Translate

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Trancoso

Brasão de Trancoso

Localização :

        É sede de um município com 364,54 km² de área e 9 878 habitantes (2011), subdividido em 29 freguesias. É limitado a Norte, pelos concelhos de Meda e Penedono; a Ocidente, pelos concelhos de Aguiar da Beira e Sernancelhe; a Sul, pelos concelhos de Celorico da Beira e Fornos de Algodres e a Leste com o concelho de Pinhel. Trancoso encontra-se situada num vasto planalto que constitui o prolongamento para Este do sistema orográfico da Beira Interior, cujo último contraforte é a Serra do Almanzor ou do Pisco. Este prolongamento avança entre as bacias hidrográficas do Douro e do Mondego, sendo cortado pelo rio Távora e seus afluentes.



História :

      O povoamento do território que corresponde ao atual concelho de Trancoso foi habitado desde épocas bastante remotas, sendo vários os vestígios que atestam a passagem por esta região de vários povos. De facto, a arqueologia do concelho podia subministrar abundantes documentos da sua pré-história, de que são exemplos as numerosas sepulturas talhadas na rocha, junto à igreja de Moreira de Rei, denunciando a existência nesse local de uma necrópole proto-cristã. Para além desses, os vestígios toponímicos são também bastante relevantes para o entendimento da história do concelho. O topónimo principal do concelho "Trancoso", anteriormente "Troncoso", parece derivar do latim truncu que significa "tronco"; sendo muito possivelmente uma referência à abundância de árvores vultuosamente entroncadas, na altura de atribuição do topónimo.  Em 811 a região onde se insere o concelho foi conquistada por Ali-Benir, no entanto, o seu reinado não foi muito longo, sendo que este acabou por falecer numa batalha em Vale de Mouro (lugar da freguesia de Tamanhos). Depois desta conquista, o castelo e seu termo ficaram no domínio dos cristãos, sendo que cairam de novo no domínio dos mouros pelas mãos de Almançor. Em 936, Ramiro II de Leão derrotou os Mouros e estas terras passam ao domínio de D. Flâmula, sua sobrinha, que mais tarde as deixou em testamento ao Mosteiro de Guimarães. Em 985, Almançor reconquistou de novo estas terras, sendo que a conquista definitiva de Trancoso aos árabes ter-se-á dado entre 1055 e 1057, quando D. Fernando I entrou nas Beiras pelo Cima Côa. A próxima referência escrita relativa a Trancoso data de 1148, quando por bula de 8 de Setembro, o papa Eugénio III confirma ao arcebispo de Braga, D. João Peculiar, não só certos bispados por sufragâneos mas ainda as possessões da Sé bracarense e direitos em vários castelos, entre eles alguns que haviam sido de D. Flâmula e do mosteiro vimaranense, incluindo o de Trancoso. Este facto parece estar na origem da extinção do mosteiro de Santa Maria de Guimarães e substituição pela colegiada augustiana por D. Afonso Henriques, em data indeterminada. Em 1139, o exército de Albucazan pôs cerco à vila, mas não a conseguiu conquistar. Nesse mesmo ano, a vila foi de novo atacada, desta feita pelos mouros de Omar, sendo que durante esse cerco, as muralhas e a vila foram destruídas. A vila com seu termo estava completamente destruída quando D. Afonso Henriques se deslocou para a salvar dos mouros. Vinte anos depois, a vila foi novamente atacada e reconquistada por D. Afonso Henriques que a doou à Ordem dos Templários. Por essa altura, Trancoso e o seu termo deviam estar relativamente despovoados, o que levou D. Afonso Henriques a conceder-lhe foral, em data desconhecida, sendo que o seu principal objectivo seria o repovoamento da região. O teor deste foral é conhecido através da confirmação do mesmo por parte de D. Afonso II, em Outubro de 1217. Desta forma, o foral dado por D. Afonso Henriques a esta terra era o leonês de Salamanca, mas serviu de modelo a vários outros, sendo digno de evidência especial em muitos dos seus dizeres. Principia pelo capítulo dos casos crime, sendo bastante interessantes. As cláusulas destinadas a atrair população: qualquer homem fora do concelho que a Trancoso se acolhesse sob homicídio ou trazendo mulher roussada ou raptada, contando que não fosse casada, ficaria livre. Igualmente poderia acolher-se a Trancoso todo o homem de qualquer terra sob perseguição ou com penhora, porque o foro impedia qualquer inimigo de penetrar no termo e penhorá-lo, sob pena de pagar uma multa. A imunidade domiciliária era também protegida, sendo que se alguém tivesse