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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Viagem e visita ao concelho de Castelo de Paiva

Brasão de Castelo de Paiva

Localização :

         O concelho de Castelo de Paiva, pertence ao distrito de Aveiro, e é limitado, a Norte e a Nascente pelo rio Paiva e a Poente pelo rio Douro. É formado por nove freguesias, ocupando uma área de aproximadamente 109 quilómetros quadrados; confina a Sul com as terras altas de Arouca, ficando entre os concelhos de Cinfães, Gondomar e Santa Maria da Feira. Castelo de Paiva é um concelho muito montanhoso, onde o Paiva, rio que lhe dá o nome, é fator essencial de fertilidade, comunicação e beleza. Mas outros rios tornam férteis as terras de Castelo de Paiva, dando a muita da sua gente meio de subsistência. O Douro é o mais importante, pela grandiosidade, e pela longa e rica tradição que lhe está associada sendo ainda um fator de desenvolvimento (económico, sobretudo) que constituiu através das décadas que se foram sucedendo. É no Douro que o Paiva desagua, e é também no Douro que os rabelos, outrora povoadores das suas águas, faziam as derradeiras viagens, subindo e descendo e marcando-o com presença inconfundível. Também afluente do Douro, no seu percurso final, o Arda é um rio que vindo de Arouca, desagua em Pedorido, a freguesia mais a Poente do concelho de Castelo de Paiva. Ao longo do seu percurso as águas fizeram mover as rodas dos moinhos e permitiram o estabelecimento da fábrica de papel, há muitos anos atrás, nos lugares de Laceiras, na freguesia de Raiva e de Balaido, na freguesia de Fermedo. Terra onde montanhas, planícies, colinas e vales se conjugam, permitindo diferentes culturas e aproveitamentos agrícola e florestal, as zonas mais altas e montanhosas, onde não é possível a atividade agrícola, encontram-se revestidas de exuberante arborização, em que abundam pinheiros e eucaliptos.



História : 

        Desde muito cedo (Paleolítico) as terras de Castelo de Paiva, de magnífica posição geográfica, atraíram diferentes povos que passaram pela Península, como o demonstra o património arqueológico chegado aos nossos dias, composto especialmente por antas, (entretanto destruídas pela ação do tempo ou dos homens, que sob elas sonhavam encontrar tesouros fabulosos de que as lendas falavam). O próprio nome, "Castelo de Paiva" , faz referência a dois elementos que ajudam a individualizar esta terra já duriense: a denominação "Castelo", que nos remete para a existência quase certa de um antigo castro, no local da povoação que conserva aquele nome, e que os restantes vestígios ajudam a comprovar. "Paiva" é o nome de um dos rios que o banha e delimita. A atração exercida por estas terras sobre os povos primitivos explica-se pela fertilidade do solo, pelo não menos rico subsolo, e pela abundante pesca e caça existente. A ocupação romana é também evidenciada, assumindo particular relevo a ermida de Vegide que, pensa-se, terá sido um dos templos desse povo, tudo levando a crer que outro terá existido no lugar de Fundões (na freguesia de Sobrado), como o indicam os mosaicos aí encontrados, no passado século, que servem de ornamentação do Solar da Boavista, residência dos Condes de Paiva. Os árabes também aqui passaram, deixando marcas da sua presença, por exemplo, os vestígios do que teria sido um cemitério, como se pode ver pelas sepulturas cavadas em rochas, no monte Curvite. Às terras de Castelo de Paiva, outrora denominadas "Honra de Sobrado", chegaram os "Sheiks" de Lamego, que a passaram a governar, depois de convertidos ao cristianismo. A permanência dos árabes nesta região, bem como a sua conversão à fé cristã está de certa forma testemunhada na lenda das Amoras. Conta a lenda que D. Nuno, homem impiedoso, depois de ter derrotado o rei mouro, Echa Martim (feito prisioneiro por ordem de D. Henrique) quis a sua filha, de nome Zara. D. Nuno porém levantou suspeitas sobre a pureza da donzela, e como prova em contrário desafiou que um tronco seco se transformasse num verde ramo. Perante tal imposição, a jovem moura ajoelhou-se e rogou à Virgem o seu auxílio, no que foi ouvida. Assim se deu o milagre: o velho tronco transformara-se num ramo verdejante, cobrindo-se de amoras, fazendo com que Zara, tal como seu pai Echa Martim e D. Nuno, se convertessem à religião cristã. Como prova de devoção à Virgem foi edificado um santuário no local onde se diz ter ocorrido o milagre, que se passou a denominar Santuário da Senhora das Amoras. Só a partir do século XI e com a reconquista definitiva da região, é que se começa a forjar a verdadeira identidade desta terra chamada "Paiva", desde pelo menos 883, como se encontra documentado. Na verdade, foi a partir dos primeiros anos desse século que estas terras formaram um verdadeiro conjunto sujeito a uma mesma autoridade administrativa, judicial e militar. Só há cerca de um século passou a designar-se "Castelo de Paiva", sendo a acta mais antiga existente no Arquivo Municipal, datada de 1850; porém, apenas no dia 4 de Março de 1852 aparece o nome do concelho tal e qual como hoje é designado. O concelho de Castelo de Paiva tem foral dado por D. Manuel I, em Dezembro de 1513. No entanto, há quem defenda que o Rei D. João III, em 1260, já teria outorgado um primeiro foral a esta terra do Vale do Paiva. O concelho passou de Julgado a Comarca, em Outubro de 1890, permanecendo Comarca até 1927.

