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sexta-feira, 15 de março de 2013

Viagem e visita ao concelho de Tomar

Brasão de Tomar

Localização

         É sede de um município com 351,2 km² de área e 40 674 habitantes, subdividido em 16 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Ferreira do Zêzere, a leste por Abrantes, a sul por Vila Nova da Barquinha, a oeste por Torres Novas e a noroeste por Ourém. A cidade é atravessada pelo Rio Nabão, que é afluente do Rio Zêzere, estando incluída na bacia hidrográfica do Tejo, o maior rio da Península Ibérica. Situa-se na parte norte da região mais fértil de Portugal e uma das mais férteis da Península Ibérica, a lezíria ribatejana.



História

           A história de Tomar remonta a épocas bastante recuadas, sendo que o vale do Nabão, apresenta vestígios de povoamento que recuam ao período paleolítico. Durante a época de ocupação romana, o território que constitui o atual concelho pertencia ao núcleo originário de Sellium, cidade que se situava na margem esquerda do rio Nabão e onde se agruparam, mais tarde, as populações romano-godas e muçulmanas. Por Sellium, passava a via que ligava Olisipo a Bracara, que se constituía no mais importante itinerário de ligação entre o Norte e o Sul do país. Já a presença muçulmana em Tomar é atestada pela existência de numerosos topónimos em todo o concelho e pelos engenhos hidráulicos introduzidos na agricultura (açudes de estacaria, roda, nora). Em 1147 a terra é conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques que em 1159 doa aos Templários, na pessoa de Gualdim Pais, o castelo de Ceras (hoje Ceras) com seu vasto termo, a fim de que estes o povoasse. Proíbe  no entanto que para esse povoamento viessem gentes que já habitavam entre Mondego e Tejo. Após um ano de estadia no castelo de Cera, reconheceu Gualdim Pais que ele não reunia as condições apropriadas a servir de sede da Ordem, resolvendo dessa forma edificar um castelo em lugar que lhe pareceu mais adequado, e esse foi um outeiro na margem direita do Nabão e em cujo sopé se estendia viçosa planície apropriada a profícuo povoamento humano. Começou a construção no dia 1 de Março de 1160 conforme consta de inscrições que perduram no castelo, de cujo conjunto, embora mutilado pela invasão de outras edificações e afetado pelas habituais causas de ruína, ainda resta o suficiente para bem se conhecerem as peças componentes. Foi então construída uma muralha de forma irregular e angulosa, guarnecida de torreões, de acesso ao terreiro geral e dentro do qual se ergue, quase encostada à respectiva muralha circundante, a torre de menagem. Dessa altura também é a construção da célebre charola, mais tarde adaptada a capela-mor de um mais vasto templo. Em Novembro de 1162, o mestre Gualdim Pais dá carta foral aos futuros povoadores de Tomar. As principais disposições são relativas ao direito que devia regular as duas classes populares a estabelecer em Tomar: a dos cavaleiros vilões e a dos peões herdadores. Os cavaleiros-vilões possuíam os seus haveres livres de foro, mesmo no caso de os comprar a vilão tributário ou de casar com viúva de vilão, de que ela houvesse herdado. Se o cavaleiro-vilão, por velhice, não podia exercer a milícia, não decaía da sua qualidade e morrendo ele, a viúva permanecerá na mesma. O saião (aquele que executa sentenças) estava a impedido de selar casa de cavaleiro e se este praticasse atos ilícitos seria julgado em conselho retamente  Se o cavalo morresse ao cavaleiro e este não pudesse obter outro, a Ordem comprometia-se a fornece-lo ou a dispensa-lo até que ele pudesse adquirir outro sem perda de categoria e honra de cavaleiro. Quanto à outra classe, a dos peões, não era privilegiada, pois constituía a classe dos tributários; por isso, ordenava o foral que pagassem ração. Outras disposições da fundação de Tomar dizem respeito às atividades bélicas, à proibição de entrada forçada por cavaleiro estranho na casa de habitante de Tomar, ao serviço anual de almocrevaria, à abolição do direito de maneria, à permissão de um habitante de partir para outra parte (sob condição de dar ou vender o seu herdamento local a quem fizesse o respectivo foro à ordem e aqui viesse), à obrigação das atalaias (postas metade do ano pela Ordem e outra metade pelos habitantes), à abolição do portádigo e da alcavala e à alimentação das sentinelas do castelo ou das portas da povoação, ao foro especial dos clérigos (equiparados a cavaleiros-vilões nos privilégios) e à nomeação popular do juiz e do alcaide. Formava-se dessa forma em Tomar um concelho de categoria elevada. Cerca de 12 anos depois, D. Gualdim Pais concede novo foral a Tomar, provocado decerto pelo desenvolvimento do local sob a proteção das milícias templárias e do seu fortíssimo castelo. Na realidade, trata-se de um complemento da carta de 1162 onde faltaram as disposições respectivas dos casos crime, a quase única matéria de que se ocupa o diploma de Junho de 1174. Algumas das principais disposições são estas: quem praticasse forçamento de mulher, homicídio ou entrasse à força numa casa, peitaria a soma de quinhentos soldos, se o crime fosse prepetado no "couto da vila"; sendo o rousso e homicídio praticados fora desta, a multa seria de sessenta soldos, quantia que também se pagava no caso de ser praticado outro dos mais graves crimes da época. Em 1195 morre D. Gualdim Pais e é sepultado na Igreja de Santa Maria de Tomar (mais tarde conhecida com Igreja de Santa Maria do Olival). A extinção da Ordem do Templo, promovida pelo rei de França, veio a ter o seu reflexo em Portugal e D. Dinis viu-se