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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Seia

Brasão de Seia

Localização

             O concelho de Seia está integrado no distrito da Guarda, situando-se na vertente ocidental da Serra da Estrela. Ocupa uma área de 435.9 km2, abrangendo administrativamente 29 freguesias, quatro das quais com sede em vila (Loriga, Paranhos da Beira, S. Romão e Santa Marinha) e pela cidade de Seia. O município é limitado a norte pelos municípios de Nelas e Mangualde, a nordeste por Gouveia, a leste por Manteigas, a sueste pela Covilhã, a sudoeste por Arganil e a oeste por Oliveira do Hospital. Neste município está localizado o ponto mais alto de Portugal continental, a Torre, na Serra da Estrela, com 1 993 metros de altitude. O concelho de Seia abrange uma grande parte da Serra da Estrela e é também o único de Portugal onde existe uma estância de esqui natural, a Estância de Esqui Vodafone, localizada dentro dos limites da freguesia de Loriga. Situada na vertente ocidental da serra da Estrela, a cidade de Seia fica a 550 m de altitude. O clima do concelho é temperado, com temperaturas moderadas no Verão e frio no Inverno, com temperaturas muito baixas e ocorrências de neve, por vezes abundantes, nas partes mais elevadas da Serra da Estrela. Quanto ao regime de precipitações, há uma pequena estação seca, que compreende os meses de Verão de Julho e Agosto.


