Translate

terça-feira, 16 de abril de 2013

Viagem e visita ao concelho de Santarém

Brasão de Santarém

Localização

              O município de Santarém é a sede do distrito homónimo, estando integrado na sub-região da Lezíria do Tejo e ocupando uma área de 558.3 km2, distribuída por vinte e oito freguesias, a Norte, o concelho de Santarém faz fronteira com Porto de Mós, Alcanena e Torres Novas; a Sul, com Cartaxo e Almeirim; a Leste, com Golegã, Chamusca e Alpiarça; e a Oeste com Rio Maior e Azambuja. 
O concelho está situado na margem direita do rio Tejo que o limita a Leste e que foi, durante muito tempo, a principal via ribatejana, através da qual eram transportadas pessoas e mercadorias.
O rio Tejo é o principal elemento hidrográfico do concelho, no entanto existem uma extensa rede de canais e valas para rega e drenagem que nele desaguam, bem como diversos rios e ribeiros. Entre estes últimos, destacam-se como mais importantes o rio Maior (ou ribeira da Asseca, no troço concelhio), o rio Alviela e a ribeira de Santo António. No limite Norte do concelho, a serra constitui uma barreira contra os ventos frios do quadrante Norte, influindo assim nas características climáticas do concelho. Na zona do vale do Tejo o concelho torna-se mais plano e aí podem ser encontradas várias valas de rega com diques e vaiados.




História :

       A origem da cidade de Santarém anda envolta em algumas lendas, sendo uma das mais conhecidas a do príncipe Ábidis. Assim, conta-se que em tempos dominava a Lusitânia um rei chamado Gergoris ou Gorgoris, vivendo-se então uma época de grande prosperidade. Certo dia, chegou à foz do rio Tejo, Ulisses de Ítaca e, achando na amenidade do país, "gracioso assento para o seu descanso", decidiu fixar-se nesse sítio onde podia reanimar as forças perdidas e aguardar a propícia ocasião para voltar à sua terra. Gergoris tinha uma filha de nome Calipso, jovem de grande beleza e por quem Ulisses se apaixonou e do amor que os juntou nasceu Ábidis. Gergoris entra em cólera contra os gregos de Ulisses, no entanto, estes temendo a fúria do monarca, partiram e Gergoris ordena então que o corpo do pequeno Ábidis fosse encerrado numa cesta e lançado para o rio Tejo para que as águas do sereno rio se encarregassem de pôr um rápido fim ao fruto dos pecaminosos amores. No entanto, a maré cheia empurrou o cesto rio a cima, fazendo-o ancorar numas brenhas que serviam de covil a uma cerva, ou, segundo alguns autores, a uma loba. A criança foi alimentada pelo animal e fez-se homem até que um dia alguns caçadores, denotando-o, levaram-no à presença de Calipso, que o reconheceu como sendo o seu filho, pela marca de uma cicatriz que tivera à nascença. Também Gergoris, nesta data já idoso, e no termo de um longo reinado de 70 anos, teve notícia de tão estranho caso, e ganhou tanta afeição ao neto que logo o indicou para seu sucessor no trono da Lusitânia. Com a morte do velho rei, Ábidis foi com efeito, seu sucessor, e reza a lenda, rei tão sábio e tão justo nunca governou os reinos lusitanos. Não se esquecendo de todos os acontecimentos que haviam seguido ao seu nascimento, lembrando-se das brenhas onde passara os primeiros anos, decidiu fazer desse lugar inculto e silvestre uma grande e formosa cidade que perpetuasse, pelos tempos fora, a lembrança do seu acidentado nascimento. A esse local se chamou então Esca-Ábidis que significa "manjar ou iguaria de Ábidis". E essa teria sido a origem lendária de Santarém. Apesar das lendas, a realidade é que a região onde se encontra inserido o concelho de Santarém apresenta vestígios de ocupação humana bastante remota e com vestígios da passagem de diferentes povos. Com Júlio César inicia-se a pacificação da Península Ibérica, Santarém foi então tomado aos Túrdulos e recebe o nome Proesidium Jullium, "por assistir nela o mais do tempo que cá esteve", fazendo do seu novo burgo colónia e convento jurídico e uma das mais importantes povoações da Península Ibérica. Nos primórdios da era Cristã, Otávio pacifica por completo a terra peninsular dividindo-a em quatro "conventus": Mérida, Beja, Braga e Santarém, sendo Santarém considerada como um dos mais fortes baluartes da dominação romana, passando então a chamar-se Scalabicastrum.
Com a reforma do Imperador Vespasiano voltaram a existir na Lusitânia, como no tempo de César, três distritos ou "conventus" e Santarém continua a ser a capital de um deles, mantendo assim o seu antigo prestígio.
No século V os povos bárbaros (Alanos, Vândalos, Suevos e Visigodos) entram na península e por volta de 418 conquistam e saqueiam a cidade de Scalabicastrum, destruindo os mais sumptuosos monumentos para que não ficasse lembrança da antiga dominação latina. O nome Scalabicastrum é banido e a cidade passa a denominar-se Escalabis. Com a partida dos Alanos e Vândalos para o Norte de África e com a fixação dos Suevos na parte Norte da península, os Visigodos tornam-se os únicos senhores da Lusitânia. No ano de 653 o rei Recesvinto ocupa a cidade e muda-lhe o nome para Sancta Irene ou Sancta Herena, em memória do sacrifício da virgem nabantina Irene, cujo corpo degolado, segundo a tradição, havia sido conduzido pelas águas do Tejo até parar em frente do velho burgo.

