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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Condeixa-a-Nova

Brasão de Condeixa-a-Nova

Localização

          O concelho de Condeixa-a-Nova pertence à província da Beira Litoral, distrito de Coimbra, e ocupa uma área de 141.2 km2, distribuída por dez freguesias, uma das quais (Condeixa-a-Nova) com sede em vila. Faz fronteira a Norte com o município de Coimbra, a Leste com Coimbra e Miranda do Corvo, a Sul com Penela e Soure e a Oeste igualmente com Soure e Montemor-o-Velho. Os rio dos Mouros e a ribeira de Alcabideque são os principais cursos de água do concelho. É considerada por alguns como a Vila portuguesa com mais casas apalaçadas. Podemos, num pequeno passeio encontrar o Palácio dos Costa Alemão, infelizmente já só temos uma pequena parte das ruínas da casa solarenga da Quinta de São Tomé, temos o Palácio dos Sotto Mayor, as atuais instalações da Câmara Municipal também eram um Palácio, na Praça da República temos mais uma casa senhorial e a recuperada Pousada de Santa Cristina, antigo palácio incendiado aquando das invasões francesas. Bem perto de Condeixa-a-Nova, estão localizadas as Ruínas de Conímbriga, pólo de grande interesse turístico ( o segundo local mais visitado, logo depois de Fátima) e de investigação histórica. 



História

           A história deste concelho está profundamente ligada com Conímbriga, cidade luso-romana, estabelecida no século II a.C., num promontório rochoso entre dois vales, ladeada meridionalmente pelo Rio Caralio, hoje Rio dos Mouros, e setentrionalmente pela planície. Durante a ocupação romana, mais precisamente sob a administração de Augusto, Conímbriga impôs-se como uma grande cidade, com a criação de balneários, de um fórum e de um aqueduto. Nos séculos I-II d.C., a demonstrar um importante estatuto político, a cidade, que passara a ser designada por Flavia Conímbriga, vai ser dotada de novos instrumentos de prestígio - um novo fórum (fórum flaviano) e novas termas (termas trajánicas). Na passagem do século III para o século IV, o estruturado Império Romano começa a desagregar-se e os povos "bárbaros", nómadas ou seminómadas, multiplicam as incursões pelo território. É desta época que datam as ainda imponentes muralhas da cidade, que no entanto não foram suficientes para a defender. Em meados do século V foi ocupada pelos suevos e depois pelos visigodos. No final do século VI o bispo de Conímbriga transfere-se para Aeminium/Coimbra. A primeira referência a Condeixa-a-Nova consta num manuscrito de 1219, em que aparece já com o atual topónimo, para se distinguir de outra Condeixa (a Velha). É durante o século XVI que Condeixa-a-Nova sofre um verdadeiro surto de desenvolvimento, impulsionado pela passagem de D. Manuel I por estas terras. Este monarca terá mandado edificar a Igreja Matriz e passou carta foral a 2 de Novembro de 1517. Com a Carta de Lei de D. Maria II, publicada em 17 de Abril de 1838, Condeixa-a-Nova alcançou a sua emancipação administrativa. O concelho então constituído era composto por nove freguesias Anobra, Belide, Bem da Fé, Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha, Ega, Furadouro, Sebal e Vila Seca. Em 1852, aquando da extinção do concelho de Rabaçal foi-lhe anexada a freguesia de Zambujal, ficando então o concelho de Condeixa-a-Nova com a configuração que apresenta atualmente.

Bandeira de Condeixa-a-Nova

Heráldica

Brasão: de azul, com faixa de prata com um açafate de vermelho com flores de suas cores. Em chefe, duas palmas de ouro cruzadas em aspa. Em contra-chefe, quatro espigas de trigo de ouro atadas em ponta de vermelho, acompanhando uma romã de sua cor, aberta de vermelho e sustida e folhada de ouro. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres «Vila de Condeixa-a-Nova» de negro.

Bandeira: esquartelada de amarelo e de vermelho. Cordões e borlas de ouro e de vermelho. Haste e lança douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicações dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres "Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova".

