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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Santa Comba Dão

Brasão de Santa Comba Dão

Localização

        O concelho de Santa Comba Dão está integrado no distrito de Viseu e abrange uma área de 112.5 Km2, é sede de um município com 112,54 km² de área e 11 597 habitantes, subdividido em 9 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Tondela, a leste por Carregal do Sal, a sueste por Tábua, a sul por Penacova e a oeste por Mortágua. Enquadrada entre os rios Dão e Mondego, encontra-se entre as cidades de Viseu e Coimbra, sensivelmente equidistante de ambas. Santa Comba Dão caracteriza-se pela abundância das linhas de água que assumem um papel bastante importante na orografia do concelho. O rio Mondego assume um especial relevo na zona com encostas suaves, e, esporadicamente, com afloramentos rochosos, limitando o concelho a Nascente e a Sul. No centro, surge o rio Dão que atravessa o concelho de Nordeste para Sudoeste; limitando o concelho a Poente, surge o rio Criz, correndo ao longo de uma zona acidentada e de relevo incerto. Todo o concelho de Santa Comba Dão localiza-se numa área aplanada, encontrando-se as maiores altitudes a leste.



História

       O povoamento do território a que corresponde o atual concelho de Santa Comba Dão é bastante antigo, remetendo-se muito provavelmente a uma época pré-histórica. A comprovar essa antiguidade encontram-se os vestígios arqueológicos descobertos na sua área, bem como as alusões relativas aos mesmos em documentos do século X, XI e XII. Um desses documentos refere um local denominado "castro de Santa Comba" e define a situação da presente vila na alta Idade Média, descrevendo as circunscrições eclesiásticas e administrativas a que então pertencia: estava integrada eclesiasticamente no território de Viseu e na terra mediévica de Besteiros que possuía aqui os seus termos meridionais. O primitivo nome do referido castro não é conhecido, sabendo-se que o de Santa Comba lhe foi imposto pela cristianização e representa uma substituição das devoções locais pagãs, embora não se saiba ao certo que Santa Comba é esta. Embora todos apontem para a abadessa de um mosteiro beirão (o de Arcas, entre Tarouca e Moimenta da Beira) chamada Comba Osores, que Almançor martirizou em finais do século X, como a Santa Comba que estava na origem do topónimo, tal identificação parece não corresponder à verdade, dado que essa abadessa é posterior à época em que esta vila já aparece com a designação "Santa Comba". O ter-se ligado o topónimo ao nome do rio deve-se ao desejo ou necessidade de distinção de outros iguais. Inicialmente seria Santa Comba de Ão que se assimilou à expressão toponímica presente e se enraizou. Em 22 de Julho de 974, um prócer poderoso desta região e talvez dela governador, Oveco Garcia, faz uma vasta doação ao Mosteiro de Lorvão, na qual constava metade da vila de Santa Comba. Onze anos depois encontrava-se outro prócere a doar também ao Mosteiro de Lorvão a outra metade da villa de Santa Comba, tratava-se de Múnio Gonçalves, filho de Gonçalves Moniz, célebre Conde Beirão e de D. Mumadona. Ainda em meados do século XIII, a maior parte do atual concelho de Santa Comba Dão era privilegiada, propriedade de mosteiros, igrejas e fidalgos. De facto, além das vastas possessões do Mosteiro de Lorvão, havia aqui o couto de S. João o qual pertencia naquela época, na sua quase totalidade, à Sé de Viseu; uma outra parte era do filho de algo D. Mem Sanches; e por fim, Silvares era da pertença do Mosteiro de Arganil. Nesta época, segundo as Inquirições, estava aqui instituído o concelho de Ovoa, ao que parece o único do território do atual concelho de Santa Comba Dão. Por carta de 1133, D. Afonso Henriques faz couto ao Mosteiro de Lorvão sobre as villas de Treixedo e outras da terra de Viseu. Em 1137, o mesmo monarca coutou ao bispo de Coimbra as "villas" de S. João de Areias, Currelos, Parada e Santa Comba Dão, situação que se manteve até 1472, ano em que D. Galvão, Bispo de Coimbra se intitula Conde de Santa Comba Dão. A 12 de Setembro de 1514, D. Manuel concede a Santa Comba Dão, carta de foral. Em 1836 foram extintos os concelhos de Ovoa, Couto do Mosteiro e Pinheiro de Ázere e integrados no concelho de Santa Comba Dão. Em 1895 foi também extinto o concelho de S. João de Areias e incorporado como freguesia no concelho de Santa Comba Dão, ficando este último com os limites territoriais que tem hoje em dia.

