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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Viagem e visita ao concelho de Sintra

Brasão de Sintra

Localização :

          Sintra é uma vila portuguesa no Distrito de Lisboa, na região de Lisboa, sub-região da Grande Lisboa e na Área Metropolitana de Lisboa.
É sede de um município com 317 km² de área e subdividido em 20 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Mafra, a leste por Loures e Odivelas, a sueste pela Amadora, a sul por Oeiras e Cascais e a oeste pelo oceano Atlântico.
A Vila de Sintra inclui o sítio Paisagem Cultural de Sintra, Património Mundial da UNESCO e tem recusado ser elevada a categoria de cidade, apesar de ser sede do segundo mais populoso município em Portugal, segundo a Câmara Municipal de Sintra.


História

          São vários os vestígios existentes no concelho de Sintra que demonstram a antiguidade do seu povoamento. Do período Neolítico, correspondente à Idade do Cobre ou Calcolítico, foram encontrados alguns povoados, menires e numerosos monumentos funerários. Dos achados mais significativos encontrados no concelho de Sintra, são de destacar: as antas da Estria, da Pedra dos Mouros, de Agualva e do Monte Abraão; o castro de Olelas, constituído por três grutas necrópoles, seis jazidas de superfície, muralhas defensivas e outros monumentos de carácter funerário; a estação eneolítica de Negrais; os menires da Barreira; e os povoados neolíticos de Catribana e de Santa Eufémia. É apontado o ano de 138 a.C. como data da chegada dos romanos à região de Sintra, sendo que estava então integrada no município Olisiponense, ocupando um território limitado a norte pela foz da Ribeira de Ilhas, a sul pelo Cabo da Roca e prolongando-se a leste por Almargem do Bispo e Negrais. Nessa época, a Serra de Sintra revestia-se de um profundo significado simbólico, tratando-se do Mons Sacer (Monte Sagrado) a que se referiu Varrão e onde os romanos ergueram diversos templos e santuários, consagrados ao Sol e à Lua. Entre os numerosos vestígios romanos na região de Sintra, especial referência para a calçada e ponte romana existentes próximas da aldeia de Catribana, freguesia de S. João das Lampas, para o fontanário de Armés e para o paredão da barragem de Belas. Da época de dominação árabe chegaram até aos nossos dias também bastantes vestígios, o mais representativo dos quais é o "castelo dos mouros", sobranceiro à vila de Sintra. Embora já pouco mantenha da sua estrutura original, o Castelo dos Mouros era formado por duas cinturas de muralhas, podendo ser observados vestígios do exterior a Oriente, logo após a entrada no recinto do castelo; a cintura interior é ameada e reforçada cinco torres quadrangulares e uma circular. Também de fundação muçulmana é o Paço de Sintra que, no entanto, pouco conserva da época árabe, sabendo-se que durante a ocupação árabe era a residência dos walis muçulmanos.
Em 1093, D. Afonso VI de Leão e Castela conquista Sintra aos mouros, mas volta a perder a vila em pouco depois, por força da queda de Lisboa nas mãos dos Almorávidas. Em 1109, D. Henrique de Borgonha, reconquista de novo Sintra aos mouros, mantendo-se a vila, por pouco tempo, na posse dos cristãos. Sintra regressa definitivamente à posse cristão em consequência da queda de Lisboa, em 1147. Sete anos mais tarde, D. Afonso Henriques funda o município de Sintra, concedendo carta de foral aos trinta povoadores que então habitavam o castelo. O objectivo principal deste foral era povoar o território e manter ali soldados para manter a sua defesa e conquista. Dessa forma, isenta de impostos os cavaleiros e mantém o município dependente do poder real. Por volta de 1157, o mesmo monarca doa à Ordem do Templo umas casas na via de Sintra e outras propriedades na região, entre as quais a mata de Almosquer. Na organização eclesiástica, mandou o rei que se construísse, no castelo, uma igreja, consagrada ao apóstolo S. Pedro e ergueu outros templos consagrados a Santa Maria, S. Martinho e S. Miguel, formando-se quatro divisões paroquiais que tiveram diferente destino. A paróquia de S. Pedro transferiu a paroquealidade para S. Pedro de Penaferrim, sempre da apresentação da mitra, como vigairaria e depois como priorado; a de Santa Maria, de apresentação régia, depois da Casa da Rainha, comenda da Ordem de Cristo, novamente da Casa da Rainha, ficou tendo anexa a de S. Miguel, cuja igreja se secularizou e foi sempre da apresentação régia; a de S. Martinho, passou do cabido à mitra e foi vigairaria e priorado.
