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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Viagem e visita ao concelho do Crato

Brasão de Crato

Localização

          Integrado na sub-região do Alto Alentejo, o concelho do Crato pertence ao distrito de Portalegre, abrangendo uma área de 388 km2, distribuída por seis freguesias, faz fronteira a Sul, com os concelhos de Alter do Chão e Monforte; a Norte, com Nisa e Castelo de Vide; a Nascente com o concelho de Gavião e Ponte de Sor; e a Poente com Portalegre.
O território do concelho é relativamente plano, destacando-se como principais elevações os montes de Campainhas (311m) e o Esteval (317m). Como recursos hídricos, destacam-se: a ribeira de Caldeirão, a ribeira de Várzea, a ribeira de Seda e a ribeira de Linhais.


História

             A vila do Crato é de origem bastante remota, estando situada onde outrora se localizou uma povoação edificada, segundo se crê, pelos cartagineses. Segundo alguns autores, teria sido a célebre Catraleuca ou Castraleuca, identificada por outros autores no sítio da atual Castelo Branco. Na época do domínio dos Godos na península, essa povoação era cidade episcopal, pois nas atas do "Consílio Hiberitano", realizado em Elvira, encontram-se as assinaturas de três bispos lusitanos, dos quais Secundino, Episcopus Catraleucencis. Talvez como reminiscência desse facto, ainda hoje a vila conserva uma rua com o nome de Rua do Bispeiro. Fosse ou não a discutida Catraleuca, o certo é que no local onde se situa a atual vila do Crato existiu uma importante povoação, de origem bastante remota.
Permaneceu sob o domínio dos Mouros durante mais de 400 anos, sendo-lhes conquistada, em 1160 por D. Afonso Henriques, o qual reedificou em parte a povoação e concedeu privilégios aos cristãos que a fossem habitar. Apesar desses esforços, no reinado de D. Sancho II, por efeito da luta entre Cristãos e Mouros, o Crato achava-se de novo arruinado. Em 1232, aquele rei, cedeu aos cavaleiros da Ordem dos Hospitalários ou de S. João de Jerusalém, um extenso território, em recompensa dos serviços prestados por eles na luta contra os Mouros. A esse território devia servir de centro uma povoação que por determinação expressa do rei se deveria chamar Ucrate, povoação que, segundo Herculano, começaram imediatamente a edificar. Foi naquele mesmo ano que a vila recebeu o seu primeiro foral (dado por Mem Gonçalves, prior da Ordem dos Hospitalários) o qual se encontra na Torre do Tombo, com a data de 18 de Dezembro de 1270 (era de César).
Foi em meados do século XIV, no reinado de D. Afonso IV, que o Crato passou a ser a sede dos Cavaleiros de S. João de Jerusalém ou do Hospital (mais tarde, conhecida como Ordem de Malta). A escolha desta vila para cabeça da Ordem em Portugal deu grande importância à povoação, sendo que em 1356, D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira, fundou, a pequena distância da vila, no sítio da Flor da Rosa, uma igreja e Castelo para residência prioral. 60 anos a.C., estas terras foram conquistadas pelos Romanos, que remodelaram e organizaram o castelo aí existente de acordo com a sua concepção táctica, estabelecendo nele uma base militar e um centro político e administrativo. Quando, no século VIII, os árabes entraram na península e desbastaram os Godos, na batalha de Guadalete, tomaram e destruíram, em 716, o Crato, cujos habitantes tinham fugido da povoação, ao aproximarem-se os invasores. Muitos anos depois, deu começo à fortificação do Crato que se achava arruinada, mandando abrir os fossos e construir barbacãs. Foi porém, o grão-prior D. Frei Nuno de Góios quem mandou executar as grandes obras de fortificação, como o cerco de muralhas em torno da vila, a reedificação do Castelo e a construção ou ampliação da torre de Menagem que ficou com altura avantajada. O recinto da fortaleza era bastante amplo: as casas que haviam dentro do castelo chegavam a 30 moradores e formavam duas ruas. Nele havia também uma igreja consagrada a S. João Baptista, patrono da Ordem de Malta e edifícios próprios para a residência do governador da Praça. Quando, por morte de D. Duarte, as cortes preferiram o Infante D. Pedro a D. Leonor para regente do reino, durante a menoridade do herdeiro do trono, a rainha, por conselho do Conde de Barcelos, seu partidário, acolheu-se na fortaleza do Crato, cujo o prior, Frei Nuno de Góios, lhe era igualmente afeto  Foi do Crato que ela mandou para todo o país cartas em que repetia a afirmação dos seus direitos à regência do reino, conforme o que determinara em testamento o rei seu marido, para evitar a luta civil que se esboçava, o regente D. Pedro ordenou que fossem tomadas as praças da Ordem de Malta, indo ele próprio apoderar-se da de Crato, no entanto, a rainha fugiu para Castela e a vila foi doada ao Infante D. João. Outros acontecimentos importantes tiveram lugar na vila do Crato: aí se celebrou o consórcio entre D. Manuel I com a sua terceira mulher D. Leonor, irmã do imperador D. Carlos V, em Novembro de 1518 e o de D. João III com D. Catarina, em Fevereiro de 1525. A 29 de Junho de 1662, um numeroso exército comandado por D. João de Áustria, acercando-se do Crato, exigiu a rendição da praça. Como esta lhe foi recusada pelo governador André Azevedo de Vasconcelos, D. João mandou abrir fogo de artilharia contra ela. A pequena guarnição procurou resistir enquanto teve munições, mas, acabadas estas, teve de render-se. As forças vencedoras, entrando na praça, exerceram então a maior das violências sobre as pessoas e sobre as propriedades sob o meio de saque, da destruição e do incêndio, sendo que devido a este os cartórios da Ordem arderam. Devastada, a vila perdeu a sua antiga importância militar e o seu castelo não voltou a ser reconstruído. 

