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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Viagem e visita ao concelho de Ponta Delgada - Açores

Brasão de Ponta Delgada

Localização

           Ponta Delgada é uma cidade portuguesa localizada na ilha de São Miguel, na Região Autónoma dos Açores, é sede de um município com 231,90 km² de área e subdividido em 24 freguesias. O município é limitado a leste pelos municípios da Ribeira Grande e da Lagoa e tem costa no oceano Atlântico a norte, sul e oeste. É a capital administrativa do Governo Regional desde que os distritos foram extintos, por volta de 1976 (conjuntamente com Angra do Heroísmo (sede de diocese) e Horta, onde se sedia o Parlamento regional).







História

            Ponta Delgada foi elevada a cidade, no reinado de D. João III, conforme reza a carta régia de 2 de Abril de 1546, depois da primeira capital da ilha - Vila Franca do Campo - ter sido devastada pelo terrível terramato de 1522.  A historiografia celebra o século XIX como a época áurea da cidade de Ponta Delgada e da ilha de S.Miguel, pela prosperidade económica, graças à exportação de citrinos para o Reino Unido, e pelo cosmopolitismo, graças à fixação de numerosos comerciantes estrangeiros, nomeadamente de inúmeras famílias judaicas, a partir de 1818. A imitação do gosto inglês ficou, então, patente na plantação de jardins ao gosto romântico - como os de António Borges, José do Canto, Jácome Correia e Visconde Porto Formoso (actual Universidade dos Açores) -, na construção de belíssimos palacetes e no "embelezamento" progressivo da urbe, com a proibição da deambulação de animais nas ruas, a abertura de novas ruas, a localização do cemitério público no extremo Norte da cidade e a periferização dos mercados do peixe, do gado e das frutas. Graças à importância da actividade mercantil, Ponta Delgada era, então, considerada a terceira cidade do país, em riqueza e em número de habitantes. Recorde-se, por exemplo, a surpresa do poeta Bulhão Pato, traduzida nas suas Cartas, com a extraordinária riqueza dos proprietários das quintas de laranja - os gentlemen farmers - senhores da terra e da especulação do solo urbano, exportadores de laranja e de milho, banqueiros e usurários, industriais e armadores - que faziam do investimento emblemático e simbólico do espaço, uma forma privilegiada de afirmação económica e de estratégia de reprodução social. No início do século XX, Ponta Delgada ainda se encontrava em oitava posição no seio do universo urbano português. No decurso das últimas décadas, porém, o crescimento urbano em Portugal, por força da acelerada industrialização e da perda de importância da economia rural - à semelhança do se tinha verificado no mundo desenvolvido, desde os inícios de oitocentos -, veio contribuir para que não só crescesse o número de cidades, como aumentasse a população urbanizada a nível nacional, e, nesse sentido, Ponta Delgada, tomando por base o critério do número de habitantes, com os seus menos de cinquenta mil habitantes, foi "atirada" para o ranking das pequenas cidades portuguesas. Ponta Delgada, contudo, nunca deixou de ser a primeira do arquipélago pela riqueza gerada, pelo número dos seus habitantes, pelo seu inestimável património, pela sua importância cultural e pelo seu cosmopolitismo.

Bandeira de Ponta Delgada


Cultura e Turismo

                Desembarcando na ilha, logo o visitante se dirige a Ponta Delgada, seu principal centro populacional e a maior cidade açoriana, onde dispõe de uma rede hoteleira apta a acolhê-lo com conforto e qualidade. Ainda na cidade e em jeito de aperitivo, poderá começar por apreciar toda a monumentalidade dos seus edifícios mais antigos e de maior valor arquitectónico, a maioria deles hoje redutos da vida política, administrativa, religiosa e cultural, não só micaelense, como também açoriana. Começando pelas Portas da Cidade, verdadeiro ex-libris de Ponta Delgada com os seus três imponentes arcos construídos no séc.XVIII, convidando a um passeio cultural pela cidade, talvez mereçam especial destaque, pela sua importância e valor histórico:
As três imponentes Igrejas paroquiais das três freguesias da cidade, a da Matriz de São Sebastião, a de São Pedro e a de São José, autênticas obras de arte da construção dos sécs.XVI; XVII e XVIII;

Igreja de São Sebastião - Construída no local onde havia uma ermida com S.Sebastião. Ficou pronta em 1547. Estrutura gótica mas o exterior com estilo Manuelino. Modificado no século XVIII, principalmente a fachada com o estilo Barroco. No interior bordados a ouro, madeiras raras (pau-santo).

Igreja São José - Construída em 1709. Imagens com influência hispano-mexicana, azulejos azuis e brancos e mobilia de madeira jacarandá- estilo barroco.

Igreja Matriz
Igreja São Pedro - Imagens do séc. XVI, XVII, XVIII, altar em talha dourada, e o quadro do Pedro Alexandrinho Carvalho “Pentecostes”. 

