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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Viagem e visita ao concelho de Almodôvar

Brasão de Almodôvar

Localização

        Almodôvar é uma cidade portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região do Alentejo e sub-região do Baixo Alentejo, é sede de um município com 777,88 km² de área e subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Castro Verde, a leste por Mértola, a sueste por Alcoutim, a sul por Loulé, a sudoeste por Silves e a oeste e noroeste por Ourique.


História :

         A origem de Almodôvar diluí-se na luminosidade dos campos alentejanos. Entre histórias e lendas é difícil atribuir à vila, com precisão, uma origem, uma cultura e uma época.  Na realidade, foram vários os povos que passaram pela Península Ibérica e marcaram, com o peso da sua cultura, as terras alentejanas. Almodôvar, no entanto, aparece pela primeira vez assinalada nos mapas do tempo dos Árabes ou Muçulmanos, com o nome de Al-Mudura. Almodôvar é a corrupção da palavra árabe Al-Mudura que significa "a coisa em redondo, ou cercada em redondo". E, de facto, Almodôvar foi reedificada pelos árabes no século VII, altura em que a vila foi cercada de muralhas e edificado um castelo, cujos vestígios, no entanto, desapareceram.   Almodôvar pertenceu ao mestrado de Santiago a quem concedeu Foral EL-Rei D. Dinis em 17 de Abril de 1285, o que demonstra ser esta vila, já nessa época um centro importante.
Concedia-lhe D. Dinis, nessa Carta de Foral grandes poderes entre os quais "o de o povo não pagar portagem em parte nenhuma" nem "os gados da vila e seu termo pagarem montas" como consta do Livro de Regimento de Verdes e Montados. Mais tarde, D. Manuel I, em 1 de Junho de 1512 deu novo Foral à vila, confirmando e ampliando os privilégios concedidos por D. Dinis. Este novo Foral concedia muito mais regalias, insenções e de prerrogativas mais latas. A igreja matriz é o mais imponente monumento da Vila de Almodôvar, na simplicidade das suas colunas toscanas, na riqueza dos altares laterais e na sumptuosidade do altar-mor, mandado construir por D. João V.
Mas para Almodôvar, há um acontecimento de grande valia e objecto de grande estima e orgulho: trata-se da existência aqui da primeira espécie de uma Universidade de Teologia do Sul de Portugal, que funcionou no Convento de Nossa Senhora da Conceição. Parte da Biblioteca desta Universidade encontra-se hoje na Câmara Municipal. O Convento referido que ainda hoje existe foi fundado em 1680 por Frei José Evangelista, lente jubilado da Universidade com os bens que herdou dos seus pais. Lançou a primeira pedra a 2 de Setembro de 1680. Apesar da riqueza histórica do Concelho de Almodôvar, é pelo afecto que se aprofundam e interiorizam todas as presenças do passado, longe dos estereótipos do mundo moderno. Almodôvar continua fiel às suas origens, às suas tradições, à sua história.

Bandeira de Almodôvar

Heráldica

Armas: De negro, com um castelo de ouro aberto e iluminado de vermelho. Orla de prata carregada por quatro abelhas de negro, realçada de ouro alternadas, com quatro bolotas de verde, troncadas e folhadas do mesmo. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres "Vila de Almodôvar", de negro.
Selo: Circular, tendo no centro as peças das armas, sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro dos círculos concêntricos, os dizeres "Câmara Municipal de Almodôvar".
Bandeira
Esquartelada de amarelo, que representa o ouro, e vermelho. Cordões e borlas de ouro e de vermelho. Lança e haste dourada.
Abelhas: "A sua região é muito fértil, com (...) muitas colmeias (...). Tem várias indústrias, sendo rica em (...) cortiça (...)".
Castelo: "Vila antiga (...), tem o seu castelo de notável antiguidade e muralhas que fechavam os limites da vila".
Bolotas: "A sua região é muito fértil com grandes montados (...). Tem várias indústrias, sendo rica em (...) cortiça (...)"

Significado das cores das peças

O negro (Esmalte): do campo de armas e das abelhas, simboliza a terra e significa firmeza e honestidade.
O branco: da orla (da vila), representa a prata e significa humildade e riqueza.
O amarelo: do castelo, do realçado das abelhas e da bandeira, representa o ouro e significa fidelidade, constância e poder. 
O vermelho: da bandeira e da iluminação do castelo,  representa a luz (claridade).
O verde: das bolotas, significa fé e esperança.

Cultura e Turismo

 Barragem do Monte Clérigo 

Situada a apenas 5 km da Vila de Almodôvar é um local de beleza inolvidável. Um espelho de água de perder de vista onde são permitidas a prática de algumas actividades como a pesca desportiva ou a canoagem. Valerá a pena ainda percorrer o seu leito e deslumbrar-se a fauna e floras que o envolve. Durante o ano poderão ser observadas algumas aves aquáticas como patos-reais (Anas platyrhynchos), galeirões (Fulica atra), mergulhões-pequenos (Tachybaptus ruficollis), e até garças-brancas (Egretta garzetta) e garças-reais (Ardea cinerea) que aqui poderão poisar em busca de algum peixe ou anfíbio.     

Pêgo da Cascalheira

Localizada na Freguesia de Santa Cruz, este é um local fantástico, onde poderá apreciar as águas límpidas que atravessam a Ribeira do Vascão, e descobrir os moinhos de água e os açudes existentes. Pertencente à Zona de Protecção Especial do Vale do Guadiana, pois alberga alguns espécimes raros, a ribeira do Vascão é uma zona rica e protegida que merece uma atenção especial, já que aqui se encontra, por exemplo, um dos últimos redutos do saramugo (Anaecypris hispânica), peixe típico do Guadiana e que pode estar prestes a desaparecer.