D. Sancho I confirma o foral dado por D. Afonso Henriques, em 1189 e em 1261, Sintra passa a possuir uma administração local constituída por um alcaide que representa a coroa e por dois alvazis ou juízes eleitos pelo povo. Por doação de D. Dinis, a vila de Sintra passa para o senhorio da Casa das Rainhas. Em 1386, D. João I inicia a campanha de obras no Paço Real da Vila orientadas pelo mestre João Garcia de Toledo; o Paço sofreu algumas remodelações, datando dessa época as características chaminés cónicas e a capela do Espírito Santo. Em finais século XIV, é fundado em Sintra, no lugar da Penha Longa, o primeiro mosteiro jerónimo em Portugal. Existem algumas dúvidas quanto à fundação da Penha Longa, pois, embora o terreno tenha sido adquirido em 1390, no que foram outorgantes João Dominges, com procuração de sua mulher Branca Afonso, e Vasco Martins, apenas terá sido concretizada dez anos mais tarde, quando pela bula Piis votis fidelium, de 1 de Abril de 1400, o papa Bonifácio IX autorizou a construção de dois mosteiros. Manuel, em 1503, manda construir o Real Mosteiro de Nossa Senhora da Pena, confiando-o à Ordem de S. Jerónimo. Em 1514, D. Manuel renova o foral de Sintra, datando também dessa altura a construção do pelourinho manuelino de Sintra. É sobretudo com D. Fernando II, através da edificação do Palácio da Pena, que encontramos o grande empreendimento artístico em Sintra no século XIX. Nesse século, Sintra definiu-se como espaço ideal, um privilegiado refúgio de artistas, entre os quais se destaca Eça de Queirós. Na segunda metade do século XVI, Sintra foi «um centro cortesão por excelência, incentivado pela presença de uma aristocracia em ascensão que aqui edificava os seus solares e quintas» (V. Sertão). Nesta ruralidade propícia ao gosto humanista encontrou o Vice-Rei da Índia D. João de Castro (1500-1548), a partir de 1542, o descanso dos últimos anos da sua vida, na Quinta da Penha Verde, onde fomentou um cenáculo de arte e de erudição frequentado por alguns dos mais destacados vultos da cultura portuguesa do seu tempo, entre os quais o célebre Francisco de Holanda. É neste pólo de cultura renascentista que se insere o retábulo de mármore esculpido por Nicolau de Chanterenne entre 1529 e 1532 para a capela do Mosteiro de Nossa Senhora da Pena na Serra, e o pórtico da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Ulgueira (1560). 
Com a morte do Cardeal D. Henrique (1578-1580), Filipe II de Espanha herda o reino de Portugal que permanecerá sob a administração espanhola até 1640. Durante este período de sessenta anos, pode dizer-se que a importância que Sintra tivera durante séculos se “transfere” para Vila Viçosa, a cidade principal da Casa de Bragança, cujos duques, descendentes de D. João I, se consideram os herdeiros do trono português. Mas não deixa Sintra de ser, nesta época, um dos locais em que se reflectem algumas das principais conjunturas políticas e mentais do reino.
Nas vésperas da Restauração, por volta de 1639, Sintra contava com cerca de 4.000 habitantes, segundo um cômputo espanhol da altura. A conjuntura da Restauração e das suas guerras com a Espanha (1640-1668), a afirmação de Mafra no tempo de D. João V (1706-1750) com a construção do Palácio-Convento e, por fim, de Queluz onde é construído em 1747 um outro palácio real, no período dos reinados de D. José I (1750-1777) e de D. Maria I (1777- -1816), afasta a Vila dos circuitos régios e aristocráticos. Apenas se verifica, durante este longo tempo, em 1652 e 1654 as festas de entrada em Sintra, respectivamente, da rainha D. Luísa de Gusmão e do seu marido o rei D. João IV (1640-1656); e o final da saga da deposição e morte de D. Afonso VI. Alegando a insanidade do rei e a sua incapacidade para dar ao reino um herdeiro, o duque de Cadaval e o infante D. Pedro lideram um golpe de Estado em 1667 que leva à demissão do conde de Castelo-Melhor, ministro de D. Afonso VI (1656-1633) e à prisão do próprio monarca. As Cortes de Lisboa de 1668 confirmam o infante D. Pedro, irmão do rei, regente e herdeiro. D. Afonso VI vive o resto da sua vida encarcerado: no Paço da Ribeira de Lisboa (1667-1669), no forte de São João Baptista de Angra, nos Açores (1669-1674) e, por fim, depois de descoberta uma conspiração para matar o regente, no Paço da Vila de Sintra (1674-1683).
O terramoto de 1755, causou na Vila de Sintra e no seu termo avultados estragos e numerosos mortos. É nesta segunda metade do século XVIII que decorrem, no Paço da Vila, obras de restauro. Há que registar, ainda no século XVIIl, a fundação da primeira unidade industrial do concelho, a Fábrica de Estamparia de Rio de Mouro, em 1778, e a visita da rainha D. Maria I à Vila em 1787, para cuja ocasião foram redecoradas algumas salas e câmaras do Paço. Mas as grandes festas, em 1795, pelo baptizado do infante D. António, filho de D. João VI, foram celebradas com magnificência no Palácio de Queluz... E até que o rei-consorte D. Fernando II compre o Mosteiro da Pena e uma vasta área adjacente, em 1838, há apenas que assinalar o arco da autoria do arquitecto Costa e Silva, construído no Palácio de Seteais pertença do Marquês de Marialva, para comemorar em 1802 a visita dos Príncipes do Brasil, D. João e D. Carlota Joaquina e a visita do rei absolutista D. Miguel em 1830. No terceiro quartel do século XVIII e praticamente todo o século XIX o espírito romântico dos viajantes estrangeiros e da aristocracia portuguesa redescobrem a magia de Sintra e dos seus lugares, mas sobretudo o exotismo da sua paisagem e do seu clima. Aqui chega, no Verão de 1787 William Beckford, hóspede do 5° marquês de Marialva, estribeiro-mor do reino, residente na sua propriedade de Seteais e é aqui que a ainda princesa D. Carlota Joaquina, mulher do regente D. João, compra, no princípio do século XIX, a Quinta e o Palácio do Ramalhão.
