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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Viagem e visita ao concelho de Portalegre

Brasão de Portalegre

Localização

           Portalegre é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Portalegre, situada na região do Alentejo, sub-região do Alto Alentejo, é sede de um município com 446,24 km² de área e 24 930 habitantes e subdividido em 10 freguesias, limitado a norte pelo município de Castelo de Vide, a nordeste por Marvão, a leste pela Espanha, a sul por Arronches e Monforte e a oeste pelo Crato. Portalegre é banhado pelos rios Caia, Sever e seus afluentes, e por algumas ribeiras. A cidade sede de concelho está situada na encosta de uma das elevações que formam o sistema orográfico da Serra de S. Mamede. 


História

          Não há dados certos sobre a fundação de Portalegre, mas sabe-se que se trata de uma povoação muito antiga, sendo que de acordo com D. Frei Amador Arrais, a primitiva povoação foi edificada com os materiais da antiga Medobriga, povoação da velha Lusitânia e que, habitada pelos Medos, na opinião de uns, ou construída pelos galo-celtas, no dizer de outros, se situava entre Marvão, Arronches e Alegrete, e fora destruída pelas legiões romanas. Conta a lenda que depois de, em vão, procurar um recanto onde pudesse acabar o resto da tormentosa vida que levava, Lísias, já de avançada idade, foi ali ter em 1300 a.C., e achando o lugar do seu agrado, a este se acolheu e com a sua gente o povoou, edificando um forte e um templo, consagrado a Baco e dando à serra o nome de uma sua filha chamada Maia. Estava o referido templo no local onde hoje se ergue a ermida de S. Cristóvão, a cujo sopé corre um arroio que pelas gentes é conhecido como Ribeiro de Baco. 
A povoação foi reconstruída no reinado de D. Afonso III, que lhe outorgou foral em 1259. Nele se designava a nascente vila pelo nome de Portus Alacer, opinando alguns escritores que a etimologia deste título provinha do facto de, naquele tempo, e para efeitos alfandegários, haver os chamados "portos secos", ponto de trânsito de mercadorias por via terrestre, o qual, estando situado num local existente entre S. Tomé e a Cabeça do Mouro, se denominava Porto, nome este que seguido da adjetivação necessária para entre si aqueles se distinguirem o que, no caso presente, foi o de "Alegre", como resultado privilegiada situação geográfica. Assim, e por corruptela, se formou "Porto Alegre" que com o andar dos tempos se chamou "Portalegre". O mesmo monarca criou o concelho, desmembrando-o de Marvão, criado no reinado anterior e que tinha por termo todo o vasto território desde o Tejo até Arronches, e por carta régia de 11 de Outubro de 1271, doou-o seu filho D. Afonso Sanches, juntamente com outras vilas, doação esta que parece ter substituído a anteriormente feita pelo monarca à Ordem do Hospital. Em 1290, D. Dinis mandou fortificar Portalegre, com um castelo, cercado de duas ordens de muralhas e doze torres em igual distância. O castelo era servido por sete portas: de Alegrete, por dar para a povoação desse nome; do Postigo, porta pequena com uma fresta; da Deveza, que comunicava com o Rossio e o Espírito Santo; do Crato, depois chamada do Bispo após a criação da diocese; Évora, por ficar na direção dessa cidade; Elvas, pelo mesmo motivo; e a de S. Francisco, por ficar fronteira ao mosteiro do mesmo nome. O castelo mandado construir por D. Dinis foi a causa das discórdias então havidas, visto ele não querer que as suas duas sobrinhas, filhas de D. Afonso, viessem a herdar as vilas e os castelos que, como os de Portalegre, estavam situados na raia, com o fundamento que, estando elas casadas com grandes e poderosos fidalgos de Castela não convinha que fortalezas tão importantes para a defesa da nossa fronteira não estivessem em poder da coroa portuguesa. Mais tarde, em consequência do conflito entre D. Dinis e o seu irmão, D. Afonso, o monarca determinou que Portalegre "nunca deveria sair da coroa uma terra que tinha por defensores uns vassalos tão fieis e valerosos e que por isso só deveriam pertencer e pelejar pelo seu rei". Assim, por carta de 18 de Dezembro de 1299, D. Dinis concedia o privilégio de não ser dado o senhorio da vila "nem a infante, nem a rico-homem, nem a rica Dona, mas a ser de El Rei e de seu filho primeiro e herdeiros" nomeando então primeiro alcaide-mor da mesma vila Aires Cabral, senhor de Belmonte e também alcaide-mor de Marvão, Arronches e Azurara. Anos mais tarde, D. Afonso V pretendeu doar o senhorio de Portalegre a D. Sancho de Noronha, Conde de Odemira. No entanto, baseados nos antigos privilégios que D. Dinis lhes havia conferido, os habitantes de Portalegre resistiram a essa vontade, pelo que, por carta régia dada em Vieiros, a 20 de Março de 1460, teve D. Afonso que a revogar e ao mesmo tempo confirmar a concessão feita por D. Dinis. Também D. Manuel manifestou a intenção de doar o senhorio de Portalegre, desta feita a D. Diogo da Silva Meneses, vontade essa a que os portalegrenses se opuseram veemente. D. Manuel, viu-se então obrigado a desistir do seu propósito, contentando-se apenas a dar a D. Diogo um conto de reis, o título de conde e a alcaidaria-mor do castelo de juro e herdade na sua descendência e confirmando por foral datado de 29 de Março de 1511 os privilégios que os anteriores reinantes haviam outorgado a Portalegre.
A 3 de Janeiro de 1533, D. João III criou uma nova correição, constituída pelas vilas de Alegrete, Alpalhão, Arronches, Assumar, Avis, Castelo de Vide, Marvão, Meadas, Montalvão, Nisa, Póvoa e Vila Flor, com cabeça em Portalegre. Foi também D. João III quem conseguiu que, por bula de 18 de Agosto de 1549, o Papa Paulo III instituísse a diocese, desmembrando-a da de Guarda, à qual e por motivo de concordata de 1278, estava adstrita. Para constituir a diocese de Portalegre foram então separadas da diocese da Guarda as povoações de Portalegre, Castelo de Vide, Marvão, Alpalhão, Crato, Alegrete, Tolosa, Nisa, Vila Flor, Póvoa das Meadas, Amieira, Belver, Gavião, Montalvão, Alter do Chão, Margem e Longomel e da Diocese de Évora a povoação de Arronches. A 23 de Maio de 1550, ainda no reinado de D. João III, foi Portalegre elevada à categoria de cidade que, então, com assento no 4º banco, tinha voto nas cortes. A 18 de Julho de 1835, foi Portalegre elevada a capital de distrito e por portaria de 2 de Julho de 1839 foram extintas as freguesias citadinas de Santiago, Madalena e S. Martinho, para só ficarem as Sé e de S. Lourenço, como sede concelhia.
A freguesia da Sé era um curato da apresentação do bispo; a de S. Lourenço era um priorado da Ordem de Santiago e da apresentação da Mesa da Consciência; Santiago era um priorado da Ordem de Malta, da apresentação do grão-prior do Crato e S. Martinho tinha a mesma apresentação e era priorado da mesma ordem; à freguesia de Sé e de S. Lourenço estiveram anexadas, respectivamente, a de Fortios e Urra. A freguesia de Santa Maria Madalena era a mais antiga de Portalegre, sendo que já em 1259, D. Afonso III fizera doação do seu padroado aos cónegos regrantes de Santo Agostinho, do mosteiro de S. Jorge, perto de Coimbra, rogando-lhes que pedissem a Deus pela vida da sua filha, a Infanta D. Branca. D. Henrique, prior comandatário de Santa Cruz de Coimbra deu o mesmo padroado aos jesuítas de Évora a 20 de Julho de 1564, mediante um breve de S. Pio V. Depois da expulsão dos jesuítas, o padroado passou para a Universidade de Coimbra que dela tomou posse a 1 de Abril de 1788.
No que diz respeito às restantes freguesias do concelho: Alegrete constituiu um concelho independente até 1855, ano em que passou a integrar como simples freguesia o concelho de Portalegre; a freguesia de S. Julião estava integrada no antigo concelho de Alegrete, transitando para o de Portalegre a 24 de Outubro de 1855; quanto a Alagoa, Carreiras, Reguengo e Ribeira de Nisa pertenceram sempre ao termo de Portalegre, e foram individualmente um curato de apresentação do bispo.

