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domingo, 6 de outubro de 2013

Viagem e visita ao Parque Natural da Serra de S. Mamede



Localização

        O Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM) é uma área protegida portuguesa, situada na Serra de São Mamede, na região fronteiriça do nordeste Alentejano. Ocupa uma área aproximada de 55.524 ha, distribuídos por cinco concelhos do distrito de Portalegre. A zona sul do parque apresenta um relevo suave e ondulado, com uma altitude que varia entre 300 e 400 m. O Patamar de Portalegre, que se situa a uma altitude de 400 a 500 m, forma uma espécie de degrau que sobressai da zona sul do parque. Constitui uma zona de transição entre a paisagem tradicional alentejana e a serra, a serra propriamente dita, que se situa na sua maioria a norte e centro da área do parque, com altitudes superiores a 800 m, é uma zona marcada paisagisticamente pelo atravessamento de cristas quartzíticas e por relevos proeminentes.
A criação do Parque Natural marca, em consonância com o seu património natural e paisagístico, o início de um processo de restauro dos sistemas agrícolas tradicionais da serra, em degradação desde finais do século XIX pelas campanhas cerealíferas.





História :

      O Parque Natural da Serra de S. Mamede foi criado a 14 de abril de 1989, segundo o Decreto-Lei n.º 121/89, ocupando uma área de 31 750 hectares, com cerca de 30 mil habitantes. O conjunto montanhoso conhecido por serra de S. Mamede constitui o principal acidente montanhoso do Sul de Portugal e é constituído por quatro elevações: Fria, Marvão, Castelo de Vide e São Mamede (o mais elevado, com 1025 metros) e estende-se através dos concelhos de Arronches, Castelo de Vide, Marvão e Portalegre, trata-se da Área Protegida mais habitada do país, com cerca de 30 mil habitantes. É o prolongamento da "Sierra de S. Pedro" em Espanha e constitui o limite da unidade paleogeográfica Ossa-Morena. A orientação noroeste-sudeste deste conjunto montanhoso que forma o maciço de S. Mamede confere-lhe, sob o ponto de vista da diversidade florística, características muito particulares. O facto deve-se à existência de um clima tipicamente mediterrânico, mais quente e seco, nas encostas voltadas a sudoeste e outro, mais fresco e húmido, nas encostas viradas a nordeste. Esta diferença microclimática favorece o aparecimento de uma flora variada.




Características :

              A serra de S. Mamede é de grande beleza paisagística e apresenta um grande número de exemplos de cooperação harmoniosa entre o Homem e a Natureza. A diversidade climática e morfológica do solo permitiram, neste reduzido espaço, a conjugação da floresta atlântica com a mata mediterrânica. Os percursos do Parque Natural da Serra de S. Mamede pretendem dar a conhecer aspetos gerais da sua geologia, do seu clima, do seu relevo, dos seus solos e da ocupação humana ao longo dos tempos, fatores que determinam a grande diversidade de habitats, de florística, de faunística e de paisagística existentes.
Quanto ao clima, podemos encontrar dois microclimas distintos: um mais fresco e húmido, principalmente no norte do Parque Natural e nas zonas de altitude, e outro mais quente e seco, no sul.
Geologicamente, a serra de S. Mamede é uma zona complexa onde se evidenciam dobramentos provocados por forças orogénicas e constitui o limite da unidade paleogeográfica Ossa-Morena. Cercada a norte e a leste por granitos, a geologia da serra traduz-se na presença de xistos, grauvaques, calcários e quartzitos, litologia que se reflete na variedade dos solos. Certas áreas estão cobertas por depósitos de vertente (recentes) e por depósitos aluvionares. A serra de S. Mamede surge a partir da planície alentejana, elevando-se até à altitude de 1025 metros, e apresenta cerca de 40 km de comprimento e 10 km de largura.
Tem uma orientação noroeste-sudeste e constitui o maciço montanhoso mais notável a sul do Tejo. Existem duas unidades geomorfológicas que se diferenciam da grande unidade regional que é a peneplanície alentejana: a serra e a plataforma de Portalegre. Esta última constitui uma zona de transição entre a serra e a peneplanície, comportando-se como um "degrau" ainda com características de serra mas com influências de peneplanície. Relativamente às formações vegetais, a serra e a plataforma de Portalegre apresentam características de índole centro-europeia e mediterrânica e características de índole atlântica. Podem-se encontrar aqui as plantas comuns da região de clima com características atlânticas. São pois notáveis as presenças, nas encostas e cimos da serra, de espécies como o selo-de-salomão, a erva-dos-três-passarinhos, a madressilva-das-boticas ou a rosa-albardeira e também o narciso-trombeta e a erva-pinheira-orvalhada. O carvalho-negral é a espécie que revestia a maior parte da serra, com clima atlântico constituindo a vegetação clímax. A área destes carvalhos caducifólios foi reduzida e progressivamente substituída pelo castanheiro.
No que diz respeito à fauna, é possível encontrar a presença de espécies protegidas, como a águia-de-bonelli e o grifo, que repartem o território com o gaivão-da-europa, a águia-cobreira, o peneireiro-cinzento, milhafres e a águia-caçadeira. É de salientar a existência de uma gruta, a mais importante do país e uma das mais importantes da Europa, abrigando uma colónia de criação de cerca de 20 000 indivíduos de morcego-de-peluche, espécie classificada como "vulnerável". O lobo é uma espécie que na região tem estado em declínio e encontra-se praticamente extinto. Quanto à arquitetura, notam-se influências da planície alentejana, de rusticidade beirã, e da arquitetura espanhola, aliadas aos fatores do clima, dos usos e costumes que determinam uma arquitetura própria. S. Mamede apresenta vestígios de presença humana desde o Paleolítico. Foram encontrados vestígios nos vales drenados pelas principais linhas de água, o caso do rio Sever e da Ribeira de Nisa e, fruto de uma atitude defensiva, de locais mais elevados como o Castelo da Crença ou o Cabeço do Mouro. Em período mais recente, a dominação romana deixou marcas bem visíveis nas várzeas do Caia e do Sever, realçando as ruínas do que foi a cidade de Amaia, meio escondidas pelos arvoredos e campos de cultura de Aramenha.