História

       O território que corresponde ao atual concelho de Seia foi povoado desde épocas bastante remotas, sendo vários os vestígios que podem ser encontrados do primitivo povoamento. Um dos mais representativos vestígios são as antas de Paranhos que remontam ao período Neolítico, tratando-se de um dólmen de câmara poligonal e corredor curto ou incipiente. Sobre a fundação da cidade de Seia ainda subsistem algumas dúvidas pois se alguns autores lhe atribuem fundação túrdula, esse facto não pôde ainda ser confirmado. Já da época romana, são vários os indícios que mostram o povoamento romano, sendo a estação arqueológica de Nogueira suficiente para o determinar. É de crer que Seia foi edificada primitivamente e existia, durante a época romana, no atual lugar de Nogueira, a menos de um quilometro a sudeste da vila e um lugar bem propício para uma povoação antiga. A passagem dos romanos e dos árabes por esta região montanhosa é também atestada pelas moedas de ouro e prata daqueles povos que muitas vezes têm sido encontradas no local da antiga Sena. Ainda desta época (ou da época medieval) são duas sepulturas antropormórficas, cavadas na rocha e situadas a nascente do monte. Partia de Nogueira uma estrada para o castro de S. Romão, passando junto a Cabeça Velha pela qual descia até ao rio Alva em direção ao monte do castro. No sítio de Crestelo, como o próprio nome indica, houve também um pequeno castelo no tempo dos romanos que fazia parte do sistema defensivo de Seia. Nogueira seria um local bem apropriado para uma povoação, quer pela abundância de águas quer pela fertilidade dos terrenos, abrigados dos ventos pelos montes de Santa Ana e Carvalhal do Outeiro. Por outro lado, no local onde se encontra a atual vila não foram encontrados vestígios romanos ou de outra civilização antiga. É plausível admitir então que Seia deixou o sítio de Nogueira e veio a fixar-se em torno do castelo quando este foi edificado nas lutas da reconquista cristã.Das continuadas lutas entre mouros e cristãos, Seia suportou repetidos ataques e passou à posse de Ordono II no ano de 910 para voltar ao poder dos muçulmanos em 985, tendo sido de novo reconquistada por Fernando Magno em 1055 que para a defender de futuros ataques mandou edificar-lhe o Castelo. Se olharmos à situação topográfica das elevações que circundavam a "Sena" antiga, compreendemos que o sítio do Castelo era o único que se prestava para a sua construção. Das três eminências que existiam perto da povoação romana só onde se encontra o castelo era inexpugnável por todos os lados, pois as outras duas deixavam um dos flancos acessível aos inimigos. O castelo foi construído por Pedro de Cêa, sendo que a coincidência, simplesmente casual, de ter sido um cavaleiro por nome de Pedro Cêa (casa nobre da Galiza) o fundador do castelo da vila, deu origem à confusão que se levantou em relação ao topónimo principal do concelho, pois assumiu-se que a vila devia o seu nome a esse cavaleiro; no entanto, o topónimo "Sena" já existia anteriormente. Inicialmente apareceu com a grafia "Sena", sendo mencionada pela primeira vez na divisão da diocese da Egitânia, no tempo de Wamba, rei godo que começou a reinar em 672. A importância de Seia é atestada no texto do foral de Talavares, passado por D. Teresa de Leão, condessa de Portugal, onde se refere: "D. Tarasia regnante in Portucale, Colimbria, Viseu et Sena" (D. Teresa, que reina em Portugal, Coimbra, Viseu e Seia ). À época da formação da nacionalidade portuguesa, Bermudo Peres, cunhado de D. Teresa, iniciou uma revolta no Castelo de Seia. Não teve sucesso, uma vez que o infante D. Afonso Henriques (1112-1185), tendo disto tido conhecimento, foi ao encontro dele com as suas forças e expulsou-o do castelo (1131) ( Cronica dos Godos, Era de 1169). D. Afonso Henriques, no ano seguinte, fez a doação dos domínios de Seia e seu castelo ao seu valido João Viegas em reconhecimento por serviços prestados (1132). Poucos anos mais tarde, o soberano passou o primeiro foral à povoação em 1136, designando-a por Civitatem Senam. Entre os privilégios então concedidos, destacam-se. "Eu, infante Afonso Henriques, filho de D. Henrique, aprouve-me por boa paz de fazer este escrito de firmeza e estabilidade que firmo pelos séculos sem fim. A vós, habitantes da cidade de Seia, concedo que tenhais costumes muito melhores do que tivestes até aqui e isto tanto para vós como para os vossos filhos e toda a vossa descendência. E os homens de Seia que pagam jugada que não vão ao fossado nem ao moinho obrigados pelo senhor. E que nenhum venda o seu cavalo ou mula ou asno ou égua ou bens ao senhor da terra sem querer. Se um homem de Seia for mercar, se não for mais de duas vezes, não pague portagem.". Aparece pela segunda vez num documento do século XII, tratando-se do Livro Santo do Arquivo de Santa Cruz de Coimbra e continua com a grafia "Sena" em todos os documentos latinos da mesma época. A forma "Sea" aparece na carta sumária dada por D. Afonso V em 2 de Julho de 1479. O foral de D. Manuel I de 1 de Junho de 1510, dá a grafia Seya, tendo-se generalizado o emprego dessa forma em todo o século XVI e continuou no século XVII. Seia representou uma importância decisiva como fronteira entre mouros e cristãos por isso já em 1080 aquando da restauração da diocese de Coimbra, Seia passou a ser sede de um arcediago que englobava os atuais concelhos de Gouveia, Celorico da Beira, Seia, Oliveira do Hospital, Arganil, Tábua e parte de Góis. Esta situação manteve-se até à transferência do concelho de Seia para a Diocese da Guarda na reordenação das Dioceses feita a 30 de Novembro de 1881, pela Santa Sé. Vários autores concordam que a região estava abandonada e deserta no ano de 1132, sendo que D. Afonso Henriques logo a mandou reconstruir e povoar, fez doação dela ao seu valido João Viegas e sendo ainda infante, deu-lhe foral em 1136. No foral concedido por D. Afonso Henriques em 1136 é referida a CIVITATEM SENAN. A colegiada de Seia reconhecida com honras e privilégios no foral de D. Afonso Henriques vem apenas confirmar o valor eclesiástico e cristão de uma terra que estendeu, poucos anos depois, a sua influência religiosa por todo o vale do rio Alva. D. Afonso II reivindica severamente tudo que pertence à coroa e manda fazer as confirmações que atestem a posse legítima de todos os seus bens. Estando em 1217 em Coimbra confirma o foral dado por D. Afonso Henriques à vila de Seia. Por doação de D. Afonso III, a vila de Seia pertenceu aos bispos de Coimbra que também exerciam jurisdição temporal, por sentença do cardeal João Caetano Orsini, a 27 de Fevereiro de 1256, confirmada por uma bula do papa Alexandre III, de 27 de Abril do mesmo ano. Em 1355, D. Afonso IV doou a sua neta a Infanta D. Maria, várias terras entre as quais os casais de Seia. Por carta de 24 de Maio de 1360, D. Pedro fez doação da vila, terra e Julgado de Seia ao Infante D. João, seu filho bastardo, e por morte deste ao filho deste, D. Pedro. Na chancelaria de D. João I encontra-se uma outra doação feita a D. Fernando, último filho do Infante D. João. Em 1401, D. João I faz a doação ao seu filho D. Henrique de várias comarcas da Beira e da "terra" de Seia que incluía grande parte do atual concelho de Seia. Este morreu sem descendência e Seia reverteu à coroa. Em 1510, D. Manuel concede foral novo a Seia, estando incluídas no seu termo as povoações de Passarela, Lages e Folhadosa. Em 1620, o concelho de Seia demarcava-se com o concelho do Casal na Quinta da Boa Vista, pertencendo-lhe a freguesia de Sameice. No contexto da Restauração da Independência, em 1640, os moradores de Seia mandaram forjar a espada que D. Mariana de Lencastre, viúva de D. Luís da Silva, 2° alcaide-mor de Seia, entregou aos seus filhos na vigília de sexta-feira para sábado, 12 de Dezembro. Nesta região coexistiam 11 concelhos, sendo a maior parte deles extintas no século XIX. Os concelhos que existiram no actual concelho de Seia foram os de Alvoco da Serra e Loriga (o primeiro extinto em 1828 e o segundo em 1855); Casal (atualmente uma povoação anexa a Travancinha); Castro Verde (atualmente Eiró); Santa Marinha (extinto em 1834); Sandomil (extinto em 1852); S. Romão (extinto antes de 1834); Valezim (extinto em 1834); Vide (extinto em 1834); Vila Cova à Coelheira e Torroselo. Um decreto de 6 de Dezembro de 1857 determinou que Vila Nova de Tazem, Paçoinhos, Novelães, Passarela e Lagarinhos que estavam integradas no concelho de Seia passaram para o de Gouveia. Atualmente  o concelho de Seia é composto por 29 freguesias. Seia foi elevada a cidade em Assembleia da República, a 3 de Julho de 1986.

