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sábado, 15 de junho de 2013

Viagem e visita ao concelho da Vidigueira

Brasão de Vidigueira

Localização

           A Vidigueira é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região do Alentejo e sub-região do Baixo Alentejo, é sede de um município com 314,20 km² de área e subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Portel, a leste por Moura, a sueste por Serpa, a sul por Beja e a oeste por Cuba.


História

        A existência da Vidigueira como povoação só se encontra documentada a partir do século XIII. A análise das personalidades marcantes da região, aliada aos factos históricos mais importantes, contribuem para melhor conhecer o percurso do concelho até aos nossos dias. As descobertas arqueológicas revelaram um património importante. A própria natureza encarregou-se de dotar as terras da Vidigueira com maravilhas que constituem o património natural destas terras. O concelho da Vidigueira fica no coração do Alentejo, na fronteira do Baixo com o Alto Alentejo, entre Beja e Évora. A Serra do Mendro, que dá corpo a essa fronteira, abriga o concelho pelo lado norte; a leste corre o Rio Guadiana, enquanto a sul e oeste se espraia a vasta planície.
Na serra, os montados alimentam de bolota o porco alentejano, dando origem a saborosos enchidos e presuntos, e a flora silvestre dá às abelhas a matéria-prima para um mel de primeira. Na planície, as hortas, os laranjais, e a trilogia mediterrânica que domina os campos, feita de searas, olivais e vinhas, dá origem a afamados produtos de qualidade (o pão, o azeite, e sobretudo, o vinho) que projectam o nome da Vidigueira no exterior. É neste cruzamento de serra, planície e rio, que assenta a diversidade e o carácter excepcional destas terras de pão e de vinho, e suas gentes de paz e de cante. 
A história da região estende-se ao longo dos séculos, mantendo-se até hoje vestígios dos povos que por lá passaram. Na riqueza histórica são notórias as influências da igreja católica. Entre o valioso património da Vila da Vidigueira destacam-se a Igreja de S. Francisco, a Torre do Relógio e a Torre de Menagem (vestígio do que foram os Paços do Castelo).
Esta riqueza de património histórico também é visível no resto do concelho. Em Pedrógão, está presente na Igreja Matriz, Torre do Relógio e Capela de Santa Luzia. Na aldeia de Marmelar, já no sopé da serra, sobressai entre o típico casario, a Igreja Paroquial de Sta. Brígida, de inspiração mudéjar. Selmes é uma aldeia tradicional na planície alentejana, atravessada pela Ribeira do mesmo nome, sobre a qual se ergue uma pequena ponte que se diz ser romana. Dos seus monumentos destacam-se a Igreja Matriz de Sta. Catarina e um conjunto urbano típico, pontuado por 6 nichos em alvenaria que constituem as Estações da Via Sacra. Na mesma freguesia, mas já no sopé da serra, está Alcaria da Serra, pequena aldeia de interessante arquitectura popular, onde se destaca a Igreja de N. Sra. das Relíquias.
Nas proximidades da Vila de Frades, encontram-se as Ruínas Romanas de S. Cucufate. Este impressionante conjunto arquitectónico é exemplar único na Península Ibérica, e conserva ainda um primeiro andar. Posteriormente adaptado a Convento, manteve-se aberto ao culto até ao século XVIII. Pode visitar-se também na povoação e arredores, as Igrejas Matriz e da Misericórdia, as Ermidas de S. Brás e de Sto. António.

Bandeira de Vidigueira

Heráldica

Brasão: de negro, com uma torre torreada de prata aberta e iluminada do campo, envolvida por uma videira troncada da sua cor, folhada de verde e frutada de púrpura. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres «Vila da Vidigueira» em negro.

Bandeira: esquartelada de branco e de verde. Cordões e borlas de prata e de verde. Haste e lança douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal da Vidigueira».


