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domingo, 24 de março de 2013

Viagem e visita ao concelho de Alcobaça

Brasão de Alcobaça

Localização

            Concelho do distrito de Leiria, Alcobaça ocupa uma área de 417 km 2, sendo constituído por dezoito freguesias, oito das quais constituem vilas (Alfeizerão, Aljubarrota (Prazeres), Aljubarrota (S. Vicente), Benedita, Cela, Pataias, S. Martinho do Porto e Turquel) e a cidade de Alcobaça, é limitado a norte pelo município da Marinha Grande, a leste por Leiria, Porto de Mós e Rio Maior, a sudoeste pelas Caldas da Rainha e a oeste envolve por completo a Nazaré e tem dois troços de costa no Oceano Atlântico. Encontra-se inserido na região da Estremadura entre a serra de Candeeiros e a costa atlântica. É banhada pelos rios Alcoa e Baça, nomes de cuja aglutinação a tradição faz derivar o seu nome – o que está longe de ser consensual. Foi elevada a cidade em 1995.


História

          O topónimo principal do concelho, "Alcobaça" parece ser de origem arábica, à semelhança do que acontece em muitos outros topónimos deste concelho. De facto, segundo Frei João de Sousa "Alcobaxa, vila acastelada. Significa os carneiros. Foi assim designada pelos muitos outeiros que a cercam". Pinho Leal, sustenta a mesma opinião ao afirmar que o nome desta vila "é composto do artigo al e de cobaxa (carneiros), isto é al-cobaxa, os carneiros". Outros autores defendem ainda que o topónimo "Alcobaça" resultou da junção do nome dos dois rios que atravessam o concelho: "Alcoa" e "Baça". No entanto, de acordo com Manuel Vieira Natividade, o topónimo é de origem mais recuada, remontando aos tempos de dominação romana, povo que aqui fundou a povoação de "Helcobatiae", estando aí a origem do topónimo e do povoado. O povoamento do território que corresponde ao atual concelho de Alcobaça é bastante remoto e certamente anterior à fundação da nacionalidade. Este facto é comprovado através da arqueologia que nos dá notícia de civilizações romanas e pré-romanas em vários pontos do concelho, nomeadamente nos arredores da cidade de Alcobaça, onde foi descoberta uma inscrição relativa a Minerva, caso singular na arqueologia portuguesa. A ocupação romana pode ser comprovada através dos vestígios encontrados na estação arqueológica de Parreitas, localizada na freguesia do Bárrio. Posteriormente, esta povoação foi habitada por uma colónia árabe que aí construiu um castelo.O concelho de Alcobaça está historicamente ligado à abadia cisterciense que influenciou de modo decisivo o povoamento e desenvolvimento desta região. Ligada a fundação do Mosteiro de Alcobaça está a célebre promessa que D. Afonso Henriques fizera ao passar a serra de Albardos para o assalto a Santarém em que se tivesse êxito doaria à Ordem de Cister, na pessoa de S. Bernardo, todo o território que dali se avistava até ao mar. No entanto, a verdade histórica parece ser outra: a fundação da famosa abadia parece ser resultado da política religiosa de D. Afonso Henriques, por intermédio dos grandes eclesiásticos portugueses do tempo. Assim, a 8 de Abril de 1153, D. Afonso Henriques outorga a carta de fundação de Alcobaça à Ordem de Cister, através da Abadia de Claraval. Em Maio de 1157, D. Afonso Henriques privilegiou o Mosteiro com uma carta de couto, privilégio esse que viria a ser confirmado, mais tarde, por vários monarcas. Ao longo da primeira dinastia, os vários reis foram concedendo cada vez mais privilégios, o que se traduzia na posse de um vasto território que abrangia na sua área treze coutos: Aljubarrota, Coz, Maiorga, Évora de Alcobaça, Turquel, Alvorninha, Pederneira, Cela, Alfeizerão, S. Martinho do Porto, Santa Catarina, Paredes e Alcobaça. É possível que algumas destas antigas vilas devam o seu nascimento aos aforamentos operados pela abadia, no entanto, na maior parte dos casos o aforamento fazia-se para promover o desenvolvimento da agricultura e para regular os direitos e deveres de vassalos e senhorio. O Mosteiro de Alcobaça gozou também de grande importância militar, pois uma Lei de D. Duarte ordenou que existissem nos coutos do mosteiro vinte e oito besteiros. O Mosteiro permaneceu donatário destas terras até finais do Antigo Regime, sendo que em 1834, com a extinção das ordens religiosas, o Mosteiro foi vendido em hasta pública e das treze vilas (concelhos) que lhe pertenciam, apenas Alcobaça permaneceu como sede de concelho. Um outro importante facto histórico relativo ao concelho de Alcobaça diz respeito a uma das vilas que o compõem. Trata-se da batalha de Aljubarrota. Esta batalha teve lugar a cerca de 12 quilómetros para Norte da povoação de Aljubarrota, onde se deu o encontro entre os exércitos português e castelhano, no dia 14 de Agosto de 1385 que marcou de forma decisiva a guerra luso-castelhana de 1384-1397. A esta batalha encontra-se ligada a célebre lenda da "Padeira de Aljubarrota". Segundo a tradição, em Aljubarrota viveu Brites de Almeida, natural de Faro e conhecida pela sua bravura e valentia, originária de uma família pobre e humilde. Apesar da sua reputação, um soldado, encantado com a sua bravura, propôs-lhe casamento, ao que Brites impôs a condição de lutarem antes do casamento. Como resultado o soldado ficou ferido de morte e Brites viu-se obrigada a fugir para Espanha, no entanto, o barco em que seguia foi capturado por piratas e Brites foi vendida como escrava em Argel. Com a ajuda de outros dois escravos portugueses, Brites conseguiu escapar para Portugal. Ainda procurada pela justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se almocreve. Em Aljubarrota, aceitou o trabalho como padeira e casou-se com um lavrador. A 14 de Agosto de 1385, com o decorrer da Batalha de Aljubarrota, Brites não conseguiu resistir ao apelo da sua natureza guerreira e juntou-se ao exército português que naquele dia derrotou o invasor castelhano. Segundo a tradição, ao chegar a casa, Brites encontrou no seu forno sete castelhanos escondidos. Imediatamente pegou na sua pá de padeira e matou-os logo ali. Conta a história que a célebre "Padeira" acabou os seus dias junto do seu lavrador, ficando para a história como símbolo da independência portuguesa, sendo que a sua pá foi religiosamente guardada como estandarte de Aljubarrota por muitos séculos, fazendo parte da procissão do 14 de Agosto.  O Mosteiro de Alcobaça, classificado como património da Humanidade pela UNESCO em Dezembro de 1989, é atualmente a principal referência do concelho de Alcobaça. Este grandioso edifício com um comprimento de cerca de 220 metros é formado por três corpos: a igreja; e as Alas Norte e Sul onde, respectivamente, se situavam os aposentos dos reis e da corte em visita, e as residências do Abade e dos Monges. Na Igreja encontram-se os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro (também abrangidos pela classificação da UNESCO), testemunhos da trágica história de amor entre estes dois personagens da História de Portugal. A vila de Alcobaça foi agraciada com a Torre e Espada por Decreto n.º 5.664 de 10 de Maio de 1919 e foi elevada à categoria de cidade em 21 de Janeiro de 1995.

