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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Viagem e visita ao concelho da Anadia

Brasão de Anadia

Localização

           Situado na sub-região da Bairrada, que dá nome aos vinhos aí produzidos, dos quais se destaca o afamado espumante natural, apreciado dentro e fora do país, o concelho de Anadia, composto por quinze freguesias, sendo as da Anadia e Sangalhos sediadas em Vilas com os mesmos nomes, ocupa uma área de 217,1 Km2, distando da sede distrital cerca de vinte e oito quilómetros. A evolução de Anadia tem acompanhado a própria evolução de toda a sub-região bairradina, pelo que a história de uma e outra acabam, muitas vezes, por se confundir. O solo argiloso e barrento, característica geológica que se estende por vales e colinas, fez desta uma região fértil para a agricultura, salientando-se os olivais, os pomares, as culturas do milho e do arroz. Possui uma extensa e rica área florestal, em que predomina o pinheiro, e do seu solo provém ainda a matéria-prima necessária à indústria de cerâmica, que aliás é atividade de raízes remotas, uma vez que existem vestígios das chamadas telhas romanas, bem como de tijolos, que apontam para antes da Reconquista Cristã. Mas, sem dúvida, que o bem maior dos terrenos argilosos da Bairrada são os vinhos maduros, vinhos fortes e "encorporados", além do referido espumante natural.


História

          A existência deste concelho distancia-se no tempo e está repleta de histórias e tradições. A antiguidade do povoamento do seu território faz com que não haja certezas quanto à origem do nome, para a qual existem diversas explicações. A mais provável, no entanto, aponta para a designação, do latim "aqua nativa", "fonte natural", ou seja água pura e boa para beber, e não de "Anadaria", como foi proposto no século XIX. Um documento de 1082, referente ao diferendo entre o Mosteiro da Vacariça e os minorinos do alvazir Sisnando, Conde de Coimbra, refere a "illa Nadia", um degrau intermédio na evolução do topónimo, cujo significado seria "limite de outras povoações". Também no tempo de D. Afonso Henriques, aparece com o mesmo sentido de limite, no documento em que este monarca fez couto para a Sé de Coimbra. Longe das pesquisas de arquivos e etimologias, também o povo achou que tinha algo a dizer quanto ao nome da terra. Assim, segundo a tradição popular o topónimo vem do nome de uma mulher que costumava vender na estrada de Coimbra o vinho que produzia. Isto tornou-a tão conhecida que as pessoas passaram a associar àquela povoação o nome dessa mulher, que era não mais do que...Ana Dias! Situado na região da Bairrada, que dá nome aos vinhos aí produzidos, o concelho de Anadia rapidamente se tornou um importante centro comercial e administrativo de uma fértil área agrícola. Foi o principal centro produtor de vinhos espumosos naturais, e a região do país onde foi iniciada a sua preparação com a ajuda de peritos franceses da região de Champagne, sendo as suas marcas geralmente apreciadas, e rivais dos produtos similares importados do estrangeiro. Seguramente, ao longo dos tempos, as terras férteis deste concelho mostraram ser de extrema importância; por exemplo, após a Reconquista, há relatos de que estas pertenceram a Santiago de Compostela; é também certo que o senhorio de Anadia pertenceu desde o reinado de D. Afonso Henriques, aos frades do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. No reinado de D. Sancho, outros casais passaram para a posse de um cavaleiro de nome Guterres Nunes. O foral do concelho então constituído, apenas foi concedido (pela sua povoação e uma parte de Arcos), em 21 de Agosto de 1514, pelo rei D. Manuel I, elevando a povoação a concelho, assim como acontecera a muitas outras, mais tarde extintas e neste concelho integradas, com o advento do liberalismo. Ao que parece, a sua elevação a concelho ficou a dever-se não só à situação geográfica, mas também ao mérito de algumas personalidades, entre as quais os Condes de Anadia (da família Sá e Melo), aristocratas e prestigiados diplomatas que terão exercido influência considerável na corte, especialmente na 2ª dinastia. Foi no reinado de D. João III, ainda na segunda dinastia, que o senhorio de Anadia passou para a Universidade de Coimbra, e em sua posse se conservou até às guerras liberais. O primeiro conde de Anadia foi João Rodrigues de Sá e Melo, que faleceu em 1809; o segundo foi José António de Sá Pereira Menezes; o terceiro Manuel Pais Sá do Amaral de Almeida; o quarto título pertenceu a José Maria de Sá Pereira Menezes Pais do Amaral de Almeida Vasconcelos Quifel Barbarino; o quinto foi Manuel Pais de Sá do Amaral Menezes Quifel e Barbarino e por último, nascido a 28 de Setembro de 1893, é nomeado 6º Conde de Anadia, José de Sá Pais do Amaral, cujos descendentes vivem em Mangualde.

Bandeira de Anadia

Heráldica

Brasão: de negro, com uma vide de prata, com dois ramos passados em aspa, folhados de verde e frutados de dois cachos de uvas de púrpura, um à dextra e outro à sinistra. Coroa mural de prata de cinco torres. Listel branco com a legenda a negro: " ANADIA". 

Bandeira: gironada de oito peças de branco e púrpura. Cordões e borlas de prata e púrpura. Haste e lança de ouro.


Cultura e Turismo

           No que diz respeito aos valores culturais, pode encontrar neste concelho algumas manifestações de carácter popular (feiras, romarias, os trajes típicos e usos e costumes de riqueza tradicional). É verdade que certos usos e costumes tem tendência a desaparecer, no entanto, outros permanecem na memória e ainda são praticados, como a "Reza", no período da Quaresma, e a "Queima dos Judas" no Sábado Aleluia, véspera de Páscoa. Os visitantes podem apreciar as adegas locais e provar os vinhos antes de os comprar. Neste concelho localizam-se as famosas Termas da Curia, vértice do famoso triângulo Curia - Luso - Buçaco, possuindo condições excelentes sob o ponto de vista turístico e um ambiente oitocentista que a torna uma das estâncias termais mais frequentadas do país. As águas da Curia brotam de três nascentes: da Fonte Albano Coutinho, da Fonte Principal e da Fonte dos Olhos, e são especialmente recomendadas para doenças do aparelho circulatório, no tratamento da litíase e outras afecções das vias urinárias, na gota, no reumatismo e na hipertensão. Culturalmente, o concelho é de uma diversidade assinalável: Bandas de Música, agrupamentos folclóricos que preservam e divulgam o valioso património popular, e museus que oferecem a oportunidade de apreciar a riqueza dos valores patrimoniais da zona, clubes, associações, centros culturais, teatros, etc.

Termas da Curia 

Gastronomia

             Anadia destaca-se pelas suas potencialidades ligadas à gastronomia e que fazem parte integrante da sua riqueza cultural, o bacalhau à Sr. Prior de Tamengos, a cabidela de leitão, a chanfana à Bairrada, o leitão à Bairrada, os miúdos do leitão (coração, pulmões e fígado) cortados aos bocadinhos, sangue e batata, os negalhos, o sarrabulho e a tibornada (batata a murro com bacalhau assado no lagar) são os típicos pratos que fazem as delícias não só dos habitantes, como também dos visitantes. Na doçaria destacam-se: os amores da Curia, deliciosos pastéis à base de massa folhada e recheada com creme de ovos, a aletria, o arroz doce,as barrigas de Freira e o leite creme.

                                                                           Amores da Curia 
Leitão á Bairrada