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domingo, 6 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Pinhel

Brasão de Pinhel

Localização :

           Pinhel é um concelho do distrito da Guarda, localizado na região centro de Portugal. Ocupa uma área de 486.2 km2, distribuída por 27 freguesias, uma das quais constitui a cidade e sede de concelho (Pinhel). Faz fronteira a Norte com Vila Nova de Foz Côa e Meda; a Este com Figueira de Castelo Rodrigo e a Este com Almeida; a Sul, com Guarda; e a Oeste com Celorico da Beira e Trancoso. O concelho é banhado pelos rios Côa e Massueime e pelas ribeiras das Cabras e de Pega. 



História :

    O território que corresponde ao atual concelho de Pinhel foi povoado desde épocas bastante remotas, sendo que alguns autores apontam a origem da povoação aos Vetões ou Túrdulos. Terá sido também ocupada pelos mouros, tendo sido reconquistada por D. Afonso Henriques em 1179 que lhe deu carta de povoamento. No entanto, é de crer que no século XII a região se encontrava despovoada. Tal situação era bastante perigosa para a segurança de Portugal, visto tratar-se de uma região fronteiriça, de fácil entrada, que mais fácil se tornava com o abandono e o despovoamento, propícios a ataques inimigos no território nacional. Durante o reinado de D. Sancho I e numa conjuntura de incremento da vida municipal, Pinhel recebe o seu primeiro foral, atribuído em 1191 pelo prior e irmãos da Ermida de Santa Maria de Riba Paiva. Não sendo um foral real, o próprio D. Sancho I o confirma em 1209. A ação de D. Sancho I foi confirmativa da do seu pai, continuando os moradores do grande concelho a serem dispensados de servir em muros e castelos da colheita real e da portagem em todo o país e autorizados a pastar livremente os seus gados fora dos muros do castelo. Para tornar a população mais homogénea, os dois monarcas determinaram que todos os vizinhos de Pinhel tivessem o mesmo foro. A vocação frumentária da região levou à criação de fangas (mercados de cereais na vila) e pela tributação à base de ochavas. As cartas de povoação dos dois soberanos estabeleceram aqui um dos dois grandes municípios típicos das zonas fronteiriças com alcaide e alcaides do concelho, juiz, vigário e andadores. Enquanto na vila se fazia o povoamento pelas cartas de foral, boa parte do termo estava em posse de fidalgos e mosteiros. Dada a sua localização, a vila foi desde cedo alvo de vários ataques vindos de Leste; o primeiro terá ocorrido ainda no reinado de D. Sancho I, pois mal foram terminados os muros em Pinhel, foi declarada guerra entre Leão e Portugal. Em finais do século XII travou-se no termo de Pinhel o combate que ficou conhecido como "lide das Ervas Tenras" onde pereceram alguns dos maiores fidalgos portugueses; esta lide deve ter sido um episódio da acção guerreira fronteiriça a que por todo o século XII chamaram "de Pinhel" travada contra aqueles inimigos por uma força de portugueses, por isso denominada "hoste de Pinhel". Apesar das cartas de foral a Pinhel terem disposto a unidade do foro para todos os vizinhos da vila, parece bem certo que no século XIII havia, herdada na própria vila, gente de qualidade nobre. Só se pode compreender esse facto supondo que esses nobres, possuindo fora da vila e seu termo os seus solares, se sujeitavam a descer de qualidade nas suas relações com o grande grémio democrático, sendo portanto aí considerados e tratados como membros do povo. Um dos nobres com bens na vila de Pinhel foi, no século XIII, Martim Afonso "de Amaral". Durante a primeira dinastia, Pinhel, recebe ainda, os forais de D. Afonso II (1217) e de D. Dinis (1282); este monarca ampliou e reforçou os muros do seu castelo. Os monarcas da primeira dinastia protegeram especialmente esta vila, dada a sua situação fronteiriça. D. Fernando, decerto porque o concelho se queixava de que os antigos privilégios de Pinhel não estavam a ser respeitados pela nobreza, reafirmou parte do foral do século XII que isentava o concelho do perigo de nele existirem herdamentos e