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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Viagem e visita ao concelho de Alcochete

Brasão de Alcochete

Localização

         Alcochete é uma vila portuguesa sede do município com o mesmo nome,  integrado no distrito de Setúbal, na região de Lisboa e na subregião da Península de Setúbal. O município de Alcochete tem 128 km² de área, e é constituído por três freguesias, Alcochete, Samouco e São Francisco.
O município é limitado a norte pelo município de Benavente, a leste e sul por Palmela, a sudoeste pelo Montijo e a noroeste tem uma pequena faixa ribeirinha ao estuário do Tejo. Alcochete é sede da Reserva Natural do Estuário do Tejo, possuindo várias salinas onde nidificam diversas espécies de aves aquáticas.



História

        A ocupação humana do concelho remonta ao Paleolítico inferior, evidenciado por várias estações arqueológicas existentes no território. O sítio da Conceição, ocupado, há 28 000 anos (Paleolítico Médio) é uma das principais jazidas pré-históricas, situada sob a estação de serviço da Ponte Vasco da Gama. Durante as acções de exploração deste local associadas à escavação arqueológica, foram recolhidos cerca de 8500 artefactos líticos, que comprovam a existência de abundante matéria e uma intensa utilização desta área enquanto “área de fabrico”, nomeadamente de grandes quantidades de “núcleos”, além de subprodutos de talhe de seixos.
Perto da povoação do Samouco foram identificados vestígios de ocupação humana no Neolítico, datada do período entre 5000 e 4500 anos, designadamente instrumentos em pedra, fragmentos de cerâmica, que confirmam a presença de comunidades recolectoras e dos primeiros agricultores que também exploraram estas terras, deixando marcas da sua presença na Quinta da Praia (Samouco), há 7 000 anos. A ocupação romana estendeu-se ao longo da margem direita da Ribeira das Enguias, em várias unidades de produção oleira. Destas unidades destaca-se a de Porto dos Cacos, situada na herdade de Rio Frio, com produção contínua entre os sécs. I e V d.C., com especial destaque para a produção anfórica. As ânforas eram recipientes em cerâmica, usados para embalar e transportar preparados piscícolas, nomeadamente, conservas e molhos, que chegavam desta forma a todo o Império Romano.
As escavações efectuadas nos anos 80 puseram a descoberto fornos, um enigmático alinhamento de ânforas e uma área de necrópole, que indicia um povoamento constante na área. Este sítio atesta ainda ocupação visigótica. A ocupação árabe não foi ainda comprovada arqueologicamente no concelho, embora o topónimo “Alcochete” que parece derivar de uma expressão árabe que significa “o forno”, tenha já alimentado muito esta ideia, em diversa bibliografia. Após a Reconquista, Alcochete passou a integrar a área denominada pela Ordem de Santiago, de Riba Tejo. Nesta vasta região limitada a nascente pelo Rio das Enguias e a poente pelo Rio Coina foi identificada a existência, já no século XIII de vários povoados ribeirinhos que tinham como actividades principais a salicultura e a produção de vinho.
Santa Maria de Sabonha, sede paroquial dos lugares da parte oriental do antigo concelho de Ribatejo, foi uma das sedes deste concelho, local onde estava edificada a igreja com o mesmo nome, e onde no século XVI os frades recolectos de S. Francisco fundam um convento, do qual só existe a fachada, na actual freguesia de São Francisco. No séc. XV, graças aos bons ares e abundância de caça, Alcochete transforma-se na estância de repouso preferida pela corte. D. João I que vinha com frequência descansar a Alcochete. O Infante D. Fernando escolheu-a para residir e foi aqui, que em 31 de Maio de 1469, nasceu o seu filho D. Manuel, aquele que viria a ser o Venturoso rei de Portugal. Ainda sob a protecção do Infante D. Fernando, 10.º Mestre da Ordem de Santiago (1418-1442), Alcochete terá adquirido autonomia e privilégios que a terão conduzido à categoria de Vila. No Livro das Vereações de Alcochete e Aldeia Galega de 1421-22, Alcochete é referenciada como vila.
Em 17 de Janeiro de 1515, D. Manuel concedeu à sua terra natal o foral, importante documento, marco emancipador na vida do então jovem concelho de Alcochete. Os Descobrimentos marcaram, também, a economia e a sociedade – de Alcochete partiam grandes quantidades de madeira para Lisboa, aqui chegavam novos produtos e gentes. A época quinhentista está bem patente no Concelho em monumentos como a Igreja Matriz, a Capela de Nossa Senhora da Vida, o Convento dos Recolectos da Ordem de São Francisco, já referido, e também no retábulo da Igreja da Misericórdia e na bandeira da Misericórdia.
Nos séculos XVI e XVII o Concelho conhece um significativo desenvolvimento económico motivado por uma crescente produção de sal e motivador de um acréscimo populacional. A documentação da época refere a existência de 180 moradores na Vila no século XVI, registando no início de século XVII 360 fogos e 1902 habitantes. No século XVIII Alcochete continuou a abastecer Lisboa. Inúmeras barcas navegavam no Tejo em direcção à capital, carregadas de sal, lenha e carvão. No século XIX a história do Concelho ficou marcada pela perda e Restauração da autonomia do concelho, geradoras de grandes movimentações populares. O período de dependência municipal relativamente a Aldeia Galega a partir de Outubro de 1895 gerou um sentimento de angústia por parte das populações e despertou simultaneamente uma consciência de identidade municipal que foi progressivamente ganhando raízes.
A 15 de Janeiro de 1898 é publicado no Diário do Governo o decreto que restaura 51 concelhos, entre os quais o concelho de Alcochete, destaque ainda para o contributo filantrópico do 3.º Barão de Samora Correia que doou à Misericórdia local avultados bens entre os quais um palácio que viria a ser mais tarde um asilo para idosos, instituição que permanece em funcionamento.
No que concerne à actividade agrícola, o Concelho foi alvo de experiências pioneiras de fomento agrário, promovidas por Jacome Ratton, no séc.XVIII, e por José Maria dos Santos, no séc. XIX. Outras actividades até então proeminentes como a pesca, navegação fluvial e salicultura, entraram em decadência, e o concelho de Alcochete viu-se excluído das principais vias de comunicação, com o advento dos transportes ferro-rodoviário, que viriam a substituir o transporte fluvial no escoamento dos produtos e abastecimento do mercado lisboeta.
O Concelho permaneceu assim, predominantemente rural até meados do séc. XX, quando se iniciou a actividade da seca do bacalhau, um sector que conheceu grande expansão,  proporcionando localmente a existência do maior centro de secagem em Portugal, favorecido pelo clima e pela facilidade de descargas dos navios bacalhoeiros, o processo de industrialização teve início com a instalação da fábrica de pneus Firestone em 1958, à qual se seguiu a instalação de outras unidades de processamento de cortiça e de alumínio. Com a construção da Ponte Vasco da Gama o concelho de Alcochete voltou a ser alvo de investimentos, retomando o desenvolvimento económico, que tinha abrandado com o encerramento das referidas unidades industriais, ganhando uma nova centralidade na Área Metropolitana de Lisboa.
Alcochete é actualmente um concelho com identidade que assenta maioritariamente na afirmação das suas origens históricas, nas suas tradições de cariz tauromáquico, onde o forcado, o campino e o salineiro são figuras de destaque, quer nas inigualáveis Festas do Barrete Verde e das Salinas, quer nas festividades religiosas relacionadas com o culto a São João Baptista, a Nossa Senhora da Vida, a Nossa Senhora do Carmo e a Nossa Senhora da Atalaia.
Actualmente, Alcochete é um concelho moderno onde se pode vislumbrar e contactar directamente com a história, em cada monumento, em cada casa senhorial ou edifício ou nas ruas onde a história se respira em cada esquina e é vivida com intensidade.