Em 715, Santarém é ocupada pelos mouros, sendo que a partir dessa data cresce o seu valor estratégico-militar, sendo que por várias vezes a cidade vai mudando de ocupantes. Deste modo, sabe-se que Santarém passa ao poder dos cristãos pelas mãos do rei Fruela, que se apossa de muitas terras dos mouros, e vai, com as suas incursões até à Estremadura Espanhola. A reação dos árabes vai dar-se sete anos mais tarde, com Adberramão, do califado de Córdova, que reconquista todas as terras perdidas e atira com os cristãos novamente para o Norte, de onde tinham partido as incursões de Fruela I. Oitenta anos depois, em 842, Ramiro I ocupa Santarém, para no ano de 850 a deixar de novo cair em poder dos muçulmanos. Um século permanece nas mãos dos árabes até que um golpe mais forte por parte de Ordonho III, em 950, faz com que volte ao poder dos cristãos.
Em finais do século X, o grande Califa Almançor investe contra as fronteiras cristãs apossando-se de um grande número de castelos, e Santarém volta mais uma vez a ser pertença dos muçulmanos. A 30 de Setembro de 1093 o monarca leonês Afonso VI reconquista todas as terras que se encontravam até à Foz do rio Tejo e forma com elas um condado com capital em Santarém, cujo governo é entregue a Sueiro Mendes, debaixo da autoridade de D. Raimundo de Borgonha. Torna-se maior então a importância de Santarém, a quem D. Afonso VI concede foral. Porém, em 1110 uma reação mais forte dos Sarracenos trouxe-os de novo até junto de Santarém e após um longo assédio a cidade rendeu-se, diminuindo de extensão o poder dos leoneses. Santarém permanece então no poder dos mouros até ser reconquistada definitivamente por D. Afonso Henriques em 1147.

A tomada de Santarém foi, como o define Herculano, "um acontecimento extraordinário" pois a cidade era então considerada inexpugnável e conquistá-la era ter nas mãos um baluarte de primordial valor, centro de uma região fertilíssima de onde se podiam lançar novos ataques no próprio coração muçulmano na península. Diz Herculano que a conquista de Santarém foi devido a uma inspiração súbita e fecunda que assistiu ao rei dos portugueses. Não dispondo de recursos militares suficientes para conquistar a fortaleza por combate, porque isso acarretaria uma pesada derrota para as suas hostes, o príncipe português deliberou, depois de ouvidos todos os seus principais chefes, acometer Santarém pelo Lado Norte e nele entrar em golpe de surpresa. Era um novo método de combate que poderia agora mostrar-se útil, uma vez que estava provada a impossibilitada de atacar o castelo com o conhecimento dos defensores. Santarém deveria ser tomada mais pela astúcia do que pela força. D. Afonso Henriques tomaria Santarém "à sua moda", isto é, por surpresa. Assim, em 1147 o monarca aproveitando um período de tréguas com os muçulmanos do Tejo, envia a Santarém Mem Ramires, com a missão de estudar as condições de defesa do castelo e as possibilidades de um possível ataque à fortaleza. Só alguns cavaleiros fieis, como Lourenço Viegas, Pero Pais, Gonçalo de Sousa, o prior D. Teotónio e poucos mais, foram postos no conhecimento do que se passava.

