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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Montemor-o-Velho

Brasão de Montemor-o-Velho

Localização

         Localizado no centro de Portugal, o concelho de Montemor-o-Velho está integrado no distrito de Coimbra, na sub-região do Baixo-Mondego. O concelho abrange uma área de 228.6 km2 , sendo constituído por 13 freguesias e pelas vilas de Azarede, Carapinheira, Montemor-o-Velho, Pereira, Tentúgal e Verride. Tem como limites a Norte o concelho de Cantanhede; a Sul, o de Soure; a Este o de Condeixa-a-Nova e Coimbra e a Oeste o concelho da Figueira da Foz, o concelho é atravessado pelo rio Mondego que é o seu principal elemento hidrográfico. Trata-se de um dos poucos municípios de Portugal territorialmente descontínuos. O caso de Montemor-o-Velho é único no contexto português, pois a descontinuidade do concelho deve-se à existência, na zona sudeste do seu território, de um pequeníssimo enclave pertencente ao vizinho concelho de Soure (freguesia de Figueiró do Campo), encaixado entre as freguesias montemaiorenses de Pereira e Santo Varão.



História

              Anteriormente era designada por Montemor sobre o Mondego, passando depois a chamar-se Montemor-o-Velho, para se diferenciar da outra vila de Montemor que existia no Alentejo. A ocupação do território que corresponde ao atual concelho de Montemor-o-Velho é bastante remota, estando comprovada a permanência dos romanos nesta região. Foram encontrados vários vestígios comprovativos desse facto, como blocos de cantaria, uma lápide de Lúcio Cádio Cela e uma lápide de Júpiter. Com a ocupação da Península Ibérica pelos mouros, no século VIII iniciou-se um período de lutas intensas em que Montemor-o-Velho e o seu castelo desempenharam um papel crucial, em parte devido à sua localização geográfica. Com a invasão da Península Ibérica no ano de 714, Montemor caiu no poder dos mouros, tendo sido reconquistada em 848 pelo rei leonês D. Ramiro. A este respeito é contada na região uma lenda interessante: O monarca leonês, após ter conquistado a vila, dirigiu-se ao Mosteiro de Lorvão para visitar o abade D. João, seu parente. Aí chegado, encontrou os monges que aí viviam em grande miséria e o convento em completo estado de ruína. Sentindo pela triste situação em que se encontravam, doou-lhes alguns campos no distrito de Coimbra e a vila de Montemor, mas com a condição de nela sustentarem uma prisão de soldados que a defendessem das hostes inimigas. O mencionado abade tomou assim conta da vila, onde passou a habitar com alguns dos seus companheiros. Decorrido algum tempo, um grande exército mauritano acampou no sopé do monte, fazendo um apertado cerco ao castelo. Os sitiados defenderam-se como puderam dos mouros, porém esgotando-se os mantimentos e vendo diante de si a rendição forçada, resolveu o abade que as mulheres, as crianças e os velhos que se encontravam dentro da fortaleza fossem por si e por seus companheiros sacrificados para evitar que caíssem nas mãos dos inimigos. Depois de aprovada esta ideia, cada um dos guerreiros tirou a vida aos seus entes mais queridos, degolando-os. Depois de venceram os mouros voltaram ao castelo, desgostosos pelo ato de crueldade que aí cometeram, e qual não foi o seu espanto quando aí voltaram a encontrar os que haviam degolado, mas com um círculo vermelho no pescoço, a recordar a tragédia. Em 990, voltou Montemor a sofrer as investidas dos mouros, desta feita levadas a cabo pelo terrível Almansor que atribuiu o seu governo a Froila Gonçalves. No reinado de Afonso V, a terra foi de novo recuperada pelos cristãos, para cair outra vez na posse dos mouros em 1026. Em 1034, Gonçalo Trastamires recupera-a para os cristãos e em 1064, a linha do Mondego considera-se definitivamente reconquistada. Neste período de relativa acalmia, D. Raimundo, governador de Coimbra, concede carta de povoação a Montemor em 1095. No entanto, em 1116, dá-se nova investida dos mouros, que destroem o vizinho castelo de Santa Olaia. Montemor resistiu, tendo o seu castelo sido reedificado em 1117. No reinado de D. Sancho I a vila tinha poucos moradores, motivo pelo qual este rei ordenou o seu repovoamento, como se vê pelo foral que lhe concedeu em 1201. Por seu falecimento, o mesmo monarca deixou a suas filhas, D. Teresa e D. Sancha, o senhorio de Montemor e de outras praças e mosteiros, o que originou grandes desavenças entre estas e o seu irmão, D. Afonso II. Os conflitos apenas foram resolvidos através da ação do papa que obrigou a entrega dos castelos aos templários e o senhorio da vila a D. Teresa, mas uma posterior composição, já falecido o rei, levaria de novo Montemor ao senhorio real. Anteriormente, as já mencionadas D. Sancha e D. Teresa deram foral a Montemor-o-Velho em Maio de 1212, o qual foi mais tarde confirmado por D. Afonso III, em 1248. Em 1286, D. Dinis doou a sua irmã, D. Branca, os padroados da vila e da igreja. Em 1322, o mesmo rei concedeu a seu filho, D. Afonso, o senhorio de Montemor. O Infante D. Pedro, Duque de Coimbra, foi também senhor desta vila. D. João II legou depois a seu filho, D. Jorge de Alencastre, as terras que haviam sido de pertença de D.Pedro e que passaram mais tarde para a Casa de Aveiro. Em 1516, o rei D. Manuel I concedeu foral novo ao "concelho e termo" de Montemor-o-Velho.

Bandeira de Montemor-o-Velho

Heráldica

Brasão: de púrpura com um castelo de ouro aberto e iluminado de negro. A torre central carregada por uma quina de Portugal antigo. O castelo acompanhado por duas flores de lis, de ouro. Em contrachefe três faixas ondadas, duas de prata e uma de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres «Vila de Montemor-o-Velho», de negro.

Bandeira: esquartelada de amarelo e negro. Cordões e borlas de ouro e de negro. Hasta e lança douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicações dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal de Montemor-o-Velho».


Cultura e Turismo

           Na margem Norte do Mondego sobressai a Serra de Montemor com o seu castelo, uma das principais atrações turísticas do concelho. Apresenta-se num bom estado de conservação e dele se pode desfrutar uma bela vista sobre os arrozais do rio Mondego e restantes terrenos de cultivo. Integrada no castelo, pode-se encontrar a Igreja de Santa Maria de Alcáçova, mandada edificar no século XI e reedificada no século seguinte. A nível de infra-estruturas culturais, destaca-se no concelho de Montemor-o-Velho o Teatro Ester de Carvalho; anteriormente designado Teatro Infante D. Manuel, com o advento da República passou a chamar-se Ester de Carvalho, como forma de homenagem a esta atriz, muito conceituada quer em Portugal quer no Brasil, no século XIX.


Gastronomia

            Prove as nossas especialidades gastronómicas: o arroz de lampreia, as papas laberças, o pato à moda do Mondego, o arroz malandro de cabidela, o sarrabulho, entre outras iguarias do nosso património gastronómico. Para a sobremesa delicie-se com a doçaria conventual, procurando assim a raiz histórica da presença e influência monástica neste espaço: são os papos de anjo, as barrigas de freira e as queijadas de Pereira, as espigas doces de Montemor, as queijadas e os pastéis de Tentúgal, o arroz doce e as papas de moado confeccionadas à base de sangue de porco e especiarias.

                                                                                                   Pasteis de Tentúgal
Arroz de Lampreia 

Papas Laberças