forçado a cumprir a determinação do pontífice que só executou em 1314. Propôs porém à Santa Sé que com os bens dos Templários se constituísse uma nova milícia, exclusivamente portuguesa. Dessa forma, foi criada a Ordem de Cristo, à qual se aplicou todos os bens dos Templários. A ordem teve como primeiro mestre D. Gil Martins que era freire da Ordem de Avis e recebeu a regra de Calatrava. A nova Ordem é instalada em Castro Marim, sendo-lhe atribuída a Regra de S. Bento, sendo que por volta de 1356 a Ordem voltou a Tomar, a pedido dos freires. As religiosas filiadas na Ordem do Templo não ingressaram na nova Ordem e tiveram de mudar de hábito. Desde o século XV os mestres das ordens portuguesas, em vez de eleitos nos termos dos estatutos, passaram a ser nomeados pelo papa, dando-se o mestrado a membros da família real. O costume em Portugal começou com o Infante D. Henrique que recebeu o mestrado de Cristo, com o título de "Governador e Administrador". Ao infante, que associou a Ordem à empresa das descobertas, se ficaram a dever as primeiras grandes transformações na obra local dos Templários: construiu uns paços junto da alcáçova e novas instalações conventuais, entre as quais o claustro que tem o seu nome; criou a primeira feira franca de Tomar; e interessado pelo desenvolvimento da vila baixa, corrigiu o curso do Nabão, que até então alagava as margens, espraiando-se em braços variados. É também do seu tempo o novo fluxo colonizador, chamando para as veigas do rio a população que até então se abrigava nas proximidades da alcáçova. Durante esta época viveu-se igualmente um fluxo de judeus, artifícios e mercadores que formaram um importante núcleo em Tomar, com arruamento próprio, a judiaria, segundo o costume da época. Este núcleo manteve-se até à expulsão dos judeus, determinada por D. Manuel. Em 9 de Setembro de 1438 morreu em Tomar o rei D. Duarte que aqui se recolhera com a rainha e os filhos, fugidos de Évora onde aparecera a peste. A 13 de Março de 1456 o papa Calisto III concede à Cavalaria de Cristo o espiritual das terras descobertas, como territórios nullius diocesis. Em 1510 D. Manuel I cria a Misericórdia de Tomar e Diogo de Arruda inicia a construção da chamada "Casa do Capítulo" do Convento de Cristo, executando as respectivas e célebres janelas. A 1 de Maio do mesmo ano, D. Manuel I concede a Tomar o seu foral novo. Em 1521 D. João III permanece em Tomar durante cerca de dois meses, resultando dessa estadia a reforma da Ordem de Cristo que teve início a 24 de junho de 1530 pela mão do frade jerónimo, António de Lisboa. Os freires então residentes no Convento foram reduzidos à clausura e observância regular. A 6 de Maio de 1543 é realizado o segundo auto-de-fé em Tomar (desconhece-se a data do primeiro), tendo sido "relaxado ao braço secular" (morto pelo fogo) um dos 8 penitentes, a ré Brites Gonçalves, "por herege e pertinaz". A 30 de Dezembro de 1551, o papa Júlio III, pela bula "Praeclara clarissima" concede à Coroa portuguesa, definitivamente, o mestrado das Ordens Militares de Cristo, de Avis e de Santiago. A 22 de Abril de 1567 é concedida a Tomar a categoria de "Notável Vila", pelo Regente do Reino, o Cardeal D. Henrique e a 16 de Abril de 1581 dá-se o juramento e aclamação de Filipe I perante as Cortes reunidas em Tomar; quatro dias mais tarde dá-se a abertura solene das Cortes de Tomar. Em 1593 começa a construção do aqueduto de Pegões Altos destinado ao abastecimento do Convento de Cristo e concluído em 1613.  A 24 de Março de 1759, por alvará de D. José I, é instalada em Tomar a Real Fábrica de Chapéus; e a 17 de Agosto de 1789 um novo alvará, desta vez de D. Maria I, entrega a administração da Fábrica de Meias de Lã e Algodão de Noel Lemaître, a Jácome Ratton e Timóteu Verdier, a qual serviu de base à Real Fábrica de Fiação e Tecidos. A 27 de Novembro de 1807 dá-se a entrada em Tomar das tropas da divisão espanhola de Junot, comandada por D. Juan Carrafa, que impõe uma contribuição em dinheiro e requisição de víveres. No ano seguinte, consequente à primeira invasão, Tomar enfileirou no movimento insurrecional popular contra os invasores, revolta essa que terminou a 9 de Julho, entregando os patriotas as armas a Ângela Tamagnini, por se recusarem a entregá-las a Margaron, comandante das forças de ocupação. A atuação daquela "negociadora", impediu quaisquer represálias por parte dos Franceses. A 11 de Agosto do mesmo ano, chegam a Tomar as forças de Loison, porém sem quaisquer consequências materiais. A Retirada dos Franceses marca o fim da primeira Invasão. Ainda nesse ano, em Novembro é criado o regimento de Milicias de Tomar e no ano seguinte, o General Miranda Henriques, encarregado da defesa da Beira Baixa, estabelece o seu quartel-general em Tomar. Em Junho de 1809 Wellesley, estabelece quartel-general em Tomar, uma vez expulsas as forças francesas da 2ª Invasão. A 23 de Outubro de 1822 é eleita a primeira câmara de Tomar, através de voto popular, no quadro da Constituição de 1822. A 31 de maio do ano seguinte a Vilafrancada de D. Miguel derruba a Câmara eleita. A 14 de Maio de 1833 as tropas liberais entram em Tomar, substituindo de novo o Senado Municipal. Em 1834 são extintas as ordens religiosas e procede-se à venda dos respectivos bens. Em Tomar assinale-se a venda do Convento de Cristo e da Quinta dos Sete Montes ao futuro Marquês de Tomar, Costa Cabral, ministro de D. Maria II. A 13 de Fevereiro de 1884, por alvará de D. Maria II, Tomar é elevada à categoria de cidade e a 30 de Setembro de 1881 é extinto o Isento de Tomar, passando o seu concelho para o Patriarcado de Lisboa. 