possessões de nobres; e o mesmo determinou D. João I a 6 de Junho de 1386 quando em plena guerra com Castela preparava a resistência desta zona fronteiriça. Pinhel seguira a causa do mestre de Avis enquanto que a vizinha Figueira de Castelo Rodrigo abraçara a causa estrangeira; e como aquela sofresse bastante em virtude da Guerra da Independência, D. João I premiou Pinhel com uma feira franca durante um mês que meava em S. Miguel de Maio, com todos os privilégios e franquias da importantíssima feira franca de Trancoso e poucos anos depois isenta a nobre vila das contribuições acordadas nas cortes. Por esta altura ocorreu um facto que ilustra como uma vila nas boas graças dos soberanos, enfrentava com vantagem a nobreza que atentasse contra os seus privilégios antigos e nunca desmerecidos. O célebre Gonçalo Vasques Coutinho, figura ilustre de guerreiro, mas conhecido pela sua prepotência, achando vantajoso possuir morada e herdades em Pinhel (ao que não estava autorizado pelos foros da vila) comprou aí certos bem, incluíndo casas de morada. Sabido isto pelo concelho, este aproveitou uma passagem de D. João I pela vizinha Trancoso e mostrou-lhe as cartas de D. Afonso III, D. Dinis e D. Afonso IV em que se continha que nenhum cavaleiro ou fidalgo, dona ou rico-homem ou outra pessoa poderosa e privilegiada era autorizada a adquirir e possuir aí tais bens e ao mesmo tempo fez ver ao rei que estas disposições sempre haviam sido cumpridas, visto que jamais pessoas das referidas qualidades tivera possessões em Pinhel. D. João I atendeu o concelho e proibiu a morada e propriedade de Gonçalo Vasques Coutinho em Pinhel. Em 1430, o concelho defendeu também eficazmente os seus pastos contra o concelho de Castelo Rodrigo, provando que os primeiros reis logo por povoação haviam dado aos moradores de Pinhel o direito de usar as pastagens dos outros concelhos sem que a estes fosse permitido usar os de Pinhel. Por carta de D. João II de 13 de Outubro de 1475 o concelho obteve deste rei o direito de distribuir os terrenos incultos cerca da vila e no termo, onde antigamente houvera cultivo e moradas mas agora estavam reduzidos a matagais onde se acoutavam porcos, veados e ursos, com graves perigos dos moradores. D. Manuel I confirmou os privilégios em 1 de Junho de 1510. Um ponto notável sob o ponto de vista eclesiástico é a remota e longa existência de seis paróquias ou freguesias: a de Santa Maria do Castelo (única intra-muros) , a de S. Salvador (priorado da apresentação real), a de S. Martinho (reitoria do ordinário de Viseu); a de S. Pedro (reitoria da mitra visiense); a de Trindade (curato da ordem de Malta), a de Santo André (reitoria da Mitra). Alegando a excessiva extensão dos bispados de Viseu e Lamego que compreendiam a maior parte da Beira-Alta pediu o rei D. José I ao pontíficie a criação de uma nova diocese, com a sede na vila de Pinhel que para o efeito foi elevada à categoria de cidade por alvará de 25 de Agosto de 1770. A nova diocese teria por território os arciprestados de Pinhel, Trancoso e Castelo Mendo, separados do Viseu; e as duas visitas de Entre-Côa e de Riba-Côa, separadas do bispado de Lamego. O arciprestado de Pinhel compreendia 30 freguesias; o de Trancoso 44 e o de Castelo Mendo 18; as visitas de Riba-Côa e Entre Côa e Távora abrangiam 133 paróquias. Ficava portanto o novo bispado de Pinhel com 225 paróquias. Clemente XIV deferiu por letras apostólicas que não se conhecem mas que se supõem serem datadas de 10 de Julho de 1770. A diocese regia-se pelas constituições do bispado de Lamego. Pio IV impôs ao bispado de Pinhel a pensão anual de quatro mil cruzados para o Santo Ofício de Lisboa. Esta diocese foi extinta e incorporada na da Guarda em 1882. Durante a terceira invasão francesa, a cidade foi ocupada pelos soldados de Loison em 25 de Julho de 1810. Também Massena a ocupou depois da queda de Almeida. Em 26 de Julho de 1907 o Batalhão de Caçadores 10 aqui aquartelado sublevou-se, sendo que desde essa data a cidade deixou de ser sede de uma unidade militar.