Bandeira de Castelo de Paiva

Cultura e Turismo : 

            No aspecto cultural, é evidente o movimento associativo em Castelo de Paiva, que se traduz em dezenas de associações culturais e desportivas dispersas por todo o concelho. Anualmente, os jogos desportivos servem de ponto de encontro dos atletas de grande parte das colectividades do concelho. A riqueza etnográfica e a força do folclore do Douro Litoral justificam a existência de vários ranchos folclóricos no concelho. Além destes, Castelo de Paiva tem associado à sua antiga existência e História, dois aspectos realmente peculiares. Um deles prende-se com a multiplicidade de lendas que o seu povo foi promovendo ao longo dos séculos, transpondo para narrações do fantástico muito dos seus mitos e receios, que ajudam a conhecê-lo melhor. Entre as muitas lendas aqui existentes, grande parte remonta à Idade Média e encerram históricos, na grande maioria, com um fundo religioso como a lenda da Senhora das Amoras. O segundo aspecto está de certo modo relacionado com o primeiro, não se sabendo contudo, até que ponto não será, também ele, fruto da imaginação das gentes. Segundo o povo, nestas paragens nasceu aquele que viria a ser venerado Santo António de Lisboa. E a verdade é que do património do concelho fazem parte dois monumentos que, segundo a tradição, terão pertencido aos pais daquele Santo: o Paço de Godim, do Solar de Martim de Bulhão (o pai) e a Casa da Torre de Vegide, do Solar dos Pintos, onde viveu D. Teresa Taveira (a mãe). O turismo, é uma das grandes potencialidades do concelho de Castelo de Paiva; para além de interessantes vestígios de um passado remoto e recente, o concelho prima por vários aspectos: a paisagem diversificada, de grande beleza; os rios que a envolvem (a navegabilidade do Douro, por exemplo, tem um contributo importante a dar para o desenvolvimento turístico); as praias fluviais, as emoções da pesca, da caça e dos desportos náuticos, os vinhedos das quintas, os lugarejos típicos e preservados, e o folclore, expressão popular da arte nas inúmeras festas e romarias, são alguns atrativos e motivos de interesse que Castelo de Paiva oferece a quem o visite. 



Gastronomia : 

            Castelo de Paiva destaca como os pratos mais solicitados da região: o arroz de lampreia e o sável, o cabrito assado com arroz de forno, a posta arouquesa, o cozido à lavrador, os bife à Lapadas, as iscas de bacalhau e a tradicional vitela à posta. Nos doces, são iguarias verdadeiramente irresistíveis, as rabanadas à moda de Paiva, o pão-de-ló de Serradelo e de Sardoura que devem ser acompanhados com o afamado vinho verde tinto de Paiva, um dos melhores da região demarcada e já tantas vezes premiado a nível nacional.