Bandeira de Tomar

Heráldica

Brasão: de ouro com uma torre torreada de negro, aberta e iluminada de prata, acompanhada em chefe da cruz dos Templários e da cruz de Cristo e a mesma torre assente num monte de verde cortado por um rio ondado de prata aguado de azul. Coroa mural de cinco torres de prata.

Bandeira: quarteada de negro e de vermelho. Por debaixo das armas, uma fita branca com a palavra "Tomar" de negro.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres: «Câmara Municipal de Tomar».


Cultura e Turismo

          O concelho de Tomar está integrado na Região de Turismo dos Templários (Floresta Central e Albufeiras) e caracteriza-se pelos seus atrativos naturais, destacando-se as margens do rio Nabão e as várias praias fluviais existentes, bem como pela sua riqueza patrimonial. O elemento mais identificativo da cidade é sem dúvida o seu imponente castelo, localizado numa colina sobranceira à cidade de Tomar; o Castelo dos Templários é a zona mais antiga de um dos mais surpreendentes monumentos do território nacional e que se encontra classificado como património mundial - o Convento de Cristo. A fortaleza foi fundada no século XII com o objectivo de servir de sede à Ordem do Templo, sendo que ao seu redor foi-se desenvolvendo a povoação de Tomar. Posteriormente passa para a posse da Ordem de Cristo, até à extinção das ordens militares. Originalmente, o Castelo de Tomar era formado por duas cercas de muralhas reforçadas por torres redondas e cubelos vários. No interior da fortaleza encontra-se a praça de armas que se estende desde a Porta do Sol até à Charola conventual, oratório de planta central e que se inspirava no Templo de Jerusalém. Na zona mais elevada, encontra-se a Torre de Menagem e entre a alcáçova e o claustro da Lavagem, que integra já o cenóbio, situam-se as estruturas do Paço do Infante D. Henrique. No limite sudoeste da cerca localiza-se a Torre da Rainha D. Catarina. Um outro monumento característico de Tomar é o Aqueduto dos Pegões Altos, uma extensa obra que começa nas proximidades da Ermida de Santo António de Pegões e que se estende por cerca de seis quilómetros até chegar à cisterna do principal claustro do Convento de Cristo. A obra foi iniciada em 1593 por ordem de Filipe II de Espanha e concluída em 1614 e é composta por 180 arcos em alguns troços, em duas filas sobrepostas. Ainda na cidade de Tomar, um destaque para a Igreja de Santa Maria do Olival, cuja construção foi contemporânea da fundação do Convento de Cristo e segue o modelo das igrejas mendicantes portuguesas do período gótico.

                                                                                                Mata Nacional dos Sete Montes
Aqueduto dos Pegões Altos 

Mata Nacional dos Sete Montes

Gastronomia

               Da tradicional gastronomia do concelho de Tomar são de destacar o cabrito assado, as couves à D. Prior, a vaca com molho de bruxa e a lampreia. Na doçaria, realce para as fatias de Tomar, os bolos de cama, os queijinhos doces e os típicos "beija-me depressa".

                                                                                                         " Beija-me depressa "
Beija-me Depressa
Couves à D. Prior 

Bolos de Cama
Bolos de Cama