O Convento de Santo André, onde funciona o Museu Carlos Machado, recheado de ricas colecções de pintura, escultura, gravura, azulejos, zoologia, botânica, etc. e apresentando uma secção etnográfica com interessantes cenas da vida açoriana (O Museu Açoreano que apareceu em 1880 no Liceu Nacional com exposições em zoologia, botânica, geologia e mineralogia mais tarde exposições de arte e etnografia popular. Depois mudou para o Mosteiro de Santo André em 1930. Agora com colecções de pintura, escultura, azulejaria, porcelana, ourives, brinquedos e exposições originais. Pintura sobre tábuas de santos, e arte contemporânea.). Além destes, outros edifícios há que, não possuindo a grandiosidade dos mencionados, apresentam no entanto curiosos exemplos de arquitectura urbana do séc.XVII ao XIX que completam o panorama arquitectónico de Ponta Delgada, merecendo por isso um pouco da nossa atenção. Além destes, outros edifícios há que, não possuindo a grandiosidade dos mencionados, apresentam no entanto curiosos exemplos de arquitectura urbana do séc.XVII ao XIX que completam o panorama arquitectónico de Ponta Delgada, merecendo por isso um pouco da nossa atenção. Toda a zona litoral da cidade é percorrida pela Avenida Marginal, um dos importantes centros da vida quotidiana de Ponta Delgada. Ao longo de toda a sua extensão, um constante vaivém de pessoas na sua azáfama diária dá lugar, à noite e especialmente nos serões das quentes noites de verão, a uma calma concentração de cidadãos em saudável convívio social. No extremo poente, a avenida dá acesso ao porto comercial onde se movimenta todo o tráfico marítimo da ilha. Na zona nascente da avenida marginal, o complexo marina-piscina municipal é local que convida a agradáveis momentos de recreio e lazer. Na viagem de regresso, através de uma verdejante e florida estrada sinuosa, que em alguns troços se assemelha a autênticos túneis de vegetação, soberbas panorâmicas sobre a costa norte de São Miguel constituem, sem dúvida, matéria suficiente para boas recordações, não só fotográficas como também de vídeo, não esquecendo as paragens obrigatórias na  Maia, na Gorreana (plantação de chá), na praia de Porto Formoso, o miradouro de Santa Iria, já perto da Ribeira Grande, é ocasião a não perder...
Atravessando esta cidade e continuando pela estrada ao longo da costa norte, a sequência de bonitas paisagens é uma constante, passando a freguesia piscatória de Rabo de Peixe, as Capelas como centro histórico da caça à baleia e culminando com a extraordinária vista do miradouro da Ponta do Escalvado, na freguesia da Várzea, sobre a freguesia e Ilhéus dos Mosteiros e sobre a Ponta da Ferraria. Subindo da Várzea para o interior da ilha, em direcção à cumeada e desta descendo ao fundo da enorme caldeira que se nos depara, a pitoresca e atraente freguesia das Sete Cidades com as suas duas magníficas Lagoas, a Verde e a Azul, é razão forte para mais um inebriante momento de estreito contacto com a Natureza e com o de belo que ela nos pode dar. Uma agradável caminhada a pé pelas margens das lagoas onde poderá repousar um pouco junto ao túnel, notável obra de engenharia destinada ao escoamento das águas pluviais em excesso que caem dentro da bacia hidrográfica e um passeio pelas ruas do aglomerado urbano, donde se destaca a Igreja Paroquial dedicada a São Nicolau, e imponente Casa Solarenga do engenheiro Caetano de Andrade, herds., é a tentação natural de quem visita as Sete Cidades, perante a sua extasiante beleza. Subindo ao miradouro da Vista do Rei, toda esta inolvidável beleza, concentrada dentro da cratera principal do último vulcão que rebentou em São Miguel, hoje completamente extinto se torna ainda mais bela a nossos olhos. As características ímpares desta magnificente cratera justificaram, em 1980, a sua classificação como Paisagem Protegida. No regresso a Ponta Delgada, a estrada do Pico do Carvão oferece extraordinários quadros paisagísticos sobre a parte central da ilha desde a costa norte à sul, onde, das pastagens planas de um verde claro se erguem cortinas de abrigo naturais de verde mais carregado, o que faz com que São Miguel também seja conhecida como a Ilha Verde.





Gastronomia

             As velhas receitas tradicionais mantêm-se em pratos suculentos, como o caldo azedo, couves solteiras, os fervedouros, o polvo guisado em vinho de cheiro, os torresmos em molho de fígado, as caldeiradas de peixe, o arroz de lapas, o ensopado de trutas, as lapas de molho Afonso, a que se deve juntar o sempre curioso cozido das Furnas, em que o tacho contendo as carnes e os legumes é enterrado envolto num saco para que o calor vulcânico actue, e passadas algumas horas está pronto a deliciar o paladar com o seu sabor. Lagosta, cavaco, caranguejos e as estranhas cracas, escondidas nos orifícios que escavam nas pedras, satisfazem os apreciadores de mariscos. No que respeita a queijos, São Miguel oferece o branco e macio queijo de cabra fresco e o queijo da Ilha, de sabor picante quando seco. A antiga doçaria conventual faz as delícias dos gulosos nas queijadas de Vila Franca do Campo, nos confeitos da Ribeira Grande, no bolo lêvedo das Fumas, na barriga-de-freira, massa sovada, bichos de amêndoa e compota de capucho, pequeno fruto de uma planta herbácea. A região da Caloura produz vinho de cheiro, ou morangueiro, com perfume característico e pouco encorpado. Os licores de maracujá e de ananás são formas agradáveis de terminar uma refeição.
                                                                                                               Bolos lêvedos 
Bolos Lêvedos
Cozido das Furnas
Cozido das Furnas