Bandeira de Alcochete

Heráldica

Brasão: de prata, com uma cruz antiga de Santiago de vermelho, carregada nas bases do florenciado por quatro vieiras de ouro e de uma esfera armilar do mesmo metal no cruzamento. A cruz acantonada por quatro cachos de uvas de púrpura, folhados e sustidos de verde. Em contrachefe duas faixas ondadas de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres: «Vila de Alcochete» de negro.

Bandeira: esquartelada de amarelo e de vermelho. Cordões e borlas de ouro e de vermelho. Haste e lança douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal de Alcochete».


Cultura e Turismo

             O Concelho de Alcochete apresenta uma das zonas húmidas mais extensas do país classificada como Reserva Natural, um estatuto que lhe foi atribuído devido à diversidade de aves migratórias que por ali passam. Em alturas de migração, a Reserva Natural do Estuário do Tejo é local de abrigo para mais de 120.000 aves, com destaque para a comunidade de flamingos que, durante todo o ano, embelezam e dão cor a este local. Para além da comunidade de avifauna, a Reserva Natural é ainda caracterizada pela existência de vestígios que remetem para actividades tradicionais do Concelho. Um bom exemplo são as Salinas do Samouco que revelam a todos os visitantes vestígios da actividade salineira, outrora considerada uma das maiores actividades económicas do Concelho. 
Numa extensão até Vila Franca de Xira, a Reserva Natural do Estuário do Tejo é ainda constituída por uma zona de lezírias, onde são criados toiros e cavalos para a lide taurina. Rica em diversidade, a Reserva Natural é uma área que está à espera de ser explorada, seja de bicicleta, de carro, num passeio pedestre do Alcochet’Aventura e, porque não, na embarcação tradicional “Alcatejo” que permite ao visitante adquirir uma visão completamente diferente desta área. 
       
