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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Viagem e visita ao concelho de Alcoutim

Brasão de Alcoutim

Localização

        Alcoutim é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Faro, e região e sub-região do Algarve,até à divisão administrativa, estabelecida em 1832, pertencia à província do Alentejo.
É sede de um município com 575,36 km² de área e subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Mértola, a leste pela Espanha, municípios andaluzes de El Granado, Sanlúcar de Guadiana e San Silvestre de Guzmán, a sueste por Castro Marim, a sudoeste por Tavira e a oeste por Loulé e Almodôvar. 


História

          A presença humana no território que constitui atualmente o concelho de Alcoutim poderá remontar ao Paleolítico Médio. Foram descobertos recentemente vestígios arqueológicos deste período, na freguesia do Pereiro. Mas terá sido a partir do Neolítico (5.000 a.C. a 3.000 a.C), que as populações construtoras de megálitos se fixaram um pouco por todo o território de Alcoutim. Testemunhos dessa presença são os vários exemplos de monumentos megalíticos espalhados pelas cinco freguesias - antas, menires, tholos ou cistas megalíticas merecem a sua visita. São também muitos os elementos que nos atestam a continuidade de comunidades humanas nos períodos que se seguem - necrópoles de cistas da Idade do Bronze e do Ferro.
No Período Romano abundam os vestígios que nos indicam a existência de comunidades organizadas em núcleos habitacionais ou núcleos familiares. Sobretudo na zona litoral, onde se concentram os melhores terrenos agrícolas, é comum detetar essa presença romana. Aqui, o grande rio do Sul - o Guadiana - exercia uma grande atração como via de penetração das rotas comerciais, que ligavam esta terra a todo o Mediterrâneo. Também a presença visigótica se evidencia em Alcoutim, por vezes mesmo numa continuidade de ocupação dos mesmos espaços romanos, como no caso da Estação Arqueológica junto à localidade ribeirinha do Montinho das Laranjeiras, a cerca de oito quilómetros a sul da vila de Alcoutim.
Os quinhentos anos do domínio islâmico em Alcoutim, além da abundante toponímia, deixaram-nos perto de uma centena de sítios identificados até ao momento, o que nos demonstra a sua forte presença neste espaço.
Após a reconquista cristã, (que terá ocorrido entre 1238, momento em que se conquista Mértola, e é tomada Ayamonte), Alcoutim é integrada no território português. A 9 de Janeiro de 1304, D. Dinis dotou-a de foral que virá a ser reformado em 20 de Março de 1520, por D. Manuel I. Nos finais do século XV, torna-se num condado a favor dos marqueses de Vila Real. A família Meneses manteve este condado até ao século XVII, momento em que os seus bens são integrados na Casa do Infantado (1654). A constituição de Alcoutim não pode ser dissociada da sua posição estratégica do ponto de vista militar, nem da importância do rio Guadiana como via comercial. Durante o século XIX, depois das lutas liberais em que é ocupado pelos Miguelistas (1833), Alcoutim perde definitivamente essa posição estratégico-militar e é incorporado, total ou parcialmente, pelos concelhos vizinhos. O concelho, reorganizado desde finais do século XIX nas cinco freguesias com que se mantém actualmente, pertence à comarca de Vila Real de Santo António.

Bandeira de Alcoutim

Cultura e Turismo

 Serra do Caldeirão

     Encaixada entre o Alentejo a norte, e o "Algarve" a sul, funcionava mais como uma zona tampão do que como zona de transição. Ainda hoje, os seus habitantes não se reveem na imagem típica do algarvio, são serranos e não é raro ouvir-se dizer que se vai ao Algarve. A totalidade da serra atinge mais de 300 mil hectares, mas a maior parte do terreno é pouco fértil, pratica-se sobretudo uma agricultura de subsistência.
A serra é caracterizada por associações vegetais típicas de encostas húmidas, representadas predominantemente por medronho e esteva, e por associações de sobreiral misto e pinhal. Existem ainda bosques densos de azinheiras. Ao longo da serra existem três zonas distintas - uma que desce para o Guadiana, a partir dos Moinhos da Menta e do Barranco do Velho; outra que segue daí para Silves e para Monchique; a terceira, voltada a poente, que desce para a costa alcantilada do sotavento. A primeira, na qual o concelho de Alcoutim está inserido, tem um clima com características continentais acentuadas, embora nitidamente mediterrânicas, predominando, além da cultura cerealífera, a azinheira, em pequenos e disseminados bosques de densidade tão fraca que não formam povoamento.
A "Serra do Caldeirão" é mais do que um território, tem uma identidade muito própria de gentes e costumes, que se refletem numa gastronomia, tradição e cultura únicas.

