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domingo, 11 de agosto de 2013

Viagem e visita ao concelho de Vila Franca do Campo - Açores

Brasão de Vila Franca do Campo

Localização

            Vila Franca do Campo é uma vila portuguesa na ilha de São Miguel, Região Autónoma dos Açores, sede de um pequeno município com 78,00 km² de área e subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a norte pelo município da Ribeira Grande, a leste pela Povoação, a oeste por Lagoa e a sul tem litoral no oceano Atlântico.



História

         Vila Franca do Campo foi, durante o primeiro século de povoamento, a mais importante povoação da ilha, nela se fixando Gonçalo Vaz Botelho, o capitão do donatário, e as principais instituições oficiais, como a Alfândega e a Ouvidoria, de onde o epíteto de "primeira capital micaelense". Foi elevada a vila em 1472, a segunda no arquipélago. É testemunho de seu desenvolvimento o fato de contar com hospital em época anterior à da fundação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (1498), por efeito de disposição testamentária de D. Isabel Gonçalves que, em 1483, legou os seus haveres para a sua instituição. Na noite de 21 para 22 de Outubro de 1522, sofreu um violento terramoto - a chamada "subversão de Vila Franca" - que causou um grande escorregamento de terras nas encostas sobranceiras à vila, causando um lahar que soterrou a maior parte do povoado. Como consequência estima-se que pereceram milhares de pessoas, não apenas em Vila Franca, mas também em muitas outras povoações da ilha, tendo se registado ainda grandes escorregamentos de terras na Maia e região circunvizinha, e em Ponta Garça. A tragédia inspirou diversos escritos e, pelo menos, um romance de raiz oral intitulado "Romance que se fez d'algumas mágoas, e perdas que causou o tremor de Vila Franca do Campo", editado por Teófilo Braga. Apesar da destruição, Vila Franca manteve importância regional até ao século XVIII, apenas atrás de Ponta Delgada, quando foi suplantada pela Ribeira Grande. O cronista Gaspar Frutuoso, assim a refere:
"...a antiga e nobre Vila Franca do Campo com seus ricos pomares de muitas frutas, de que está rodeada, chamada Franca porque, segundo dizem, logo no princípio, tirando os dízimos que somente se pagam a El-Rei, era franca de todas as mais coisas e direitos, para melhor ser povoada esta ilha e chamou-se do campo por ser situada em um formoso campo." e acrescenta, sobre o seu crescimento: "...tanto em edifícios e comércio que parecia uma pequena corte, com seus ilustres capitães e fidalguia de gente nobre, que governava com prudência e zêlo."
Em Vila Franca tiveram lugar alguns dos mais importantes eventos das lutas entre os partidários de D. António I de Portugal e de Filipe II de Espanha, que culminaram na batalha naval de Vila Franca, travada ao longo do litoral sul da ilha de São Miguel a 26 de Julho de 1582. Após a batalha, D. Álvaro de Bazán, marquês de Santa Cruz de Mudela, desembarcou na vila, aqui estabelecendo o seu quartel general e fazendo supliciar por enforcamento cerca de 800 prisioneiros franceses e portugueses, no maior e mais brutal massacre jamais ocorrido nos Açores. Em Julho de 1562 nasceu nesta povoação Bento de Góis, que empreendeu na Ásia Central, entre 1602 e 1606, a maior viagem de exploração terrestre portuguesa e uma das maiores de sempre da história da humanidade. Aqui está sepultada a primeira freira micaelense, Petronilha da Mota, filha de Jorge da Mota. e que, com o nome de Madre Maria de Jesus, foi a primeira abadessa do Convento de Santo André.

Bandeira de Vila Franca do Campo

Heráldica

Armas - De azul, com um braço de carnação, alado de ouro, movente do direito, segurado na mão uma espada, de dois pratos, de ouro; em orla a legenda "Quis Sicut Deus?", de ouro. Coroa mural de quatro torres de prata. Listel branco com os dizeres a negro "Vila Franca do Campo".

Bandeira - Amarela, com as armas no centro. Bordas e cordões entrançados de ouro e azul.