Herdade da Barroca d'Alva : 

         O Concelho de Alcochete apresenta uma das zonas húmidas mais extensas do país classificada como Reserva Natural, um estatuto que lhe foi atribuído devido à diversidade de aves migratórias que por ali passam. Em alturas de migração, a Reserva Natural do Estuário do Tejo é local de abrigo para mais de 120.000 aves, com destaque para a comunidade de flamingos que, durante todo o ano, embelezam e dão cor a este local. 
Para além da comunidade de avifauna, a Reserva Natural é ainda caracterizada pela existência de vestígios que remetem para actividades tradicionais do Concelho. Um bom exemplo são as Salinas do Samouco que revelam a todos os visitantes vestígios da actividade salineira, outrora considerada uma das maiores actividades económicas do Concelho. 
Numa extensão até Vila Franca de Xira, a Reserva Natural do Estuário do Tejo é ainda constituída por uma zona de lezírias, onde são criados toiros e cavalos para a lide taurina.
Rica em diversidade, a Reserva Natural é uma área que está à espera de ser explorada, seja de bicicleta, de carro, num passeio pedestre do Alcochet’Aventura e, porque não, na embarcação tradicional “Alcatejo” que permite ao visitante adquirir uma visão completamente diferente desta área. 

Tauromaquia reflecte Identidade Alcochetana

          O culto do touro e os rituais que lhe estão associados sobreviveram ao longo dos tempos no Concelho como uma tradição fortemente enraizada nas gentes de Alcochete e que contribuiu largamente para a formação de uma forte identidade colectiva. A “afficcion” destas gentes traduz-se na forma como exaltam a verdadeira essência que dá forma e cor à Festa Brava, bem como as figuras que personificam a identidade tauromáquica.
Cavaleiros, campinos e forcados não caem no esquecimento da memória colectiva deste povo que se revê na bravura do Grupo de Forcados Amadores do Aposento do Barrete Verde e do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete que, em diversas praças do país, e do estrangeiro, exteriorizam toda a sua coragem e respeito por esta arte. A paixão e cultura tauromáquica são ainda transmitidas a todas as pessoas que visitam Alcochete em momentos festivos, nomeadamente nas Festas do Barrete Verde e das Salinas, nas Festas Populares do Samouco e nas Festas de Confraternização Camponesa de São Francisco.


Grupos de forcados

        A festa dos touros evoluiu bastante desde a Idade Média até aos nossos dias. Do combate com o touro passou-se ao toureio a pé e à lide a cavalo, que traduz a arte da montaria, desporto predilecto de nobres e reis. A tourada à portuguesa ganhou uma dimensão própria na qual os forcados ganham um papel importante no culminar da lide.
Em Alcochete a festa taurina tem origens seculares e como não poderia deixar de ser é terra de valentes forcados. Ainda antes da formação dos grupos de forcados profissionais, no início do século XX, entre os quais o Grupo de Forcados Profissionais de Alcochete, já os forcados alcochetanos mostravam a sua bravura em terras de Portugal e Espanha, destaque para o Coradinho, José Carregante, António Carraça, Joaquim Valente, entre outros.
Após o desaparecimento dos grupos profissionais, começaram a surgir em todo o país grupos de forcados amadores e Alcochete não foi excepção. Actualmente, existem dois grupos de forcados amadores, o Grupo de Forcados Amadores do Aposento do Barrete Verde e o Grupo de Forcados Amadores de Alcochete. Ambos com créditos firmados quer nas Praças de Toiros portuguesas, quer espanholas, francesas ou mesmo mexicanas.





Gastronomia :

          Sempre em estreita ligação com o mar, Alcochete apresenta aos milhares de visitantes uma gastronomia bastante rica e diversificada, a Caldeirada à fragateiro, amêijoas alcochetanas, ensopado de enguias, massa de choco e linguadinhos fritos são alguns dos pratos que condimentam as ementas dos restaurantes mais típicos de Alcochete. Também integradas na ementa típica encontramos as Batatas Ensalsadas que, durante muito tempo, foram uma refeição típica dos salineiros.
A gastronomia de Alcochete é complementada com alguma doçaria regional, da qual se destacam as famosas fogaças e o arroz doce branco que, em Alcochete, adquire um sabor genuíno e singular. Integrado nas festividades de Alcochete, o arroz doce era outrora oferecido em vésperas de casamento. Quanto maior fosse a travessa, maior era o grau de importância do convidado.
As fogaças perduram na doçaria tradicional de Alcochete há mais de 500 anos. Segundo a lenda, a fogaça “nasceu” em honra da Nossa Senhora da Atalaia, pelas mãos dos barqueiros de Alcochete que, em plena tempestade no alto mar, foram salvos pela Senhora.
                                                                                                         Fogaça
FogaçaCaldeirada à Fragateiro
Caldeirada á Fragateiro