O priorado do Crato era um extenso e valioso senhorio que abrangia um vasto território de um lado e do outro do Tejo; pertenciam-lhe, para além da vila do Crato, sede do priorado, as vilas de Gáfete, Tolosa, Amieira e Gavião (no Alentejo); e Belver, Envendos, Carvoeiro, Proença-a-Nova, Sertã, Oleiros, Pedrógão Pequeno e Cardigos (na Beira), sobre estas, o prior do Crato exercia domínio absoluto, tanto espiritual como temporal e tinha jurisdição episcopal, sem estar sujeito a nenhum bispo, pelo que era denominado de "isento". Havia no priorado um tribunal (a Mesa Prioral do Crato), constituído por três juízes e pelo grão-prior, que presidia, as rendas do priorado eram administradas por cinco almoxarifes, sendo um na comenda de S. Brás de Lisboa, e outros nas vilas do Crato, Amieira, Proença e Sertã. Os rendimentos do priorado eram constituídos principalmente pelos dízimos e direitos da quarta parte dos frutos da terra, das doações particulares que os reis haviam concedido à ordem em Portugal, dos censos perpétuos e de muitas propriedades que possuía no termo do Crato e nos das vilas. Quando os mestrados das ordens foram definitivamente anexados à coroa, pelo Papa Júlio III, só continuou fora dela o priorado do Crato que representava a suprema autoridade da ordem em Portugal, mas com subordinação ao grão-comendador as ordem que residia em Castela. Por causa dessa dependência é que os soberanos não queriam o priorado, que foi por algumas vezes exercido por representantes da família real. A 24 de Novembro de 1789, por um breve de Pio VI, o priorado foi anexado à Casa do Infantado e esta veio a ser extinta em 1834. Com a extinção das ordens religiosas, também a Ordem de Malta sofreu essa perseguição tendo sido espoliada de todos os seus bens. No entanto, passados alguns anos a Ordem reorganizou-se ressurgindo como «Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da Ordem Soberana de S. João de Jerusalém.
Atualmente, os Cavaleiros Portugueses de Malta têm como principal objectivo em tempo de paz «dedicar-se a obras de caridade, religião e, especialmente, à assistência hospitalar» e em tempo de guerra «socorrer e aliviar os enfermos e feridos da Armada e do Exército Português».

Bandeira de Crato

Heráldica

Brasão: de ouro, com um castelo de vermelho, aberto e iluminado de prata, acompanhado por dois ramos de oliveira verde frutados de ouro. O castelo assente num monte de penhascos de verde, realçados de negro e cortados por três faixas ondadas, duas de prata e uma de azul. A torre central carregada por uma Cruz de Malta de prata. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres «Vila do Crato» de negro.

Bandeira: esquartelada de branco e de vermelho. Cordões e borlas de prata e de vermelho. Haste e lança douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal do Crato».


Cultura e Turismo :

            São vários os pontos de interesse turístico no concelho do Crato, destacando-se as albufeiras das barragens aí situadas, como é o caso da Barragem de Vale Seco, a Barragem da Arreganhada e a Barragem da Câmara, nesses locais, bem como nas várias ribeiras que atravessam o concelho de Crato, há uma abundante fauna piscícola, pelo que se pode mesmo praticar a pesca desportiva. A cerca de 10 quilómetros da vila do Crato, situam-se as termas do Monte da Pedra. As suas águas bicarbonatadas, sódicas, fluoretadas e sulfidricadas são aconselháveis no tratamento das doenças reumáticas, músculo-esqueléticas, do aparelho respiratório e da pele.
A nível do património monumental e arquitetónico  é de referir o Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, um imponente monumento mandado erguer por D. Álvaro Gonçalves Pereira, constituído pela fortaleza, pelo paço fortificado, pelo templo e pelo mosteiro, que albergou a Ordem do Hospital, e, posteriormente, a Ordem de Malta. Especial menção também para a Igreja Matriz do Crato, datada do século XIII, embora com sucessivos acréscimos. No que diz respeito a unidades museológicas, são de visitar: o Museu Municipal, instalado no edifício que outrora funcionou como seminário e a Casa Museu Padre Belo.
                                                                                                 Mosteiro de Santa Maria de Flor de Rosa

Termas do Monte da Pedra


Fotos da Pousada de Flor de Rosa


Gastronomia

           As migas de batata, a sopa de sarapatel, o ensopado de borrego e a alhada de cação constituem as principais iguarias gastronómicas do concelho de Crato. Da doçaria tradicional, destacam-se a tecúlameca, o bolo da sogra e as barrigas de freira.
                                                                                               Barrigas de Freira 
Ensopado de Borrego