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terça-feira, 26 de março de 2013

Viagem e visita ao concelho das Caldas da Rainha

Brasão de Caldas da Rainha

Localização

           O concelho de Caldas da Rainha está integrado no distrito de Leiria, ocupa uma área de 255.9, distribuída por 16 freguesias, faz fronteira a Norte com o concelho de Alcobaça; a Este com o de Rio Maior, do distrito de Santarém; a Sul com o de Bombarral e Cadaval; a Sudoeste com Óbidos e a Oeste com o Oceano Atlântico. As principais unidades geomorfológicas do concelho de Caldas da Rainha são a Lagoa de Óbidos e as praias junto a ela; os escarpados; as formações aluvionares junto à baía de S. Martinho; e as arribas da Serra do Bouro. O concelho é percorrido no sentido Noroeste/Sudeste pela ribeira de Alfeizerão e pelo rio Tornada, ambos afluentes da baía de S. Marinho; no sentido Este/Oeste, o concelho é atravessado pelo rio da Cal, afluente da Lagoa de Óbidos. Na Praça da República (conhecida popularmente como "Praça da Fruta") realiza-se todos os dias, da parte da manhã, ao ar livre, o único mercado diário horto-frutícola do país, praticamente inalterável desde o final do século XIX. 


História

       A história do concelho de Caldas da Rainha está intimamente ligado com a criação da sua estância termal e hospital, pela influência da Rainha D. Leonor, sendo exatamente a este facto que deve o seu topónimo. Esta estância é já mencionada num documento de 1222, tratando-se do testamento de D. Zoudo que lega um morabitino para a melhoria dos banhos nas caldas de Óbidos, outro a uma albergaria ali existente e outro à confraria do Espírito Santo. As caldas são de novo mencionadas num compromisso de Gafaria de Santarém de 1223, onde se pode ler: "Se o gafo ou gafa quiser hir em Romaria ou aas calldas..." receberia o equivalente a 12 dias de ração. Já em 1336 são de novo mencionadas numa carta de Álvaro Pais, Bispo de Silves a D. Afonso IV em que informa que seguia para as caldas de Óbidos para se tratar de uma doença de pele. Em 1473, é celebrado o contrato de casamento entre D. João e D. Leonor, no qual são reconhecidos os direitos que caberão a D. Leonor sobre as vilas de Lagos, Sintra, Torres Vedras e Óbidos. Um ano depois, D. Afonso V concede privilégios a quem se fixar nas "caldas de Óbidos" e em 1482, D. Leonor é nomeada donatária do concelho de Óbidos. Em consequência da peste que assolara a cidade, D. João sai de Lisboa e ordena à Rainha que proceda da mesma forma, de modo que D. Leonor parte para as suas casas em Óbidos. Por essa altura, decide melhorar as condições dos banhos das Caldas, consultando o mestre António sobre a escolha da localização do estabelecimento. Em 1485 D. Leonor nomeia Álvaro Dias Borges "provedor das ditas caldas" e iniciam-se então as obras do balneário. Três anos depois, D. João II passa uma carta de privilégios e liberdades a 10 moradores e estabelece um couto de 20 homiziados. A partir dessa altura, as Caldas passam a ter uma "Câmara e Vereação de Juízes e Oficiais" independentes de Óbidos. No mesmo ano, o novo balneário recebe os primeiros doentes, sendo que D. Leonor deverá então ter dado ordem para o início do plano de construção de um hospital consagrado a Nossa Senhora do Pópulo. Em 1490, a rainha D. Leonor dá a sentença a propósito da demarcação meridional das terras dos coutos e das terras da coroa que estavam em causa no conflito entre Óbidos e a Abadia de Alcobaça. Por carta Régia de D. João II, é atribuído às caldas o privilégio de possuir Juiz de Sisas, tendo sido nomeado para essa encargo o provedor Dias Borges. Em 1495, foi autorizada, através da bula papal de Alexandre VI, a construção da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo. Em 1496, a rainha pede indulgências ao papa Alexandre VI para os visitantes da capela de Nossa Senhora do Pópulo que mandara edificar nas termas das Caldas, no mesmo ano dirige ao mesmo papa uma súplica para que seja instituída uma capelania privada na capela que mandara edificar nas termas das caldas de Óbidos, solicitando também a isenção da capela relativamente à jurisdição dos priores de S. João do Mocharro de Óbidos, o que lhe foi concedido. Entre os anos de 1496 e 1497 deu-se a conclusão das obras no hospital, sendo que em 1497, D. Manuel confirma a carta de privilégios concedidos aos moradores das Caldas e no ano seguinte, beneficia o se hospital com a possibilidade de "possuir até 300 reais de renda". Em 1501, D. Manuel torna mais extensivos os privilégios concedidos aos primeiros caldenses e dois anos depois a vila das Caldas possuía já tabelião próprio das notas e judicial. Através de carta régia de 1511, D. Manuel institui a vila de Caldas e demarca o seu termo e em 1526, D. João III confirma os privilégios aos moradores das Caldas. 
Em 1836, o concelho de Caldas da Rainha era formado pelas freguesias de Caldas da Rainha, Tornada, Coto, Salir de Matos, Carvalhal Benfeito, Santa Catarina, Alvorinha e Vidais. Já em 1855 foram integradas no concelho mais duas freguesias: Serra do Bouro e Salir do Porto. Em 1895, em consequência da reforma administrativa são integradas no concelho das Caldas as freguesias de S. Martinho, Alfeizerão e Famalicão, sendo que o concelho de Peniche, de terceira classe passou então a ser tutelado pelo das Caldas. Em 1896 as freguesias de Famalicão e Santa Catarina passam a integrar o concelho de Alcobaça. Em 1898 a freguesia de Santa Catarina volta a pertencer ao concelho das Caldas da Rainha, enquanto que S. Martinho do Porto e Alfeizerão regressam a Alcobaça. Em 1927, Caldas da Rainha é elevada à categoria de cidade.
Em 1957 foi criada a freguesia de Nadadouro, desmembrada da de Serra do Bouro.

