava como um refúgio dos habitantes de S. João da Ribeira, pois era um centro importante, possuindo um dispositivo militar no terreno contra prováveis incursões dos alcaides dos castelos de Porto de Mós e Alcanede. O primeiro donatário de Marmeleira logo, também de Assentiz, terá sido S. Francisco de Abreu, por doação de D. João IV. Outras freguesias de instituição mais recente são a de Malaqueijo e a de Ribeira de S. João. A primeira foi criada ao abrigo da Lei nº 72/84, de 31 de Dezembro, publicada no Diário da República  I série - nº 301, desanexando-se da de S. João da Ribeira. Já Ribeira de S. João foi criada a 16 de Maio de 1984, depois de ser desanexada da freguesia de S. João da Ribeira, à qual sempre pertenceu, excepto durante um pequeno período, no início do século XVIII, em que esteve integrada na freguesia de Rio Maior. As terras que atualmente constituem a freguesia, pertenceram, nos inícios do século XVI, a Pedro Álvares Cabral; com a morte deste, em 1520, a proprietária passou a ser a viúva D. Isabel de Castro, que veio a falecer em 1538. Nas "Memórias Paroquiais" de 1758, a povoação aparece ainda como um lugar de S. João da Ribeira e o vigário Carlos José de Moura, no capítulo das ermidas, faz referência à "Ermida de Nossa Senhora da Barreira", dizendo que ela é da administração do povo; esta antiga ermida viria a ser elevada à categoria de Igreja Paroquial, aquando da instituição canónica de Ribeira de S. João, em 1985, um ano depois da criação da freguesia. O pequeno templo foi construído no século XV e possui uma excelente imagem quatrocentista, representando o seu orago, Nossa Senhora da Barreira, que se mantém padroeira da igreja desde a sua construção. Uma lenda envolve a referida imagem, contando que ela terá sido encontrada por um homem, nas fazendas da Barreira, quando ele andava com um arado amanhando as terras; levada a imagem para a igreja de S. João da Ribeira, não tardou a desaparecer, sendo encontrada novamente na Barreira, o que aconteceu por diversas vezes até ser construída a capela que a guardaria definitivamente. As origens de S. João da Ribeira, de onde foram desanexadas as freguesias anteriores são bastante remotas, presumindo-se remontar época da Reconquista Cristã. Já existia em 1111, sendo nesta época um lugar de significativa importância, como o comprovam a sua Torre Mourisca e o Castro do Monte de S. Gens. A chamada Torre Mourisca constituiu uma vigia ou atalaia de reconhecimento para impedir o avanço das tropas de D. Afonso Henriques para o Sul. Como Santarém esteve em poder dos Mouros entre 1110 e 1147, admite-se que a edificação, hoje muito adulterada pelo tempo, tivesse surgido nessa época sendo um ponto de passagem entre a linha do Tejo e a Região de Óbidos. Os serviços religiosos desta freguesia estavam dependentes do Convento dos Lóios, de Santarém, até 1834; depois passou a reitoria. No administrativo, S. João da Ribeira foi lugar importante que chegou a ser sede do concelho de Rio Maior, segundo Decreto de 3 de Janeiro de 1847, tendo pertencido anteriormente ao concelho de Santarém.
A freguesia de S. Sebastião, também integrada no concelho de Rio Maior, foi criada apenas nos finais de 1984, tendo sido desanexada da freguesia de Fráguas. Esta última foi instituída a 2 de Setembro de 1555, por Bula assinada pelo pontífice D. Paulo IV, em Roma; nesta Bula, ficou também determinado que o ordenado do cura desta freguesia deveria ser pago pela comenda de Alcanede, no entanto, esta determinação foi contestada pelo comendador. Inicialmente era uma capelania da Ordem de Avis, da comenda de Alcanede, a cujo concelho pertenceu até à sua extinção, em 24 de Outubro de 1855. O cura da paróquia era apresentado pela Mesa da Consciência. Na freguesia de Fráguas, ocorreram alguns factos históricos importantes; em 1385, os homens desta povoação participaram na gloriosa batalha de Aljubarrota, contra os castelhanos e, em 1531, ocorreu aqui um terramoto que originou graves prejuízos. A primeira Igreja Matriz da freguesia situava-se num ermo, fora da povoação, e tinha por invocação S. Miguel; embora ainda exista este templo no mesmo lugar, atualmente encontra-se praticamente destruído. Os paroquianos, verificando que a igreja carecia de grandes obras, resolveram transferir a matriz para a capela de Santo António, pois esta encontrava-se dentro da povoação; a inauguração da nova matriz decorreu no ano de 1622. No que diz respeito à freguesia de Outeiro da Cortiçada, o seu topónimo principal é constituído por dois elementos; "Outeiro", que deriva do baixo-latim "alterius", fazendo referência à morfologia do terreno, e "Cortiçada", que tem origem na palavra "cortiço", derivado de "cortex", não no sentido de "habitação de abelhas", mas sim no de "casca de árvore", sendo uma referência às atividades económicas praticadas na freguesia. Do povoamento da freguesia, pouco se conhece; sabe-se que já existia no ano de 1663, pois o comprova o livro mais antigo do registo paroquial; nesta época, a freguesia era denominada "Nossa Senhora da Ribeira da Cortiçada" e era um curato da apresentação do pároco da freguesia de Abitureiras, no termo de Santarém.


