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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Viagem e visita ao concelho da Ribeira Brava - Madeira

Brasão de Ribeira Brava

Localização

           A Ribeira Brava é um município português na ilha da Madeira, Região Autónoma da Madeira, com sede na freguesia homónima. Tem 65,40 km² de área e é subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de São Vicente, a leste por Câmara de Lobos, a oeste pela Ponta do Sol e a sul tem litoral no oceano Atlântico.



História

        (…) e pozeram muitos dias no caminho até chegarem dahi a três léguas a uma furiosa ribeira, na praya da qual estava aguardando o capitam, que em terra desembarcara, e tinha ahi traçado huma povoação, a que deu nome Ribeira Brava, pela que corria neste logar (…)  Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra (respeitando-se a grafia original do autor)
A origem do nome deve-se à sua ribeira (a Ribeira Brava), que em épocas de chuvas apresentava um caudal muito forte, chegando a causar, no passado, estragos ao longo dos oito quilómetros do percurso.
Localizada na costa sudoeste da ilha da Madeira, a Ribeira Brava é uma das localidades mais antigas da Madeira. Esta localidade, devido à sua orografia, teve um papel muito importante nas comunicações entre todos os pontos da ilha. Começada a povoar nos inícios do século XV, entre o primeiro e o segundo quartel, foi das primeiras freguesias da ilha, logo criada na sequência das do fuchal e Machico, pouco depois da morte do infante D.Henrique em 1460. Nasceu a importância da Ribeira Brava da sua ribeira, comunicação essencial com o interior da ilha e do seu porto mar. Era então um porto onde os barcos não encostavam ou ancoravam, mas encalhavam. Só entre 1904 e 1908 foi construído um pequeno caís de acostagem e desembarque, furando-se a rocha a leste da futura vila, para acesso ao pequeno desembarcadouro (hoje de maiores dimensões, permitindo a acostagem de barcos de pequeno e médio porte). Este concelho é o de criação mais recente na ilha da Madeira, criado precisamente em 1914, no dia 6 de Maio, e recebeu categoria de vila em 1928, sendo sede de município. O concelho da Ribeira Brava, com uma área de 65 km2, é formado por quatro freguesias; Campanário, Ribeira Brava, Serra de Água e Tabua; foi criado a 6 de Maio de 1914, para o qual contribuíram em grande parte os esforços do Visconde da Ribeira Brava, Francisco Correia Herédia. Devido à sua paixão pela vila, mais tarde adicionou o nome Ribeira Brava ao seu nome, passando a ser, Francisco Correia de Herédia Ribeira Brava. O Visconde dotou a vila de grandes melhoramentos, tais como, o alargamento e abertura de ruas, a construção de um pequeno teatro e a reedificação do forte de S. Bento.
A economia municipal assenta na agro-pecuária, comércio retalhista e turismo (restauração e hotelaria), destacando-se ainda o papel da administração local. Na agricultura, predomina o cultivo da batata, de culturas hortícolas extensivas, a horta familiar, os frutos subtropicais e a vinha. A pecuária tem também um peso importante na economia concelhia, nomeadamente na criação de aves, suínos e caprinos. Somente cerca de 13% (138 ha) do seu território é coberto de floresta e cerca de 510 ha correspondem a terrenos para a prática agrícola. Este concelho é rico em actividades e produtos artesanais, como os bordados, a cestaria em vime, os tapetes de retalhos, o empalhamento de garrafas, os trabalhos em fósforos, as obras de cana e os bordados da Madeira em tela.

Bandeira de Ribeira Brava

Heráldica

Armas - Em campo de verde, uma torre de prata; em chefe, quatro estrelas de cinco pontas do mesmo metal; em contraa-chefe, uma banda ondada, de ponta, aguada de azul.

Bandeira - Branca, com brazão ao centro e cordões e borla de verde. Listel branco, com a legenda "Ribeira Brava", de verde.

