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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Águeda

Brasão de Águeda

Localização : 

             Localizado praticamente no centro do losango formado por quatro capitais de distrito (Aveiro, Porto, Viseu e Coimbra), Águeda é concelho do distrito de Aveiro com 334 Km2 no conjunto das suas vinte freguesias, três das quais (Aguada de Cima; Fermentelos e Mourisca, na freguesia de Trofa) com sede em Vilas suas homónimas. Banhado pelo rio com o mesmo nome, afluente do rio Vouga que o limita a Norte e a Poente. A Oriente, o concelho de Águeda é limitado pela Serra do Caramulo e a Sul pelo rio que lhe é homónimo, e que nasce neste distrito, a sul da Mealhada lançando a sua água na lagoa Pateira de Fermentelos. A situação topográfica de Águeda levou à errada interpretação, durante largo tempo, de que tivesse sido a "Emínio" clássica e da alta Idade Média (a atual Coimbra); equívoco que esteve presente na leitura de muitos escritores, a seguir ao século XVI. Hoje existe a convicção de que Águeda nasceu de um forçoso atravessamento fluvial, nas antigas vias de trânsito, como, mais a Norte acontece com o rio Vouga, junto à povoação do mesmo nome. Assim, a importância de Águeda veio-lhe das várzeas que lhe ficam fronteiras, tendo sido estas as as responsáveis por se encontrarem os nomes locais, nos documentos que se reportam à primeira reconquista. O concelho está coberto por extensas matas de pinheiros e eucaliptos, e ao abrigo das suas encostas nascem famosos vinhos, tendo-se destacado em tempos, as castas cultivadas na Quinta da Aguieira.




História :

           A Origem do nome Águeda deriva do latim "Agatha", do grego "agathê", o mesmo que "boa"; contudo, o seu nome original era "Anegia", mais tarde mudado para "Agatha" ou "Ágata". Foi com a denominação de "Ágata" que foi representada no Concílio de Toledo, no ano 609, por Possidónio, seu primeiro bispo (ano 589). Em documentação do século IX, Águeda surge como um nome que designa a região "Ripa de Ágata"; note-se pois, que o rio já tinha a denominação de Águeda, pelo que devido à sua proximidade, foi atribuído à povoação o mesmo nome.O povoamento deste território recua a épocas imemoriais, estando contudo documentado por diversos monumentos megalíticos, disseminados por todo o concelho. É da opinião de alguns autores que existiu neste território, no tempo dos romanos, uma povoação denominada "Talábriga" com sede em Marnel, na freguesia de Lamas do Vouga. Existem abundantes vestígios comprovativos da presença romana no concelho, sendo disso exemplo o Cabeço do Vouga, em Lamas do Vouga, com situação privilegiada junto ao trajeto da antiga via militar romana de "Olissipo" a "Bracara Augusta". Conquistada pelos árabes, Águeda foi arrasada; porém, depois reconquistada e reconstruída a partir de 716 pelo Rei Afonso I de Castela, foi eleita sede de condado, embora não chegasse a receber foral. Segundo reza a tradição, no período da Reconquista, os sítios recônditos deste concelho serviam de abrigo aos "infiéis", razão porque ainda hoje subsistem lendas relativas à animosidade que reinava entre cristãos e mouros. Ainda deste período da Reconquista Cristã, existem abundantes diplomas que atestam a persistência da ocupação demográfica e agrícola, através da ilustração do parcelamento das suas propriedades.  Nas inquirições de D. Afonso II de 1220, encontram-se referências à igreja de Águeda (já documentada por escrito em 1077) e a diversos casais situados naquela região, bem como a algumas das atuais freguesias do concelho. À volta desta igreja foi-se formando uma pequena povoação com o nome de Santa Eulália, que passou a chamar-se de Santa Eulália de Águeda; esta nova denominação servia para a distinguir de uma povoação homónima, em Aguada de Cima. Também no tempo de D. Dinis, designadamente no livro II das Doações, lhe eram feitas referências, existindo 62 cartas que mencionam "Riba d`Águeda", Vouga e Cértomos. Entre os séculos XVI e XVIII, muitas foram as famílias ilustres que neste concelho se fixaram e que deram origem à atual população de Águeda e das regiões vizinhas. Remonta também a esta época, a origem das procissões que ainda se realizam em Águeda, tais como a Procissão do Senhor dos Passos. A localização de Águeda junto ao rio e às principais vias de comunicação que ligavam o Norte ao Sul e o litoral ao interior, rapidamente deram ao burgo feição predominantemente comercial, cuja importância aumentou depois que D. Manuel I a incluiu no foral concedido a Aveiro, em 1515. No século XVI conhece-se também uma rica tradição artesanal do ferro, cujo desenvolvimento acabaria por proporcionar a produção industrial que tem lugar desde os finais do século XIX e é hoje é um dos "ex-libris" do concelho. O atual concelho de Águeda resultou como muitos outros, da grande reforma administrativa liberal, coadjuvando as contínuas lutas políticas, sociais e económicas com a extinção de muitos pequenos concelhos antigos. Inicialmente esteve ligada à Casa Ducal de Aveiro, mas com a sua desvinculação da jurisdição de Assequins, conseguiu constituir concelho em 9 de Janeiro de 1834, incluindo localidades de diversos concelhos circundantes de origem senhorial. Em 27 de Janeiro de 1919 travou-se um combate, conhecido por Combate de Águeda, entre as tropas monárquicas do Porto, e as tropas republicanas de Lisboa, com base no quartel de Águeda.