Bandeira de Rio Maior

Heráldica

Brasão: de negro, duas pirâmides de sal de prata, assente num terrado de verde, em contra chefe, cortado por três faixetas ondadas de prata e de azul. Em chefe um rodízio de engenho de prata. Coroa mural de cinco torres de prata. Listel branco com os dizeres a negro «Cidade de Rio Maior».

Bandeira: gironada de oito peças de branco e verde. Cordão e borlas de prata e verde. Haste e lança de ouro.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal de Rio Maior».


Cultura e Turismo

          São vários os pontos de interesse turístico no concelho de Rio Maior e que abrangem desde o seu património cultural e edificado, bem como as suas características e belezas naturais. Desta forma, merecem uma especial visita a Ermida de Nossa Senhora da Vitória, também conhecida por Capela das Almas; a Capela adjacente à Igreja de Alcobertas; a Igreja da Misericórdia; a Igreja Matriz de Azambujeira; a Torre Mourisca em S. João da Ribeira; a Ermida de S. Sebastião em Fráguas; e a Ermida de Santa Catarina em Alcobertas.
A visitar também são as famosas Salinas Naturais de Rio Maior. Trata-se de uma mina de sal de gema, muito extensa e profunda, atravessada por uma corrente subterrânea. O conjunto apresenta-se como uma aldeia de ruas de pedra e casas de madeira junto à qual se destacam uns curiosos tanques de formas e dimensões irregulares, que a partir da Primavera se enchem de água salgada dando origem a alvas pirâmides de sal. Ainda em Rio Maior, merecem especial destaque as grutas de Nossa Senhora da Luz e a Serra dos Candeeiros.
Ao nível cultural e desportivo, o concelho caracteriza-se pela existência de várias associações e colectividades que levam a cabo, ao longo de todo ano, várias atividades. Existem também algumas infra-estruturas de apoio a essa atividade  sendo de destacar o pavilhão Multiusos e a Biblioteca Municipal Dr. Laureano Santos. O primeiro encontra-se ainda em fase de estruturação e possibilitará a realização de várias atividades em áreas como a gastronomia, cultura, música, desportiva, económica, exposições, congressos, feiras de todos os tipos, entre outras.



Gastronomia

         Dos pratos tradicionais do concelho de Rio Maior destacam-se Frango à Rio Maior, o bife de novilho e a galinha com nozes. Da doçaria local o realce vai para o pão de ló, os leões e os bolos de coco.

                                                                                
Frango à Rio Maior