Ruínas de Conímbriga

            Conímbriga é uma das maiores povoações romanas de que há vestígios em Portugal. Classificada Monumento Nacional, é a estação arqueológica romana mais bem estudada no país. Conímbriga foi à época da Invasão romana da Península Ibérica a principal cidade do Conventus Scallabitanus, província romana da Lusitânia. Localiza-se a 16 km de Coimbra, na freguesia de Condeixa-a-Velha, a 2 km de Condeixa-a-Nova. A estação inclui o Museu Monográfico de Conímbriga  onde estão expostos muitos dos artefatos encontrados nas escavações arqueológicas, incluindo moedas e instrumentos cirúrgicos. Conímbriga é uma das raras cidades romanas que conserva a cintura de muralhas, de planta aproximadamente triangular. O tramo Norte-Sul das muralhas divide a cidade em duas zonas. Particularmente notável pela planta e pela riqueza dos mosaicos que a pavimentam, é a grande villa urbana com peristilo central, a Norte da via. Em trabalhos junto à muralha Sul foi descoberto um grande edifício cuja finalidade seriam termas públicas, com as suas divisões características. Muitos estudiosos pretendem que a primitiva ocupação humana de seu sítio remonte a um castro de origem Celta da tribo dos Lusitanos. O que se sabe ao certo, entretanto, é que a campanha de escavações de 1913, encontrou testemunhos da Idade do Ferro, a eles podendo juntar-se peças de pedra e bronze que podem fazer recuar o início da povoação do local. E, nesse caso teríamos que relacionar o povo conii, o que para muitos explica a origem do topónimo atual de Coimbra, com a cultura megalitica da região sul de Portugal. 
Conímbriga localizava-se na via que ia de Olisipo (atual Lisboa) a Bracara Augusta (atual Braga). Foi ocupada pelos romanos durante as campanhas de Décimo Junio Bruto, em 139 a.C.. No reinado do imperador César Augusto (século I), a cidade sofreu importantes obras de urbanização, tendo sido construídas as termas públicas e o Forum. As referências a seu respeito em fontes literárias antigas são escassas: ao descrever a Lusitânia, a partir do Douro, Caius Plinius Secundus refere a oppida Conimbriga; o Itinerarium de Antonino, menciona-a como estação viária na estrada que liga Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga). Nos finais do século IV, e com o declínio do Império Romano, foi construída uma cintura muralhada de defesa urbana, com cerca de mil e quinhentos metros de extensão, possivelmente para substituir e reforçar a antiga muralha do tempo de Augusto. A maneira um tanto rústica como este muro está construído denota uma certa urgência na sua obra, evidenciando um clima de tensão e de iminentes ataques, por parte dos povos bárbaros. 
As primeiras escavações arqueológicas sistemáticas em seu sítio começaram em 1899 graças a um subsídio concedido pela rainha D. Amélia. Entre os seus pesquisadores destaca-se Virgílio Correia que, entre 1930 e 1944 (ano em que veio a falecer), escavou sistematicamente toda a área contígua à muralha Leste, colocando a descoberto, extramuros, as termas públicas e três vivendas. Entre estas últimas, destaca-se a chamada Casa dos Repuxos, com uma área de 569 m², pavimentada com mosaicos e com um jardim central onde se conservava todo um sistema de canalizações com mais de 500 repuxos. Na zona interna à muralha as escavações revelaram uma basílica paleocristã e uma luxuosa vivenda com termas privativas. As escavações revelaram ainda um fórum augustano, demolido na época dos Flávios, altura em que a cidade recebeu um estatuto municipal, para dar lugar a um novo fórum de maiores dimensões e monumentalidade; e umas termas, também construídas no reinado de Augusto. Entre estes sectores monumentais foi escavada uma zona habitacional, da época claudiana, constituída por insulae que seria ocupada pela classe média da população ligada ao artesanato. A partir de uma nascente localizada em Alcabideque a água era conduzida até Conímbriga por um aqueduto. Em meados do século XX, a partir de 1955 o ritmo das investigações intensificou-se. Os abundantes materiais arqueológicos de toda a espécie, que não era possível conservar no local encontram-se no Museu Monográfico de Conímbriga.





Cultura e Turismo

           O concelho de Condeixa-a-Nova é bastante rico no que diz respeito a infra-estruturas culturais e igualmente apelativo em termos turísticos. A este nível são de destacar o paúl de Arzila e as Buracas do Casmilo. O paúl de Arzila é um dos últimos biótopos restantes no vale do Mondego e serve de habitat a um variado número de animais que aqui se abrigam e reproduzem; o parque possui um centro de interpretação que dá informação e serviço de visitas guiadas aos visitantes. A Buracas do Casmilo são um dos ex-libris do concelho e constituem um dos fenómenos exemplares a nível espeleológico, denominado de incasão; são um bom local para a realização de pequenos acampamentos e prática de vários desportos (escalada, montanhismo, orientação, rappel...). O atrativo mais significativo do concelho de Condeixa-a-Nova é no entanto a antiga cidade de Conímbriga que apresentam ao público um conjunto de edifícios e monumentos e um museu monográfico destinado à guarda e exposição dos achados arqueológicos.

                                                                                                  Buracas do Casmilo
Paúl de Arzila 

Gastronomia

        A gastronomia de Condeixa-a-Nova é fortemente marcada pela tradição serrana. Dos pratos tradicionais, destacam-se os seguintes: o cabrito assado no forno, acompanhado por batatas assadas e grelos cozidos e o Queijo do Rabaçal. Bastante apreciado é também o licor de leite, confeccionado por processos artesanais, na zona do Rabaçal e Zambujal.