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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Viagem e visita ao concelho de Ferreira do Alentejo

Brasão de Ferreira do Alentejo

Localização :

        Ferreira do Alentejo é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região do Alentejo e sub-região do Baixo Alentejo, é sede de um município com 648,45 km² de área e subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Alcácer do Sal e do Alvito, a leste por Cuba e por Beja, a sul por Aljustrel, a sudoeste por Santiago do Cacém e a oeste por Grândola.


História

       A excelente qualidade do solo que circunda o actual concelho e vila de Ferreira do Alentejo bem como a proximidade de linhas de água determinaram, certamente, a fixação humana nesta zona há cerca de 43 séculos. Tal ocupação é confirmada pelo espólio arqueológico abundantemente encontrado na estação calcolítica que se estende ao longo das margens da ribeira do Vale D’Ouro. A arqueologia revelou-nos e confirmou-nos ainda a presença, neste concelho, dos Romanos, do Visigodos e do Povo Islâmico. Presenças estas ainda confirmadas pelos próprios vestígios arquitectónicos como o sejam, no caso deste último povo, por exemplo, as construções de corpo cúbico com cobertura cupular – “Kubba” – que se podem encontrar em Villas Boas, S. Vicente ou ainda em S. Sebastião. 
Quanto a fontes escritas propriamente ditas estas são muito escassas e até omissas quanto á data de fundação deste povoado. Deste modo apenas sabemos através dos documentos da chancelaria régia de D. Sancho II e de D. Afonso III que o território foi conquistado aos mouros em 1233 e foi doado, no ano seguinte, à Ordem de Santiago. Dependente, espiritualmente, do bispado de Évora, só em época mais tardia se constituiu o seu alfoz pelo foral da Leitura Nova, concedido em Lisboa a 05 de Março de 1516, concelho que não incluía os curados de Vilas Boas, Peroguarda e Alfundão, dependentes das matrizes de Beja. 
Ferreira teve castelo, situado ao pequeno cômoro do actual Cemitério Público, filial dos espatários de Alcácer do Sal, de que era alcaide em 1527, Francisco Mendes do Rio, e em 1708 Baltazar Pereira do Lago. Esta fortaleza desapareceu totalmente e, segundo informação de um particular, Francisco António Mattos, por volta de 1800, apesar de já estar arruinada, ainda ostentava algumas das famosas nove torres, o fosso e a barbacã. Por volta de 1839 deliberou a Junta de Paróquia de então, construir nesse terreno o Cemitério Público cujas obras para sempre esconderam a antiga fortaleza. Aliás a recordar a memória dessa exuberante fortaleza apenas restou o escudo da Ordem dos Espatários que ainda hoje encima a entrada principal do Cemitério Público de Ferreira do Alentejo. No ano de 1627 foi criada a Comarca de Ferreira do Alentejo, em consequência da reforma da Ordem de Santiago e da aprovação régia Filipina dos novos Estatutos, comarca que abrangia as vilas de Torrão, Aljustrel e Alvalade, isto no domínio espiritual, porquanto no domínio temporal a vila era administrada por um juíz de fora, três vereadores, procurador do concelho, escrivão da Câmara, juiz de órfãos, com escrivão e oficiais, alcaide e capitão-mor, assistido por duas companhias, uma de ordenanças e outra de auxiliares. Em 1762 Ferreira pertencia á Ouvidoria de Beja, e no ano de 1811, estava judicialmente anexada á Vila de Torrão. Nesta altura pertencia á Comarca e Provedoria de Ourique , Diocese de Beja e donatária da coroa. Em 1821 Ferreira era concelho da divisão eleitoral de Beja e da comarca de Ourique. Em 1842, Ferreira era um dos concelhos do distrito administrativo de Beja e compreendia cinco freguesias, a saber: Ferreira e Villas Boas, Figueira dos Cavaleiros, Alfundão, Peroguarda e Santa Margarida do Sadão. Só por volta de 1874 é que a freguesia de Odivelas, também ela pertence do concelho, ficou sob a tutela de Ferreira do Alentejo.
Com o advento da República a 5 de Outubro de 1910, Ferreira do Alentejo sofreu algumas alterações arquitectónicas que acabariam por empobrecer patrimonialmente a actual vila.  Apesar de ter sido habitada por algumas ilustres famílias transtaganas, como os Estaços, os Galvões, os Lanças, os Sousas, os Mouratos, os Miras, os Pereiras, os Ravascos Silvas, os Menas, os Vilhenas e os Passanhas, não conservou mansões apalaçadas do passado e somente a estes últimos se deveram a construção dos principais edifícios urbanos que, a partir do século XIX, enobreceram a vila. Entre esses edifícios podemos apontar, a título de exemplo, o da Quinta de São Vicente, pertencente á famílias Passanha , e a casa nobre que se ergue na Rua Conselheiro Júlio de Vilhena n.º 4 / 6, que pertenceu á casa agrícola Jorge Ribeiro de Sousa, herdeiro dos condes de Avilez e Boa Vista e da Morgada da Apariça. 
Ferreira foi igualmente berço de importantes personagens que assumiram especial e relevante destaque no campo das letras e da religião, de entre os quais destacamos o conselheiro Júlio Marques de Vilhena, importante figura dos últimos tempos da  Monarquia Constitucional.

