Localização :
É sede de um município com 351,2 km² de área e 40 674 habitantes, subdividido em 16 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Ferreira do Zêzere, a leste por Abrantes, a sul por Vila Nova da Barquinha, a oeste por Torres Novas e a noroeste por Ourém. A cidade é atravessada pelo Rio Nabão, que é afluente do Rio Zêzere, estando incluída na bacia hidrográfica do Tejo, o maior rio da Península Ibérica. Situa-se na parte norte da região mais fértil de Portugal e uma das mais férteis da Península Ibérica, a lezíria ribatejana.
História :
A história de Tomar remonta a épocas bastante recuadas, sendo que o vale do Nabão, apresenta vestígios de povoamento que recuam ao período paleolítico. Durante a época de ocupação romana, o território que constitui o atual concelho pertencia ao núcleo originário de Sellium, cidade que se situava na margem esquerda do rio Nabão e onde se agruparam, mais tarde, as populações romano-godas e muçulmanas. Por Sellium, passava a via que ligava Olisipo a Bracara, que se constituía no mais importante itinerário de ligação entre o Norte e o Sul do país. Já a presença muçulmana em Tomar é atestada pela existência de numerosos topónimos em todo o concelho e pelos engenhos hidráulicos introduzidos na agricultura (açudes de estacaria, roda, nora). Em 1147 a terra é conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques que em 1159 doa aos Templários, na pessoa de Gualdim Pais, o castelo de Ceras (hoje Ceras) com seu vasto termo, a fim de que estes o povoasse. Proíbe no entanto que para esse povoamento viessem gentes que já habitavam entre Mondego e Tejo. Após um ano de estadia no castelo de Cera, reconheceu Gualdim Pais que ele não reunia as condições apropriadas a servir de sede da Ordem, resolvendo dessa forma edificar um castelo em lugar que lhe pareceu mais adequado, e esse foi um outeiro na margem direita do Nabão e em cujo sopé se estendia viçosa planície apropriada a profícuo povoamento humano. Começou a construção no dia 1 de Março de 1160 conforme consta de inscrições que perduram no castelo, de cujo conjunto, embora mutilado pela invasão de outras edificações e afetado pelas habituais causas de ruína, ainda resta o suficiente para bem se conhecerem as peças componentes. Foi então construída uma muralha de forma irregular e angulosa, guarnecida de torreões, de acesso ao terreiro geral e dentro do qual se ergue, quase encostada à respectiva muralha circundante, a torre de menagem. Dessa altura também é a construção da célebre charola, mais tarde adaptada a capela-mor de um mais vasto templo. Em Novembro de 1162, o mestre Gualdim Pais dá carta foral aos futuros povoadores de Tomar. As principais disposições são relativas ao direito que devia regular as duas classes populares a estabelecer em Tomar: a dos cavaleiros vilões e a dos peões herdadores. Os cavaleiros-vilões possuíam os seus haveres livres de foro, mesmo no caso de os comprar a vilão tributário ou de casar com viúva de vilão, de que ela houvesse herdado. Se o cavaleiro-vilão, por velhice, não podia exercer a milícia, não decaía da sua qualidade e morrendo ele, a viúva permanecerá na mesma. O saião (aquele que executa sentenças) estava a impedido de selar casa de cavaleiro e se este praticasse atos ilícitos seria julgado em conselho retamente Se o cavalo morresse ao cavaleiro e este não pudesse obter outro, a Ordem comprometia-se a fornece-lo ou a dispensa-lo até que ele pudesse adquirir outro sem perda de categoria e honra de cavaleiro. Quanto à outra classe, a dos peões, não era privilegiada, pois constituía a classe dos tributários; por isso, ordenava o foral que pagassem ração. Outras disposições da fundação de Tomar dizem respeito às atividades bélicas, à proibição de entrada forçada por cavaleiro estranho na casa de habitante de Tomar, ao serviço anual de almocrevaria, à abolição do direito de maneria, à permissão de um habitante de partir para outra parte (sob condição de dar ou vender o seu herdamento local a quem fizesse o respectivo foro à ordem e aqui viesse), à obrigação das atalaias (postas metade do ano pela Ordem e outra metade pelos habitantes), à abolição do portádigo e da alcavala e à alimentação das sentinelas do castelo ou das portas da povoação, ao foro especial dos clérigos (equiparados a cavaleiros-vilões nos privilégios) e à nomeação popular do juiz e do alcaide. Formava-se dessa forma em Tomar um concelho de categoria elevada. Cerca de 12 anos depois, D. Gualdim Pais concede novo foral a Tomar, provocado decerto pelo desenvolvimento do local sob a proteção das milícias templárias e do seu fortíssimo castelo. Na realidade, trata-se de um complemento da carta