ferido ou morto o "vizinho" de Trancoso, se refugiasse na própria casa e alguém aí entrasse e o matasse, pagaria trezentos soldos aos parentes dele. Uma das disposições mais importantes do foral é a que concede o privilégio de não haver aí senhor, a não ser o rei ou seu filho ou quem o concelho quisesse. O privilégio de não ter senhor consistia em não se dar ao concelho um prestameiro que exercesse aí uma sub-delegação do rico-homem; consistia em ser aí parte da autoridade régia que competia ao tenens exercida diretamente por ele. Durante o reinado de D. Sancho I, deu-se na região um confronto bastante importante entre as tropas leonesas e portuguesas. O exército leonês entrou pelas Beiras assolando a região entre Almeida e Pinhel, encontrando uma forte resistência por parte dos homens de armas de Trancoso, Celorico da Beira, Linhares, Algodres e Guarda. À frente destes, os alcaides de Trancoso, Gonçalo Mendes de Sousa e seu irmão Rodrigo, alcaide de Celorico, acometeram os invasores em Ervas Tenras, em campo aberto, desbaratando o inimigo. Outro facto que salienta a história de Trancoso durante o século XIII é o casamento do Infante D. Dinis com a Infanta D. Isabel de Aragão, realizado na vila. A 22 de Junho de 1282 chega às portas da vila a virtuosa infanta e o seu cortejo, e no dia 24 os noivos receberam as bênçãos nupciais na igreja de S. Bartolomeu o Velho (igreja já desaparecida) e nessa mesma ocasião, o rei fez a doação de Trancoso à rainha. Em 1306, por carta de D. Dinis foi instituída uma feira mensal em Trancoso que com o passar do tempo terá evoluído para um mercado semanal. Em finais do século XIV travou-se em Trancoso um dos combates mais importantes da Guerra de Independência, contra as ambições castelhanas. Em Maio de 1385, Castela ordenou a invasão de Portugal, pela Beira, sendo que apesar de não atacarem os castelos, incendiavam, pilhavam e aprisionavam. Comandado por Gonçalo Vasques Coutinho, João Fernandes Pacheco, guarda-mor e alcaide de Ferreira, colocou os seus homens na veiga do Trancoso, "a meia légua pequena da vila", por onde os castelhanos teriam obrigatoriamente de passar. No entanto, uma vez que estes evitaram o confronto nesse local, os Portugueses foram ao seu encontro junto à igreja de S. Marcos. Este combate deu-se nos primeiros oito dias de Junho de 1385 e terminou com a vitória dos portugueses. Segundo Fernão Lopes, foi a "melhor ferida batalha entre Portugueses e Castelhanos de quantas houveram em toda a guerra", pois foi com esta batalhas, em que a relação númerica era claramente favorável aos castelhanos, que os portugueses tomaram consciência da sua força. Para além disso, resultou também numa vantagem económica pois os prisioneiros foram soltos, não houve resgate a pagar e o vultuoso saque que o inimigo amontoara não pôde seguir para Castela. D. João I, por carta de 12 de Janeiro de 1391 confirma todos os foros, privilégios e liberdades dados pelos reis anteriores e a 1 de Junho de 1510, D. Manuel I concedeu o foral novo a Trancoso. Quanto ao território a que se estendia este foral, cumpre verificar em primeiro lugar que toda a parte Norte do atual concelho não lhe pertenceu senão desde a extinção do concelho de Moreira de Rei em 1855 e que abrangia as freguesias de Cótimos, Valdujo, Terrenho, Torre de Terrenho e Castanheira. Em compensação, já na Idade Média, o concelho de Trancoso incluía parte da zona ocidental do atual concelho de Pinhel e até uma pequena parte dos da Guarda e de Celorico da Beira. Paralelamente ao lado administrativo e municipal, no eclesiástico Trancoso oferece também algum interesse. Do século XIII para XIV existia já um grande número de igrejas na vila de Trancoso, por certo paroquiais que figuram no arrolamento paroquial de 1321. São elas: Santa Maria de Guimarães; S. João de Vila Nova; S. Miguel, Santiago, Santa Maria do Sepulcro, S. Bartolomeu, Santa Luzia e S. Tomé. Estas nove igrejas eram as chamadas "igrejas de Trancoso". Relativamente ao concelho existiam apenas sete igrejas paroquiais: Vila Franca do Conde (atual Vila Franca das Naves); Santa Maria de Frechas, S. João da Moimenta, S. João da Póvoa de Rei (atual Póvoa de El-Rei), Santa Maria de Alverca (atual Alverca da Beira), Santa Maria de Maçal (atual Maçal da Ribeira). No século XVIII, ainda perdurava na vila grande parte da organização paroquial medieval, sendo que no século XIX existiam já apenas duas: a de Santa Maria e a de S. Pedro.