Rio Guadiana

       Uadi, sinónimo de rio, nome dado a rio pelos muçulmanos, e Anas, nome dado ao rio pelos romanos. Uadi Ana, eis que surge Guadiana, o grande rio do sul. O Rio Guadiana nasce na província espanhola de Albacete e tem uma extensão total de cerca de 830 Km e uma área de bacia de 65 000 km2, dos quais 10 000 Km2 em território português.
Depois de um percurso de 780 Km, o rio torna-se navegável nos últimos 48 Km, entre o Pomarão e Vila Real de Santo António, onde a sua largura varia entre 100 e 500m.
Observando as paisagens marcadas pela vegetação espontânea mediterrânica, a ruralidade das pequenas povoações, orlas de cultivo ribeirinhas e o estado de preservação dos "habitats" de muitas espécies animais, percebe-se que são o produto da relação milenar da comunidade local com o Rio Guadiana e as suas zonas envolventes. Pelas suas características ambientais, ecológicas e paisagísticas, o rio e as suas ribeiras, margens e povoações, constituem um elemento inestimável do património de Alcoutim.
História - Na primeira metade do séc. VIII AC, os navegadores fenícios começaram a instalar-se nas costas meridionais da Península Ibérica. Dois séculos mais tarde, os gregos estabeleceram os primeiros contactos com as comunidades locais, atraídos pela riqueza dos recursos mineiros da região.
O Guadiana foi a via natural de penetração de sucessivos povos da bacia mediterrânica no Sudoeste da Península Ibérica (cartagineses, romanos, árabes) e passou a inscrever-se nas rotas comerciais mediterrânico-atlânticas. Ouro, prata, cobre, trigo, couro, azeite, mel, sal e pescado foram alguns dos produtos que animaram o tráfego fluvial duarnte dois milénios.
Após a ocupação cristã do algarve (séc. XIII) e da Andaluzia (séc. XV), o Guadiana consolidou-se como fronteira entre os Reinos de Portugal e Espanha. As praças fronteiriças de Castro Marim, Alcoutim e Mértola, entregues às Ordens religioso-militares de Cristo e de Santiago, asseguraram o povoamento e defesa dos territórios raianos e a segurança da circulação fluvial.
Em troca dos produtos da Serra, os povoados dispersos do Nordeste algarvio recebiam do litoral, através do rio, o peixe, o sal e os frutos. Ainda que ilícita, esta atividade, que é referida no tratado de Alcanises, foi importante como meio de vida dos alcoutenejos. Naturalmente que as terras junto ao rio tinham propensão para o crescimento deste género de atividades. Os alcoutenejos trocavam muitas vezes as atividades do campo (relacionadas com a agricultura, pastorícia e a cerealicultura) pelo contrabando, uma atividade mais problemática, mais perigosa mas muito mais rentável.
O contrabando fazia-se por toda a margem do rio, a passagem ilícita era feita a nado, às "cargas" de trigo, cereais, figos, café, ovos e gado, bens escassos em Espanha durante a Guerra Civil. O conhecimento dos horários das patrulhas, e até a sua constituição, eram explorados pelos contrabandistas. Dizia-se que os melhores guarda-fiscais eram os que já haviam sido contrabandistas. Os guarda-fiscais tinham os seus postos de vigia ao longo do rio, que eram visíveis uns dos outros, comunicando entre si através de sinais luminosos.