de 1162 onde faltaram as disposições respectivas dos casos crime, a quase única matéria de que se ocupa o diploma de Junho de 1174. Algumas das principais disposições são estas: quem praticasse forçamento de mulher, homicídio ou entrasse à força numa casa, peitaria a soma de quinhentos soldos, se o crime fosse prepetado no "couto da vila"; sendo o rousso e homicídio praticados fora desta, a multa seria de sessenta soldos, quantia que também se pagava no caso de ser praticado outro dos mais graves crimes da época. Em 1195 morre D. Gualdim Pais e é sepultado na Igreja de Santa Maria de Tomar (mais tarde conhecida com Igreja de Santa Maria do Olival). A extinção da Ordem do Templo, promovida pelo rei de França, veio a ter o seu reflexo em Portugal e D. Dinis viu-se forçado a cumprir a determinação do pontífice que só executou em 1314. Propôs porém à Santa Sé que com os bens dos Templários se constituísse uma nova milícia, exclusivamente portuguesa. Dessa forma, foi criada a Ordem de Cristo, à qual se aplicou todos os bens dos Templários. A ordem teve como primeiro mestre D. Gil Martins que era freire da Ordem de Avis e recebeu a regra de Calatrava. A nova Ordem é instalada em Castro Marim, sendo-lhe atribuída a Regra de S. Bento, sendo que por volta de 1356 a Ordem voltou a Tomar, a pedido dos freires. As religiosas filiadas na Ordem do Templo não ingressaram na nova Ordem e tiveram de mudar de hábito. Desde o século XV os mestres das ordens portuguesas, em vez de eleitos nos termos dos estatutos, passaram a ser nomeados pelo papa, dando-se o mestrado a membros da família real. O costume em Portugal começou com o Infante D. Henrique que recebeu o mestrado de Cristo, com o título de "Governador e Administrador". Ao infante, que associou a Ordem à empresa das descobertas, se ficaram a dever as primeiras grandes transformações na obra local dos Templários: construiu uns paços junto da alcáçova e novas instalações conventuais, entre as quais o claustro que tem o seu nome; criou a primeira feira franca de Tomar; e interessado pelo desenvolvimento da vila baixa, corrigiu o curso do Nabão, que até então alagava as margens, espraiando-se em braços variados. É também do seu tempo o novo fluxo colonizador, chamando para as veigas do rio a população que até então se abrigava nas proximidades da alcáçova. Durante esta época viveu-se igualmente um fluxo de judeus, artifícios e mercadores que formaram um importante núcleo em Tomar, com arruamento próprio, a judiaria, segundo o costume da época. Este núcleo manteve-se até à expulsão dos judeus, determinada por D. Manuel. Em 9 de Setembro de 1438 morreu em Tomar o rei D. Duarte que aqui se recolhera com a rainha e os filhos, fugidos de Évora onde aparecera a peste. A 13 de Março de 1456 o papa Calisto III concede à Cavalaria de Cristo o espiritual das terras descobertas, como territórios nullius diocesis. Em 1510 D. Manuel I cria a Misericórdia de Tomar e Diogo de Arruda inicia a construção da chamada "Casa do Capítulo" do Convento de Cristo, executando as respectivas e célebres janelas. A 1 de Maio do mesmo ano, D. Manuel I concede a Tomar o seu foral novo. Em 1521 D. João III permanece em Tomar durante cerca de dois meses, resultando dessa estadia a reforma da Ordem de Cristo que teve início a 24 de junho de 1530 pela mão do frade jerónimo, António de Lisboa. Os freires então residentes no Convento foram reduzidos à clausura e observância regular. A 6 de Maio de 1543 é realizado o segundo auto-de-fé em Tomar (desconhece-se a data do primeiro), tendo sido "relaxado ao braço secular" (morto pelo fogo) um dos 8 penitentes, a ré Brites Gonçalves, "por herege e pertinaz". A 30 de Dezembro de 1551, o papa Júlio III, pela bula "Praeclara clarissima" concede à Coroa portuguesa, definitivamente, o mestrado das Ordens Militares de Cristo, de Avis e de Santiago. A 22 de Abril de 1567 é concedida a Tomar a categoria de "Notável Vila", pelo Regente do Reino, o Cardeal D. Henrique e a 16 de Abril de 1581 dá-se o juramento e aclamação de Filipe I perante as Cortes reunidas em Tomar; quatro dias mais tarde dá-se a abertura solene das Cortes de Tomar. Em 1593 começa a construção do aqueduto de Pegões Altos destinado ao abastecimento do Convento de Cristo e concluído em 1613. A 24 de Março de 1759, por alvará de D. José I, é instalada em Tomar a Real Fábrica de Chapéus; e a 17 de Agosto de 1789 um novo alvará, desta vez de D. Maria I, entrega a administração da Fábrica de Meias de Lã e Algodão de Noel Lemaître, a Jácome Ratton e Timóteu Verdier, a qual serviu de base à Real Fábrica de Fiação e Tecidos. A 27 de Novembro de 1807 dá-se a entrada em Tomar das tropas da divisão