O que visitar

Pinturas Rupestres Lapa dos Gaivões
No limite sul do Parque, na freguesia de Esperança, concelho de Arronches, localiza-se o mais importante conjunto de pinturas rupestres de ar livre de Portugal. No exterior ou sob os abrigos, maioritariamente naturais, que se abrem nas cristas quartzíticas, vários painéis de pinturas parecem revelar a consagração deste espaço por comunidades do Neolítico, Calcolítico e Idade do Bronze.Abrigos virados à incidência solar serviram de suporte a diferentes expressões artísticas onde a conjugação de cores como o vermelho, o laranja e o preto, associados à rugosidade natural e às tonalidades da oxidação da pedra plasmaram, através de técnicas diferentes, representações humanas, animais, astrais e geométricas. Merece especial referência um painel de teto onde figuras humanas acompanhadas de um provável canídeo parecem perseguir vários cervídeos. Na extremidade poente, o movimento de um animal, provavelmente um cervídeo, foi obtido através da pintura de múltiplos membros. Na extremidade nascente do abrigo, um pequeno painel mostra uma representação humana heroificada, com capacetes de cornos, ladeada por duas figuras antropomorfas acéfalas ( figuras humanas sem cabeça).             

Chafurdões
Estas enigmáticas edificações marcam indelevelmente a paisagem da zona norte do Parque.Os mais comuns, de planta circular, apresentam diâmetros que variam entre os 3,5 m e os 7 m. Uma estrutura exterior cilíndrica, que pode ultrapassar os 3 m de altura é sobrepujada por uma cobertura em forma de calote de esfera. Estas formas resultam de uma técnica de construção que recorrendo a lages de granito ou xisto dispostas horizontalmente e de forma imbricada se constituem numa falsa cúpula. Uma porta, e por vezes uma pequena fresta que sobre ela se abre, são as únicas comunicações com o exterior.
No exterior a cobertura é completada por terra batida, desempenhando multíplas funções. Para além de conferir a toda a construção uma maior estabilidade ao preencher pequenos vãos ainda existentes, isola em termos de humidade e temperatura o seu interior. Nalguns chafurdões encontra-se, no interior, pequenos nichos, abertos na parede. Raras são as construções deste tipo que não apresentam a porta virada a nascente. Apesar de serem construções bastantes robustas, começam já a mostrar vestígios de degradação. Esta situação acelerou-se, principalmente, com o gradual abandono dos campos a que temos assistido nos últimos anos. O(A) agricultor(a) e o(a) pastor(a) ao servirem-se dos chafurdões para os mais diversos fins contribuíram para a sua manutenção. recolocando alguma pedra que caía, repondo terra na cobertura, cortando alguns arbustos que teimavam em crescer por entre a estrutura, os chafurdões conseguiram, assim, chegar aos nossos dias.

Ermida de N. Sra da Penha -
Erguida a 704 m de altitude sobre um dos afloramentos da crista quartzítica da serra da Penha, foi construída no séc. XVI. Dela se observa um panorama vasto, donde, para além da vista "aérea" de singular beleza sobre a vila de Castelo de Vide, se avistam trechos da serra de S. Mamede a sul, território da vizinha Estremadura espanhola a este e, nos dias de luminosidade favorável, a serra da Estrela a norte.