Bandeira de Santa Comba Dão

Heráldica

ESCUDO : De azul, com dois ramos de oliveira de ouro, frutados de negro, com os pés passados em aspa; Em chefe, uma pomba estendida de prata, sancada, bicada e animada de vermelho, entre dois cachos de uvas de ouro, folhados de prata; em contra-chefe, uma ponte de prata, lavrada de negro em ângulo, com seis arcos desiguais, firmada nos flancos e movente de um pé de burelas ondadas de prata e azul. Coroa mural de prata de cinco torres. Listel branco com a legenda a negro "SANTA COMBA DÃO".

Personalidades Célebres

      António de Oliveira Salazar (Vimieiro, Santa Comba Dão, 28 de Abril de 1889 — Lisboa, 27 de Julho de 1970) foi um político nacionalista português e professor catedrático da Universidade de Coimbra. O seu percurso político iniciou-se quando foi Ministro das Finanças por breves meses em 1926. Depois disso, foi também ministro das Finanças entre 1928 e 1932, procedendo ao saneamento das finanças públicas portuguesas. Instituidor do Estado Novo (1933-1974) e da sua organização política de suporte, a União Nacional, Salazar dirigiu os destinos de Portugal, como presidente do Ministério, entre 1932 e 1933, e como Presidente do Conselho de Ministros, entre 1933 e 1968. Os autoritarismos que surgiam na Europa foram amplamente experienciados por Salazar em duas frentes complementares: a propaganda e a repressão. Com a criação da Censura, da organização de tempos livres dos trabalhadores FNAT, da Mocidade Portuguesa, masculina e feminina, o Estado Novo procurava assegurar a doutrinação de largas massas da população portuguesa, enquanto que a polícia política (PVDE, posteriormente PIDE, a partir de 1945), em conjunto com a Legião Portuguesa, combatiam os opositores, que, quando objecto de julgamento, eram-no em tribunais especiais (Tribunais Militares Especiais e, posteriormente, Tribunais Plenários). Apoiando-se na doutrina social da Igreja Católica, Salazar orientou-se para um corporativismo de Estado, com uma linha de ação económica nacionalista assente no ideal da autarcia. Esse seu nacionalismo económico levou-o a tomar medidas de protecionismo e isolacionismo de natureza fiscal, tarifária, alfandegária, para Portugal e suas colonias, que tiveram grande impacto, sobretudo até aos anos sessenta. 
Em 1900, após completar os seus estudos na escola primária, com onze anos de idade, Oliveira Salazar, ingressou no Seminário de Viseu, onde permaneceu por oito anos. Em 1908, o seu último ano lectivo no seminário, tomou finalmente contacto com toda a agitação que reinava em Viseu e também em todo o país. Surgiam artigos que atacavam o Governo, o Rei e a Igreja Católica. Foi também nesse ano que se deu o assassínio do Rei D. Carlos e do seu filho, o Príncipe D. Luís Filipe. Não ficando indiferente a esses acontecimentos, Salazar, católico praticante, começou a insurgir-se contra os republicanos jacobinos em defesa da Igreja, escrevendo vários artigos nos jornais. Depois de completar os estudos, permaneceu em Viseu por mais dois anos. Porém, em 1910, mudou-se para Coimbra para estudar Direito. Em 1914, concluiu o curso de Direito com a alta classificação de 19 valores e torna-se, dois anos depois, assistente de Ciências Económicas. Assumiu a regência da cadeira de Economia Política e Finanças em 1917 a convite do professor José Alberto dos Reis e do professor Aniceto Barbosa, antes de se doutorar em 1918. Durante esse período em Coimbra, materializa o seu pendor para a política no Centro Académico de Democracia Cristã onde faz amigos como Mário de Figueiredo, José Nosolini, Juvenal de Araújo, os irmãos Dinis da Fonseca, Manuel Gonçalves Cerejeira, Bissaya Barreto, entre outros. Alguns haveriam de colaborar nos seus governos. Combate o anticlericalismo da Primeira República através de artigos de opinião que escreve para jornais católicos. Acompanha Cerejeira em palestras e debates. Enquanto estuda Maurras, Le Play e as encíclicas do Papa Leão XIII, vai consolidando o seu pensamento, explicitando-o em artigos e conferências, onde se revela que "Salazar nasceu para a política pugnando pelo acertar do passo com a Europa, e com a paixão pela Educação". As suas opiniões e ligações ao Centro Académico de Democracia Cristã levaram-no, em 1921, a concorrer por Guimarães como deputado ao Parlamento. Sendo eleito e não encontrando aí qualquer motivação, regressou à universidade passados três dias. Lá se manteve até 1926. 