Entre 1791 e 1793 Gerard Devisme constrói na sua extensa Quinta de Monserrate o palacete neo-gótico cujo desenho — supõe-se que de arquitecto inglês — não foi ainda atribuído com segurança. Beckford, que permanecera em Sintra, arrenda a propriedade de Devisme em 1794. E é ainda o exotismo desta paisagem envolta em nevoeiro uma boa parte do ano que atrai um outro inglês, Francis Cook — o segundo arrendatário de Monserrate depois de Beckford, a expensas do qual é construído o pavilhão de gosto orientalizante que hoje conhecemos -, entre uma série de magnatas estrangeiros que por aqui se vão fixando em palácios, palacetes e chalets que fazem construir ou reconstroem à medida das potencialidades deste invulgar meio natural. O grande empreendimento artístico deste século em Sintra é sem dúvida o Palácio da Pena, obra marcante do romantismo português, iniciativa do rei-consorte D. Fernando II, marido da rainha D. Maria II (1834-1853), um alemão da casa de Saxe-Cobourg-Gotha. O Palácio, construído sobre o que restava do velho mosteiro Jerónimo do século XVI — mas conservando-lhe partes fundamentais (a igreja, o claustro, algumas dependências) — é de uma arquitectura ecléctica única que não teve continuidade na arte portuguesa. Projecto do barão de Eschwege e do próprio D. Fernando II, substitui-se ao Palácio da Vila enquanto estância de veraneio da Corte, alternando, no final do século, com outro núcleo regional do veraneio régio: Cascais. Depois de Sintra, nos meses de Setembro e Outubro é em Cascais que a corte de D. Luís I (1861-1889) e de D. Carlos I (1889-1908) termina o veraneio. Em 1854 é celebrado o primeiro contrato para a construção de um caminho de ferro que ligasse a Vila a Lisboa. Um decreto de 26 de Junho de 1855 regulava este contrato celebrado entre o governo e o conde Claranges Lucotte que, todavia, foi rescindido em 1861. Após várias tentativas sem êxito, a linha foi finalmente inaugurada a 2 de Abril de 1887. No princípio do século XX, foi Sintra um reconhecido lugar de veraneio e residência de aristocratas e de milionários. De entre estes, Carvalho Monteiro detentor de uma considerável fortuna que lhe valeu a alcunha de "Monteiro dos Milhões", fez construir perto da Vila, na quinta que comprara à baronesa da Regaleira, um luxuoso palacete cuja arquitectura neo-manuelina representa um marco na história do revivalismo português. Entre a segunda metade do século XIX e os primeiros decénios do século XX, Sintra tornou-se um lugar privilegiado para artistas: músicos como Viana da Mota; músicos-pintores como Alfredo Keil; pintores como João Cristino da Silva, autor de uma das mais célebres telas do romantismo português: Cinco Artistas em Sintra; escritores como Eça de Queiróz ou Ramalho Ortigão, todos eles aqui residiram, trabalharam ou procuraram inspiração. Mas não só artistas portugueses se têm maravilhado em Sintra. Em 1757, o romancista Henry Fielding, ao sentir-se doente, retirou-se para uma mansão em Sintra, que considerou o lugar mais belo da terra para escrever um novo romance.3 O poeta Robert Southey também viveu em Sintra com a mulher e com os filhos e desafiou os outros românticos ingleses a fazerem o mesmo.4 Samuel Taylor Coleridge imitou-o e descreveu Sintra como um jardim do Éden à beira de um mar prateado, e o poeta William Wordsworth também visitou a região.4 Em 1809 Lord Byron escreveu ao seu amigo Francis Hodgson (1781–1852) dizendo que a vila de Sintra é talvez a mais bonita do mundo.5 No poema Childe Harold Pilgrimage Byron referiu-se a “Cintra's glorious Éden”6 A 21 de Agosto de 1859 chegou a Portugal o poeta Alfred Tennyson com a intenção de conhecer Sintra.7 Muitos anos mais tarde foi a vez do escritor Isaac Bashevis Singer, galardoado com o prémio Nobel da Literatura, andar a passear por Sintra, conforme relatou no seu conto Sabbath in Portugal.
Em 1981, o cineasta brasileiro Glauber Rocha, um dos mais importantes nomes do cinema moderno mundial, legítimo representante do barroco latinoamericano e terceiromundista, escolhe Sintra para ser, como ele próprio afirmou, "seu segundo e último exílio". Aos 42 anos, já com a saúde debilitada, problemas financeiros, e uma forte decepção frente à rejeição de seu último filme, "A Idade da Terra" (1980), no Festival de Veneza, Glauber vai a Sintra já ciente de que sua vida chegara ao fim. "O preço pago pela liberdade artística", dizia. Um mistério: por várias vezes, anos antes, Glauber afirmara que morreria aos 42, o que, de fato, ocorreu. "Sintra é um belo lugar para morrer", afirmou.
"Verdadeiro Património da Humanidade já enquanto referência com largos séculos, a Candidatura de Sintra a Património Mundial/Paisagem Cultural, que apresentámos e defendemos, representa o reconhecimento monumental e ambiental de uma vasta paisagem cultural cuja identidade - formulada também com importantes contributos de estrangeiros que reconheceram neste lugar qualidades que na maior parte dos casos se saldaram com permanências longas e por vezes definitivas, na grande parte dos exemplos dando origem a um rico património literário — permaneceu ao longo dos oitocentos anos de história deste País. In "Sintra Património da Humanidade".