Bandeira de Caldas da Rainha

Heráldica :

          Caldas da Rainha mantêm como armas, o brasão da Rainha D. Leonor, ladeado à esquerda pelo seu próprio emblema (o camaroeiro) e à direita pelo emblema de D. João II (o pelicano). Ao manter estas armas, a cidade é das poucas povoações do país a possuir um brasão anterior à normalização da heráldica municipal levada a cabo no princípio do século. 

Cultura e Turismo

            O concelho de Caldas da Rainha é conhecido sobretudo pelo seu hospital termal, fundado por D. Leonor. Dadas as suas características, as águas das cinco nascentes desta estância termal (Pocinho da Copa, Piscina dos Homens, Piscina das Mulheres, Piscina Escura e Fonte do Arco) são particularmente recomendadas para o tratamento de reumatismos crónicos e outras perturbações do aparelho locomotor e do aparelho respiratório. Ainda ao nível de recursos naturais, o concelho beneficia da proximidade da lagoa de Óbidos. Esta lagoa é alimentada por água salgada e água doce e é palco de diversões de vários desportos náuticos, como a vela, windsurf, jetski, canoagem e pesca desportiva. Na confluência da lagoa com o mar localiza-se a praia de Foz do Arelho que para além de proporcionar agradáveis banhos de mar, dispõe de uma bonita paisagem da extensão da lagoa e das suas margens de densa vegetação. A este nível, destaca-se também a praia fluvial de Salir do Porto, banhada pelo rio Tornada (ou Salir) que desagua na Baía de S. Martinho do Porto. Um outro atrativo deste concelho é sem dúvida a sua riqueza patrimonial e os vários monumentos que a cidade possui, sendo de se destacar o já referido Hospital Termal, o Jardim D. Carlos, os Paços do Concelho e a Torre da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, mais uma das obras de D. Leonor. O parque D. Carlos I insere-se no conjunto que rodeia o hospital termal, projetado pelo arquitecto Rodrigo Berquó em 1889, este parque teve como antecedente o antigo passeio da Copa, este último aberto em 1799. Em 1948 foi remodelado por Francisco Caldeira Cabral, possuindo atualmente vários equipamentos recreativos e culturais. Os Paços do Concelho tiveram a sua origem em 1794, por ordem de D. Maria Ana da Áustria, esposa do rei D. João V e tinham como principal objectivo albergar a câmara e a prisão. Este é um belo exemplar de arquitetura Joanina, com uma fachada rematada na parte superior pelo escudo real e onde se integra um relógio e uma torre sineira, alterações efetuadas já no século XIX. O concelho de Caldas da Rainha dispõe também de várias unidades museológicas como o Museu do Hospital e das Caldas, o Museu José Malhoa, o Museu da Cerâmica, o Atelier-Museu António Duarte, o atelier Museu João Fragoso, o Museu da Fábrica das Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro e o Museu da Fábrica Secla. O Museu José Malhoa encontra-se localizado no Parque Carlos I e acolhe várias obras dos mais notáveis pintores portugueses, bem como uma biblioteca de arte que contém documentação sobre os artistas representados. No Museu da Cerâmica pode-se encontrar uma vasta coleção de peças de cerâmica dos vários pontos do país.
                                                                                                Lagoa de Óbidos 
Hospital Termal 

Jardim D. Carlos

Gastronomia :  

        O concelho de Caldas da Rainha dispõe de uma gastronomia variada e rica, sendo de se destacar os bivalves, as enguias, os choquinhos, os robalos e os linguados da Lagoa, acompanhados com deliciosos vinhos brancos aromáticos das encostas de Alvorninha. Na doçaria, o realce vai para as cavacas, os beijinhos, as trouxas de ovos e os queijinhos do céu.
                                                                                                                 
                                                                                                              Cavacas
Arroz de Enguias 

Trouxas de Ovos