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domingo, 30 de junho de 2013

Viagem e visita ao concelho de Odemira

Brasão de Odemira

Localização

      Odemira é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região do Alentejo e sub-região do Alentejo Litoral, é sede do maior município português, com 1 719,73 km² de área e subdividido em 17 freguesias. É o maior município português em extensão territorial. O município é limitado a norte pelos municípios de Sines e Santiago do Cacém, a leste por Ourique, a sueste por Silves, a sul por Monchique e Aljezur e a oeste tem litoral no oceano Atlântico. O limite sudoeste, com o concelho de Aljezur, é marcado pela Ribeira de Seixe. A faixa litoral do município e o vale do Mira até à vila de Odemira faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. O concelho é atravessado pela Linha do Sul.



História

      A explicação do topónimo Odemira tem várias versões. A versão lendária sobre a origem do nome, remonta à altura da sua povoação árabe: um alcaide mouro de nome Ode, habitava o castelo com  a sua bela mulher uma moura encantadora, como todas as outras mouras das lendas populares. Quando esta viu chegar as tropas cristãs terá gritado: “Ode, mira para os inimigos, donde vêm sobre nós “tendo estado, este aviso, na origem do nome Odemira. Estudos históricos e semânticos revelam que o termo ode deriva do árabe wad que significa rio e o elemento mira terá origem pré céltica estando relacionada também com a ideia de água. Do que se depreende que o topónimo Odemira se refere em diferentes línguas à noção de curso de água, o que denota a importância do rio. A região terá sido habitada desde tempos remotos desconhecendo-se, contudo, a sua origem. Aqui estabeleceram-se vários povos, entre os quais romanos e árabes, que marcaram os usos e costumes das gentes da região. 
A reconquista de Odemira foi tardia, realizada, pensa-se, pelos frades guerreiros da Ordem de Santiago; em 1238 todo o Alentejo, incluindo Odemira, estava nas mãos dos cristãos. Em 1245, D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago, doa o castelo de Odemira ao Bispo do Porto – D. Pedro Salvadores. Em 1256, D. Afonso III concretiza a apropriação da vila para a coroa dando-lhe foral em 28 de Março. 
Este foral estabelece o termo do concelho e denota uma realidade profunda que já vinha do passado, retendo uma certa continuidade em relação à herança árabe. Odemira, situada perto do limite do troço navegável do Mira, ergue-se num local dominante sobre o rio constituindo-se como centro aglutinador de uma região vasta. Reflete assim um modelo territorial comum no sudoeste da península: uma povoação relativamente recuada em relação à linha de costa mas que a ela tem acesso por via fluvial, controlando economicamente uma área circundante relativamente vasta, neste caso a bacia do Mira. Trata-se da mesma lógica territorial (segundo António Quaresma) a que obedeceram povoações como Álcacer do Sal, Silves ou Mértola, Santarém, Coimbra, ou, em Espanha, Sevilha e Niebla. 
No reinado de D. Dinis, o senhorio de Odemira é doado a Manuel Pesanha (1319),um genovês que terá vindo ajudar a organizar a marinha portuguesa. Com D. Afonso IV, Odemira passa, por alguns anos, para a Ordem de Santiago, acabando por voltar à coroa em 1352. 
D. Pedro volta a entregar o castelo de Odemira à família Pessanha, desta vez a um filho de Manuel Pessanha – Lançarote Pessanha (1357). Posteriormente, em 1387, Lourenço Anes Fogaça recebe de D. João I a vila de Odemira. O último elemento desta família a deter o senhorio de Odemira foi João Fogaça, escudeiro da casa do Infante D. João. O primeiro Conde de Odemira foi D. Sancho de Noronha (1446), que obteve o título por carta passada por D. Afonso V. 
No âmbito da reforma dos velhos forais, levada a cabo por D. Manuel, Odemira recebeu foral novo em 1510, nele se revela a importância do porto de mar, dos montados de gado e dos filões de metais existentes. O condado de Odemira extinguiu-se no séc.XVII (1661), tendo sido a Casa incorporada na de Cadaval. No século XIX, o regime liberal reestrutura os limites do concelho, dando-lhe a sua configuração atual. O concelho abrange uma área extensa ao longo da costa e no seu interior uma vasta área de serras e campos com uma fauna e flora diversas; fazendo parte freguesias de outros concelhos, alguns deles extintos, como é o caso do de Colos e Vila Nova de Milfontes. 


Bandeira de Odemira

Heráldica

Armas - De negro, com uma faixa de prata carregada por dois sobreiros de verde, lardeados de ouro, arrancadas de negro, troncado do mesmo e descascadas de vermelho. Em chefe, uma torre torreada de prata, aberta e iluminada de vermelho, acompanhada de dois ramos de três espigas de trigo de ouro. Em contra-chefe três faixas andadas, duas de prata e uma de azul carregada de três peixes de prata. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres "Vila de Odemira", a negro. 

Bandeira
Esquartelada de amarelo e verde. Cordões e borlas de ouro e de verde. Lança e haste douradas. 

