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segunda-feira, 25 de março de 2013

Viagem e visita ao concelho da Nazaré

Brasão de Nazaré

Localização

        O concelho da Nazaré está integrado no distrito de Leiria, ocupando uma área de 80,5 km2, distribuída por três freguesias, duas das quais com sede em vila: Nazaré e Valado dos Frades. O concelho faz fronteira com Alcobaça, quase em toda a sua extensão apenas com a excepção do lado poente, delimitado pela costa atlântica. O concelho caracteriza-se por estar integrado numa região natural de grandes contrastes, entre as falésias do Sítio, as praias e os pinhais.


História

          A fundação da Nazaré está intimamente ligada com a célebre lenda de Nossa Senhora da Nazaré e a descoberta da sua imagem, uma das mais curiosas lendas do hagiológico lusitano. Conta-se que no século IV, um monge grego, Ciríaco fugira para Belém de Judá levando consigo uma imagem de Nossa Senhora da Nazaré que havia sido esculpida por S. José, na presença da mãe de Cristo e que foi posteriormente oferecida ao Mosteiro de Cauliniana, em Mérida. Quando os mouros invasores derrotaram os cristãos, na batalha de Guadalete, o rei Rodrigo fugiu para Mérida, encontrando-se então com frei Romano que não se julgando seguro, fugiu com o rei para Oeste, atingindo os dois a costa atlântica onde hoje se encontra a Pederneira. Romano trazia uma caixa de relíquias que Santo Agostinho dera ao Mosteiro de Cauliniana, enquanto que Rodrigo trazia a imagem venerada de Nossa Senhora. Segundo a tradição, chegaram ao monte de S. Bartolomeu, nas imediações da Nazaré, a 2 de Novembro de 713. Ali viveram alguns dias até que Rodrigo manifestou o desejo de viver só e frei Romano foi habitar outro monte fronteiro, o atual Sítio de Nazaré, levando consigo a imagem e as relíquias que escondeu numa lapa. A imagem de Nossa Senhora ficou então escondida nos rochedos por mais de quatro séculos até que, em 1179 alguns pastores que vagueavam pelos matos do Sítio, com os seus rebanhos, descobriram a imagem. Não tardou que a notícia se espalhasse reunindo-se ali muitos devotos que a veneravam. Em 1182, numa manhã de nevoeiro, caçava nas matas do Sítio um dos mais conhecidos cavaleiros de D. Afonso Henriques, D. Fuas Roupinho, alcaide mor de Porto de Mós. Em perseguição de um veado, seguiu até à ponta do promontório do Sítio, onde ia caindo. De súbito, vendo-se entre a vida e a morte, pediu auxílio a Nossa Senhora da Nazaré. O cavalo estancou então tão firme que parecia estar cravado na própria rocha. D. Fuas Roupinho, agradecido pela intervenção da Virgem, mandou chamar pedreiros de Leiria e Porto de Mós para a construção de uma capela no local, conhecida atualmente como a Ermida da Memória. Encontrou-se então a caixa de relíquias bem como uma relação da atribulada viagem da imagem venerada. Com autorização régia, D. Fuas Roupinho doou os terrenos onde a capela fora construída e outros próximos. Em 1377, D. Fernando visitou a imagem em piedosa romaria, mandando construir uma igreja mais vasta e espaçosa que se inaugurou a 5 de Agosto daquele ano. D. João I, em 1383, mandou edificar alpendres para abrigo dos romeiros; D. João II e D. Manuel beneficiaram o templo e fizeram novas doações. Antes da primeira viagem para a Índia, também Vasco da Gama visitou o templo. As primeiras referências sobre a pesca na Nazaré remontam a 1645 e em 1870 já tinha um considerável desenvolvimento, existindo por volta de cinquenta e oito cabanas para a arrecadação de aparelhos de pesca. O povoado mais antigo é sem dúvida a Pederneira, cujo nome figura em vários documentos medievais e aparece em antigas cartas como "Seno Petronero"; sabendo-se, por cartas de marear do século XIV e XV, que existiam na região mais portos interiores que estavam dependentes dos coutos de Alcobaça, desde a fundação do mosteiro, sendo os abades do dito mosteiro os donatários da vila. O concelho da Nazaré foi instituído apenas em 1912, pois anteriormente a categoria municipal pertencia a Pederneira, através do foral passado por D. Manuel I, em 1514. O concelho da Pederneira foi extinto em 1855 e anexado ao de Alcobaça, havendo sido restaurado em 1898. Em 1912 passou a chamar-se concelho da Nazaré, passando a Pederneira a constituir um lugar da freguesia sede.