Cultura e Turismo

            Na região da Vidigueira existem vários pólos de interesse, desde os monumentos históricos, passando pelos vestígios arqueológicos e com particular realce para a beleza natural das margens do Guadiana e outros cursos de água. A riqueza do município está presente em cada recanto, cada povoação que vale a pena conhecer. 
Único monumento nacional do concelho, as ruínas arqueológicas encontram-se em local pouco elevado, mas dominando visualmente a paisagem a sul, até Beja. As suas origens estão associadas à época romana, altura em que foi instalada uma villa no centro de uma exploração agrícola. No entanto, acredita-se que a sua ocupação inicial remonta à Idade de Ferro. Por volta de finais do IV milénio, já os nossos antepassados do neolítico final tinham escolhido aquele local de habitat, talvez temporário, uma vez que não foi encontrada qualquer estrutura associada aos materiais arqueológicos dessa época.
Sem dúvida, foram as realizações do período romano que, de forma indelével, marcaram este sítio. Com algumas descontinuidades, transformações e adaptações, a ocupação deste mesmo espaço prolongou-se até aos finais do século XVIII. No período mulçumano (séc. X ou XI) estabeleceu-se no edifício uma comunidade de frades que ali viveu possivelmente até à segunda metade do sec. XII, tendo S. Cucufate por seu padroeiro. O edifício foi abandonado, talvez por ameaçar cair em ruína. No decorrer das escavações arqueológicas descobriu-se nas traseiras da villa o cemitério medieval dos frades. A adaptação da antiga villa a templo cristão deixou marcas na arquitectura. A descoberta de pinturas murais nas ruínas de São Cucufate contribuiu para colocar este importante marco da história local no caminho da rota dos frescos. As pinturas estiveram durante muito tempo escondidas por detrás de uma camada de cal. Após a villa romana ter sido considerada um monumento nacional, o IPPAR criou em Vila de Frades um Núcleo Museológico na Casa do Arco, edifício cedido pela Câmara Municipal da Vidigueira. As paredes gastas de São Cucufate guardam segredos que ainda estão por desvendar. Guardião da planície, abençoa e enche de orgulho as gentes da região.
Da antiga residência da família Gama restou apenas uma torre quadrada, que se eleva no lado ocidental da vila. Não existem descrições ou registos de como seria a contrução e decoração deste edificio. Torna-se difícil saber se nos seus tempos aúreos esta edificação seria uma fortaleza ou um paço acastelado. A sua construção data do século XV por acção do 2º duque de Bragança, D. Fernando, senhor da vila nessa época. Serviu de domicilio a Vasco da Gama e aos condes da Vidigueira que o procederam. Foi depois abandonado, não se sabe nem quando nem porquê. O povo da Vidigueira acelerou o processo de decadência, ao retirar as pedras do castelo para serem utilizadas na construção das suas casas. Na década de 80, a Câmara Municipal, com a intenção de salvaguardar o que restava deste património, mandou restaurar e elevar os muros ainda existentes. Colocou-se ao lado uma janela, possivelmente do século XVI e de estilo manuelino, encontrada em Vila de Frades. Suspeita-se que a janela chegou a fazer parte do antigo palácio dos condes da Vidigueira. Construiu-se ainda um adarve a que se pode subir por uma escada exterior, proporcionando acesso a um improvisado miradouro, de onde se tem uma vista que abrange a vila da Vidigueira, os campos e povoações circundantes. Pode ainda avistar-se ao longe a torre de menagem do castelo de Beja.
A barragem de Pedrogão, situada na freguesia de Pedrogão, foi construída com a finalidade primária de funcionar como barragem de contra-embalse, recuperando-se assim parte da água usada em Alqueva para produzir energia e para servir os subsistemas de rega de Ardila e Pedrogão. A sua construção deu origem à Albufeira de Pedrógão, um espelho de água que é hoje uma zona protegida. A variedade e riqueza de ecossistemas que se encontram no lago artificial constituem mais uma razão para uma visita à região. A própria barragem, com uma altura de 43 metros, comprimento de 472 metros, impressiona quem por ali faz um passeio. A natureza permanece em constante renovação. A abundância de água torna as terras ainda mais férteis. Existe o cuidado de preservar a fauna e flora características daquela zona. Os passeios ecológicos constituem uma opção saudável para quem visita o concelho. O projecto da barragem de Pedrógão veio impulsionar a economia e turismo da região. A albufeira que origina tem uma capacidade útil de cerca de 54 hm3 possuindo um espelho de água de 11 km2. É a segunda maior barragem do empreendimento Alqueva beneficiando a população envolvente com um estimulo económico decorrente de actividades promovidas em torno da albufeira, sejam elas da vertente agrícola ou turística.

São CucufateBarragem de Pedrogão


Gastronomia

           A Vidigueira orgulha-se da sua gastronomia tradicional, que reúne à mesa os produtos regionais, como o pão, o azeite, as carnes e peixes do rio, numa combinação original e saborosa. O extenso receituário inclui pratos simples, como a típica açorda d'alho, ou outros mais elaborados. Segredos passados de geração em geração, que conquistam quem tem a boa sorte de os degustar. Para a panela vão todos os legumes que a terra produz, nas pequenas hortas da região. Batatas, couves, cenouras, feijão, favas... mais uns enchidos ou toucinho para dar gosto. Quando os legumes escasseiam, basta um pouco de azeite, coentros, alhos e água quente para molhar umas fatias de pão e fazer uma saborosa açorda. Na serra, os montados alimentam de bolota o porco alentejano, dando origem a saborosos enchidos e presuntos. O borrego é outro dos animais criados na região. A caça, uma actividade com bastantes adeptos, fornece também carnes de qualidade, que estão na base dos tradicionais ensopados e assados. Um manancial de pratos que ganham fama fora das fronteiras do município. A influência do rio Guadiana na gastronomia da Vidigueira traduz-se em imensas receitas à base de peixe. Os pescadores trazem para a mesa enguia, sável, saboga, lampreia, tainha, bogas, corvina, esturjão e robalo. A arte da culinária alentejana transforma o peixe fresco em pratos de complexidade diversa e de dar água na boca. Confeccionados à base de carnes, moluscos e legumes, a mesa alentejana é rica em petiscos. No verão, os caracóis e as ameijoas estão prontos para ir ao lume, temperados com uma mão cheia de ervas aromáticas colhidas no campo. No inverno, os cogumelos da região, conhecidos como silarcas, são preparados com ovos ou carne frita, um verdadeiro manjar dos deuses. A gila e o mel fazem parte intriseca da doçaria alentejana. Receitas que são relíquias legadas pelas freiras e doceiras, passadas de geração em geração. Dos fornos da Vidigueira saem biscoitos e bolos regionais como as pupias, bolos de mel, bolos folhados e escarapiadas. No Natal sobressaem as filhós e na páscoa o arroz doce e o tradicional folar.

                                                                                                         Caracóis 
CaracóisBorrego
Borrego 
                                                                                                          Pupias 
PupiasEscarapiadas
Escarapiadas