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domingo, 14 de abril de 2013

Viagem e visita ao concelho da Chamusca

Brasão de Chamusca

Localização

              Integrado no distrito de Santarém e na sub-região da Lezíria do Tejo, o concelho de Chamusca ocupa uma área de 745.6 km2 distribuída por sete freguesias, faz fronteira a Norte com os concelhos de Vila Nova da Barquinha e Constância; a Este com Constância, Abrantes e Montargil; com Coruche e a Oeste com Almeirim, Alpiarça e Golegã. A Oeste é também limitado pelo rio Tejo que constituí o principal elemento hidrográfico do concelho. Em termos turísticos, Chamusca pertence à Região de Turismo do Ribatejo.



História

         Corria o ano de 1449, sob regência de D. Afonso V, as terras de Chamusca e Ulme são doadas a D. Ruy Gomes da Silva, que por essa ocasião aqui fixa a sua residência. A Chamusca, era inicialmente integrada no termo de Santarém, sendo mais tarde elevada a vila e sede de concelho, juntamente com Ulme, por alvará  de 1561, na regência de D. Catarina.
É testemunho de pertença à famosa "Casa dos Silvas", o leão rampante de púrpura e armado de azul, do seu brasão de família, de meados do século XV até à Restauração. Património que ainda hoje perdura, sendo parte integrante no Brasão de Armas da Vila da Chamusca (aprovado em Maio de 1934 pelo Governo de então). 
A partir de 1643, após o reinado dos Filipes, passou a integrar o património da Casa das Rainhas, tendo-se mantido nesta situação até à época liberal (1833). Por aqui passaram algumas das mais importantes figuras da história de Portugal, nomeadamente as hostes de D. Afonso Henriques, D. Sancho I e o Rei D. Manuel, entre outros. Dos grandes feitos do povo chamusquense, destaque-se a sua atitude no tempo das "Invasões Francesas" quando, para defender a sua terra, os pescadores queimaram muitos dos seus barcos (cerca de 75 embarcações) para evitar a passagem da tropas Francesas que estavam aquarteladas na outra margem do rio.
Intimamente ligada à história de Portugal por numerosas efemérides, a Vila da Chamusca é do ponto de vista urbanístico uma povoação interessante de casario branco, onde humildes casas rurais se cruzam com casas senhoriais que sobreviveram ao passar dos tempos, nas ruas calmas deste lugar que tem nos seus domínios um forte Património Arquitectónico e Artístico, como são exemplo as muitas Igrejas aqui erguidas:
Igrejas Matriz de São Brás (século XVI, a mais antiga da Chamusca) e da Misericórdia (século XVII), as Igrejas de São Francisco e de São Pedro (século XVII), as Ermidas de Nossa Senhora do Pranto (século XVIII) e a do Senhor do Bonfim.
A Chamusca, preserva ainda alguns edifícios e pormenores apreciáveis e um traçado urbano aliciante que merece uma visita a pé. As vistas sobre a lezíria que se alcançam das suas belas colinas, são das mais vastas e deslumbrantes de Portugal. Foram famosos os seus vinhos produzidos nas terras da Rainha e muito apreciados na Corte. Quando o Marquês de Pombal mandou arrancar as Vinhas do Ribatejo, as da Chamusca foram por isso poupadas. A Chamusca teve barcas de passagem em diversos portos ao longo do rio Tejo, dos quais ainda subsiste a que liga o Arripiado a Tancos.
Todavia a principal ligação entre as duas margens é assegurada pela Ponte da Chamusca desde 4 de Novembro de 1909, sendo esta, construída por iniciativa do grande benemérito da Vila de Chamusca, o Dr. João Joaquim Isidro dos Reis (1849-1924), no início do Século XX. A Chamusca é nos dias de hoje uma bonita Vila Portuguesa, no coração do Ribatejo, onde o Rio Tejo impera e caracteriza.
De facto, a história da vila está intrinsecamente ligada ao Rio, à sua comunicação e produção, como se pode verificar do alto dos bonitos Miradouros da Senhora do Pranto e do Senhor do Bonfim, especialmente na altura em que o Tejo transborda e inunda a planície circundante. Com paisagens muito diversificadas, desde as suas ricas terras da Borda d'água, das mais férteis da Europa, até à Charneca na transição para o Alentejo, predominantemente ocupada por floresta. Profundamente ligada ao trabalho da terra e à criação de gado, a Chamusca tem na "Semana da Ascensão" e na festa brava, duas das mais significativas e mais belas expressões da sua identidade rural.
No concelho existem diversos pontos de interesse para quem nos visita, destacando-se a pitoresca Aldeia do Arripiado, construída em declive, e com miradouros que possibilitam uma vista fantástica sobre a Lezíria Ribatejana, existindo bem perto o pitoresco Miradouro do Almourol com uma aprazível esplanada e a estátua “Guerreiro Templário" de João Cutileiro; a Casa da Forca, em Ulme, antiga sede de concelho; em Pinheiro Grande, a Igreja de Santa Maria, bem como o miradouro e a Quinta dos Arneiros, ou os vestígios romanos em Vale dos Cavalos. O Jardim Municipal é igualmente um agradável espaço ao dispor de todos os visitantes.
Terra de forte tradição Ribatejana, o seu artesanato, as suas Feiras e Festas populares têm uma importância crassa nesta região, sendo exemplo a Feira da Ascensão, a bonita Procissão dos Fogaréus, o Entrudo e, claro está, as Festas de Touros, que têm lugar na Praça de Touros, ou Arena Chamusquense.

