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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Oliveira de Azeméis

Brasão de Oliveira de Azeméis

Localização :

         Situado entre as planuras de Ovar e Estarreja a Oeste, as terras de Albergaria-a-Velha a Sul, e a Serra da Gralheira, na parte ocidental do Maciço Ibérico, o vasto e progressivo concelho de Oliveira de Azeméis ocupa uma área de 163,4 Km2 que se repartem por dezanove freguesias, oito delas com sede em Vilas homónimas, a saber: Carregosa, Cesar, Fajões, Loureiro, Nogueira do Cravo, Pinheiro da Bemposta, S. Roque e Vila de Cucujães. Terra de xisto e granito, a sede do concelho desenvolve-se entre os vales do rio Antuã e da ribeira de Ul, numa área de relevo acentuado. As margens são densamente arborizadas e, por vezes, como sucede na freguesia de Santiago de Riba-Ul, as encostas do vale por onde corre são cultivadas em socalcos.












História : 

       A origem do nome, "Oliveira" está no latim vulgar "ulvaria", sendo um nome comum a diversas povoações em Portugal e na Galiza; o composto "Azeméis" é o plural de "azemel", do árabe "az-zammal" (o que impele), e que significa condutor de azémolas (besta de carga) ou almocreve (o que guia azémolas), talvez devido ao facto de ser um local de passagem e de estadia de viajantes. O concelho de Oliveira de Azeméis está situado numa região já habitada em tempos pré-históricos, segundo os vestígios encontrados na Vila de Cucujães, como por exemplo castros, ou um marco miliário na freguesia de Ul, que contém uma inscrição latina datada do ano 23 da nossa era. Aliás, abundam por toda a região vestígios da presença romana, pois passava aqui uma via construída para trânsito das legiões que, partindo de Conimbriga, ia até Cale (Vila Nova de Gaia). Segundo alguns historiadores, a cidade romana de Lancóbriga ficaria situada no concelho de Oliveira de Azeméis, mais precisamente numa colina junto à aldeia de Pinheiro da Bemposta. Os habitantes locais baptizaram as ruínas antiquíssimas ali existentes de Castelo de S. Gião; contudo, informações mais detalhadas sobre a localização de Lancóbriga encontram-se no chamado Itinerário de Antonino, um roteiro do império, preparado ao longo do século III, que indica estradas, cidades e distâncias. Segundo esta fonte, Lancóbriga ficaria a 13 milhas de Cale, que deverá procurar-se em Vila Nova de Gaia ou no Porto. Oliveira de Azeméis teve a primeira referência num documento do ano 922, relativo a uma doação feita pelo rei Ordonho ao bispo Gomado do Mosteiro de Crestuma. O referido documento foi extraído do "Livro Preto" da Sé de Coimbra e nele se lê estas palavras: "Et in ripa de ul ecclesia sancti iacobi et suas dextros integros et uilla olivaria nocabulo sancti michaelis cum suos dextros integros et suas aiectiones...". Já então, o orago da freguesia era S. Miguel e a designação "vila olivaria" serve para designar a localização da igreja, que então, passou ao Mosteiro de Crestuma. Refira-se também que Oliveira de Azeméis vem ainda referida nas Inquirições de 1288 e 1301, ambas de D. Dinis. Em 20 de Fevereiro de 1507, a comenda de Oliveira de Azeméis foi doada a D. Nuno de Castro Barreto, e a 1 de Fevereiro de 1514, foi incluída no foral atribuído a Feira (Santa Maria da Feira), por D. Manuel I. Em 1573 foi doada a Vasco da Silveira e, em 1644, a Jerónimo de Castilho. Embora no foral que D. Manuel I concedeu à Feira, fossem atribuídas algumas regalias a Oliveira de Azeméis, esta povoação só foi elevada a vila em 5 de Janeiro de 1779. A 15 de Maio do mesmo ano, foi nomeado comendador de Oliveira de Azeméis José de Seabra da Silva, por carta de D. Maria I. O foral dado para a sua elevação a vila foi confirmado e ampliado em 24 de Outubro do mesmo ano, e criado o respectivo concelho. Nesta altura, foram incluídas neste concelho as freguesias de S. João da Madeira e de Arrifana, sendo hoje, a primeira sede do concelho homónimo e a segunda parte integrante do município de Santa Maria da Feira. Relativamente à Vila de Cucujães, porventura a mais histórica do concelho, já no tempo de D. Afonso Henriques, o couto de Cucujães, criado por D. Afonso VI, de Leão, em 1058, foi doado pelo primeiro rei português a um mosteiro beneditino, em 1139. Na carta de couto de D. Afonso Henriques ao mosteiro desta povoação, vem citado um castro designado como sendo de Recarei, situado a leste de S. Martinho da Gândara. Este castro foi habitado desde, pelo menos, o tempo da Pedra Lascada, pois objetos dessa época e do Neolítico, passando por vastos vestígios comprovativos da presença romana, podem ser observados no Museu Arqueológico e Etnográfico de Cucujães. D. Manuel I não incluiu esta povoação no foral atribuído à Feira; aliás, com base nesse foral e na existência do topónimo de Igreja Velha na freguesia de Oliveira de Azeméis, é lícito sugerir a hipótese da existência de um mosteiro ainda mais antigo que o de Cucujães, que vem citado no livro dos forais antigos de D. Afonso III.  De início com o nome de Figueiredo e posteriormente com o de, a actual freguesia de Pinheiro da Bemposta foi sede de um vasto e rico concelho medieval criado por foral de D.Manuel I, em 1514, e extinto aquando da reforma de Mouzinho da Silveira, em 1855. Desde finais do século XVIII que o concelho de Oliveira de Azeméis é ponto privilegiado para trânsito de pessoas e mercadorias, tendo este aspecto muito contribuído para o seu desenvolvimento, ocupando lugar de destaque especial o serviço da mala-posta, surgido no tempo de Marquês de Pombal. A partir do século XIX, Oliveira de Azeméis conheceu um período de desenvolvimento e prosperidade, destacando-se como momento importante para a história do desenvolvimento agrícola e industrial, a inauguração do primeiro trecho da linha do Vouga, que havia sido iniciada em 1907. Esta via de comunicação trouxe o progresso não só a Oliveira de Azeméis como a toda a região do Vale do Vouga.