Bandeira de Sintra

Heráldica

Brasão -  Escudo de vermelho, com uma torre torreada mourisca de ouro, aberta e iluminada de azul assente num monte de penhascos de negro, perfilados e realçadosde prata, carregados de plantas de verde floridas do campo, estando a torre superior carregada de cinco escudetes ogivais de azul postos em cruz, os dos flancos deitados e apontados ao centro, carregados cada de onze besantes de prata postos em aspa e acompanhada de dois crescentes de prata encimados, cada, por estrela de cinco pontas do mesmo.
Coroa mural de prata com quatro torres aparentes. Listel branco com a legenda a negro: "Vila de Sintra".

Bandeira - Esquartelada de amarelo e de azul. Cordões e borlas de ouro e de azul. Haste e lança de ouro.

Simbologia - A acção guerreira que, nestas paragens, predominou desde tempos remotos até à reconquista cristã por Dom Afonso Henriques, é representada pelo vermelho do campo do escudo das armas, significando o vermelho, em heráldica, vitórias, ardis e guerras. Quanto ao castelo, é representado por uma torre torreada por ter sido uma fortificação militar que teve acções guerreiras na sua história. O valor que teve a tomada de Sintra, tão próxima de Lisboa, possibilitando o desenvolvimento do grande poder que tinha Dom Afonso Henriques para a fundação da nacionalidade, é representado no ouro da torre torreada, significando o ouro, em heráldica, fé e poder. A conquista de Sintra e do seu castelo, por Dom Afonso Henriques, está representada pelas quinas antigas de Portugal, que carregam a torre superior. Quanto aos antigos senhores da vila, os mouros, que Dom Afonso Henriques venceu, estão representados pelos crescentes e pelas estrelas de prata que os encima e que acompanham a torre torreada. O admirável panorama que, da serra de Sinta, se avista, é representado pelo azul indicado para iluminar e abrir a torre torreada, visto que o azul, em heráldica, corresponde ao ar. A terra, e portanto o solo que a natureza embelezou e enriqueceu com o frondoso arvoredo e as cristalinas águas, é representada pelo negro dos penhascos em que assenta a torre. Em heráldica o negro corresponde à terra e significa honestidade. A fantástica serra é figurada no monte de penhascos.


