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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Sernancelhe

Brasão de Sernancelhe

Localização :

           O concelho de Sernancelhe encontra-se situado na zona Interior Norte de Portugal, no distrito de Viseu, abrangendo uma área de 231.4 Km2 , distribuída por dezassete freguesias. O concelho tem por limites a Norte os concelhos de Tabuaço e S. João da Pesqueira, confronta com Penedono e Trancoso a Nascente, com Moimenta da Beira a Poente e com Vila Nova de Paiva e Aguiar da Beira respectivamente a Sudoeste e a Sul. O rio Távora constitui o principal elemento hidrográfico do concelho de Sernancelhe; este rio acompanha o limite do concelho a Sul, afastando-se depois para o interior do município, e entra na barragem do Vilar junto da Vila da Ponte. Na margem ocidental do rio Távora desaguam várias ribeiras, entre as quais são de destacar a ribeira de Ferreirim e a ribeira de Medreiro. O curso de água mais importante que nasce no concelho é o rio Vouga, cuja nascente é nas vertentes da Serra da Lapa, a uma altitude de 950 metros. Relativamente à topografia do concelho, é de apontar a presença de duas serras: a serra da Lapa a Sudoeste e a Serra do Pereiro a Sudeste. A Serra da Lapa abrange as freguesias de Quintela e Granjal, tendo uma altura máxima de 960 metros; já a Serra do Pereiro abarca as freguesias de Cunha, Arnas e Sernancelhe (parcialmente). A área abrangida pelo concelho assenta na área de jurisdição da Delegação Florestal de Trás-os-Montes e está integrada na Zona Florestal Beira Douro e Távora.




História :

