Localização :
Portalegre é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Portalegre, situada na região do Alentejo, sub-região do Alto Alentejo, é sede de um município com 446,24 km² de área e 24 930 habitantes e subdividido em 10 freguesias, limitado a norte pelo município de Castelo de Vide, a nordeste por Marvão, a leste pela Espanha, a sul por Arronches e Monforte e a oeste pelo Crato. Portalegre é banhado pelos rios Caia, Sever e seus afluentes, e por algumas ribeiras. A cidade sede de concelho está situada na encosta de uma das elevações que formam o sistema orográfico da Serra de S. Mamede.
História :
Não há dados certos sobre a fundação de Portalegre, mas sabe-se que se trata de uma povoação muito antiga, sendo que de acordo com D. Frei Amador Arrais, a primitiva povoação foi edificada com os materiais da antiga Medobriga, povoação da velha Lusitânia e que, habitada pelos Medos, na opinião de uns, ou construída pelos galo-celtas, no dizer de outros, se situava entre Marvão, Arronches e Alegrete, e fora destruída pelas legiões romanas. Conta a lenda que depois de, em vão, procurar um recanto onde pudesse acabar o resto da tormentosa vida que levava, Lísias, já de avançada idade, foi ali ter em 1300 a.C., e achando o lugar do seu agrado, a este se acolheu e com a sua gente o povoou, edificando um forte e um templo, consagrado a Baco e dando à serra o nome de uma sua filha chamada Maia. Estava o referido templo no local onde hoje se ergue a ermida de S. Cristóvão, a cujo sopé corre um arroio que pelas gentes é conhecido como Ribeiro de Baco.
A 3 de Janeiro de 1533, D. João III criou uma nova correição, constituída pelas vilas de Alegrete, Alpalhão, Arronches, Assumar, Avis, Castelo de Vide, Marvão, Meadas, Montalvão, Nisa, Póvoa e Vila Flor, com cabeça em Portalegre. Foi também D. João III quem conseguiu que, por bula de 18 de Agosto de 1549, o Papa Paulo III instituísse a diocese, desmembrando-a da de Guarda, à qual e por motivo de concordata de 1278, estava adstrita. Para constituir a diocese de Portalegre foram então separadas da diocese da Guarda as povoações de Portalegre, Castelo de Vide, Marvão, Alpalhão, Crato, Alegrete, Tolosa, Nisa, Vila Flor, Póvoa das Meadas, Amieira, Belver, Gavião, Montalvão, Alter do Chão, Margem e Longomel e da Diocese de Évora a povoação de Arronches. A 23 de Maio de 1550, ainda no reinado de D. João III, foi Portalegre elevada à categoria de cidade que, então, com assento no 4º banco, tinha voto nas cortes. A 18 de Julho de 1835, foi Portalegre elevada a capital de distrito e por portaria de 2 de Julho de 1839 foram extintas as freguesias citadinas de Santiago, Madalena e S. Martinho, para só ficarem as Sé e de S. Lourenço, como sede concelhia.
A freguesia da Sé era um curato da apresentação do bispo; a de S. Lourenço era um priorado da Ordem de Santiago e da apresentação da Mesa da Consciência; Santiago era um priorado da Ordem de Malta, da apresentação do grão-prior do Crato e S. Martinho tinha a mesma apresentação e era priorado da mesma ordem; à freguesia de Sé e de S. Lourenço estiveram anexadas, respectivamente, a de Fortios e Urra. A freguesia de Santa Maria Madalena era a mais antiga de Portalegre, sendo que já em 1259, D. Afonso III fizera doação do seu padroado aos cónegos regrantes de Santo Agostinho, do mosteiro de S. Jorge, perto de Coimbra, rogando-lhes que pedissem a Deus pela vida da sua filha, a Infanta D. Branca. D. Henrique, prior comandatário de Santa Cruz de Coimbra deu o mesmo padroado aos jesuítas de Évora a 20 de Julho de 1564, mediante um breve de S. Pio V. Depois da expulsão dos jesuítas, o padroado passou para a Universidade de Coimbra que dela tomou posse a 1 de Abril de 1788.
No que diz respeito às restantes freguesias do concelho: Alegrete constituiu um concelho independente até 1855, ano em que passou a integrar como simples freguesia o concelho de Portalegre; a freguesia de S. Julião estava integrada no antigo concelho de Alegrete, transitando para o de Portalegre a 24 de Outubro de 1855; quanto a Alagoa, Carreiras, Reguengo e Ribeira de Nisa pertenceram sempre ao termo de Portalegre, e foram individualmente um curato de apresentação do bispo.
Cultura e Turismo :
O concelho de Portalegre é bastante apelativo em termos turísticos, dada a sua beleza natural e a sua riqueza patrimonial. Os arredores da cidade são muito interessantes do ponto de vista paisagístico, sobretudo os panoramas que se avistam do Monte da Penha, da Serra de S. Mamede e do miradouro chamado Salão Frio, a quatro quilómetros da cidade, situado num ponto alto da Serra de Portalegre. O concelho está abrangido na área do Parque Natural da Serra de S. Mamede, criado através do Decreto Lei nº 121/89 de 14 de Abril, e apresenta riqueza florística e faunística que o tornam muito interessante do ponto de vista do património natural e da conservação da Natureza.
Também do ponto de vista patrimonial, existem no concelho vários monumentos de interesse, como é o caso da Sé Catedral, dos conventos de S. Francisco, de Santa Clara, e de S. Bernardo; a Igreja de S. Lourenço, da Capela do Calvário, da Igreja de S. Cristóvão, do Seminário de Portalegre, o Plátano, o Palácio Amarelo, o Castelo de Portalegre e o Edifício da Câmara Municipal de Portalegre. O concelho apresenta também diversos espaços para a prática de desporto, destacando-se a esse nível o Kartódromo de Portalegre, um dos mais antigos do país, tendo sido construído pela Câmara Municipal de Portalegre. A cidade de Portalegre dispõe de três museus: o Museu Municipal - que expõe arte sacra, artes decorativas, pintura e o primeiro automóvel que circulou na cidade; a Casa Museu José Régio - tendo sido a habitação do poeta enquanto leccionou em Portalegre, reúne peças de coleção que o poeta foi recolhendo nessa época; e Museu de Tapeçaria Guy Fino, que para além de tapeçarias, possui guias que explicam como todo o processo de feitura é desenvolvido. O castelo dispõe também de um Núcleo Museológico onde se elucida a importância estratégica de Portalegre relativamente à defesa do reino.Castelo de Portalegre
Monte da Penha
Gastronomia :
A gastronomia, constitui uma das maiores riquezas do concelho de Portalegre, sendo de referir a açorda alentejana, a sopa de lampreia, as migas de carne de porco, as favas guisadas com chouriço e toucinho, açorda de bacalhau, a alhada de cação e o coelho panado. Na doçaria, destaque para a lampreia de ovos, o toucinho do céu, a boleima, o doce de chila, o bolo real e os rebuçados de ovos.
Migas com Carne de Porco
Açorda Alentejana
Doces de Portalegre