Bandeira de Alcobaça

Heráldica

Brasão: escudo de vermelho, uma torre de ouro assente num contrachefe de cinco faixetas ondeadas, três de prata e duas de azul, acompanhada por dois crescentes de ouro; chefe de azul, carregado de três flores-de-lis de ouro. Coroa mural de prata de cinco torres. Colar da Ordem de Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: «ALCOBAÇA».

Bandeira: gironada de oito peças de amarelo e azul, cordão e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro.

Selo: nos termos da lei, com a legenda: «Câmara Municipal de Alcobaça».


Cultura e Turismo

             O concelho de Alcobaça, famoso pelo seu Mosteiro, considerado Património da Humanidade pela UNESCO, dispõe de várias atrações turísticas que possibilitam a prática de várias atividades  É o caso dos desportos náuticos, em S. Martinho do Porto; da pesca desportiva, nos vários cursos de água existentes no concelho; do termalismo, nas termas da Piedade (freguesia de Vestiaria); e ainda do veraneio, nas praias de S. Martinho do Porto e de Paredes da Vitória, esta última na freguesia de Pataias. O Museu Nacional do Vinho é a principal unidade museológica do concelho e aí pode-se encontrar exposições de alfaias agrícolas, máquinas e objetos ligados à vinicultura. Para além deste museu, pode-se visitar em Alcobaça o Museu Municipal, instalado na Ala Sul do Mosteiro de Alcobaça; e o Museu Agrícola da Escola Profissional de Agricultura de Cister que possui uma vasta coleção de alfaias agrícolas do século XIX. O concelho dispõe também de várias associações culturais responsáveis pela organização de variados eventos ao longo de todo o ano. Num desses eventos, o Concurso de Música Moderna, atuou pela primeira vez o grupo que se iria tornar um dos grandes fenómenos da música nacional: The Gift. Esta banda, originária de Alcobaça, formou-se em 1994, sendo composta por Sónia Tavares (Voz), Nuno Gonçalves (Teclas e programação de ritmos), John Gonçalves (baixo e samplers), Miguel Ribeiro (Guitarra e baixo) e Ricardo Braga (Bombardino). Em 1997, surgiu o primeiro trabalho discográfico, Digital Atmosphere, e um ano depois surge o álbum Vinyl, o principal êxito da banda. Os The Gift foram galardoados com vários prémios, entre os quais o de Melhor Disco Nacional do Ano de 1998 pelo Diário de Notícias; o Melhor Videoclip de 99, atribuído a "Ok! Do You Want Something Simple", na gala "TMN Videoclip do Ano 99" ; e Melhor Nacional, Melhor Single, Imagem Feminina 2000 (Sónia Tavares) e Melhor Banda em 2000, prémios atribuídos na "Gala Nova Era".
                                                                                               Museu do Vinho
Praia de S. Martinho do Porto

Gastronomia

             Da gastronomia tradicional do concelho de Alcobaça, destaca-se o frango na púcara e na doçaria, as delícias de Frei João, o pão-de-ló de Alfeizerão e o pudim de ovos do Convento de Alcobaça.
                                                                                                     Pão de ló de Alfeizerão                 

Frango na Púcara