A uma Segunda-feira de Março de 1147, saiu D. Afonso Henriques de Coimbra, com alguns cavaleiros e 250 homens de armas indo acampar nesse dia a Alfafar. Na Quinta-feira seguinte atingia-se a serra de Alvardos, sendo que António Brandão localiza aqui o episódio da promessa feita por D. Afonso a S. Bernardo, de doar à ordem cistercense todas as terras que se estendiam desde aquela serra até ao mar, com a fundação de um mosteiro grandioso, caso a boa sorte o acompanhasse na tomada de Santarém. Ao amanhecer de Sexta-feira estavam no alto de Pernes, onde passariam o dia, para à noite marcharem para a tomada do castelo. Só na mata de Pernes, D. Afonso Henriques expôs a todos os membros da sua hoste qual o seu plano de ataque e o imenso desejo que o invadia, de aumentar o património da terra nacional. Ao anoitecer desse dia, partiam todos e o ataque foi desencadeado na calada da noite. Os cristãos arremessaram-se contra os mouros em luta bravia e sangrenta e quando a manhã rompeu, já a bandeira de Santiago se encontrava sobre os muros do castelo de Santarém. A sua posse nas mãos das hostes cristãs representava o início das incursões metódicas e organizadas do soberano português com o fim de expulsar os agarenos dos territórios que estes ainda dominavam. O monarca concedeu então foral a Santarém, mercê que foi confirmada por D. Afonso II em Abril de 1214 e ampliada também pelo filho do rei povoador em 12 de Novembro de 1217.

Durante a primeira Dinastia, Santarém foi residência real e capital do reino durante o reinado de D. Afonso IV e lá se reuniram as cortes por diversas vezes, sobretudo até finais do século XV. As primeiras cortes em Santarém foram realizadas em 1273 e inseriam-se na luta entre D. Afonso III e o clero; voltaram a reunir as cortes em Santarém em 1331, desta feita com a presença de todos os concelhos do reino; em 1334 reuniram-se para tratar do casamento entre o Infante D. Pedro e D. Constança Manuel; em 1340 trataram-se os problemas de gastos excessivos em vestuário, alimentação e artigos de luxo; em 1373 foi assinado nas cortes, o tratado de paz com Castela. Foram realizadas ainda por outras ocasiões cortes em Santarém para tratar de dotes e despesas com casamentos reais, bem como pedidos de empréstimo para tratar de despesas do reino. A sua importância neste período documenta-se por inúmeros privilégios que constam nos seus forais e reflete se nos seus quinze conventos e mosteiros e cerca de quarenta ermidas, dois paços, palácios e solares da melhor nobreza do Reino.
Em 1506, D. Manuel concedia a Santarém o 7º foral da vila, confirmando e aumentando antigos privilégios.

Bandeira de Santarém

Heráldica

Brasão: de azul, com um castelo de prata aberto e iluminado de vermelho, tendo a torre central carregada pelas quinas antigas de Portugal. Coroa mural de prata de cinco torres. Envolvendo as armas, o colar da Torre e Espada, tendo pendente a insígnia respectiva. Listel branco com os dizeres: «Cidade de Santarém».

Bandeira: quarteada de quatro peças brancas e quatro de vermelho. Cordões e borlas de prata e de vermelho. Lança e haste douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, o colar da Torre e Espada, tendo, dentro de círculos concêntricos, os dizeres: «Câmara Municipal de Santarém».