espanhola de Junot, comandada por D. Juan Carrafa, que impõe uma contribuição em dinheiro e requisição de víveres. No ano seguinte, consequente à primeira invasão, Tomar enfileirou no movimento insurrecional popular contra os invasores, revolta essa que terminou a 9 de Julho, entregando os patriotas as armas a Ângela Tamagnini, por se recusarem a entregá-las a Margaron, comandante das forças de ocupação. A atuação daquela "negociadora", impediu quaisquer represálias por parte dos Franceses. A 11 de Agosto do mesmo ano, chegam a Tomar as forças de Loison, porém sem quaisquer consequências materiais. A Retirada dos Franceses marca o fim da primeira Invasão. Ainda nesse ano, em Novembro é criado o regimento de Milicias de Tomar e no ano seguinte, o General Miranda Henriques, encarregado da defesa da Beira Baixa, estabelece o seu quartel-general em Tomar. Em Junho de 1809 Wellesley, estabelece quartel-general em Tomar, uma vez expulsas as forças francesas da 2ª Invasão. A 23 de Outubro de 1822 é eleita a primeira câmara de Tomar, através de voto popular, no quadro da Constituição de 1822. A 31 de maio do ano seguinte a Vilafrancada de D. Miguel derruba a Câmara eleita. A 14 de Maio de 1833 as tropas liberais entram em Tomar, substituindo de novo o Senado Municipal. Em 1834 são extintas as ordens religiosas e procede-se à venda dos respectivos bens. Em Tomar assinale-se a venda do Convento de Cristo e da Quinta dos Sete Montes ao futuro Marquês de Tomar, Costa Cabral, ministro de D. Maria II. A 13 de Fevereiro de 1884, por alvará de D. Maria II, Tomar é elevada à categoria de cidade e a 30 de Setembro de 1881 é extinto o Isento de Tomar, passando o seu concelho para o Patriarcado de Lisboa.
Heráldica :
Brasão: de ouro com uma torre torreada de negro, aberta e iluminada de prata, acompanhada em chefe da cruz dos Templários e da cruz de Cristo e a mesma torre assente num monte de verde cortado por um rio ondado de prata aguado de azul. Coroa mural de cinco torres de prata.
Bandeira: quarteada de negro e de vermelho. Por debaixo das armas, uma fita branca com a palavra "Tomar" de negro.
Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres: «Câmara Municipal de Tomar».
Cultura e Turismo :
O concelho de Tomar está integrado na Região de Turismo dos Templários (Floresta Central e Albufeiras) e caracteriza-se pelos seus atrativos naturais, destacando-se as margens do rio Nabão e as várias praias fluviais existentes, bem como pela sua riqueza patrimonial. O elemento mais identificativo da cidade é sem dúvida o seu imponente castelo, localizado numa colina sobranceira à cidade de Tomar; o Castelo dos Templários é a zona mais antiga de um dos mais surpreendentes monumentos do território nacional e que se encontra classificado como património mundial - o Convento de Cristo. A fortaleza foi fundada no século XII com o objectivo de servir de sede à Ordem do Templo, sendo que ao seu redor foi-se desenvolvendo a povoação de Tomar. Posteriormente passa para a posse da Ordem de Cristo, até à extinção das ordens militares. Originalmente, o Castelo de Tomar era formado por duas cercas de muralhas reforçadas por torres redondas e cubelos vários. No interior da fortaleza encontra-se a praça de armas que se estende desde a Porta do Sol até à Charola conventual, oratório de planta central e que se inspirava no Templo de Jerusalém. Na zona mais elevada, encontra-se a Torre de Menagem e entre a alcáçova e o claustro da Lavagem, que integra já o cenóbio, situam-se as estruturas do Paço do Infante D. Henrique. No limite sudoeste da cerca localiza-se a Torre da Rainha D. Catarina. Um outro monumento característico de Tomar é o Aqueduto dos Pegões Altos, uma extensa obra que começa nas proximidades da Ermida de Santo António de Pegões e que se estende por cerca de seis quilómetros até chegar à cisterna do principal claustro do Convento de Cristo. A obra foi iniciada em 1593 por ordem de Filipe II de Espanha e concluída em 1614 e é composta por 180 arcos em alguns troços, em duas filas sobrepostas. Ainda na cidade de Tomar, um destaque para a Igreja de Santa Maria do Olival, cuja construção foi contemporânea da fundação do Convento de Cristo e segue o modelo das igrejas mendicantes portuguesas do período gótico.
Mata Nacional dos Sete Montes
Aqueduto dos Pegões Altos
Mata Nacional dos Sete Montes
Gastronomia :
Da tradicional gastronomia do concelho de Tomar são de destacar o cabrito assado, as couves à D. Prior, a vaca com molho de bruxa e a lampreia. Na doçaria, realce para as fatias de Tomar, os bolos de cama, os queijinhos doces e os típicos "beija-me depressa".
" Beija-me depressa "
Couves à D. Prior
Bolos de Cama