Cultura e Turismo :

         De clima ameno e ares lavados, a vila de Sintra foi, durante séculos, local privilegiado de habitação e lazer por parte de reis e nobres, que a dotaram de vários monumentos que hoje fazem parte do seu património. A Vila Velha de Sintra e a área envolvente, classificada, pela UNESCO como Património Mundial/Paisagem Cultural desenvolve-se na aba Norte da Serra de Sintra que termina no Cabo da Roca, o ponto mais ocidental do continente europeu.
Dos monumentos do concelho de Sintra, um especial destaque para os palácios aí existentes: o Palácio de Seteais, construído no último quartel do século XVIII por Daniel Gildemeester e que recebeu o seu traçado actual após as obras de ampliação que sofreu, nos primeiros anos do século XIX, aquando da posse de D. Diogo José Vito de Meneses Noronha Coutinho, 5º Marquês de Marialva; o Palácio de Queluz, cuja construção iniciou no ano de 1747 pelo Infante D. Pedro, futuro D. Pedro III, a partir de um antigo palácio rural dos Marqueses de Castelo Rodrigo, e que foi adaptado a residência de veraneio da familia real; o Palácio de Monserratee-Mail, palacete romântico cujo projecto se deve ao arquitecto James Knowles Jr., construído no terceiro quartel do século XIX, por iniciativa de Francis Cook, Visconde de Monserrate, constitui um dos mais interessantes espécimes sintrenses do Romantismo; o Palácio Nacional, constituído por diversos corpos edificados ao longo de sucessivas épocas, o Paço da Vila de Sintra é um dos mais importantes exemplares portugueses de arquitectura realenga; e o Palácio da Pena ou «Castelo da Pena» situa-se num dos cumes da Serra de Sintra e a sua construção remonta a 1839, quando o rei consorte D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gotha (1816-1885) adquiriu as ruínas do Mosteiro Jerónimo de Nossa Senhora da Pena e iniciou a sua adaptação a palacete. Em torno deste palácio, está o frondoso Parque de Pena, plantado e arborizado devido aos esforços de D. Fernando II de Saxe Coburgo Gotha, no terceiro quartel do século XIX. Ainda referente ao património concelhio, destaque para: a Igreja de S. Pedro de Penaferrim, de fundação medieval, alterada no século XVI por iniciativa de D. Álvaro de Castro (1565); a Igreja de S. Martinho, arrasada pelo terramoto de 1755 e reconstruída e em fins do século XVIII; a Igreja de Santa Maria, fundada por D. Afonso Henriques após a reconquista, mas totalmente alterada no final do século XIII e inícios do XIV, é um edifício gótico; e a Igreja de S. Miguel. No que diz respeito a unidades museológicas, destaque para: o Museu Arqueológico, inaugurado em 1955, no lugar de Odrinhas, a cerca de 11 Km da sede concelhia, tratando-se de um museu dedicado à Epigrafia latina, instalado no espaço de uma villa romana de que se vislumbram várias estruturas; o Museu Regional, situado no antigo Hotel Costa, na Praça da Républica (Vila Velha), tem notáveis colecções de Arqueologia, de Etnografia e de Arte Sacra, e com uma Galeria de Pintura de Temática Sintrense, que inclui um espaço destinado a Exposições Temporárias; o Museu de Arte Moderna, reúne, em permanência, uma importante colecção de arte internacional, a Collecção Berardo, onde estão representados os principais movimentos, correntes e linhas de investigação artística, com obras consideradas essenciais para a compreensão da história de arte internacional; e o Museu do Brinquedo que apresenta a colecção de brinquedos de João Arbués Moreira.
De mencionar ainda outras infra-estruturas culturais existentes no concelho de Sintra como: a Galeria Municipal do Museu Regional de Sintra, situada no centro histórico de Sintra; a Galeria Municipal de Fitares; a Galeria, um espaço no bairro da judiaria, junto ao Palácio Nacional, local eleito para a primeira leitura dos Lusíadas, onde Camões exaltou os feitos dos portugueses de além mar, a Galeria Artes & Tartes, onde se encontram várias exposições temporárias de pintura, escultura, artesanato, ourivesaria, etc.; a Galeria de Albarraque; a Biblioteca Municipal de Sintra, inaugurada por Francisco Costa e que se caracteriza pelo seu vasto acervo bibliográfico de História Local; a Biblioteca Local de Agualva-Cacém, inaugurada a 11 de Novembro de 1997, direccionada para o campo das novas técnicas da informação; e Biblioteca da Tapada das Mercês, inaugurada a 23 de Abril de 1998. Destaque ainda para o Centro Cultural Olga Cadaval instalado no antigo Cine Teatro Carlos Manuel.






