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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Viagem e visita ao concelho de Mafra

Brasão de Mafra

Localização

           Integrado no distrito de Lisboa, o concelho de Mafra ocupa uma área de 290.7 km2, distribuída por 17 freguesias, quatro das quais com sede em vila (Azueira, Ericeira, Mafra e Malveira), a vila de Mafra está situada numa colina, cercada por dois vales onde correm as ribeiras conhecidas por Rio Gordo e Rio dos Couros.
O concelho é limitado pelos concelhos de Torres Vedras, a Norte; Sobral de Monte Agraço, a Nordeste; Arruda dos Vinhos, a Este; Loures, a Sudeste; Sintra, a Sul; e pelo oceano Atlântico, a Oeste. Mafra apresenta uma grande diversidade morfológica sendo o concelho possuidor de uma extensa costa atlântica, onde pequenas praias são geralmente enquadradas por arribas rochosas ou falésias, também de destacar neste concelho é a Tapada de Mafra, criada no reinado de D. João V como parque de lazer para o monarca e da corte e onde existem javalis, veados e gamos, sendo uma área protegida.



História

       O território que corresponde ao actual concelho de Mafra foi ocupado desde épocas bastante remotas, apresentando vestígios da presença de vários povos. Da época de dominação romana foram encontrados vários vestígios, nomeadamente lápides, aras, sepulturas, moedas, tulhas, cerâmicas e vidros. A maioria data do século I ao século IV. Um dos vestígios mais importantes é a via romana que ligava Sintra a Peniche e que passava pelo concelho de Mafra, nas freguesias de Cheleiros, Mafra, Ericeira, Paço de Ilhas e S. Domingos da Fanga da Fé. São poucos os vestígios da ocupação visigótica, sendo que dessa época apenas se encontrou uma lápide, em Cheleiros, um friso, em Alcainça e ainda um tímpano paleocristão. Da ocupação árabe também são poucos os vestígios, tratando-se sobretudo de indícios toponímicos, como Alparrel, Almoerim, Alvarinhas, Alfôvar, Almada, Arrifana, Alqueidão, entre outros. Segundo alguns autores, o próprio topónimo principal do concelho tem origem árabe, derivando de Mahfara que significa "cova". No entanto, a origem do nome permanece ainda por explicar, sabendo-se, no entanto, que evoluiu de Mafara (1189), para Malfora (1201) e depois Mafora (1288), aparecendo com a grafia actual, nos Lusíadas. O que se pode afirmar mais concretamente é que Mafra é uma das vilas portuguesas mais antigas, pois já em 1185 D. Sancho I a denominava como tal. Essa designação repete-se no foral que o bispo D. Nicolau deu aos seus criados e vassalos moradores na sua "villa" de Mafra. 
Mafra foi conquistada aos mouros em 1146, data em que passou para os domínios da coroa até 1193, sendo cedida nessa data, por D. Sancho I, à freiria de Évora, de que era mestre Gonçalo Viegas. D. Afonso II confirmou-a em 1218, a D. Fernando, seu novo mestre. Em 1289, estava mais uma vez na posse da coroa e D. Dinis a deu, com todos os seus direitos reais, inclusive o padroado da igreja, a João Fernandes e sua mulher, D. Maria Anes de Aboim, em troca da vila, castelo e senhorio de Portel. O domínio particular da vila terminou com o último Marquês de Ponte de Lima, morto sem geração, no entanto, entre D. Maria Anes de Aboim e o último marquês de Ponte de Lima, houve: D. Diogo Afonso de Sousa; depois, seu filho primogénito Lopo Dias de Sousa; seu irmão Álvaro Dias de Sousa, marido de D. Maria Teles, irmã de D. Leonor Teles que por morte do marido a vendeu a Gonçalo Rodrigues de Sousa, que passou ao serviço de Castela e teve os seus bens confiscados pelo mestre de Avis. Por dote paterno, herdou Mafra, D. Leonor de Sousa que casou com Fernão Marins Coutinho. Em 1633, Mafra estava na posse de D. João Luís de Vasconcelos que morreu sem descendência e dela se apossou um outro D. João Luís de Vasconcelos, trineto bastardo do segundo Conde de Penela, casado com D. Maria de Noronha, de cujo consórcio nasceu D. Joana de Vasconcelos e Meneses que foi mulher de D. Diogo de Lima Brito de Nogueira, 8º Visconde de Vila Nova de Cerveira, a quem, por sentença régia, a vila de Mafra ficou pertencendo. Estes viscondes de Cerveira foram depois os marqueses de Ponte de Lima. 