Bandeira de Oliveira de Azeméis

Cultura e Turismo : 

            No campo cultural, o concelho de Oliveira de Azeméis põe ao dispor dos seus habitantes vários locais de cultura e lazer, como o Museu e a recente Biblioteca, sendo uma preocupação constante, promover a qualidade de vida e salvaguardar o interesse público, estimulando e valorizando a cultura e o desporto. Bem próximo da casa onde nasceu o escritor Ferreira de Castro, em Ossela, Oliveira de Azeméis, abriu ao público, a 19 de Março de 2001, o centro de estudos dedicado ao artista. Nesse sentido, a instituição, sem fins lucrativos, sentiu a necessidade de reunir o vasto património do escritor, espalhado pelo país e estrangeiro. Decidiu, assim, tratá-lo, digitalizando-o para que ficasse ao dispor da comunidade, quer de estudiosos ou simples interessados no percurso literário de Ferreira de Castro. Por isso, o Centro de Estudos Ferreira de Castro criou arquivos bibliográficos, epistolar, fílmico, fonográfico, fotográfico e de imprensa, tendo como objectivos primordiais, a promoção internacional dos escritos, para que sejam aprofundados os conhecimentos científicos sobre a sua vida e obra. No aspecto turístico, para quem quiser usufruir da paisagem do concelho, Oliveira de Azeméis oferece vastos motivos de interesse, como o alto do Pinheiro de Bemposta ou o lugar da Taipa, na freguesia de Macinhata da Seixa, de onde se avistam paisagens magníficas, com vales profundos, e terrenos em socalcos  de que são exemplo o vale da ribeira de Ul e a ponte de Margança, junto a Vila de Cucujães, onde se pode apreciar o Mosteiro Beneditino.



Gastronomia : 

             Também a gastronomia se destaca no concelho de Oliveira de Azeméis, que apesar de não ser variada, é de grande qualidade: cabrito e vitela assada, carnes de porco, papas de S. Miguel e o saborosíssimo pão de Ul. Na doçaria assumem particular destaque os caladinhos, os beijinhos, os zamacóis e as queijadas de cenoura.