Bandeira de Ferreira do Alentejo

Cultura e Turismo : 

         Ferreira é coroada pela beleza da antiga Igreja da Misericórdia que exibe um importante Portal Manuelino e um belo retábulo maneirista que hoje se guarda no Museu Municipal, sediado a menos de 20 metros, na rua onde nasceu o grande intelectual e político do Século XIX, Júlio Marques de Vilhena.
Junto à Praça Comendador Infante Passanha, avista - se a Igreja Matriz que evoca a Ordem de Santiago de Espada e onde podemos admirar dois túmulos góticos pertencentes ao Comendador D. João de Sousa e sua esposa, D. Branca de Ataíde. Digna de conhecer é ainda a Galeria de Arte, Capela de St.º António e o Espaço Artesão onde se podem admiram miniaturas de alfaias agrícolas. Na extremidade norte da Rua Capitão Mouzinho, avistam - se a sui generis  cravejada de enigmáticas pedras de tom negro. Nas suas imediações encontra - se o posto de turismo. Um pouco mais abaixo, a  e o seu cruzeiro de 1940 emblezam a alameda Gago Coutinho e Sacadura Cabral. É também aqui que podemos admirar a histórica imagem que acompanhou Vasco da Gama na descoberta do caminho marítimo para a India.
Nas proximidades, a cerca de 2 Km da sede de concelho, ergue - se a Villa Romana do Monte da Chaminé com ocupação que remonta ao século I A. C.
A poucos quilómetros, Peroguarda, classificada a aldeia mais portuguesa do Baixo Alentejo, encanta com o seu branco e singelo casario que contrasta com o verdejante trigo ondulante e a sua Igreja St.ª Margarida que ainda apresenta traços quinhentistas.
Nesta pequena freguesia está sepultado o grande etnomusicólogo, Michel Giacometti, que se enamorou pelo misterioso cante alentejano, tradição local de relevante valor cultural. Na singela Aldeia de Alfundão encontra - se uma bela e rústica Ponte Romana.



Gastronomia

      Em Ferreira do Alentejo pratica - se a boa e típica cozinha alentejana onde os enchidos, a açorda de alho, o ensopado de enguias do Sado, a carne de porco à alentejana, a açorda de beldroegas, a açorda de carrasquinhas, as famosas migas e o gaspacho regados com o bom vinho da Herdade do Pinheiro não deixam ninguem indiferente. A coroar a refeição sugerimos os ferreirenses (bolos de amêndoa e gila) que estão à venda na pastelaria Singa e na padaria Pão da Aldeia.
Poderá adquirir a embalagem de acondicionamento, em cartão, que está disponível na Loja do Museu e no Posto de Turismo.
                                                                                                        Gaspacho 
GaspachoAçorda de Alho
Açorda de Alho