Selo
Circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres "Câmara Municipal de Odemira".


Cultura e Turismo

       Este setor foi o que, numa perspetiva de crescimento, maiores alterações sofreu nas últimas décadas. Essas alterações foram de tal ordem que transformaram um setor residual num dos setores, se não o setor, fundamental para o desenvolvimento do concelho de Odemira. 
Neste processo de crescimento foram “construídos” polos, hoje considerados tradicionais, de concentração da oferta turística (alojamento, restauração e animação) muito associados ao produto, também ele tradicional, de sol e praia. 
A Zambujeira do Mar, Longueira e Almograve e Vila Nova de Milfontes congregam a grande maioria da oferta turística do concelho e caracterizaram-se por um crescimento urbano de natureza exponencial ao longo das últimas décadas. O alojamento tem vindo a apresentar alterações substanciais ao longo dos anos e, ainda que exista um grande peso da oferta ao nível dos lugares em parque de campismo e alojamento complementar, o turismo em espaço rural foi que teve o maior crescimento em número de unidades e em número de camas turísticas. Esta oferta de turismo em espaço rural, muito bem adaptada à realidade da malha paisagística, veio acrescentar níveis muito relevantes de qualidade e de diversidade na oferta local.
A restauração afinou pelo mesmo diapasão do alojamento tendo em conta uma melhoria evidente nos padrões de atendimento e de adaptação às novas regras. No entanto, é aquele que tem muita margem de progressão tendo em conta a necessidade contínua de melhoria dos padrões de atendimento e à necessidade de construir um caminho de diferenciação do território a partir dos seus produtos gastronómicos. A animação turística, numa perspetiva empresarial, vem dando os seus primeiros passos no concelho o que muito contribui para uma articulação entre o alojamento e a restauração. Esta oferta, agarrada ao forte potencial do concelho em termos de desportos de ar livre ou de aventura, pode ser um dos caminhos determinantes para o combate à sazonalidade e para a construção de uma imagem de diferenciação do território. Odemira é um concelho que apresenta uma enorme diversidade de locais para visitar, nomeadamente devido à grande promiscuidade entre as várias paisagens: rio, mar, barragem, montanha e planície. Esta diversidade é o maior trunfo desta região, sendo a costa de Odemira a mais preservada da Europa. As praias do concelho integram o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, sendo esta a face mais apreciada da região e, também, a mais conhecida.
As praias de Vila Nova de Milfontes e Zambujeira, as mais procuradas da região, revelam-se verdadeiros paraísos para os visitantes. A fauna e a flora são particulares nesta zona e beneficiam da abundância da água potável ao longo da faixa costeira. Neste percurso, o Cabo Sardão é um local de visita obrigatória. Os portos de pesca de Milfontes, Lapa das Pombas, Entrada da Barca e Azenha do Mar são locais a visitar e testemunham a ocupação das gentes ribeirinhas ao longo dos anos. Fora das praias, o concelho em si oferece, ainda que ligadas à natureza, uma série de actividades, sobretudo para os mais aventureiros. Passeios pedestres ou a cavalo, de bicicleta ou em veículos todo o terreno, de barco ou de canoa são algumas ofertas turísticas. Explorar a serra, praticar desportos náuticos ou fazer subidas de rio são propostas que convidam ao contacto com a natureza e desfrute da paisagem. Procurando os vestígios da ocupação humana ao longo dos tempos, há que visitar a necrópole da Idade do Ferro, no Galeado. A melhor forma de conhecer a cidade de Odemira é percorrê-la a pé, sem pressas. As igrejas do Salvador e de Santa Maria merecem atenção, bem como o chafariz do largo principal.
O local ao qual ainda hoje se chama castelo constitui o núcleo primitivo da povoação. Neste local exista, efectivamente, um castelo erguido na época islâmica, mas que foi desaparecendo com o passar dos anos. Num dos pontos mais altos da vila existe um moinho de vento preservado e em pleno funcionamento, podendo ser apreciada a moagem tradicional de cereais.




Gastronomia

          Na área gastronómica o concelho de Odemira apresenta uma grande variedade. Um concelho que se reparte entre mar, terra e rio tem matéria-prima em abundância para a confecção de pratos. O peixe é servido sempre fresco: sargo, pargo, dourada, robalo, achigã da barragem, entre outros peixes de mar e rio. Por outro lado, e ainda nesta vertente, a feijoada de búzios e as caldeiradas também são especialidades desta região. As sopas de peixe, as migas de carne, chispe de coentrada, cozido e os enchidos são pratos e petiscos com garantia de qualidade no concelho de Odemira. O ensopado de safio, o arroz de tamboril, o marisco em geral, e os percebes em particular, ocupam posição de destaque nos menus regionais. No Alentejo os queijos e o pão são alimentos essenciais em qualquer mesa. A aguardente de medronho completa o quadro.

                                                                                                        Sargo grelhado 
Sargo GrelhadoFeijoada de Búzios
Feijoada de Búzios 

Alcôncoras
Alcôncoras