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domingo, 25 de agosto de 2013

Viagem e visita ao concelho das Lajes das Flores - Açores

Brasão de Lajes das Flores

Localização

              Lajes das Flores é um concelho localizado na metade sudoeste da ilha das Flores, no Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores. O concelho, criado em 1515, tem uma área de 69,59 km². É limitado a nordeste pelo município de Santa Cruz das Flores e está rodeado por todos os demais lados pelo oceano Atlântico. A sede é a vila das Lajes das Flores, na costa sul da ilha e onde se situa o porto comercial que a serve. Está dividido em 7 freguesias e é limitado a nordeste pelo município de Santa Cruz das Flores, rodeado por todos os demais lados pelo oceano Atlântico. 

 

História

           A Ilha das Flores pensa-se que foi descoberta em 1452 por Diogo de Teive e seu filho João do Teive tendo o seu primeiro Donatário sido o próprio descobridor. Aparentemente os direitos sobre as Flores e Corvo foram passando de mãos até que por volta de 1500, D.Maria de Vilhena (administradora da capitania em nome do seu filho menor - Rui Telles) ter convidado com o intuito de promover o povoamento da ilha, o flamengo Willem van der Hagen, também conhecido por Guilherme da Silveira, fazendo parte da comitiva, há referência durante a primeira década de Quinhentos, de alguns dos mais importantes povoadores florentinos, nomeadamente: Lopo Vaz, Antão Vaz, Diogo Pimentel e Gomes Dias de Rodovalho. Por volta de 1508-1510 terá ocorrido o povoamento definitivo da ilha sob a direcção dos aludidos povoadores. O reconhecimento oficial da criação da Vila das Lajes ocorreu no ano de 1515, embora a data exacta não seja consensual, contudo, dada a localização geográfica da ilha, a mesma não ficou imune às incursões corsárias, primeiramente de origem mourisca e anos mais tarde de origem inglesa e americana. Os primeiros denotavam alguma inaptidão para a actividade corsária, pelo que os prejuízos causados nunca atingiram grande monta, porém, os últimos demonstraram ter uma propensão inequívoca para a prática da pirataria, tendo os seus ataques causado estragos mais significativos. As populações locais construíram fortificações estratégicas e foram instaladas peças de artilharia que ajudaram a desencorajar tentativas de saque. Lamentavelmente hoje, os vestígios dessas defesas são quase inexistentes. 

Brasão de Lajes das Flores

Heráldica

Armas - De vermelho, com uma vaca de prata malhada de negro, coleirada e chocalhada de ouro, sobre terreiro verde, acompanhada de duas flores de hortênsia de sua cor, folhadas de verde. Em chefe, açor de negro realçado, de ouro, voante, segurando nas garras uma quina de Portugal. Em contr-chefe, um mar ondado de três faixas de prata e de verde. Listel branco com os dizeres: Lajes das Flores.

Bandeira - Esquartelada, de branco e de azul, tendo ao centro o escudo das armas encimado por coroa mural de prata de quatro torres e listel branco com os dizeres a negro: «Lajes das Flores». Haste e lança douradas. Cordões de prata e de azul.

Selo -  Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres: «Câmara Municipal de Lajes das Flores».

Cultura e Turismo

           O Concelho é rico em belezas naturais. As paisagens são deslumbrantes em virtude da profusão de lagoas, quedas de água, formações rochosas e florestas existentes. O mar sempre omnipresente permite vistas fantásticas que não deixam quem as vê indiferente, os aspectos anteriormente descritos podem ser apreciados através de caminhadas pelos trilhos pedestres. Pode ainda practicar outras actividades tais como: banhos de mar, mergulho, observação de cetáceos e canyoning entre outros, para quem gosta do aspecto cultural, pode optar por visitar os museus, os moinhos, as igrejas que se encontram em bom estado de conservação e facilitam o entendimento de onde vimos.

