Translate

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Celorico da Beira

Brasão de Celorico da Beira

Localização :

            O concelho de Celorico da Beira está integrado no distrito da Guarda, estando situado na vertente mais a Norte da Serra da Estrela; faz fronteira a Oeste com o concelho de Fornos de Algodres; a Sul com o de Gouveia; a Este com o de Guarda; e a Norte com o de Trancoso, tendo uma pequena fronteira a Noroeste com o concelho de Pinhel. Possui uma área de 249.9 km2, distribuída por 22 freguesias. Sob ponto de vista geográfico o concelho de Celorico da Beira pode ser dividido em duas zonas principais: a da Serra, parte dela integrada no Parque Natural da Serra da Estrela, de relevo orográfico acentuado e de clima agreste; e a do Vale, de terrenos férteis e clima mais ameno, que abrange uma vasta área ao longo do Rio Mondego. O concelho tem a sua altura máxima na Penha dos Prados e a mínima na confluência da ribeira de Olas com o Mondego. O Rio Mondego atravessa o concelho na direção Este-Oeste e constitui, juntamente com as ribeiras de Jejua, Linhares, Cabeça Alta, Espinheiro, Olas e Velosa, as principais linhas de água de Celorico da Beira.


História : 

           O povoamento do território que corresponde ao atual concelho de Celorico da Beira é bastante remoto, sendo que existem várias incertezas relativamente à fundação do povoado que veio a dar origem à vila sede de concelho; no entanto, parece haver o consenso de que esta terá origem num castro neolítico, posteriormente romanizado, no local onde hoje se encontra o castelo. Durante o reinado de D. Afonso Henriques, a povoação terá sido conquistada aos árabes por D. Martinho Dola, a quem o monarca concedeu o título de alcaide do castelo de Celorico da Beira. O mesmo monarca terá ordenado a execução de obras na fortaleza e concedeu foral à povoação que se desenvolveu em torno do castelo. Apesar de se desconhecer a data exata em que este foral foi atribuído, sabe-se porém que foi o primeiro da vila e que se tratava de um foral tipo salamantino. No reinado de D. Sancho I, o castelo de Celorico da Beira foi sediado por leoneses e castelhanos, sob o comando de D. Afonso IX, cerco esse que acabou por ser levantado por uma força militar vinda de Linhares e comandada pelo seu alcaide, D. Rodrigo Mendes, irmão do alcaide de Celorico, D. Gonçalo Mendes. Em 1271, D. Afonso II, confirma o foral de Celorico da Beira. O seu castelo foi novamente sitiado em 1245, desta feita por D. Afonso III. O então alcaide-mor da vila recusou-se a entregar a praça, mantendo-se fiel a D. Sancho II. Associada a este cerco está a lenda da truta e da águia, que figuram no seu brasão de armas, e que conta que apesar de se encontrarem sem mantimentos, as tropas que se encontravam na fortaleza procuravam resistir; até que uma águia rompeu os ares, segurando nas garras uma truta fresca; ao passar sobre a fortaleza a águia larga o peixe que cai dentro dos muros dos sitiados. O alcaide manda buscar um pouco de farinha e ordenou que guisassem a truta e enviou-a de presente aos inimigos, demonstrando que tinham alimento e que poderiam resistir durante mais tempo; perante esse facto, os sitiantes retiraram. Ainda durante o reinado de D. Afonso III, Celorico marcou a sua presença nas Cortes de Leiria, o que mostra que o povoamento de Celorico se encontrava consolidado com a reunião do concilium dos homens-bons do concelho. No entanto, foi como importante praça militar que Celorico da Beira se foi desenvolvendo e que em conjunto com Trancoso e Linhares, formava um poderoso triângulo defensivo da Beira. D. Dinis terá feito desta fortificação uma verdadeira praça militar, datando também desta época a edificação de uma torre de menagem; também D. Fernando terá efetuado obras na fortaleza. Por três vezes esta praça militar serviu de refém para penhor de pazes; a primeira delas foi na paz assinada a 25 de Novembro de 1325, entre D. Dinis e D. Afonso IV, seu filho; na segunda vez entre D. Afonso IV e D. Afonso XII de Castela. Por fim, em 1373, Henrique II de Castela recebeu-a como refém de D. Fernando. Na Revolução de 1383-85, o alcaide de Celorico apoiou a causa do Mestre de Avis o que acabou por envolver Celorico num novo cerco espanhol. Em 1512, D. Manuel I, outorgou foral novo à povoação e elevou-a a vila, ordenando o restauro da fortaleza. O senhorio de Celorico da Beira esteve, ao longo do tempo, na posse de várias famílias: antes do reinado de D. Fernando, esteve na posse de Martim Vasques de Sousa, passando depois para as mãos de D. Isabel, filha ilegítima de D. Fernando, por altura do seu casamento com o Conde de Gijon. No reinado de D. Manuel, o senhorio passou para o primeiro Conde de Portalegre e mais tarde, já no reinado de D. Pedro II passou para André Lopes de Lavre.

