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domingo, 26 de janeiro de 2014

Mosteiros de Portugal - Mosteiro de Santa Maria de Landim - Vila Nova de Famalicão








Localização

        O Mosteiro de Santa Maria de Landim localiza-se na freguesia de Landim, concelho de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, em Portugal.


Arquitectura :

          À data da sua fundação, nos inícios do séc. XII, o Mosteiro era românico e dele ainda permanecem alguns vestígios, como são exemplo os CAPITÉIS e as ARCADAS CEGAS na capela da igreja e alguns CAPITÉIS GEMINADOS com motivos da época, talvez já de transição para a centúria de duzentos, como assinalam as bases de bolbo, todos eles fragmentos possivelmente oriundos dum claustro românico destruído na reconstrução do séc. XVI. A igreja era de uma só nave, mais baixa do que a actual, e a capela de paredes rectas, sensivelmente quadrangular. Tinha tectos de madeira e um portal de três arquivoltas , cujos restos se encontram no antigo cemitério. A reforma do séc. XIII instalou a actual abóbada da capela sustentada em contrafortes exteriores e fez levantar a altura da nave, sendo dessa época alguns dos ornamentos românicos que resistiram às alterações posteriores, como os arcos-sob-cornija e o friso enxaquetado que rodeia a capela. A grande transformação viria, no entanto, a ocorrer no séc. XVI sob a égide do Cardeal-Bispo de Viseu, D. Miguel da Silva, vulto de grande destaque na corrente renascentista europeia, que foi Comendatário do Mosteiro na primeira metade de quinhentos. A reconstrução maneirista, fortemente marcada pelo estilo arquitectónico da Companhia de Jesus, caracteriza-se pela obra da FACHADA DA IGREJA, reconstruída em três corpos lisos, divididos horizontalmente por cornijas rectilíneas, com galilé de três arcos e coro alto, e a edificação da torre e nave colateral. No Mosteiro, totalmente remodelado, salientam-se as construções do novo CLAUSTRO com colunas dóricas “à romana” e do SOBRECLAUSTRO aberto entre colunelos, que seria fechado, possivelmente já como domínio privado, em finais de setecentos. Os interiores conheceram sucessivas remodelações de decoração ao longo dos séc. XVII e XVIII com abundante utilização de azulejaria, onde sobressaiem padronagens de tapete e registos de natureza figurativa ao gosto popular de seiscentos, como os que se observam na CASA DO PAÇO , junto ao antigo campo do Jogo da Péla, e alguns notáveis trabalhos de talha barroca que se podem ver no RETÁBULO DA CAPELA e no arco de transição da nave ou no admirável tecto da SALA DO CAPÍTULO, perto do portal de entrada do Mosteiro novo. É ainda do séc. XVIII o órgão que embeleza a igreja, cuja construção invulgar justificaria restauro urgente.




História :

         As origens do Mosteiro de Landim remontam aos alvores da Baixa Idade Média. Embora sejam escassas e contraditórias as informações sobre a sua fundação, esta é atribuída, entre 1110 e 1128, a D. Gonçalo Rodrigues da Palmeira, filho do conde Rodrigo Forjaz de Trastâmara, da linhagem da Casa de Trava, que foi companheiro de armas do conde D. Henrique da Borgonha, pai de D. Afonso Henriques. Gonçalo Rodrigues ocupou lugares de relevo na corte da condessa D. Teresa de Leão e esteve na origem da linhagem dos Pereira através de um seu filho.
Mais tarde Gonçalo Rodrigues tê-lo-á dotado com o domínio de Palmeira que lhe coutou D. Afonso Henriques. A doação foi confirmada pelos seus filhos em documento de 1177, numa altura em que o Mosteiro, cuja comunidade original adoptou com toda a certeza os cânones da tradição hispânica, já estava reformado pela regra da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, sediados no Mosteiro de Santa Cruz , em Coimbra, conforme se lê no texto onde é designado por "Monasterio de Nandim & Ordini Sancti Agustini". Nas Inquirições de 1258 figura pela primeira vez com o nome de "Monasterio de Sancte Marie de Nandim", e manter-se-ia sempre no seio dos crúzios até à sua extinção em 1770.

Constituição do Mosteiro :