Bandeira de Seia

Heráldica

Brasão: escudo de ouro, torre torreada de vermelho, aberta de negro, acompanhada de dois carrascos arrancados, de verde; em chefe uma estrela de seis pontas de azul. Coroa mural de prata de cinco torres. Listel branco com a legenda a negro: "SEIA".

Bandeira: gironada de oito peças de amarelo e azul. Cordão e borlas de ouro azul. Haste e lança de ouro.


Cultura e Turismo

            Seia é um concelho bastante rico no que diz respeito a pontos de interesse turístico, sendo de destacar o maciço da Serra da Estrela que abrange o concelho, nomeadamente as pistas de ski aí existentes que proporcionam a prática de desportos de Inverno. Relativamente às unidades museológicas do concelho, merece um especial realce o Museu do Brinquedo que apresenta uma coleção de brinquedos nacionais e internacionais.

Maciço da Serra da Estrela 
                                      Museu do Brinquedo de Seia 

Gastronomia

       Entre os pratos mais apreciados do concelho de Seia, o destaque vai para o bacalhau com broa, as trutas da Serra grelhadas, a tibornada, o cabrito assado, o arroz de carqueja com entrecosto, o arroz com míscaros, as feijocas à serrana, o borrego de canastra e os torresmos. Especial realce também para o mel serrano, o queijo da serra, os enchidos, presuntos, vinhos do Dão e aguardente zimbrada.


Bacalhau com broa
                                        Queijo da Serra da Estrela