Bandeira Município

Heráldica

Armas – De prata, com um leão rampante de púrpura, armado de azul. Bordadura de negro carregada de quatro cachos de uvas de ouro, folhados e troncados do mesmo, alternados com quatro romãs de ouro abertas de vermelho. Coroa mural de prata de quatro torres e listel branco com os dizeres “Vila da Chamusca” ou “Câmara Municipal de Chamusca”.

Bandeira – Esquartelada de amarelo e de púrpura. Cordões e borlas de ouro e de púrpura. Lança e haste douradas. Ao centro das armas e em homenagem aos Silvas que deram motivo a que a Chamusca fosse elevada à categoria de Vila, está o leão de púrpura, armado de azul. A púrpura, na heráldica, significa opulência, respeito, dever e realidade. O azul que arma o leão, significa caridade e lealdade, circunstâncias que caracterizam os naturais da Chamusca. A prata do campo significa humildade e riqueza. O negro que esmalta a bordadura, representa a terra e significa firmeza, honestidade e cortesia. As uvas, representando a fertilidade da região e simbolizando a fortuna, alternadas com as romãs, rainhas dos frutos, são de ouro porque este metal, na heráldica, significa fé, fidelidade, poder e liberalidade. Pelas peças que constituem as armas e pelos esmaltes das mesmas, fica a história da vida local e as qualidades dos seus naturais, bem salientadas.

Selo  – Circular, tendo ao centro as figuras das armas sem indicação dos esmaltes e, em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres “Câmara Municipal de Chamusca”.


Cultura e Turismo

         São vários os pontos de interesse turístico no concelho de Chamusca, disseminados pelas suas freguesias. Um dos locais de grande interesse é a aldeia do Arrepiado (na freguesia de Carregueira), edificada em declive que desce até beira-rio onde existem ainda dois cais: o cais militar e o cais de S. Marcos. Ainda nesta aldeia podem ser encontrados alguns exemplares de azenhas e antigos moinhos de água, junto à ribeira das Ferrarias e um na ribeira da Foz. Segundo a tradição, no tempo das invasões mouras, habitava no castelo de Almourol um casal que tinha uma filha de nome Ari que se apaixonou por um jovem cristão. No entanto, este namoro não era aceite pelos seus pais que, para evitar que a a sua filha fugisse "pearam-na" (prender uma corda à perna e a outro objecto); assim surgiu o nome "Arripiada" que com o passar dos tempos resultou Arripiado. Ainda nesta freguesia, merece especial referência o miradouro do Almourol, de onde se pode apreciar a magnífica paisagem sobre o rio Tejo.
Na vila de Chamusca são também vários os pontos de interesse, entre os quais: a Casa Rural Tradicional, uma reconstituição de uma casa camponesa nos anos 30; o Centro Regional de Artesanato  uma estrutura de apoio ao artesanato regional; a Igreja Matriz, fundada no século XVI, com o portal manuelino; a Igreja da Misericórdia, do século XVII; as ermidas de Nossa Senhora do Pranto e do senhor do Bonfim; a ponte de Chamusca, cuja a construção remonta a 1908-1909 e que foi uma das mais importantes obras deste concelho, pois facilitou a comunicação entre as duas margens do Tejo que anteriormente era feita através de barcas de passagem; e o coreto de Chamusca em cuja base se encontra instalado o Núcleo Museológico de Música, onde se podem ver instrumentos musicais antigos. Uma menção ainda para a praça de Touros da Chamusca. O documento mais antigo relativo às corridas de touros em Chamusca remonta a 1785, tratando-se de um acórdão da Câmara Municipal. Nesse acórdão é mencionada uma carta régia na qual é participado o casamento das infantas e solicitado "as demonstrações de alegria costumadas, determinando que no dia 17 desse mês e ano se corressem toiros (...) e que os oficiais respectivos e pessoas que tivessem madeiras seriam obrigados a emprestá-las e a prepararem a Praça". A atual praça de touros foi projetada em 1917 e a construção iniciou-se ainda nesse ano, tendo sido inaugurada a 3 de Agosto de 1919.

                                                                                                  Aldeia do Arrepiado
Ponte da Chamusca 


Gastronomia : 

          Entre os pratos tradicionais do concelho de Chamusca, destacam-se a couve a souco com bacalhau assado, o ensopado de enguias, a açorda de sável, o cabrito assado à moda do Ribatejo, a caldeirada à fragateiro e a feijoada à Lavrador. Na doçaria, são tradicionais as trouxas de ovos, o peixe doce, os queijinhos de amêndoa, a lampreia de ovos, as bichanas, os corações-de-noiva, as ferraduras, os chamuscos, o arroz-doce, as belhozes, as broas e o toucinho do céu.

                                                                                                   Feijoada á Lavrador 
Caldeira da á Fragateiro 


Queijinhos de Amendoa