         A comunidade monástica de Santa Maria de Landim era constituída, no ano da extinção do mosteiro, por 17 cónegos e 5 conversos. Tudo indica, apesar das novas dependências com que o mosteiro foi ampliado por altura da sua reconstrução no século XVI, que o número de membros da comunidade nunca terá sido muito diferente desta ordem de grandeza.
O primeiro prior do Mosteiro de Landim, segundo noticia Frei Nicolau de Santa Maria na Chronica da ordem dos Conegos Regrantes do patriarca de S. Agostinho, foi D. Pedro Rodrigues, de quem o cronista diz ser filho de Rodrigo Forjaz de Tastâmara e, portanto, irmão de Gonçalo Rodrigues da Palmeira, fundador do mosteiro. Apesar de não constar de nenhuma compilação genealógica conhecida o nome de Pedro Rodrigues como um dos filhos de Rodrigo Forjaz de Trâstamara e sabendo-se que alguns dos factos narrados pelo cronista não têm fundamento histórico, não é de excluir a hipótese do fundador, a seguir à doação do Couto da Palmeira, ter pretendido consolidar a sua influência no mosteiro através de um irmão de sangue. O priorado de D. Pedro Rodrigues ficou assinalado pela assinatura da confirmação de doação do referido couto ao Monasterio de Nandim, & Ordini Sancti Augustini, pelos filhos de Gonçalo Rodrigues, em Junho de 1177. Sucedeu-lhe D. Pedro Garcia, sobrinho do arcebispo de Braga D. Godinho, o prior que, após a sua morte, foi venerado como santo pelas populações de Landim e terras circunvizinhas.
No século XIII apenas se conhecem dois priores: D. Miguel, a quem D. Sancho I, em 1210, delegou a mediação do conflito que o opôs a D. Martinho Rodrigues, bispo do Porto e neto de Gonçalo Rodrigues da Palmeira, e D. Fernando Pires, visitador geral da Ordem, em 1228, por nomeação do cardeal de Santa Sabina, João de Abavila. O nome de D. Martinho Domingues, prior do mosteiro entre o 1.º e o 2.º quartel do século XIV, aparece referido por D. Rodrigo da Cunha na sua Historia ecclesiastica dos arcebispos de Braga, e dos santos, e varões illustres que floresceram neste arcebispado , como tendo sido aquele em quem recaiu a escolha do arcebispo D. Gonçalo Pereira, trineto de Gonçalo Rodrigues da Palmeira, para proferir o sermão no Concílio Diocesano de Braga, em 1328. Na centúria de trezentos há ainda a assinalar o priorado de D. Francisco Miguel , de quem apenas se sabe que transitou de Landim para o Mosteiro de Santa Maria de Oliveira, onde também veio a ser investido prior no ano de 1356. A D. Martinho Gonçalves Taveira, cujo início do priorado deverá ser anterior a 1423, sucedeu-lhe seu filho D. Fernão Martins Taveira, camareiro do duque de Bragança D. Afonso, o filho bastardo de D. João I. Desconhecem-se as razões que conduziram à resignação destes dois priores, embora no caso de D. Fernão Martins Taveira este possa ter sido compelido pelo arcebispo de Braga, D. Fernando da Guerra, por não professar a regra dos Cónegos Regrantes. Pelo menos a partir de 1446 já D. Álvaro Afonso presidia aos destinos do mosteiro, um priorado que se estenderia por mais de três décadas.
No século XV, Landim passou a integrar a lista das instituições monásticas que se tornaram alvo de atribuição de comendas. D. Jorge da Costa, mais conhecido por Cardeal de Alpedrinha, terá sido, muito provavelmente, o primeiro comendatário do mosteiro. Em 1526, D. João III nomeou D. Miguel da Silva prior-perpétuo e comendatário do Mosteiro de Landim e abade comendatário do Mosteiro Beneditino de S. Tirso. O provimento destas comendas não terá passado de um gesto conciliatório com o Papa Clemente VII, pois o rei já tinha ordenado a cessação das funções de embaixador de Portugal junto da Santa Sé a D. Miguel da Silva e o seu imediato regresso ao reino, como forma de impedir que o Papa elevasse o prelado à dignidade de cardeal, em detrimento de um familiar seu. Impulsionador da introdução dos modelos arquitectónicos italianizantes no norte de Portugal, foi durante a permanência de D. Miguel da Silva como bispo de Viseu, que se iniciou no Mosteiro de Landim a sua mais profunda remodelação, como aliás atesta o Livro de Óbitos desta instituição ao designá-lo como seu comendatário e reedificador. Contudo, a pouca estima do rei pelo prelado continuou a manifestar-se. Para escapar às ameaças e perseguições movidas por D. João III, D. Miguel da Silva decidiu fugir, em 1540, para Itália, na esperança de encontrar junto do Papa Paulo III o acolhimento e a protecção que não tinha em Portugal, o que de facto se verificou, um ano depois, ao ser investido como Cardeal na Cúria Romana. No curto período que mediou entre a sua fuga e a emissão da carta régia em que D. João III o destituiu de todas as mercês, foi o seu sobrinho, D. António da Silva, abade do Mosteiro de Santo Tirso, que esteve na posse das comendas. Todavia, resultante das negociações entretanto mantidas entre D. João III e a Santa Sé, veio a ficar estabelecido que o novo comendatário de Landim seria o Cardeal Alexandre Farnésio, sobrinho do Papa Paulo III.
A era dos priores trienais iniciou-se em 1562, ano em que o Mosteiro de Landim se uniu à Congregação dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, sediada em Santa Cruz de Coimbra. À data da extinção do Mosteiro, ocorrida em 1770, era seu prior D. Agostinho de Nossa Senhora.



Exterior do Mosteiro :

         Podemos encontrar a sul do conjunto monástico temos o Parque e a Cerca que se estende por consideráveis terras agricultadas, no prolongamento de uma magnífica mata de carvalhos, matizada por faias, acácias e medronheiros. Junto ao Parque, embelezado por arruamentos e artísticos fontanários, existiu um gracioso horto com tanque e chafariz, onde ainda se podem ver os muros de suporte rematados de cantaria.