Bandeira de Águeda

Cultura e Turismo :

         Entre os muitos pólos dinamizadores da cultura deste concelho, como as associações sociais e culturais, destacam-se os Museus dedicados a recuperar elementos importantes da historia do concelho, e de que são exemplo: 
A Casa - Museu de Etnografia da Região do Vouga, fundada em 1973, sendo atualmente considerado património etnográfico da região, com milhares de peças provenientes de recolhas desenvolvidas pelo Grupo Folclórico da Região do Vouga. Apresenta uma interessante coleção de trajos - com destaque para os coloridos lenços usados pelas mulheres - permite conhecer como vestia a gente da região, desde a elegante tricana com o seu xaile traçado, ao homem do campo que labutava de sol a sol. Artesanato e peças ligadas ao rico folclore do baixo Vouga fazem também parte do valioso recheio da Casa - Museu.
O Museu da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro (habitação particular dos finais dos anos 20), que integra uma boa coleção de pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, para além de porcelanas chinesas e portuguesas, mobiliário português e francês; tapeçarias, peças em prata, cristais, relojoaria, imagens e estatuetas em marfim.
O Museu Ferroviário Vale do Vouga (Secção Museológica da C.P.), onde se encontram quatro locomotivas a vapor (a mais antiga de 1886), que testemunham mais de um século de história do caminho de ferro nos Vales do Vouga e do Dão.
Quanto ao turismo, sabe-se que desde sempre a Região da Bairrada, onde fica inserido este concelho, acolheu visitantes atraídos pela diversidade e encanto das suas paisagens, que largamente contribuem para a sua procura. Os amantes da Natureza têm oportunidade de deparar neste concelho, com locais inesquecíveis como a Lagoa Pateira (assim chamada porque foi reserva natural e privada de "D. Manuel I" e devido grande quantidade de patos nela existente) que tem a sua origem no pequeno riacho que nasce na serra do Buçaco e que se chama "Cértima"; com nascentes próprias, dá as suas águas ao Rio Águeda e é rica em fauna e flora sendo as espécies mais abundantes: a enguia, a carpa, o achigã e o pimpão. Nela se praticam todos os desportos náuticos, caça e pesca. A Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga, cujos primeiros trabalhos de escavação remontam ao ano de 1941, altura em que foi posto a descoberto um importante parcelado que terá sido a cidade luso-romana de "Vacca" ou "Váccua", ou ainda "Talábriga". O rio Alfusqueiro, que nasce no topo da Serra do Caramulo, na vertente voltada para Oeste é também um importante pólo turístico; depois de receber alguns afluentes, continua o seu sinuoso percurso. A sua largura é por vezes tão diminuta, que é fácil passar de uma margem à outra por cima dos rochedos. Quando deixa o granito e entra na zona xistosa, já os vales são mais profundos e quase intransponíveis, até à sua foz, na praia fluvial de Bolfiar, onde se encontra com o Agadão. Estando no seio de duas grandes regiões vitivinícolas (Bairrada e Dão), pode o visitante aproveitar a oportunidade para desfrutar de excepcionais visitas às suas principais caves. Destaque ainda para as aldeias serranas que preservam ainda, na pureza das suas construções, o tipicismo da vida comunitária, rica de tradições etnográficas.