Selo - Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres "Câmara Municipal de Vila Franca do Campo".


Cultura e Turismo

              Se esta Vila, com os seus monumentos, seus belos jardins e ruas ensolaradas, todas elas traçadas na direcção dos quatro pontos cardeais, donde se espreita o mar a cada canto, com as suas belezas naturais, as suas praias amplas e limpas, ela torna-se um centro de atracção turística tanto para nacionais como estrangeiros, que correm o mundo a deliciar o espírito e à procura de novos motivos a colher na objectiva da máquina de filmar que os acompanha nas suas digressões.
Uma visita ao Ilhéu dá motivos para uma boa filmagem da sua piscina natural, da vista panorâmica que se goza do alto de qualquer das suas elevações que o compõem, nos diferentes aspectos que nos oferece, a cada passo, a volta ao Ilhéu. Aos amadores da pesca desportiva ou submarina é oferecido um largo campo de acção nas águas fundas do Ilhéu e até sobre a pedra, na pesca de cana. Hoje é uma reserva natural. A costa é fértil em pescaria de corrico, caniço ou linha, e, no alto mar, na pesca de albacora e de bonito, à linha apanham-se chernes, matulas, lírios, gorazes, abróteas, pargos, etc., etc.. Na Ribeira da Praia há trutas de apreciáveis dimensões. As praias de Vila Franca são amplas, limpas e bem defendidas. Aos sábados e domingos são povoadas por quem ama os prazeres de um reconfortante banho de mar ou de sol, acompanhados de um bom piquenique.
Neste concelho há duas das mais belas lagoas de São Miguel. A Lagoa do Fogo, de aspecto ainda rústico, donde se pode admirar um dos mais soberbos panoramas desta ilha, vendo-se do alto da Barrosa o mar da costa norte e da costa sul, na parte mais estreita e mais plana de toda ela. Temos ainda a Lagoa do Côngro, soturna, reflectindo um verde muito escuro, que lhe é transmitido pelas rochas alcantiladas dos montes que a cercam, a contrastar com a alacridade da sua vizinha Lagoa dos Nenúfares, de superfície quase totalmente coberta por essas formosíssimas flores. Oferece ainda, Vila Franca aos seus visitantes um interessante museu etnográfico na Casa do Povo, o Museu Municipal e o fabrico da louça de barro, pelo processo mais primitivo da roda. Os oleiros da Vila são únicos na sua arte. Fazem a delicia de quem por aqui passa, as célebres Queijadas da Vila que tiveram a sua origem na doçaria do Convento de Santo André e ainda hoje são fabricadas em segredo religiosamente mantido por duas famílias apenas.
As proporções arqueológicas levadas a efeito pelo Dr. Sousa Oliveira nalguns pontos da Vila soterrada em 1522 despertaram muito interesse por parte dos estudiosos, que as visitaram, admirando os achados que podem fazer luz sobre o valor e a importância da antiga Capital.
O Ilhéu de Vila Franca do Campo é o maior atractivo natural deste concelho. Cratera de um vulcão extinto, abriga uma piscina natural perfeitamente circular, onde se podem praticar os mais variados desportos nauticos. Na parte sul do ilhéu erguem-se dois farelhões, um mais alto do que o outro. O ilhéu e o mar envolvente são "Reserva Natural". Existe um serviço regular de barco, a partir do cais de Vila Franca, nos meses de Junho a Setembro. A Praia de Água d'Alto, na freguesia do mesmo nome, é um dos mais concorridos areais da ilha durante a época balnear. Para além deste existem ainda os areais da Praia do Degredo, da Praia do Corpo Santo e da Praia da Vinda d'Areia. A Lagoa do Congro, com as suas águas de um verde escuro e envolta por um denso arvoredo, e a Lagoa dos Nenúfares, quase totalmente coberta por estas flores, merecem uma visita cuidada. O Cerrado dos Bezerros, um agradável Parque Florestal, com grande variedade de plantas e flores, é muito procurado no Verão para merendas ao ar livre.

Ilhéu de Vila Franca do Campo 


Gastronomia

          
           Queijadas de Vila Franca do Campo