Palácio Nacional da Pena

                 Quase todo o Palácio assenta em enormes rochedos, e a mistura de estilos que ostenta (neogótico, neomanuelino, neo-islâmico, neo-renascentista, com outras sugestões artísticas como a indiana) é verdadeiramente intencional, na medida em que a mentalidade romântica do século XIX dedicava um fascínio invulgar ao exotismo.
Estruturalmente o Palácio da Pena divide-se em quatro áreas principais:
A couraça e muralhas envolventes (que serviram para consolidar a implantação da construção), com duas portas, uma das quais provida de ponte levadiça;
O corpo, restaurado na íntegra, do Convento antigo, ligeiramente em ângulo, no topo da colina, completamente ameado e com a Torre do Relógio;
O Pátio dos Arcos frente à capela, com a sua parede de arcos mouriscos;

A zona palaciana propriamente dita com o seu baluarte cilíndrico de grande porte, com um interior decorado em estilo cathédrale, segundo preceitos em voga e motivando intervenções decorativas importantes ao nível do mobiliário e ornamentação em geral. Durante a construção, apesar de se manter a estrutura básica, foram feitas alterações em quase todos os vãos, ao mesmo tempo que a pequena torre cilíndrica que se encostava à maior passou para a retaguarda do edifício. O arco do corpo, ladeado por duas torres, recebeu uma profusa decoração em relevo a imitar corais. Sobre ela, uma janela, a "bow window", recebeu na sua base, também em relevo, uma figura de um ser híbrido, meio-peixe, meio-homem, saindo de uma concha com a cabeça coberta por cabelos que se transformam num tronco de videira cujos ramos são sustentados pela enigmática personagem, relembrando propositadamente o homem barbado da janela da sala do coro do Convento de Cristo em Tomar, transformado aqui num ser monstruoso de carácter quase demoníaco. Este conjunto, conhecido por "pórtico do Tritão", foi projetado pelo próprio D. Fernando, que o desenhou como um "Pórtico allegórico da creação do mundo", e parece condensar, em termos simbólicos, a "teoria dos quatro elementos". Reforçando esta relação com Tomar, a janela existente no lado oposto deste corpo copia com alguma liberdade o célebre vão manuelino da autoria de Diogo de Arruda, "achatando-a". Nicolau Pires foi a Tomar desenhá-la para o príncipe, que reformulou o conjunto.
O conjunto das diversas guaritas, o desnivelamento dos sucessivos terraços, o revestimento parietal com azulejos neo-hispano-árabes, oitocentistas, são elementos significativos. A adaptação da janela do Convento de Cristo, do lado do Pátio dos Arcos e a notável figura do Tritão, simbolizando, segundo alguns autores, a alegoria da Criação do Mundo, são pormenores fundamentais na interpretação deste Palácio.
A planta do edifício é bastante irregular e está condicionada por uma construção ali preexistente – a Capela de Nossa Senhora da Pena – e ainda pela topografia. O resultado é um núcleo sensivelmente quadrangular, organizado à volta de claustro e um outro alongado. As fachadas são divididas por bocéis ou torçais e fenestradas, mais ou menos regularmente, e por vãos quadrangulares, rectangulares e de arco pleno. As torres e os baluartes possuem anéis superiores sobre cachorrada ou arcatura, formando caminhos de ronda, mirantes ou terraços. Já as torres quadradas têm nos cunhais guaritas circulares com coberturas cónicas.
A fachada principal está revestida com azulejos de padrão policromo e dispõe de uma varanda ao nível do terceiro piso. No núcleo quadrangular, destacam-se várias arcadas interrompidas sobre murete. Uma escada em U conduz ao claustro, de dois pisos, com arcada de arcos plenos no primeiro e abatidos no segundo. À volta destes dispõem-se algumas das principais salas.
Na ala norte encontra-se a capela, forrada a azulejos padrão, com a nave separada da capela–mor por teia em pau–santo. O parque possui uma ambiência fria e nórdica, o que se deve às influências dos jardins românticos da Alemanha. Todas as torres (exceptuando a do Relógio) receberam cúpulas. Os motivos de inspiração foram essencialmente colhidos em fontes mouriscas e mudéjares espanholas e em quase todas as obras manuelinas da Grande Estremadura, entre as quais se encontram: a Torre de Belém (justificando as guaritas com cúpulas gomeadas e os renques de ameias), os Jerónimos (os vãos, a ornamentação de cordas entrançadas e frisos), o Convento de Cristo (a "bow window", a própria expressão quase caricatural) e o Palácio da Vila (os frisos de relevos góticos nas cornijas, e a própria realização orgânica do complexo). As rosas com cruzes inscritas demonstram a secreta genealogia do príncipe, que devia remontar miticamente à Fraternidade Rosa-cruz do século XVII, da qual o príncipe foi grão-mestre e, ainda mais tarde, à Ordem de Cristo, herdeira dos Templários em Portugal.
A concepção dos interiores deste Palácio para adaptação à residência de verão da família real valorizou os excelentes trabalhos em estuque, pinturas murais em "trompe-l'oeil" e diversos revestimentos em azulejo do século XIX, integrando as inúmeras colecções reais em ambientes onde o gosto pelo bricabraque e pelo coleccionismo são bem evidentes.