Miradouro das Lagoas – Poço do Bacalhau

Este trilho inicia-se junto ao Miradouro das Lagoas e termina no Poço do Bacalhau, na Ponta da Fajã. Com uma duração aproximada de 3 horas, de dificuldade média, estende-se por 7 km, ao longo dos quais poderá apreciar uma grande diversidade ecológica e geológica que caracteriza o Parque Natural das Flores.
Neste passeio, percorrem-se alguns dos antigos cones vulcânicos, e maars responsáveis pela formação da ilha. Em termos de flora, ao longo do itinerário, encontram-se diversas espécies da floresta de Laurissilva, das quais destacamos o cedro-do-mato (Juniperus brevifolia), o louro (Laurus azorica), o azevinho (Ilex perado azorica), a uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum), o bracel-do-mato (Festuca francoi), a urze (Erica azorica), o sanguinho (Frangula azorica), o folhado (Viburnum treleasei) e o trovisco-macho (Euphorbia stygiana). A avifauna possível de observar consiste, essencialmente, em espécies residentes como é o caso do canário-da-terra (Serinus canarius). Destacam-se alguns endemismos subespecíficos dos Açores: a estrelinha (Regulus regulus inermis), a toutinegra (Sylvia atricapilla gularis), o melro-preto (Turdus merula azorensis), o tentilhão (Fringilla coelebs moreletti) e a lavandeira (Motacilla cinerea patriceae). Também se podem encontrar junto das Lagoas Seca e Branca a galinhola (Scolopax rusticola) e a garça-branca (Egretta garzetta). O percurso situa-se dentro do Parque Natural das Flores, na Reserva Natural do Morro Alto e Pico da Sé e na Área de Paisagem Protegida da Zona Central e Costa Oeste.


Fajã Lopo Vaz

Este percurso começa e termina junto ao Miradouro da Fajã Lopo Vaz e apresenta uma extensão de aproximadamente 4 Km, com um grau de dificuldade médio e duração de cerca de 2 horas. E, chegando à praia poderá aproveitar a oportunidade e tomar um banho refrescante.
O trilho progride por um percurso que alterna entre terra batida, calçada e degraus em pedra. Durante a caminhada poderá observar pequenas quedas de água, onde encontrará agriões (Nasturtium officinale).
As principais espécies faunísticas possíveis de observar são essencialmente aves dos Açores, como o melro-preto (Turdus merula azorensis) e o tentilhão (Fringilla coelebes moreletti), ao longo do trilho existem bonitos exemplares de flora endémica como: a urze (Erica azorica), a faia-da-terra (Morella faya), o pau-branco (Picconia azorica), o bracel-da-rocha (Festuca petraea) e a vidália (Azorina vidalli). No entanto, também encontrará espécies introduzidas, como é o caso da cana-roca (Hedychium gardneranum), do incenso (Pittosporum undulatum) e da hortense (Hydrandea macrophylla). Um aspeto revelador da ação antropogénica neste local, é devido ao seu microclima reputado como o mais quente das Flores. De facto, produzem-se aqui as maiores bananas (Musa sp.) da ilha, para além de figos (Ficus sp.), uvas (Vitis sp.) e araçás (Psidium littorale). O percurso situa-se dentro do Parque Natural das Flores, na Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Costa Sul e Sudoeste.


