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quinta-feira, 21 de março de 2013

Viagem e visita ao concelho da Marinha Grande

Brasão de Marinha Grande

Localização

             O concelho de Marinha Grande encontra-se localizado no centro litoral de Portugal, no limite Norte da Estremadura, caracterizando-se pela extensa planície de chão arenoso e saibrento e abrangendo grande parte do Pinhal de Leiria, antigamente conhecido como o Pinhal do Rei. É composto por três freguesias: Marinha Grande na cidade homónima, Vieira de Leiria, com sede na vila do mesmo nome, e Moita; estendendo-se por uma área de 181.4 km2. 



História

            O território que constitui o atual concelho de Marinha Grande, depois de conquistado aos mouros, em 1142, por D. Afonso Henriques, foi inicialmente administrado pelos padres Crúzios do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a quem D. Afonso Henriques doara em testamento, juntamente com o Castelo e todo o termo de Marinha Grande, todos os terrenos que compunham as terras que hoje pertencem aos concelhos de Leiria, Marinha Grande, Porto de Mós e grande parte dos de Alcobaça, Vila Nova de Ourém (hoje Ourém) e Pombal. Essa jurisdição dos Crúzios exerceu-se até ao ano de 1309 e, por ordem do Rei D. Dinis, passou para o poder da Casa Real. Poucos dados existem sobre a origem e evolução de Marinha Grande, contudo, admite-se que eram as atividades ligadas ao Pinhal e alguma produção agrícola que ocupavam a maior parte da sua população ativa. Segundo a tradição, o povoamento efectivo do território da Marinha Grande ou Nossa Senhora do Rosário (inicialmente denominado de Marinha ou Santa Maria da Marinha) terá sido iniciado por colonos- povoadores (lavradores, carreiros, lenhadores, e serradores) recrutados pelo rei D. Dinis, que os encarregou da vigilância do Pinhal de Leiria, entre os séculos XII e XIII. Para alguns autores, a Marinha Grande terá sido fundada por alguns colonizadores que se instalaram no local, para extrair o sal das marinhas existentes na região, que eram formadas por água do mar trazida pelas marés altas através dos riachos afluentes do rio Lis, que como dizia o historiador Tito de Sousa Larcher a este respeito: "era bastante caudaloso e navegável até às portas da cidade". Até ao ano de 1600, Marinha Grande e as povoações em redor pertenceram à freguesia de S. Tiago do Arrabalde da Ponte (atual lugar da freguesia de Marrazes), de onde o povo tinha que se deslocar a pé e atravessar o rio Lis em barcos quando queriam ouvir missa, registar os nascimentos e óbitos ou tratar dos éditos para os casamentos; pelo que no final do século XVI, os moradores da Marinha Grande pediram ao bispo D. Pedro de Castilho que lhes permitisse edificar uma capela sob a égide de Nossa Senhora do Rosário, o que lhes foi concedido. Construída a capela em 1590, os moradores da povoação solicitaram depois ao bispo, licença para que ali se celebrasse missa. Ainda a pedido dos habitantes, em 1600 foi criada a paróquia de Nossa Senhora do Rosário da Marinha Grande. Em 1750, era embaixador de D. João V nas cortes inglesa e austríaca, Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido por Marquês de Pombal, que se empenhou fortemente no reforço do poder régio, diminuindo o poder de algumas casas nobres. Isto acontecia, em grande parte devido às dificuldades económicas do Reino, provocadas sobretudo pela interrupção na exploração do ouro brasileiro que obrigaram o Marquês a retomar a política de fomento industrial que havia sido iniciada com o Conde da Ericeira. Assim se compreende o interesse do Marquês de Pombal por Marinha Grande que, até meados do século XVIII, vivera exclusivamente do pinhal e pouco progredira; porém, a sua área e arredores havia ganho uma nova dinâmica devido a um acontecimento que constituiu um marco muito importante na história da sua economia e de todo o seu concelho: a transferência, em 1748, da fábrica de vidros de John Beare de Coina para a Marinha Grande, onde se encontravam as matérias-primas necessárias e o combustível abundante e barato, fornecido pelas matas inesgotáveis do Pinhal Real. Em 1769, dava-se a fundação da que se designou "Real Fábrica de Vidros", liderada inicialmente pelo inglês Guilherme Stephen, que a dotou com os mais aperfeiçoados maquinismos da época. Guilherme Stephens era proprietário dos fornos de cal de Alcântara e foi entusiasmado pelo Marquês de Pombal e pelo Ministro Francisco Xavier de Mendonça, recebendo como auxílio do Tesouro trinta e dois contos, sem juros, entre outras isenções concedidas. Após gerações e gerações de sucesso do sector vidreiro, o mesmo veio a atravessar uma fase difícil, contudo já ultrapassada, encontrando-se reativado o sector da produção de vidro e de cristal. Marinha Grande foi elevada à categoria de concelho em 1836, sendo por essa altura constituído pelas freguesias de Marinha Grande, Vieira de Leiria, Carnide, Monte Real, Maceira e o antigo lugar e agora freguesia da Moita que seria desanexado da freguesia de Pataias. Dois anos mais tarde, saía um novo decreto que revogava o despacho de 6 de Novembro de 1836, eliminando o concelho de Marinha Grande e anexando as suas freguesias ao concelho de Leiria. Em 1892 foi-lhe dada a categoria de vila, sendo o concelho restaurado em 1917 constituído pelas freguesias de Marinha Grande e Vieira de Leiria. A 11 de Março de 1988 Marinha Grande foi elevada à categoria de Cidade. Através da lei 28/2001 foi anexada ao concelho a freguesia de Moita. Em 1934, a Marinha Grande foi o palco do mais conhecido levantamento operário e onde este alcançou maior visibilidade pública. Foi na Marinha Grande que grupos de operários das fábricas de vidro, maioritariamente comunistas, conseguiram dominar a povoação e tentaram criar um "soviete" revolucionário, ações que não produziram efeitos nem tiveram durabilidade devido à rápida intervenção das forças policiais de Leiria. Este fracasso animou violentas discussões entre as células anarquistas e comunistas portuguesas, que se acusavam mutuamente da responsabilidade do sucedido na Marinha Grande e no "18 de Janeiro de 1934". O anarquismo foi perdendo força a nível político e de mobilização. Por outro lado, o sindicalismo livre desaparece também em Portugal, assim como são retirados da cena laboral muitos dos seus mentores e ativistas  devido à sua oposição ao corporativismo. No mundo operário, o anarco-sindicalismo perde expressão igualmente, com dirigentes e militantes a serem presos, deportados ou exilados.