Destacam-se ainda:
- a Sala dos Veados, ampla e cilíndrica, com uma larga coluna como eixo, atualmente utilizada para exposições;
- a Sala de Saxe, onde predomina a porcelana de Saxe;
- o Salão Nobre, onde estuques, lustres, móveis e pedaços de vitrais variam do século XIV ao século XIX, e onde se misturam elementos maçónicos e rosacrucianos;
- o Atelier do Rei D. Carlos, estúdio com telas pintadas por D. Carlos
- o Terraço da Rainha, de onde melhor se pode observar a arquitetura do Palácio, o Relógio de Sol com um canhão que disparava ao meio-dia
- o Claustro Manuelino, parte original do antigo mosteiro do século XVI revestido de azulejos hispano-árabes (c.1520)
- a Capela, parte original do antigo mosteiro dos frades Jerônimos
- os aposentos, onde se identifica o grande baixo relevo em madeira de carvalho quinhentista, de autor desconhecido, ilustrando a Tomada de Arzila, adquirido por D. Fernando em Roma;
 -a Sala Indiana, com valiosas obras de arte, como o lustre em cristal da Boémia e baixo relevo "Cólera Morbus", de autoria de Vítor Bastos;
 - a Sala Árabe, que expõe algumas das pinturas de Paolo Pizzi; e
as pinturas em pratos do rei-artista, numa outra sala.



Palácio Nacional de Sintra

             De planta complexa, organiza-se em "V" e apresenta volumetria escalonada, constituída sobretudo por paralelepípedos, sendo a cobertura efectuada por múltiplos telhados diferenciados a quatro águas.
Aspecto característico deste palácio, rapidamente identificado pelos turistas, é o par de altas chaminés cónicas. O alçado principal está organizado em três corpos, sendo o central mais elevado e recuado relativamente aos extremos. Existe ainda no piso térreo uma arcaria com quatro arcos quebrados, encimada por cinco janelas maineladas e emoludramento calcário. As outras frentes do edifício apresentam um complexa articulação de corpos salientes e reentrantes, destacando-se o volume cúbico da Sala dos Brasões.
Os compartimentos internos reflectem-se em núcleos organizados em torno de pátios. Destacam-se os seguintes: a Sala dos Archeiros, a Sala Moura (ou dos Árabes), a Sala das Pegas, a Sala dos Cisnes e a Sala dos Brasões — que ostenta a representação das armas de 72 famílias nobres portuguesas e dos oito filhos de D. Manuel I —, a Sala das Sereias e a Sala da Audiência.
A capela, de planta rectangular e nave única, tem os muros revestidos por pintura ornamental e tecto de madeira. Na cozinha, são visíveis arranques octogonais das monumentais chaminés. Alguns compartimentos da chamada ala manuelina ostentam emolduramentos de vãos e lareiras em calcário, caracterizadas por decoração em relevo.