Cultura e Turismo :

          Dadas as suas belezas naturais, bem como o seu património artístico e histórico, o concelho de Santarém constitui um importante polo turístico. De facto são vários os monumentos que merecem uma especial visita por todo o concelho, sendo de se destacar a este nível: as portas do Sol e de Santiago, o que resta da antiga muralha escalabitana; a Torre das Cabaças, uma das antigas torres defensivas das muralhas e cuja designação tem origem nas oito cabaças que se encontravam na parte da armação superior de ferro da torre; a Fonte das Figueiras, obra pública de abastecimento de água à população da freguesia de S. Salvador e que pela sua raridade e qualidade estética é uma das obra mais significativas em território nacional; a capela de Nossa Senhora do Monte que se localizava fora das muralhas, tendo sido construída no reinado de D. Afonso II e servia como templo da Gafaria de S. Lázaro; o Convento de Santa Clara, fundado por volta de 1264 por iniciativa de D. Leonor Afonso e que se erguia extra-muros; o convento de S. Francisco, obra de iniciativa régia, que inscreve-se no universo da arte gótica, na linha da arquitetura despojada das Ordens Mendicantes, tendo sido fundado em 1242 e patrocinado por D. Sancho II; a Igreja da Graça, mandada erigir por João Afonso Teles de Meneses por volta de 1380, embora a construção só se tenha realizado na primeira metade do século XV; a igreja da Misericórdia, edifício renascentista tardio, parcialmente destruída no terramoto de 1755; a Igreja de Santa Maria de Marvila, uma das mais antigas paróquias da cidade de Santarém, cuja data de construção é desconhecida; a igreja de S. João de Alporão que marca a transição entre o Românico e o aparecimento das primeiras formas góticas; a Igreja do Hospital de Jesus Cristo, inicialmente designada de Igreja do Convento de Nossa Senhora de Jesus do Sítio, mudando de nome na altura da extinção as ordens religiosas em 1834, tempo em que os frades franciscanos da Ordem Terceira abandonaram o cenóbio, transferindo-se para aqui o antigo Hospício baptizado com o nome de João Afonso de Santarém - fidalgo da corte de D. João I que, em 1426, fundou o primitivo templo de Jesus Cristo; a Igreja do Seminário dos Jesuítas, antiga Igreja do Colégio da Companhia de Jesus em Santarém; e a Igreja Matriz de Abitureiras, consagrada a Nossa Senhora da Conceição e cuja fundação remonta possivelmente ao século XIV.
Para além destes monumentos, são de destacar neste concelho as várias infra-estruturas culturais que detém, como é o caso do Teatro Taborda, o Cine-Teatro Rosa Damasceno, o Teatro Sá da Bandeira, o Auditório do Instituto Português da Juventude, o Grande Auditório do Centro Nacional de Exposições, o Centro Nacional de Exposições e o Auditório da Casa do Brasil. No que diz respeito a unidades museológicas, existem no concelho de Santarém o Núcleo Museológico do Tempo, instalado na Torre das Cabaças; o Núcleo Museológico do Santíssimo Milagre; a Casa Museu Anselmo Braamcamp Freire; o Museu Salgueiro Maia; o Museu Ferroviário - Núcleo de Santarém; e a Área Museológica do Cais do Sodré.

                                                                                                   Castelo de Santarém

Praça Sá da Bandeira


Gastronomia :

           Entre os pratos tradicionais da gastronomia escalabitana o destaque vai para a sopa de peixe, a açorda de sável e a fataça na telha (aldeia das Caneiras).Um especial destaque também para o bacalhau com mangusto, as espetadas em vara de loureiro, o entrecosto com arroz de feijoca, os molhinhos e, claro, a famosa massa à barrão. Da doçaria, realce para os arrepiados de Almoster, as celestes de Santa Clara e os queijinhos do céu do Convento das Donas.

                                                                                                              Sopa de Peixe
Sopa de PeixeFataça na Telha
Fataça na Telha

Queijinhos do Céu