O princípio do fim de Salazar começou a 3 de Agosto de 1968, no Forte de Santo António, no Estoril. A queda de uma cadeira de lona, deixada em segredo primeiro, acabou por ditar o seu afastamento do Governo. António de Oliveira Salazar preparava-se para ser tratado pelo calista Hilário, quando se deixou cair para uma cadeira de lona. Com o peso, a cadeira cedeu e o chefe do Governo caiu com violência, sofrendo uma pancada na cabeça, nas lajes do terraço do forte onde anualmente passava as férias, acompanhado pela governanta D. Maria de Jesus. Levantou-se atordoado, queixou-se de dores no corpo, mas pediu segredo sobre a queda e não quis que fossem chamados médicos, segundo conta Franco Nogueira. Outra testemunha, o barbeiro Manuel Marques, contraria esta tese. Segundo ele, Salazar não caiu na cadeira, que estava fora do lugar, mas tombou no chão desamparado. Segundo Marques, Salazar costumava ser distraído e tinha o hábito de «saltar para as cadeiras». Nesse dia, preparando-se para ler o jornal, caiu onde habitualmente estava uma cadeira, mas que nesse dia tinha sido movida. Ainda outra testemunha diz que Salazar não caiu de uma cadeira, e sim de uma banheira, testemunha essa que acompanhou Salazar da casa de banho até ao quarto no dia do sucedido. A vida de António de Oliveira Salazar prosseguiu normalmente e só três dias depois é que o médico do Presidente do Conselho, Eduardo Coelho, soube do sucedido. Só 16 dias depois, a 4 de Setembro, Salazar admite que se sente doente: «Não sei o que tenho». A 6 de Setembro, à noite, sai um carro de São Bento. Com o médico, Salazar e, no lugar da frente, o diretor da PIDE, Silva Pais. Salazar é internado no Hospital de São José e os médicos não se entendem quanto ao diagnóstico - hematoma intracraniano ou trombose cerebral -, mas concordam que é preciso operar, o que acontece a 7 de Setembro. Salazar foi afastado do governo em 27 de Setembro de 1968, quando o então Presidente da República, Américo Tomás, chamou Marcello Caetano para substitui-lo. A 4 de Outubro desse ano (pelo 58.º aniversário da Implantação da República) recebeu o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique. Até morrer, em 1970, continuou a receber visitas como se fosse ainda Presidente do Conselho, nunca manifestando sequer a suspeita de que já o não era - no que não era contrariado pelos que o rodeavam.

                                                                                                                     Cortejo Fúnebre de Salazar
                    Salazar                                                                                                   no Vimieiro 
                                                                                             

Cultura e Turismo

        Santa Comba Dão apresenta um conjunto de potencialidades turísticas, nas quais se destacam os monumentos, os espaços culturais arqueológicos, os espaços culturais de índole religiosa e os espaços culturais de interesse histórico e arquitetónico. Bastante apelativo também em termos de recursos naturais, é de salientar a barragem da Aguieira, uma das maiores superfícies lagunares de natureza artificial do País. De igual modo, os Vales do Mondego e do rio Dão tornaram-se depósitos de águas paradas, permitindo todo o tipo de desportos náuticos, às quais acresce um conjunto de praias fluviais de grande beleza. 



Gastronomia

      Da gastronomia tradicional de Santa Comba Dão, destaca-se o apreciado arroz de lampreia.

Arroz de Lampreia