Palácio da Regaleira

         Carvalho Monteiro tinha o desejo de construir um espaço grandioso, em que vivesse rodeado de todos os símbolos que espelhassem os seus interesses e ideologias. Conservador, monárquico e cristão gnóstico, Carvalho Monteiro quis ressuscitar o passado mais glorioso de Portugal, daí a predominância do estilo neomanuelino com a sua ligação aos descobrimentos. Esta evocação do passado passa também pela arte gótica e alguns elementos clássicos. A diversidade da quinta da Regaleira é enriquecida com simbolismo de temas esotéricos relacionados com a alquimia, Maçonaria, Templários e Rosa-cruz. O bosque ou mata que ocupa a maioria do espaço da Quinta, não está disposta ao acaso. Começando mais ordenada e cuidada na parte mais baixa da quinta, mas, sendo progressivamente mais selvagem até chegarmos ao topo. Este disposição reflecte a crença no primitivismo de Carvalho Monteiro.  O Patamar dos Deuses é composto por 9 estátuas dos deuses greco-romanos. A mitologia clássica foi uma das inspirações de Carvalho Monteiro para os jardins da Regaleira. 
Uma galeria subterrânea com uma escadaria em espiral, sustentada por colunas esculpidas, por onde se desce até ao fundo do poço. A escadaria é constituída por nove patamares separados por lanços de 15 degraus cada um, invocando referências à Divina Comédia de Dante e que podem representar os 9 círculos do inferno, do paraíso, ou do purgatório. Segundo os conceituados ocultistas Albert Pike, René Guénon e Manly Palmer Hall é na obra 'A Divina Comédia' que se encontra pela primeira vez exposta a Ordem Rosacruz. No fundo do poço está embutida em mármore, uma rosa dos ventos (estrela de oito pontas: 4 maiores ou cardeais, 4 menores ou colaterais) sobre uma cruz templária, que é o emblema heráldico de Carvalho Monteiro e, simultaneamente, indicativo da Ordem Rosa-cruz.
O poço diz-se iniciático porque se acredita que era usado em rituais de iniciação à maçonaria e a explicação do simbolismo dos mesmos nove patamares diz-se que poderá ser encontrada na obra Conceito Rosacruz do Cosmos. A simbologia do local está relacionada com a crença que a terra é o útero materno de onde provém a vida, mas também a sepultura para onde voltará. Muitos ritos de iniciação aludem a aspectos do nascimento e morte ligados à terra, ou renascimento. A existência de 23 nichos localizados por debaixo dos degraus do poço iniciático representava um dos muitos mistérios da referida construção. No dia 29 de Dezembro de 2010, o professor Gabriel Fernández Calvo da Escola Técnica Superior de Engenheiros de Caminhos, Canais e Portos da Universidad de Castilla-La Mancha em Ciudad Real, quando visitava o poço acompanhado de outros professores da UCLM, observou que os 23 nichos não estão colocados por acaso, pois encontram-se agrupados em três conjuntos de 17, 1 e 5 nichos separados entre si à medida que se desce ao fundo do poço. Esta organização não é aleatória e provavelmente se refere ao ano 1715 em que Francisco Albertino Guimarães de Castro comprou a propriedade (conhecida como Quinta da Torre ou do Castro) em hasta pública.
O poço está ligado por várias galerias ou túneis a outros pontos da quinta, a Entrada dos Guardiães, o Lago da Cascata e o Poço Imperfeito. Estes túneis, outrora habitados por morcegos afastados pelos muitos turistas que visitam o local, estão cobertos com pedra importada da orla marítima da região de Peniche, pedra que dá a sugestão de um mundo submerso. 
  Uma magnífica fachada que aposta no revivalismo gótico e manuelino. Nela estão representados Santa Teresa d'Ávila e Santo António. No meio, a encimar a entrada está representado o Mistério da Anunciação - o anjo Gabriel desce à terra para dizer a Maria que ela vai ter um filho do Senhor - e Deus Pai entronizado. No interior, no altar-mor vê-se Jesus depois de ressuscitar a coroar uma mulher que pode ser Maria ou Madalena (de uma maneira mais contraditória). Do lado direito Santa Teresa e Santo António repetem-se, desta vez em painéis de mosaico. Do lado oposto um vitral com a representação do milagre de Nossa Senhora da Nazaré a D. Fuas Roupinho. No chão estão representados a Esfera Armilar ou Globo Celeste e a Cruz da Ordem de Cristo, rodeados de pentagramas (estrelas de cinco pontas). 

Gastronomia

           Da gastronomia local, destaque para o leitão dos Negrais, a carne de porco às Mercês, o cabrito e a vitela assada. Na doçaria, especial referência para as queijadas de Sintra, para os travesseiros, para os pastéis da Pena, para as nozes de Galamares e para os fôfos de Belas.

                                                                                                          Travesseiros de Sintra
Travesseiro de SintraCabrito Assado
Cabrito Assado