Bandeira de Portalegre

Cultura e Turismo

         O concelho de Portalegre é bastante apelativo em termos turísticos, dada a sua beleza natural e a sua riqueza patrimonial. Os arredores da cidade são muito interessantes do ponto de vista paisagístico, sobretudo os panoramas que se avistam do Monte da Penha, da Serra de S. Mamede e do miradouro chamado Salão Frio, a quatro quilómetros da cidade, situado num ponto alto da Serra de Portalegre. O concelho está abrangido na área do Parque Natural da Serra de S. Mamede, criado através do Decreto Lei nº 121/89 de 14 de Abril, e apresenta riqueza florística e faunística que o tornam muito interessante do ponto de vista do património natural e da conservação da Natureza.
Também do ponto de vista patrimonial, existem no concelho vários monumentos de interesse, como é o caso da Sé Catedral, dos conventos de S. Francisco, de Santa Clara, e de S. Bernardo; a Igreja de S. Lourenço, da Capela do Calvário, da Igreja de S. Cristóvão, do Seminário de Portalegre, o Plátano, o Palácio Amarelo, o Castelo de Portalegre e o Edifício da Câmara Municipal de Portalegre. O concelho apresenta também diversos espaços para a prática de desporto, destacando-se a esse nível o Kartódromo de Portalegre, um dos mais antigos do país, tendo sido construído pela Câmara Municipal de Portalegre. A cidade de Portalegre dispõe de três museus: o Museu Municipal - que expõe arte sacra, artes decorativas, pintura e o primeiro automóvel que circulou na cidade; a Casa Museu José Régio - tendo sido a habitação do poeta enquanto leccionou em Portalegre, reúne peças de coleção que o poeta foi recolhendo nessa época; e Museu de Tapeçaria Guy Fino, que para além de tapeçarias, possui guias que explicam como todo o processo de feitura é desenvolvido. O castelo dispõe também de um Núcleo Museológico onde se elucida a importância estratégica de Portalegre relativamente à defesa do reino.

                                                                                                       Castelo de Portalegre                                      


Monte da Penha


Gastronomia :

            A gastronomia, constitui uma das maiores riquezas do concelho de Portalegre, sendo de referir a açorda alentejana, a sopa de lampreia, as migas de carne de porco, as favas guisadas com chouriço e toucinho, açorda de bacalhau, a alhada de cação e o coelho panado. Na doçaria, destaque para a lampreia de ovos, o toucinho do céu, a boleima, o doce de chila, o bolo real e os rebuçados de ovos.

                                                                                                    Migas com Carne de Porco

Açorda Alentejana

Doces de Portalegre