Igreja Matriz de Santo Ildefonso

A escolha de Santo Ildefonso (monge e abade do mosteiro beneditino de Toledo, e depois bispo da mesma cidade, que viveu no século VII) como padroeiro da paróquia de Almodôvar constitui um interessante reflexo da presença da espiritualidade monástico - militar no Baixo Alentejo, difundida pelos freires da Ordem de Avis que seguia a Regra de São Bento. 
Porém, a primitiva igreja matriz desta vila, pertencente em tempos ao padroado real, foi doada por D. Dinis, no ano de 1297, à Ordem de Santiago. Esta teve aqui uma das suas colegiadas, formada por um prior e três beneficiados. 
O templo actual, traçado em 1592 pelo arquitecto Nicolau de Frias, constitui um exemplo muito elaborado da tipologia de “igreja-salão”, com três naves de quatro tramos cobertas de abóbadas, revelando grande sentido de unidade espacial. O desenho rigoroso da lanimetria, o ritmo da composição dos alçados e a própria atenção conferida ao tratamento dos pormenores, como as seis colunas toscanas em que assentam as arcarias de vulto perfeito, são bem reveladores do sentido de depuração classicizante atingida por este modelo nos finais do século XVI, em consonância com a austeridade da Contra-Reforma.
D. João V determinou uma remodelação parcial do edifício, assim descrita em 1747 pelo Padre Luís Cardoso: “porque a capela-mor se achava arruinada, e por sua pequenez fica imperfeito o edifício da igreja, que é o maior templo desta
comarca, foi Sua Majestade servido mandar pelo Tribunal da Mesa da Consciência, e Ordens, se derrubasse, e se fizesse regular ao restante da igreja, e se acrescentasse tribuna, que de presente se anda fazendo”. Estas obras vieram a ser completadas com a encomenda à oficina do entalhador eborense Sebastião de Abreu do Ó dos sumptuosos altares de talha dourada e policromada da nave, cuja riqueza denota pujança das diversas confrarias e irmandades da matriz.
Nos séculos XIX e XX realizaram-se outras intervenções de vulto que modificaram substancialmente a fábrica maneirista, a última das quais teve lugar na década de 1950. Data de então o painel de Severo Portela, representando o Baptismo de Cristo no Jordão, que ornamenta o baptistério.
A paróquia de Almodôvar conserva na igreja um importante acervo de alfaias litúrgicas, em parte oriundo do antigo Convento de Nossa Senhora da Conceição da mesma vila, que pertenceu à Ordem Terceira de São Francisco.

Convento de Nossa Senhora da Conceição

Situado a este da vila, pertencia à Ordem Terceira de S. Francisco e foi fundado em 1680, por Frei Evangelista, lançando-se a primeira pedra a 2 de Setembro daquele ano. Todos os seus altares são de talha dourada, dos finais do século XVII e princípio do século XVIII. O tecto da capela-mor está pintado, esta capela tem ainda três quadros: um com o presépio e dois relacionados com o Casamento da Santíssima Virgem com S. José. Por baixo dos quadros existem dois extensos painéis de azulejos de cor, predominantemente azul. À entrada do templo está colocado um órgão de tubos, de estilo oriental. Esta igreja tem apenas uma pequena torre sineira, no frontispício.

Artesanato
O Concelho de Almodôvar é bastante rico no que diz respeito às artes tradicionais pouco conhecidas do público, onde nascem peças únicas das mãos do artesão e que são inspiradas no imaginário popular e nos costumes desta região.
Algumas destas artes já desapareceram e outras encontram-se em vias de extinção, facto que deriva do aparecimento de novas tecnologias e da produção industrial em massa, a qual prima pela quantidade…em prejuízo da autenticidade.
Calçado, cadeiras, queijos, meias de linha, mantas de lã, albardas e malhins, aguardente de medronho, bonecas, miniaturas, mantas de retalhos, mel e seus derivados, trabalhos em tear, ferraria, fabrico de linho, fabrico da cal, latoaria, cestos , colchas de linho, carroças, telhas de canudo…tudo se fazia no Concelho de Almodôvar há pouco mais de 25 anos…
Existia uma variedade imensa de artes e ofícios, de entre os quais se destacavam os sapateiros, as tecedeiras, os ferreiros, os latoeiros, os padeiros, os moleiros, os albardeiros, os alfaiates, os apicultores, os cesteiros, os tosquiadores e os abegões.
A indústria do calçado artesanal teve grande impacto no Concelho almodovarense e há cerca de 50 anos eram mais de 60 os sapateiros. De referir que existiu em Almodôvar, o primeiro Sindicato Nacional de Sapateiros, fundado em 1942, o qual chegou a ter 200 associados, facto bem demonstrativo da importância que este ofício assumiu. Hoje, ainda se encontram alguns sapateiros artesanais que se encontram no activo. 
Actualmente, das restantes artes e ofícios, há que destacar as mantas de lã e de retalhos, os artigos de cartucheira, os trabalhos em latoaria e a cestaria que saem das preciosas mãos dos artesãos e que se transformam em memórias inesquecíveis da tradição e cultura do povo almodovarense.


Gastronomia
                                                                                                        Sopa de Lebre
Sopa de LebreAçorda de Perdiz
Açorda de Perdiz

                                                                                                         Pupias Caiadas
Pupias CaiadasPastéis de Requeijão
Pastéis de Requeijão