Bandeira de Trancoso


Cultura e Turismo : 

       O concelho de Trancoso possuí vários locais de interesse turístico que se destacam quer pelo seu valor histórico, quer pelo seu interesse paisagístico, entre os quais se destacam: os moinhos de Aldeia Nova e as termas do Pisão, também nessa freguesia, com nascente de água sulfurosa, usada no tratamento de moléstias da pele, fígado e reumatismo; em Cogula, é de salientar a Igreja Matriz, a Capela de S. Silvestre, que constitui também um miradouro; na freguesia de Castanheira nasce o rio Torto, no local designado por Fonte do Milho, sendo também de destacar o monte da Pingolina, a 900 metros de altitude e o Miradouro do Barrocal; já na freguesia de Cótimos, para além da parte monumental, é de interesse ver a ponte romana, a reserva de caça e o miradouro de S. Pedro; na freguesia de Granja destaca-se a ponte dos Carvalhais, bem como as margens do rio Massueime; uma menção também para os colossos graníticos do Castelo da Pena (Guilheiro); a Quinta do Ferro (Rio de Mel); e a barragem da Teja (Terrenho). A vertente cultural e desportiva do concelho é impulsionada pelas várias associações e colectividades aí existentes, sendo a Associação Cultural e Recreativa de Trancoso, a principal associação do concelho. No aspecto desportivo, destaque para o Grupo Desportivo de Trancoso e Grupo Desportivo de Vila Franca das Naves, ambos com equipas de Futebol no campeonato distrital.



Gastronomia : 

         Da gastronomia tradicional de Trancoso destaca-se o bacalhau à S. Marcos, o cabrito assado no forno, o ensopado de míscaros. Na doçaria, o realce vai para as sardinhas doces de Trancoso, cujo recheio é à base de amêndoa, ovos e açúcar; para a bola de folhas; pudim de castanha e o bolo de castanhas. 



Viagem e visita ao concelho de Almeida

Brasão de Almeida

Localização : 

         Almeida é um concelho do distrito da Guarda e abrange uma área de 520.6 km2, distribuída por 29 freguesias, duas das quais com sede em vila: Almeida e Vilar Formoso. Almeida faz fronteira a Norte com o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, a Oeste com Pinhel, a Sudoeste com o concelho da Guarda, a Sul com Sabugal e a Este com Espanha. O concelho estende-se pelo Planalto das Mesas que é a continuação da Serra da Gata que em Espanha separa a Estremadura de Leão. O rio Côa passa a Oeste de Almeida, constituindo o principal elemento hidrográfico do concelho. 