Bandeira de Marinha Grande

Cultura e Turismo

             O concelho de Marinha Grande é bastante atrativo em termos turísticos e culturais, em virtude quer dos seus recursos naturais, quer do seu valor patrimonial. De notar são os belos elementos do património cultural e edificado do concelho: o Centro Histórico da Marinha Grande, os Monumentos ao "Vidreiro", aos "Mortos da Grande Guerra" e aos patronos do Pinhal do Rei (D. Dinis e Rainha D. Isabel); a Casa Museu Afonso Lopes Vieira, a Fonte e a Fábrica dos Ingleses, o Palácio Vieira Lima, o Palácio dos Barosas, a Capela de Santa Bárbara e o edifício da Colónia de Férias "Afonso Lopes Vieira". Marinha Grande está repleta de belas praias, sendo a praia de S. Pedro de Muel uma das principais atrações turísticas do concelho e que deve as suas origens ao ribeiro de Muel que servia para transportar madeira até à costa. Esta praia separa a Marinha Grande do oceano, sendo que o mar é normalmente muito agitado, sendo por esse motivo muito procurada pelos praticantes de surf e outros desportos radicais. Em 1912, ao Norte da praia, foi inaugurado o farol de S. Pedro, um instrumento importante para a navegação. Também a praia da Vieira, outrora praia de pescadores, tornou-se um importante centro turístico e de veraneio. A mata de Leiria é também um importante recurso turístico deste concelho que proporciona um atrativo espaço de lazer, sendo de se destacar o Tromelgo e o ribeiro de Muel. Esta mancha florestal abrange praticamente todo o concelho de Marinha Grande, do qual ocupa cerca de dois terços da superfície. Começa junto à foz do rio Lis e estende-se pela faixa litoral, para Sul até Água de Madeiros, daí para o interior até à Guarda da Lagoa Cova; depois até quase em linha recta, até Vieira de Leiria; por fim segue o rio Lis até à sua foz. O concelho dispõe de várias colectividades e associações que levam a cabo a organização de várias atividades ao longo de todo o ano. Destacam-se a este nível o Sport Operário Marinhense, fundado em 1923, onde se realiza anualmente o Torneio Memorial Dr. José Vereda, integrado no Campeonato Nacional de Xadrez; o Sport Império Marinhense, fundado também em 1923; a Sociedade de Instrução e Recreio 1º de Maio, a mais antiga do concelho; a Biblioteca de Instrução Popular de Vieira de Leiria, palco de diversas atividades de índole cultural; o Atlético Clube Marinhense, o Sporting Clube Marinhense e o Sport Lisboa e Marinha. Ao longo do ano são realizados vários eventos desportivos, de que são exemplo o Rali Rota do Sol, realizado em Maio e cuja organização cabe ao Automóvel Clube Marinhense; o Concurso Internacional de Pesca; a Volta aos Sete, organizada pelo Sport Lisboa e Marinha e pela Federação Portuguesa de Ciclismo; e a Meia Maratona da Marinha Grande. No que diz respeito às infra-estruturas culturais do concelho, são de destacar o Teatro Stephens da Marinha Grande e o Cine-Teatro da Vieira e a Biblioteca Municipal. O concelho dispõe ainda de várias unidades museológicas, nomeadamente o Museu do Vidro, onde se podem encontrar várias peças de vidro, bem como as diferentes etapas da instalação desta indústria no concelho; o Museu Santos Barosa, cujo principal objectivo é também a divulgação da história da indústria vidreira; a Casa Museu Afonso Lopes Vieira e o Museu Municipal Joaquim Correia, onde se pode apreciar a obra do mestre Escultor Joaquim Correia.

Praia da Vieira 
                                                                                                   Praia de S. Pedro de Moel
Gastronomia

         A gastronomia do concelho de Marinha Grande caracteriza-se pela sua variedade, sendo característicos: a sopa do vidreiro, prato confeccionado com bacalhau; os carapaus abertos, bastante tradicional em Vieira de Leiria; o licor de leite; os bolos de pinhão; as enfiadas de pinhão; e as morcelas de arroz.

Sopa do Vidreiro