Gastronomia :

          Na gastronomia, este concelho oferece deliciosos pratos de carne de cabra ou de carneiro à lampantana, o bacalhau albardado ou à lagareira, o seu arroz de açafrão, o leitão assado à moda da Bairrada, a canja de enguias, a caldeirada de peixe, a deliciosa broa de milho e os vinhos da região. Como doçaria, destaque para os célebres suspiros e cavacas de Águeda, os pastéis de Águeda, os caçoilinhos do Vouga, os sequilhos, as barrigas de freira e outros.




Viagem e visita ao concelho de Oliveira do Bairro

Brasão de Oliveira do Bairro

Localização : 

           Situado no distrito de Aveiro, o concelho de Oliveira do Bairro dista da sede distrital cerca de vinte quilómetros. O concelho possui uma área de cerca de 87.3 Km2, divididos pelas freguesias de Mamarrosa, Oiã que em área é a maior freguesia do concelho, e com sede na Vila com o mesmo nome; Bustos, Oliveira do Bairro, sediada na Vila homónima, Palhaça e Troviscal. Numa zona de transição entre as serras altas do interior (de que se destaca o conjunto do Caramulo e a Serra das Talhadas) e as terras da faixa litoral, o concelho de Oliveira do Bairro é dos dezanove concelhos do distrito, um dos quatro mais pequenos. Os seus terrenos caracterizam-se, numa grande parte, por serem predominantemente argilosos e fortes, incidindo na sua constituição o barro, e por possuir um relevo pouco acidentado, sem grandes desníveis e formas relativamente harmoniosas; daí que desfrute de condições privilegiadas para a sua principal atividade: a agricultura. De facto, este concelho é principalmente agrícola, como se pode constatar pela belíssima paisagem que o caracteriza, onde pontificam culturas ricas e diversificadas ao lado de considerável extensão florestal, sobretudo de pinheiros e eucaliptos como é vulgar na região bairradina. A paisagem rural do concelho apresenta aspectos de rara beleza natural como a panorâmica dos campos de arroz do rio Cértima e as tradicionais vinhas e oliveiras. Os vales dos rios Cértima e Levira são cobertos de uma vegetação espontânea, como as espadanas, o bunho e a canízia.



História : 