Bandeira de Pinhel


Cultura e Turismo : 

      O concelho de Pinhel apresenta várias potencialidades turísticas, distribuídas pelas suas freguesias, quer derivadas do seu património, quer pela sua beleza paisagística e recursos naturais. O património cultural e edificado de Azevo compõe-se pela Igreja Matriz, a capela de Santo Antão e o cemitério medieval. A estes locais, juntam-se outros de interesse turístico, tais como as minas de volfrâmio, a casa do Capitão-mor, a casa brasonada com capela e o Miradouro, no lugar do alto da aldeia. Já em Ervedosa ressaltam a Igreja Matriz, o chafariz público, a capela de S. Vicente e a Capela de S. Sebastião. Existem outros locais de interesse turístico merecedores de referência: os moinhos de água, a margem do rio Massueime e o Lugar da Capela. Em Freixedas sobressaem-se a Igreja Matriz e as capelas de Santo Antão, de Santa Eufémia e da Senhora da Esperada. A freguesia proporciona ainda a quem nela reside e a visita, outros locais de interesse como: o Lugar do Miradouro na Capela de Bonfim e o Largo do Rossio. O património cultural e edificado de Manigoto compõe-se pela Igreja Matriz, algumas casas senhoriais, casas rústicas, o monumento à Senhora da Conceição e o espaço museológico. No século XVIII foram enviadas de Roma ao bispo de Coimbra, D. Miguel da Anunciação, entre outras, uma relíquia de S. Clemente, que se constituía de ossadas de um braço, destinada ao seminário. Hoje, encontra-se essa relíquia em poder da freguesia, constituindo um dos seus maiores bens patrimoniais. Além destes, existem na freguesia outros locais de interesse turístico: a gruta do bispo (gravura rupestre), os lagares dos moiros, algumas necrópoles e sepulturas escavadas na rocha e o castro de Galafura. Na freguesia de Pínzio, o património cultural e edificado compõe-se pela Igreja Matriz e por algumas capelas disseminadas pelos cinco lugares da freguesia: a de Santo André, em Pínzio; em Miragaia, a de S. Dâmaso, de invocação muito rara em Portugal; a de Santa Bárbara, no lugar de Cheiras, a de Nossa Senhora de Fátima, no lugar de Abadia e a igreja dos Trocheiros, no lugar homónimo. Em Valbom destacam-se no património cultural e edificado: a Igreja Matriz, a capela de Santa Cruz, a ponte romana de um só vão e que une as duas margens da ribeira de Pega, a fonte de mergulho e algumas sepulturas romanas. Ainda de destacar no concelho de Pinhel é sem dúvida o seu castelo, bem como as suas duas torres, numa das quais se pode admirar uma janela manuelina; integrando também a porta de Santiago e a Judiaria e as muralhas. Destacam-se ainda na cidade de Pinhel o antigo paço episcopal, o pelourinho, as igrejas de S. Luís, da Misericórdia, dos frades da Trindade e a de Santa Maria do Castelo. 



Gastronomia :

        Entre os pratos tradicionais do concelho de Pinhel, são destacar o cabrito assado e os pratos de caça. Na doçaria merecem uma especial ressalva as orelhas-de-dom-abade.