Bandeira de Nazaré

Heráldica

Brasão: de verde, com uma torre coberta e rematada por uma cruz, tudo de prata, aberta e iluminada de vermelho, assente num cômoro de sua cor, realçado de negro e de verde, cortado por três faixas ondadas, duas de prata e uma de verde, na qual assentam dois golfinhos afrontados de ouro, realçados de negro, com as caudas levantadas, acompanhando a torre. Coroa de mural de prata de quatro torres. Listel branco com a palavra «Nazaré», a negro.

Bandeira: esquartelada de amarelo e vermelho. Cordões e borlas de vermelho e prata.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal da Nazaré».

Cultura e Turismo

       Integrado numa belíssima região natural, o concelho de Nazaré tornou-se um importante pólo turístico quer pelos seus conjuntos históricos e patrimoniais, quer pelas suas praias e beleza natural. A praia de Nazaré encontra-se entre Alcobaça e Caldas da Rainha, sendo conhecida pelas suas famosas barracas de cores vivas. A ligação entre a praia e o Sítio faz-se através do Ascensor da Nazaré que permite a ligação entre as duas localidades. Este meio de trasporte foi construído em 1889 com o intuito de servir a população do Sítio e da Nazaré. Atualmente o "elevador" é visitado por milhares de pessoas tanto pela curiosidade quer pela fantástica vista que oferece. Entre as Povoações de Valado dos Frades e Fanhais (lugar da freguesia da Nazaré) encontra-se a Duna da Aguieira, a maior duna estabilizada da Europa, com cerca de 154 metros de altitude. São várias as unidades museológicas que podem ser visitadas neste concelho- O Museu de Arte Sacra Padre Luís Nesi, inaugurado a 7 de Julho de 1996, onde se encontram expostos objetos de prata, estatuetas, documentos históricos e paramentaria provenientes de ofertas a Nossa Senhora da Nazaré; o Museu Etnográfico Dr. Joaquim Manso, de carácter regional, possui várias coleções que abrangem desde a etnografia, a arqueologia, pintura, escultura, entre outros. No entanto, este museu é especialmente vocacionado à etnografia marítima possuindo exposições de vários tipos de embarcações de pesca artesanal da Nazaré e de trajes tradicionais. Os trajes típicos de Nazaré são uma das imagens de marca deste concelho. Os trajes femininos caracterizam-se pelas cores vivas das blusas de manga curta com renda, as chinelas, as típicas sete saias rodadas (por serem sete os dias da semana, sete as cores do arco-íris, e pelas várias lendas, tradições e ações bíblicas relacionadas com o número sete), o avental de seda bordado, o lenço sobre a cabeça e o chapéu preto com a borla do lado direito. Já no traje masculino, o homem encontra-se geralmente descalço, ceroulas de escocês apertadas nos tornozelos, calças seguras por uma faixa preta enrolada seis vezes à cintura, camisa de xadrez e barrete preto na cabeça.As touradas foram desde sempre um espetáculo bastante cultivado pelos nazarenos, o que se deverá essencialmente a dois factores. O primeiro de características geográficas, dada a proximidade com a sub-região do Ribatejo, o segundo de carácter histórico, pois associado a Nossa Senhora de Nazaré e aos círios estavam sempre grandes fidalgos que vinham assistir às touradas. Inicialmente, as touradas eram realizadas no terreiro em frente ao Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, com o passar dos tempos, o local onde eram realizadas as touradas foi mudando. Noutros tempos a programação das touradas era anunciada por um grupo de cavaleiros trajados a rigor com trombetas e tambores que anunciavam o espetáculo, atualmente  a principal tourada que se realiza na Nazaré é a 8 de Setembro, dia de Nossa Senhora de Nazaré. Ao nível de infraestruturadas culturais, um especial destaque para o teatro Chaby Pinheiro, inaugurado a 14 de Fevereiro de 1926, um teatro romântico do tipo italiano e cujo salão nobre é utilizado para exposições; para o Centro Cultural da Nazaré onde se podem encontrar várias exposições de pintura, traje e objetos de arte antiga e para as Bibliotecas Calouste Gulbenkian e a Biblioteca Municipal da Nazaré.



Gastronomia

            A sopa de peixe, a caldeira à nazarena, os carapaus enjoados, os carapaus secos, a massa da peixe, o arroz de marisco, as sardinhas assadas, a espetada de tamboril, o cherne, o robalo, o sargo grelhado, a santola e a lagosta fazem parte dos tradicionais pratos da gastronomia nazarena. Na doçaria, destacam-se os támares e os nazarenos.