História : 

          Sobre a ocupação humana primitiva no concelho de Almeida pouco se sabe, tendo sido, no entanto, encontrados alguns vestígios que permitem remontar o seu passado a épocas bastante recuadas. É o caso da anta da Pedra de Anta, na freguesia de Malhada Sorda e da Necrópole de sepulturas escavadas na rocha em Malpartida. Segundo alguns autores, a povoação de Almeida existiu primitivamente no sítio dos Pedregais ou Enxido da Sarça; a transferência do burgo para o sítio onde hoje se encontra não está ainda datada com rigor, mas crê-se que se deu sob o domínio árabe. A este povo deve-se também o topónimo principal do concelho que apesar de não existir um consenso sobre a sua designação ou significado, sabe-se por certo ser de origem árabe, como aliás o atesta a sílaba "al". Segundo alguns autores deriva de "Al Meda" que significa "mesa", dada a sua localização geográfica num planalto; uma outra interpretação remete o topónimo para "almeidan" que é relativo a um "campo ou lugar de corrida de cavalos". A povoação foi conquistada aos mouros por Fernando Magno de Castela em 1039, voltando a ser ocupada pelos sarracenos em 1071 e posteriormente reconquistada por D. Sancho I. No entanto, a povoação esteve sempre no centro de disputas entre leoneses, árabes e portugueses até 1297, ano em que foi assinado por D. Dinis o tratado de Alcanizes que assegurou a Portugal a posse definitiva de Almeida e das terras de Riba-Côa. D. Dinis concede carta foral à povoação e manda construir a sua fortaleza e ampliar as muralhas que circundavam a vila. No reinado de D. Fernando, as muralhas foram de novo ampliadas e a fortaleza de Almeida serviu de apoio na campanha nacional contra Castela, o que resultou na queda de Almeida por duas ocasiões nas mãos dos exércitos castelhanos. Durante o reinado de D. Manuel I, a fortaleza de Almeida sofre uma nova ampliação desta vez da praça-forte e do duplo circuito de muralhas defensivas; no entanto, pouco subsiste do seu perfil medieval e quinhentista. O mesmo monarca concedeu-lhe foral novo em Santarém a 1 de Julho de 1510. Dada a sua importância estratégica, Almeida foi desde sempre centro de várias batalhas e conflitos, sendo que a 2 de Julho de 1663 aqui se travou uma batalha decisiva para a consolidação da Restauração, saindo vencedoras as tropas portuguesas. A criação do concelho de Almeida remonta ao século XIX. Formaram-no os territórios dos extintos concelhos de Castelo Mendo (Ade, Aldeia Nova, Amoreira, Azinhal, Cabreira, Freixo, Leomil, Malpartida, Mesquitela, Mido, Miuzela, Monte Perabolço, Parada, Peva, Porto de Ovelha) e Castelo Bom (Freineda, Naves, S. Pedro de Rio Seco e Vilar Formoso) extintos em 24 de Outubro de 1855; o pequeno e primitivo concelho de Almeida (Junça e Vale da Mula e Almeida); o concelho de Vale de Coelha, constituído então por apenas uma freguesia e que foi extinto em 1834; as freguesias de Malhada Sorda, do concelho de Vilar Maior (também extinto) e de Vale Verde que estava anteriormente integrado no de Pinhel. As freguesias de Senouras e de Nave de Haver transitaram do concelho de Sabrosa para o de Almeida também no século XIX durante o período das reformas administrativas liberais.

Bandeira de Almeida

Cultura e Turismo : 

        O concelho de Almeida possui vários pontos de interesse turístico, quer pelo seu considerável valor patrimonial quer pela sua beleza paisagística. A esse nível destacam-se o rio Côa e os seus afluentes, como o Rio Noémi, as ribeiras das Cabras e dos Toirões, o Ribeiro dos Cadêlos; os vários açudes e moinhos de água existentes pelas várias freguesias do concelho; a zona de reserva de caça e o Rio Seco, que proporciona uma paisagem paradisíaca e a afluência sistemática da cegonha face à abundância de alimento, na freguesia de Malpartida; os Altos do Cavalo e do Penedo Branco, o Monte do Castelo em Freineda; e a aldeia histórica de Castelo Mendo. Este último é um espaço de grande valor histórico, urbanístico e paisagístico, circundado por muralhas medievais, fortemente marcado pelas vertentes escarpadas e pelos afloramentos rochosos; faz parte do programa de recuperação das aldeias históricas.



Gastronomia : 

          Da gastronomia tradicional do concelho de Almeida fazem parte a sopa de peixe do Côa, o bacalhau recheado com presunto e o cabrito grelhado com migas de batata. Na doçaria, o destaque vai para tigelada e para as migas de amêndoa.