Museu do Lavrador 

Construída nos inícios do século XX, por Francisco Caetano Vieira – abastado agricultor, reconhecido pela sua voluntariosa bondade em ajudar todos os que dele necessitavam, a Casa do Lavrador já era uma moradia familiar em 1908. 
Emigrado para os Estados Unidos da América do Norte onde se ocupou do pastoreio de ovelhas no estado de Nevada , Francisco Caetano Vieira é o exemplo típico daqueles que por necessidade, um dia tiveram de partir e que depois com o “pé-de-meia” por lá granjeado, somado a um contínuo  trabalho árduo e arrojado, foram conseguindo, na sua terra, uma vida humilde mas farta, a “Casa do Lavrador” é de arquitectura simples, em pedra basáltica revestida de barro e cal, e coberta de telha , importada do Continente ( de tão boa qualidade que ainda hoje subsiste) ,mantendo actualmente a sua volumetria inicial bem como todas as suas divisões, distribuídas por dois pisos, sendo o inferior, térreo, geralmente designado por “loja”, destinado a guardar as alfaias agrícolas e parte das colheitas, o “banco de carpina” e múltiplos utensílios que aí poderiam ser arrumados;  e o andar superior, servido por uma escada exterior, constituindo a habitação propriamente dita, neste  caso , de uma família numerosa, como geralmente costumavam ser todas as da época. Pertencendo ao prédio, um “palheiro” também em pedra, servia de estábulo do gado vacum, fonte de rendimento e imprescindível  no amanho das terras, no transporte e na alimentação. O “estaleiro” para dependurar o milho, o “picadouro” para rachar a lenha e “estendedouro” para o coarar da roupa em lavagem , o tanque para armazenar a água das chuvas, o curral dos porcos , são elementos  externos  que complementam a casa típica do lavrador de outros tempos. Descrevendo o espaço destinado á habitação, realça-se a cozinha com o seu forno de lenha original para a cozedura do pão - base da alimentação diária- e também um espaço destinado à higiene. A “lareira” onde assentavam as panelas de ferro fumegantes sobre o crepitar constante da “lenha” trazida dos matos, combustível único destinado à confecção das refeições diárias, era também o defumador natural que conservava as muitas e fartas “baralhas” de linguiça dos muitos porcos criados para a alimentação da família e para a festa dos dias da suas matanças, embora na cozinha por vezes se tomassem algumas refeições, as famílias numerosas e mais abastadas geralmente destinavam um espaço da casa para esse momento sagrado onde toda a família se reunia à volta da mesa – o quarto de jantar. Sobre essa mesa, ao serão por vezes se jogava às cartas e também nela se escreviam outras cartas, as das saudades para os que estavam longe. À volta dela também era costume rezar.
A sala destinada às visitas era um espaço quase inviolável,  no qual se penetrava em momentos apenas especiais –como as visitas do Espírito Santo por ocasião do “acerto da irmandade” , um lugar de solene convívio onde eram recepcionadas as individualidades da terra que se recebiam em visita, como o padre e os professores ou  em momentos raros de grande festa como por ocasião dos “jantares de Espírito Santo” , geralmente oferecidos em agradecimento de graças alcançadas e onde a um canto se levantava o Altar em frente do qual os “foliões” sobe o chão se pinho resinoso, sempre “escasqueado”,  cantavam e dançavam. O aparelho de “rádio”, muito raro na época, cujas “ondas” eram sintonizadas com muita dificuldade, foi a novidade que vulgarizou o uso da “sala” e que a terá generalizado como  um  espaço de maior  convívio  e utilização. Os quartos de cama, onde se destacava o do casal progenitor, ladeado por um ou mais berços, já que as famílias numerosas deles necessitavam, por vários anos consecutivos, tantos quantos os nascimentos das suas crianças, era contraditoriamente ao pudor dos tempos passados uma parte da casa com acesso facilitado. Nele se entrava  para visitar o doente ou o menino recém-nascido.
O tear necessitava de um espaço que hoje poderíamos considerar um atelier. Havia que preparar a lã e o linho, cardando, fiando, urdindo, tecendo alisando as palhas para trança dos chapéus, costurando as roupas para o trabalho e para o domingo; enfim, um nunca mais parar de trabalhos que à luz da candeia se prolongavam pelo serão. Acomodado numa das divisões, com todos os adereços necessários, ele era um utensílio muito rudimentar mas de grande utilidade na sua finalidade. Todos os objectos expostos, todos eles com a sua história (que aqui seria impossível descrever) e todos eles com a marca indelével dos seus antigos donos, transportando consigo todas as suas vivências e memórias foram generosamente concedidos por pessoas do concelho a quem a Câmara muito reconhecidamente agradece e através deles Lhes presta homenagem.








Gastronomia

           Pratos Típicos: São iguarias da região, os pratos típicos das ilhas dos Açores, como as Sopas do Espírito Santo, Inhame com Linguiça, Cozido de Porco, Torta de Erva do Mar e Cherne Cozido ou Frito, que se podem degustar nos restaurantes Beira Mar (de Ana Paula Andrade), O Brandão (de Jorge Silva), o Porto Velho (de Gabriela Dias) e no Snack-Bar Ocidental (de Emília Câmara). Doces Regionais: fazem parte da confeitaria da região, Doce de Amora e Doce de Araçá.