         A origem do topónimo principal do concelho não está ainda totalmente definida, existindo várias opiniões relativamente ao seu sentido; assim, segundo alguns autores, o topónimo parece ser de origem antroponímica, tendo em conta a sua forma antiga, "Sentorzelli", tratando-se do genitivo do nome pessoal "Seniorcellus" que deve ser um derivado do latim "Senior", com sufixo "-cellus", apesar deste ser mais vulgarmente aplicado a nomes comuns e não a nomes próprios. Uma das referências escritas mais antigas relativa a Sernancelhe data de 960, tratando-se do testamento da Condessa D. Flâmula que manda vender mais de dez castelos seus da Estremadura, entre os quais o de Sernancelhe, em benefício do Mosteiro de Guimarães. Segundo consta, os senhores do Castelo de Sernancelhe teriam sido D. Rodrigo e Dona Leodegúndia Dias que deixaram as suas possessões a sua filha Flâmula Rodrigues. Esta doou-as para venda a favor dos cativos, peregrinos e mosteiros e o cenóbio vimaranense acabou por lograr tudo, vindo a transferi-lo à Sé bracarense, talvez em tempo de João Peculiar ou de Paio Mendes "da Maia". Em finais do século X, o castelo de Sernancelhe foi tomado pelos mouros, para de novo voltar ao poder dos cristãos com a entrada de Fernando "O Magno", por volta de 1057. A 26 de Outubro de 1124, Sernancelhe beneficia de foral, concedido pelo notável rico-homem D. Egas Gosendes de Ribadouro, senhor da vila e do seu termo. O povoamento de Sernancelhe foi operado a foro de jugaria e de cavalaria, pois permitia a elevação de peões a cavaleiros desde que eles pudessem obter e sustentar o cavalo, ou égua e ter armas. O cargo de rico-homem de Sernancelhe que passara de Egas Gosendes a Egas Moniz e deste a seu filho Soeiro Viegas, ficou deste a seu filho, D. Lourenço Soares. Quando se fez a concórdia entre D. Afonso II e as suas irmãs promovida pelos juizes pontífices e os abades de Espina e Urseira, foram reclamados nas respectivas actas, por parte do rei, para segurança dos castelo em litígio, os castelos de Sernancelhe e outros vizinhos. Em 1295, D. Dinis concedeu por carta ao concelho de Sernancelhe uma feira mensal, na vila, que tem continuidade na que se realiza de quinze em quinze dias, às Quintas-feiras, e que é das mais animadas da região da Beira Litoral. Em meados do século XII, foi feito um contrato que estipulava que a vila nunca seria doada a nenhum rico-homem; no entanto, no século XV, essa disposição não era já cumprida, uma vez que era donatária de Sernancelhe a Condessa D. Guiomar de Castro. No tempo desta senhora, a vila estava muito despovoada, devido às sujeições senhoriais, à subtracção de avultadas parcelas do termo da vila e por fim, à permanência de certas obrigações alti-medievas, como a dos besteiros. O facto chegou a interessar Guiomar de Castro que apelou a D. Afonso V, mostrando que Sernancelhe estava muito despovoada e pedindo que o rei concedesse que todos os habitantes e todos os que fossem para aí habitar ficassem escusados de ser postos por besteiros do couto, como até então sucedia. Tal obrigação já constava no foral de 1124 que equiparava os besteiros a cavaleiros vilãos, com todas as isenções tributárias destes. O Rei D. Afonso V, por carta de 30 de Agosto de 1462, correspondendo ao pedido de D. Guiomar, isenta os habitantes de Sernancelhe do dito encargo, mas apenas enquanto D. Guiomar estivesse viva. D. Manuel I, em 10 de Fevereiro de 1514 deu foral novo ao concelho. O município medieval de Sernancelhe era muito mais extenso do que o actual, coexistindo com o concelho de Sernancelhe mais dois concelhos e três vilas: Caria e Fonte Arcada e Guilheiro, Vila da Ponte e Lapa, respectivamente. O concelho de Caria foi extinto em 1855 e dele passaram para o de Sernancelhe as freguesias de Caria, Rua, Quintela, Segões, Carregal, Penso e Faia. Do concelho de Fonte Arcada, também extinto pela divisão administrativa de 24 de Outubro do mesmo ano, as freguesias de Fonte Arcada (sede), Freixinho, Ferreirim, Maciera, Escurquela e Chosendo. Ainda pela reforma de 1855, passaram a pertencer a Sernancelhe, Vila da Ponte e Vila da Lapa. Por sua vez, a vila de Guilheiro passou a pertencer desde 1855 a Trancoso. Em 1896, Caria e Rua passaram para o concelho de Moimenta da Beira.

Bandeira de Sernancelhe

Cultura e Turismo :

          O concelho de Sernancelhe encontra-se inserido numa região de grande beleza natural e riqueza patrimonial, características bastante apelativas para o visitante, existindo vários locais onde se pode apreciar os seus atrativos. No concernente a miradouros, são de destacar: o Miradouro da Senhora da Saúde, de onde se pode ver o rio Távora e a barragem de Vilar, o Miradouro da Senhora das Necessidades, com vista sobre a bacia do rio Távora, o Miradouro de Nossa Senhora ao Pé da Cruz, situada na Serra do Pereiro, de onde se pode admirar uma bela vista sobre a vila e montanhas envolventes, o Miradouro de Santo Estevão, o Miradouro do Castelo e o Miradouro Oeste. O rio Távora que atravessa o concelho de Sernancelhe, define em grande parte a sua paisagem e proporciona a prática de pesca e desportos náuticos. A nível de equipamentos culturais, merece especial destaque a sala de leitura, em funcionamento na Sala Joaquim Moreira Lopes, nos Paços do Concelho; este espaço desempenha um papel bastante importante, no âmbito da dinamização cultural e na divulgação literária e artística de todo o concelho.



Gastronomia : 

         Dos pratos tradicionais do concelho de Sernancelhe, destacam-se: os enchidos (o salpicão e a chouriça), o presunto, a bola de carne, a fêvera tenra assada na brasa, batatas a murro assadas em forno de lenha e pão de centeio, para além da típica sopa de castanhas. A sopa doce, as filhós, as rabanadas, arroz doce, o leite creme e as cavacas fazem parte da doçaria regional.