Selo - Circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres "Câmara Municipal da Ribeira Brava".


Cultura e Turismo :

             Situado a apenas quinze quilómetros do Funchal, o município da Ribeira Brava possui um património cultural do qual fazem parte a Igreja Matriz, uma pequena fortificação, o Forte de São Bento da Ribeira Brava, o Museu Etnográfico da Madeira, instalado numa antiga casa que funcionou, a partir do século XIX, como engenho de moagem de cana de açúcar e produção de aguardente e um pequeno núcleo museológico, dedicado a arte sacra, onde se encontra o tesouro da Matriz.
Podemos ainda encontrar a antiga moradia do fundador do Concelho, Francisco Correia de Herédia, visconde da Ribeira Brava. No antigo solar, datado dos séculos XVIII/XIX, encontra-se a funcionar o edifício da Câmara Municipal, possuindo no seu interior um magnífico jardim, com inúmeras espécies naturais. 
FORTE de SÃO BENTO - A defesa da Ilha foi sempre uma das preocupações constantes, tanto por parte dos reis, como dos donatários da ilha. Assim, era necessária a defesa da costa perante os inimigos. A sua construção foi determinada pelo governador Duarte Sodré Pereira para defesa daquele ancoradouro.
Por vezes alguns piratas atacavam a costa, vivendo as populações ribeirinhas em constante sobressalto.
Pequena Torre de planta circular, coberta por um terraço ameado com guarita. Embasamento em pedra aparente encimado por cordão saliente e, superiormente, em alvenaria de cimento apresentando tratamento respingado, com incisões a emitar cantaria.Na fachada principal virada a norte, abre-se um portal em arco de volta perfeita, encimado por inscrição e armas nacionais. Do lado do mar pode-se observar um pequeno nicho contendo uma imagem de S.Bento. Este forte foi mandado levantar em 1708 pelo Governador da Madeira, Duarte Sodré Pereira, com o intuito de defender as opopulações dos ataques de piratas e corsários. Em 1920 esta pequena fortificação foi alugada à Câmara Municipal para servir de prisão. 
Em 1815 há referências sobre a um pequeno forte triangular junto à embocadura da ribeira, e um outro denominado de Forte de S. Sebastião, que foram ambos arruinados por um aluvião em 1803, dos quais não restaram vestígios. Um outro é o Forte de S. Bento, que naquela época estava arruinado. Em 1916 adiantavam-se obras para a sua recuperação e embelezamento do que hoje pode ser visto na Marginal da Ribeira Brava.
Antigo Convento Franciscano -No início do século XVII, o Convento de Santa Clara do Funchal, possuía o domínio directo de diversas propriedades no lugar da Ribeira Brava, uma casa térrea na antiga Rua da Bagaceira , denominação seiscentista da artéria onde hoje se situa o Museu Etnográfico da Madeira, foreira àquele convento, foi adquirida por Luís Gonçalves da Silva, capitão das ordenanças da Ribeira Brava, que casou, em 1682, com D. Antónia de Meneses. O capitão Gonçalves da Silva, ampliou então a sua moradia, tendo-lhe acrescentado um piso e, na ilharga sul do prédio, mandou edificar, em 1710, uma capela dedicada ao patriarca São José, onde viria a ser sepultado. Ainda podemos observar, embora modificado, implantado no edifício onde se acha instalado o Museu Etnográfico, o portal da referida ermida. Luís Gonçalves da Silva e sua mulher, por disposição testamentária, efectuada em 1716, instituíram um vínculo perpétuo imposto na casa onde residiram, em diversas fazendas e na própria capela de São José, o qual seria somente abolido em 1860. Em 1853, José Maria Barreto, último administrador do vínculo de São José, converteu o arruinado solar numa unidade industrial, tendo para o efeito constituído uma sociedade com Jorge de Oliveira., foi então ali montado um engenho de moer cana-de-açúcar, de tracção animal e um alambique de destilação de aguardente , em 1862, a sociedade fabril, com um novo sócio, o Pe. João António de Macedo Correia e Freitas, passou a utilizar energia hidráulica, instalando-se, nesse ano, uma roda motriz de madeira, servida por una levada, e um engenho de moer cana com três cilindros de ferro horizontais. Em, 1868, funcionavam também naquela fábrica dois moinhos de cereais. 