O Artesanato é o trabalho manual ou a produção de um artesão que, através da utilização de técnicas e saberes ancestrais, expressa, no objeto que constrói, a cultura de um povo.
Conhecer o artesanato de uma região é abordar o seu passado, sentir as suas tradições e costumes, contactar com os seus valores ancestrais e perceber o que se desenha hoje aos nossos olhos. 
Apesar das atividades artesanais estarem a desaparecer um pouco por todo o país, no concelho de Alcoutim ainda se confecionam tradicionais peças de lã e de linho (mantas, alforges, etc.), bordados e rendas, tapeçaria tipo Arraiolos e mantêm-se outras atividades tradicionais como a cestaria em cana e em vime, a olaria, o ferreiro de forja ou o sapateiro. Aqui cresceu também um tipo de artesanato mais recente, resultante da capacidade de adotar, adaptar e inovar técnicas artesanais. É o caso das bonecas de juta (Oficina Flor da Agulha), simbolizado figuras típicas da região, e das flores de palha de milho (Lutão de Baixo), bem como nas mais variadas peças de barro (Martinlongo e Cortes Pereiras).
Local de recreio e lazer por excelência, a Praia Fluvial do Pego do Fundo, em Alcoutim, é atualmente um dos maiores atrativos turísticos do concelho. Situada na ribeira de Cadavais, já próximo da foz com o rio Guadiana, a praia está equipada com um vasto leque de infraestruturas e serviços. Para além do apoio de praia, com bar, sanitários, duches, parqueamento automóvel e acessos adaptados para pessoas com mobilidade reduzida, a praia dispõe de um parque de merendas, com cobertura e mesas de madeira, um parque geriátrico, campo de voleibol e uma área para atividades lúdicas e desportivas é uma praia vigiada.
Com uma excelente localização, junto à zona de expansão urbana e bastante próximo das unidades hoteleiras existentes, este espaço abraçado pela natureza assume contornos paradisíacos, sendo, sem dúvida, uma excelente escolha para passar memoráveis momentos de lazer e convívio.



Gastronomia : 

         A proximidade do rio Guadiana, a riqueza cinegética e a agricultura, praticadas no concelho de Alcoutim, refletem-se na sua gastronomia. A  carne de porco, o pão e o azeite são os grandes pilares da alimentação no concelho. A matança do porco, habitualmente entre novembro e dezembro, proporciona alimento para todo o ano, porque, para além de todas as partes do porco serem comestíveis, a sua carne é fácil de conservar. O pão é utilizado para confecionar diversos tipos de pratos e tem a vantagem de se poder aproveitar mesmo depois de duro - as migas, sopas, açordas, gaspacho ou ensopados são habitualmente confecionados a partir de pão duro. O azeite é conseguido através da azeitona, fruto da oliveira. Depois da apanha da azeitona, selecionam-se as que servem para fazer conserva e as que serão transformadas em azeite. Mas como se consegue o azeite? Na sua forma tradicional a azeitona era moída em moinhos, a massa era espremida em "queijeiras", colocava-se a massa numa bolsa de pano cru e juntava-se água bem quente, espremendo-se até sair todo o azeite, que corria para um alguidar de barro com um orifício na parte inferior tapado com um pequeno pau, que no final era retirado, saindo a "água ruça" e ficando o azeite. O azeite é gordura essencial e saudável para a confeção dos pratos ou tempero dos alimentos. Nas zonas mais próximas do rio Guadiana, o peixe também faz parte dos pilares da alimentação, nomeadamente a lampreia, a enguia, o barbo e o muge. Estas bases são complementadas pelos produtos da horta (frutas, legumes e hortaliças), pelas árvores (oliveira, amendoeira, figueira e medronheiro, etc.) e pelas plantas e ervas aromáticas (orégãos, poejos, coentros, etc). No campo da doçaria, de realçar o bolo de massa de pão, o nógado, as filhós, os folares e as azevias. A acompanhar as refeições não pode faltar um bom vinho caseiro. No final, um digestivo - uma aguardente de figo ou de medronho ou um dos licores tradicionais.
                                                                                                         Nógado 
Nógados Chouriças
Chouriças 


Gaspacho
Gaspacho