Até à construção do convento, Mafra era um pequeno burgo circunscrito a uma centenas de fogos, agrupados em redor do seu desaparecido castelejo que deveria ter existido no local onde se encontra a igreja de Santo André e que D. Afonso Henriques terá conquistado aos Mouros em 1147. Já em 1624, D. João Luís de Meneses e Vasconcelos tinha planos de fundar nesta vila um convento de frades arrábidos, aplicando nessa obra os rendimentos que tinha na Ericeira. O projeto não foi por diante, porque indo D. João Luís a Madrid tratar do seu ambicionado título de Conde de Ribamar, ali morreu. Oitenta e cinco anos depois, em 1705, a ideia renasceu com outro senhor de Mafra, o 12º Visconde de Vila Nova de Cerveira, D. Tomás de Lima Vasconcelos Brito Nogueira que a transmitiu a dois frades arrábidos que se hospedaram na sua quinta de Mafra e estes por sua vez comunicaram ao seu provincial que mandou a Mafra o guardião do convento de Torres Vedras, Frei Carlos da Madre de Deus. Ficou assente edificar-se uma casa para 10 ou 12 frades, mas consultado, por ordem do rei, o Desembargo do Paço, este negou a oportunidade para essa realização, por estar o reino muito onerado de conventos mendicantes e não ser justo oprimir-se mais os povos com um novo encargo. O projeto ficou, dessa forma, pela segunda vez, sem efeito.
Aconteceu porém, que seis anos mais tarde (1711), tendo D. João V casado em 1708 e ainda não havendo filhos, se encontrava no paço Frei António de S. José, também frade leigo da Arrábida e falando-se neste insucesso, o frade disse ao bispo D. Nuno da Cunha, capelão-mor, que "El Rei teria filhos se quisesse!". Passados alguns dias, Frei António explicou ao bispo a sua frase ambígua "Prometa el-rei a Deus fazer um convento na vila de Mafra, que logo Deus lhe dará sucessão". Comunicada a estranha profecia a D. João V, logo este e a rainha sua mulher a aceitaram com grande entusiasmo e fizeram votos de fundar em Mafra um convento a Santo António para a província de Arrábida. A 4 de Dezembro desse ano, nascia a princesa D. Maria Bárbara que veio a ser rainha de Espanha e D. João V cumpriu o voto que fizera. Desejava o visconde que o convento se fizesse na sua quinta, mas D. João V reservando-se no direito de escolha do sítio, preferiu o alto da vila que ficava a um quilometro para Nascente da vila. Entretanto, os arrábidos mandaram logo para Mafra três frades que organizaram um hospício provisório com 12 celas, refeitório, cozinha e enfermaria, junto da pequena ermida do Espírito Santo que D. João V mandou depois alargar para 20 frades, transformando-o em guardaria, em 1721, até que se construísse o convento. Em 1713, já se encontravam expropriados todos os terrenos que houve necessidade de adquirir para a régia edificação conventual. A primeira pedra foi lançada com grande cerimonial, a 17 de Novembro de 1717, sendo que 22 de Outubro de 1730 efetivou-se a sagração da basílica, apesar das obras ainda não se encontrarem completas. Em 1744, são considerados concluídos os trabalhos do complexo arquitetónico de Mafra, sendo o convento então habitado por 342 religiosos, 203 sacerdotes, 45 coristas, 10 noviços, 60 leigos e 24 donatos. Em 1770, um breve pontifício obriga os religiosos arrábidos a abandonar o convento que passa então a ser ocupado por cónegos regrantes de Santo Agostinho. Vinte e dois anos depois, por determinação de D. Maria, os agostinhos abandonam Mafra, regressando os arrábidos ao convento. Entre 1806 e 1807, o palácio funciona como residência real principal de D. João VI e D. Carlota Joaquina, registando-se variadas obras de beneficiação e redecoração dos interiores do palácio. Em 1834, com a expulsão das ordens religiosas, o convento de Mafra é incorporado na Fazenda Nacional.
Em 1855, quando da reforma administrativa do governo regenerador, o concelho de Mafra passou a integrar treze freguesias: Azueira (que anteriormente era concelho), Carvoeira (pertencia ao da Ericeira), Cheleiros (Sintra), Encarnação (Torres Vedras), Enxara do Bispo (Azueira), Ericeira (era concelho), Gradil (Azueira), Igreja Nova (Santa Maria de Sintra), Mafra (era concelho), Milharado (Enxara dos Cavaleiros), Santo Estevão das Galés (Olivais), Santo Isidoro (Mafra) e Sobral da Abelheira (Azueira). Posteriormente, em 1923, Malveira foi elevada a freguesia, o mesmo acontecendo a Vila Franca do Rosário, em 1939.  O concelho de Mafra é desde 1985 constituído por 17 freguesias, datando desse ano a elevação a freguesia de Venda do Pinheiro e S. Miguel de Alcainça, que até então pertenciam a Milharado e à Malveira, respectivamente.

Bandeira de Mafra

Heráldica

Brasão: de vermelho, com uma torre de ouro aberta e iluminada de esmalte do campo e carregada por uma cruz de Aviz, de verde. A torre acompanhada por dois crescentes de prata. Coroa mural de prata, de quatro torres. Listel branco com os dizeres «Vila de Mafra», de negro.

Bandeira: amarela. Cordões e borlas de ouro e de vermelho. Haste e lança douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres: «Câmara Municipal de Mafra».