           O topónimo "Oliveira do Bairro" deriva do seu primeiro elemento do latim vulgar "ulvaria", "oliveira", sendo ainda na Idade Média designado de "S. Miguel de Ulveira". Quanto ao segundo elemento do composto "do Bairro", a julgar pelos documentos que chegaram até nós, este nome parece ter-se generalizado no século X. É vulgar afirmar-se que tem a sua origem na palavra barro, e de facto, é admissível a evolução de barro para bairro. Outros autores sugerem uma derivação do árabe "barri", isto é "lugar inculto"; porém, parece que é mais seguro dizer-se que vem do baixo-latim "barrium", "quinta, casal". Em Oliveira do Bairro, tal como acontece em muitas terras do país, a ação do tempo e da memória fez com que muitos dos momentos que fizeram a sua história caíssem no esquecimento, com prejuízo muitas das vezes irrecuperável para o seu povo. Aparece pela primeira vez como "Olivaria" em 2 de Junho do ano de 922, numa altura em que o Bispo de Coimbra organizava o Mosteiro de Crestuma e a Vila do mesmo nome, e lhe doa entre outras propriedades, Oliveira do Bairro. Posteriores a este documento muitos outros existem, com referências a esta terra, embora no geral esses testemunhos sejam essencialmente de carácter eclesiástico. A 30 de Janeiro de 1355, D. Fernando de Aragão toma posse dos casais, que pelo casamento com a Infanta D. Maria lhe haviam sido doados por D. Afonso IV, incluindo rendas dos Padroados da Igreja com jurisdições criminais e civis, o que vem acentuar a importância de Oliveira do Bairro. Numa declaração de propriedades do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, de 26 de Maio de 1431, propriedades de Oliveira do Bairro são referenciadas. Oliveira do Bairro teve como donatários os Condes de Miranda e o Marquês de Arronches, seguindo-se-lhes os Duques de Lafões. D. Manuel I concedeu-lhe Foral Novo, em 6 de Abril de 1514, que além de Oliveira do Bairro incluía: Repolão (lugar da vila sede de concelho de Oliveira do Bairro), Padela, Montelongo, Lavandeira e Bairro (todos lugares da vila sede de concelho de Oliveira do Bairro). Importante na história desta região é sem dúvida tudo o que é relativo ao cultivo da vinha na Bairrada que começou com a chegada das Legiões Romanas, e continuou no alvor da Nacionalidade pela mão dos frades medievais dos Mosteiros de Lorvão e da Vacariça. Em 1137, D. Afonso Henriques havia autorizado a plantação da vinha em Anadia e decretado como sua, uma quarta parte do vinho ali produzido. Em 1801 surge o projeto para a demarcação da Região da Bairrada, no entanto, só em 1978 a Região foi demarcada oficialmente, tornando-se importante no fator para o desenvolvimento económico dos concelhos nela incluídos, de que é exemplo Oliveira do Bairro.

Bandeira de Oliveira do Bairro

Cultura e Turismo : 

           Para melhor se conhecer a cultura destas gentes, nada melhor do que dedicar algum tempo para visitar as suas povoações, procurando algo interessante dentro delas, mas também ao longo das estradas, das ruas e nos cruzamentos rurais; visto que este não é um concelho rico em monumentos, oferece a sua cultura que tem como produto, todas as atividades e manifestações a que se dedicou a sua população ativa  muito ligada à terra e aos seus santos protetores - tudo o que constitui o seu principal património. Em Oliveira do Bairro, com a Bairrada a começar pelo Norte e pelo Noroeste,as aldeias mantiveram, durante muito tempo, o tipo de casa térrea ou de rés-do-chão bairradina, com a qual a gandaresa mantém semelhanças. As festas e romarias dedicadas aos santos da sua devoção marcavam, e marcam ainda, espaços em tempo de lazer e de descanso periódicos, em dias especialíssimos, durante os quais se repousa das tarefas normais e se come e bebe do bom e do melhor, com mais abundância. Assim, neste concelho, gentes e aldeias, nas quais as leiras de terra faziam parte do dia a dia das pessoas, não possibilitaram a grandiosidade, ainda que comedida, de monumentos, mas fizeram surgir recantos que convidam à apreciação de momentos de serenidade e de paz proporcionados pelas suas paisagens realçadas pelo vasto colorido da sua abundante vegetação. Para além das paisagens naturais, o visitante pode ainda desfrutar de alguns parques, onde poderá simultaneamente contemplar a natureza e desfrutar de algumas infraestruturas que lhe servem de apoio, nomeadamente zona de merendas, piscinas, espaço infantil e bar. Os parques mais relevantes são o parque da Pateira, o parque da Seara e o parque do Vieiro, onde pode também visitar o pequeno Museu do Agricultor.



Gastronomia : 

         O concelho de Oliveira do Bairro oferece rica e apetecível gastronomia, em que o leitão e a chanfana à Bairrada ocupam um lugar de destaque. O leitão à Bairrada e o vinho da Bairrada são os verdadeiros "ex-libris" desta região. Além do leitão, Oliveira do Bairro ainda apresenta como pratos típicos a cabidela e a feijoada de leitão, a vitela à Vouga e os rojões à moda da Bairrada.