Ocorreram depois, ao longo dos anos, sucessivas transacções das quotas da empresa e, finalmente, em 1974, os herdeiros de João Romão Teixeira, proprietários do edifício, venderam-no à junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal. O Governo Regional da Madeira decidiu instalar no antigo engenho de aguardente da Ribeira Brava o Museu Etnográfico da Madeira, projectado pelo arquitecto João Francisco Caíres foi inaugurado em 15 de Junho de 1996. 
IGREJA DE SÃO BENTO - Rª BRAVA - Não se sabe ao certo a data da fundação da antiga capela de São Bento, que foi a sede da paróquia e da colegiada, devendo a sua existência remontar ao segundo quartel do século XV. Esta capela sofreu varias alterações e reparos até que se construiu a actual igreja paroquial. É um dos mais antigos templos rurais desta diocese, tendo passado por diversos acrescentos e modificações, mas a sua primeira edificação não deve ser posterior à segunda metade do século XVI, no entanto, numa análise sobre a igreja hoje existente, chega-se à conclusão de ter sido um pequeno templo com um interessante portal pré-manuelino, em princípio, hoje colocado como portal da capela do Santíssimo. Trata-se de um portal de três arquivoltas góticas, dotados de capitéis historiados, praticamente sem paralelo na ilha. Por outro lado, podemos atribuir a essa pequena escola manuelina os trabalhos da pia baptismal e do púlpito da matriz, havendo, na inscrição da pia, a indicação de ser oferta do rei D. Manuel I.
Tendo com orago a S. Bento, a Igreja é dotada de um portal de três arquivoltas góticas, dotados de capitéis historiados, praticamente sem paralelo na ilha. A sua construção data do Séc. XVI, sendo modificada através dos séculos até chegar ao edifício actual. No seu interior, a igreja possui três altares principais: o altar-mor e outros dois laterais. A capela-mor é denominada por um magnífico retábulo de talha dourada e policromada dos finais do séc. XVII, atribuído à oficina da Manuel Pereira de Almeida, igualmente responsável pelos outros dois altares. Poderá encontrar também no conjunto interessante de imagens, uma imagem monumental da Nossa Senhora do Rosário, de produção flamenga, talvez das oficinas da Antuérpia, datada de cerca de 1520. A matriz ainda possui uma magnífica tábua atribuída ao pintor flamengo, Francisco Henriques, representando Nossa Senhora. S. Bento e S. Bernardo. No seu interior podemos encontrar trabalhos manuelinos como os capitéis, o púlpito da Matriz e a pia baptismal (oferta de D. Manuel I), bem com de um pequeno núcleo possuindo um espólio de 66 peças, no qual existem castiçais em prata, coroas, varas, galhetas, cálices, caldeirinhas e outros materiais em prata datados do séc. XVI, XVII.





Gastronomia

             Na gastronomia do concelho da Ribeira Brava destaca-se o bacalhau à Ribeira Brava, a carne vinho e alhos, a típica açorda madeirense, a espetada de carne de vaca, as semilhas com conduto de carne de porco, o bolo do caco, o pão caseiro amassado com batata-doce e o bolo de noiva. No que concerne a sopas, temos a sopa de abóbora amarela, a caldeirada de peixe, a sopa de trigo e a sopa de agrião. Na doçaria existe o bolo preto, o bolo de mel, as broas de mel entre inúmeros pudins confeccionados com os frutos da época. A nível de bebidas temos a tradicional poncha e os vinhos que provêm das vinhas do concelho.
                                                                                                                    Rebuçados de funcho e avenca
Açorda 

Bolo de mel