Bandeira de Celorico da Beira

Cultura e Turismo :

              O concelho de Celorico da Beira dispõe de um vasto património de grande beleza, quer ao nível paisagístico, quer monumental e artístico, sendo vários os locais de interesse a serem visitados neste concelho. Existem no concelho várias praias fluviais, entre as quais as da Mesquitela, de Vale de Azares, da Lajeosa do Mondego, a praia dos Doutores, e a de Rapa, sendo também de destacar vários pontos turísticos como a Penha dos Prados, a serra de Linhares da Beira, a Pedra sobreposta, em Rapa, a pedra cavaleira, em Lageosa do Mondego, o barroco d'el rei, a forca de Forno Telheiro; a necrópole de S. Gens, e os castelos de Linhares e de Celorico da Beira. Este último está protegido como Monumento Nacional e domina o vale do Mondego e de onde se vislumbram em dias claros, os castelos de Linhares, Guarda e Trancoso. Também protegido como Monumento Nacional é o castelo de Linhares, situado num contraforte a Noroeste da Serra da Estrela, sobranceiro à povoação de Linhares e rodeado por penedos graníticos escarpados. O Centro Cultural de Celorico da Beira é a principal infra-estrutura do concelho e dispõe de um auditório com 250 lugares, encontrando-se também neste lugar a biblioteca municipal. De destacar ainda no concelho de Celorico da Beira é o Solar do Queijo da Serra da Estrela, um espaço de lazer e cultura, onde o visitante pode tomar contacto com as iguarias gastronómicas da região, bem como visitar a sala museu, onde podem ficar a conhecer mais sobre a principal atividade deste concelho.

Lenda da Truta : 

         A história de Celorico da Beira está vincada nos diversos cercos de que foi alvo. O mais famoso dos quais ocorreu em 1245 por D. Afonso III atribuindo-se ao alcaide-mor de então, Fernão Rodrigues Pacheco, a célebre Lenda da Truta. Durante o cerco, quando tudo parecia perdido, eis que surgiu nos céus, sobre o castelo, uma águia com uma truta nas garras. A ave deixou cair o peixe dentro das muralhas facto esse aproveitado por Fernão Pacheco. Em vez da truta ter sido cozinhada e distribuída pelos habitantes cercados, este mandou confeccioná-la para ser oferecida ao Bolonhês… Com este sinal de “abundância”, Afonso III resignou ao cerco libertando Celorico… Na história mais recente, durante as Invasões Francesas, Celorico serviu de quartel-general dos aliados.



Gastronomia : 

          Da tradicional gastronomia do concelho de Celorico da Beira, destacam-se: a carne marrã, a sopa de grão, as migas de bacalhau, o borrego ou cabrito à moda da vila e os enchidos com grelos salteados. Na doçaria, o destaque vai para o arroz doce e para o requeijão.