Cultura e Turismo :

           O concelho de Mafra possui um dos mais importantes patrimónios arquitectónicos, históricos e culturais do país de onde se destaca o Convento de Mafra (séc. XVIII), que inclui também um Palácio, um Mosteiro e uma Basílica, que é ladeada por duas torres sineiras onde estão os famosos carrilhões. O palácio real de Mafra compreendia toda a fachada principal do Monumento, à excepção da Basílica, abrangendo os dois torreões e ainda, ao nível do 3º piso, as frentes Norte e Sul e parte da Nascente. O 3º piso funcionava como o andar nobre, sendo que os aposentos reais se situavam nos dois torreões; já os restantes pisos do palácio estavam ocupados pelas habitações do pessoal da Casa Real. O Palácio Real de Mafra atingiu o seu esplendor, nos primeiros anos do século XIX, altura em que os seus salões se encontravam ricamente decorados. No entanto, o Palácio conserva ainda algumas salas dignas de interesse, como são: a Sala de Audiências, a Sala da Bênção, as capelas de S. José e de Nossa Senhora do Livramento (oratórias reais), os aposentos reais dos dois torreões e ainda as salas de Diana, dos Veadores ou das Descobertas, dos Destinos ou Segunda do Docel, da Caça, da Música, entre outras. A Sala das Audiências destinava-se às recepções de gala, sendo as suas paredes revestidas com pinturas murais, executadas em princípios de oitocentos. Por sua vez, na Sala da Bênção, situavam-se as tribunas reais, de onde a família real assistia à missa, através das três janelas viradas para o interior da igreja. A Basílica é um imponente templo, cuja construção foi inspirada na Basílica de S. Pedro do Vaticano e na Igreja de Jesus de Roma. Tem ao todo 11 capelas, 45 tribunas, 6 órgãos e é servida por 18 portas, além das 63 que se encontram nas escadarias interiores. A ladear a Basílica, encontra-se as majestosas torres sineiras que se elevam a uma altura de 68 m do solo e em cada uma delas está instalado um gigantesco relógio e um soberbo carrilhão. Situada na ala nascente do Palácio de Mafra situa-se a biblioteca.
Quando os Cônegos Regrantes de Santo Agostinho se instalaram em Mafra, mantiveram ainda durante algum tempo os livros nas salas primitivas até que decidiram mudá-los para duas salas contíguas à inacabada "Casa da Livraria" que desde logo mandaram concluir, à custa dos fundos ricos, da sua Ordem, encomendando as majestosas estantes e os restantes trabalhos ao arquitecto Manuel Caetano de Sousa. No entanto, tendo D. Maria I ordenado em 1792 que os Cónegos Regrantes abandonassem o Convento de Mafra, para darem novamente lugar aos franciscanos, a obra ficou por concluir e assim os livros permaneceram ainda por espaço de dois anos fora do seu definitivo lugar. Finalmente, em 1794 foram usadas as novas estantes para alojar os livros. A biblioteca do convento é composta por cerca de 40.000 volumes, predominando as obras impressas dos séculos XVI, XVII e XVIII, nacionais e estrangeiras.
São também de destacar ao nível de património concelhio: a Igreja de Santo André em Mafra; a Igreja de S. Pedro de Grilhões na Azueira; a Igreja Paroquial na Carvoeira; a Igreja Matriz Manuelina em Cheleiros; a Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, na Encarnação; a Capela de Nossa Senhora do Monte do Carmo, na Venda do Pinheiro; a Igreja de S. Silvestre, no Gradil; a Capela de Nossa Senhora dos Remédios, na Malveira e o Forte da Ericeira. São várias as infra-estruturas culturais existentes no concelho de Mafra, com especial realce para: o Centro de recuperação do Lobo Ibérico; o Complexo Cultural da Quinta da Raposa, onde se encontra o Museu Soares Branco, espaço que alberga o espólio artístico do Mestre Escultor Domingos Soares Branco; o Auditório Municipal Beatriz Costa; o Museu Municipal Prof. Raúl de Almeida; as Casas da Cultura da Malveira, D. Pedro V e Jaime Lobo e Silva; e as bibliotecas Dr. Egas Freitas Ribeiro (Vila Franca do Rosário), da Venda do Pinheiro, da Ericeira e de Mafra.
De destacar no concelho de Mafra, ao nível de locais de lazer, são as suas várias praias e a Tapada Nacional. Tapada Nacional de Mafra, criada no reinado de D. João V, como parque de lazer para o rei e sua corte, possui 819 hectares. A floresta ocupa a quase totalidade do espaço e nela vivem populações de gamos, veados, javalis e outras espécies. Nesse espaço podem-se também encontrar marcas da passagem de outros reis de Portugal, nos seus retiros de caça ou lazer, como é o caso do chalé ou pavilhão de caça e o jardim do celabredo. Outras construções que aí se podem encontrar são a Casa de Campo e o Pavilhão de Eventos.
                                                                                                   Interior do Palácio Nacional de Mafra
Palácio Nacional de Mafra


Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra


Gastronomia

           Um dos produtos mais tradicionais da gastronomia do concelho de Mafra é o pão saloio.

                                                                                                                         Fradinho 
Mafrinhas