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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Ílhavo

Brasão de Ílhavo

Localização :

            Delimitado pelo Oceano Atlântico, na sua vertente Oeste, o concelho de Ílhavo, integrado no distrito de Aveiro, de cuja sede dista aproximadamente 3 quilómetros, ocupa uma área geográfica de cerca de 75 Km2,  dividido por quatro freguesias. O concelho localiza-se nas terras baixas banhadas pelos braços da ria de Aveiro que o rio Vouga desenha quando chega ao mar. Esta geografia peculiar condicionou, desde tempos recuados, a atividade dos seus habitantes, atraindo-os para as fainas da pesca e à longínqua Terra Nova (Ilha do Canadá que foi descoberta, no século XV, pelos navegadores portugueses Gaspar e Miguel Corte) em busca do bacalhau, nos lugres bacalhoeiros, representantes do peso da coragem que os pescadores ilhavenses deixaram da Terra Nova à Gronelândia. Também saídas das margens da Ria, a arte e a perícia dos ilhavenses espalham pelo mundo as mais belas cerâmicas de Portugal - a porcelana da Vista Alegre. Assim, Ílhavo é terra de artistas e marinheiros, que trazem a ascendência das bandas do Adriático, e tem como parte que lhe está indelevelmente associada, o barco Moliceiro. O barco, é elemento característico, não só do concelho de Ílhavo, mas de todo o distrito de Aveiro, sendo um deles, o barco do mar, ainda usado em alguns concelhos, com quatro faixas pintadas, cruzes e imagens na proa e o respectivo nome; outros barcos característicos desta região, são o mercantel, as bateiras murtoseiras e as bateiras erveiras.





História : 

              "Ílhavo" é um topónimo incomum, que ainda hoje dá lugar a discórdias quanto ao seu real significado, embora os etnólogos pareçam estar de acordo pelo menos num ponto: a palavra é de origem latina. "Illiabum", forma como se grafava este topónimo na época medieval, segundo o etnólogo Albert Dauzat, traduz-se, pelo prefixo "illi" em "vila", que junto a outro vocábulo como ria, "avia", daria por anexação "illiavia", que posteriormente evoluiu para "illiabum", "illiavo" e "iliavo". Resultando por fim, no topónimo, Ílhavo, ou "Vila da Ria". Assim, é tradição lendária que Ílhavo é a antiga "Illabum" que porventura terá sido fundada pelos Gregos. Por outro lado, certos vestígios arqueológicos tornam plausível a hipótese de ter existido, num dos extremos da povoação, um povoado romanizado. Apesar da incerteza que paira relativamente à sua origem, é sem dúvida uma povoação antiquissíma que teve certamente a pesca como a causa primordial da fixação humana no seu território, e que desde remotos tempos tem dado um grande contingente de pescadores da costa e do alto, que por vezes se fixaram noutros pontos do litoral, como sucedeu na Nazaré, que nasceu de uma colónia de ilhavenses, além de S. Pedro da Afurada, Matosinhos, Quiaios, Buarcos e Sesimbra. À antiga povoação ilhavense já se referem documentos anteriores à fundação da monarquia do tempo de D. Sesnando e de Fernando Magno, remontando a mais antiga aos anos decorridos entre 1037 e 1065. Este documento encontra-se atualmente no cartulário do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, designado por Livro Preto da Sé de Coimbra, vindo mencionada a doação feita pelo presbítero Recemondo ao Mosteiro da Vacariça, em meados do século XI, um ano depois da tomada definitiva de Coimbra, parecendo conclusivo que tanto os direitos como a terra remontam à primeira Reconquista Cristã, sendo já na época referida como Vila, "(...)in villa iliano", notando que o termo "villa" não tinha naquela época o significado que hoje lhe atribuímos, mas sim o de propriedade rústica e seus anexos, habitada por servos, constituindo uma unidade rural. Ílhavo foi elevada a vila e sede de concelho por D. Dinis, que apesar de ser terra já bem povoada, lhe atribuiu carta de foral em 3 de Outubro de 1326 de modo a incentivar a fixação de ainda mais gente no seu território; aliás, sabe-se que desde cedo a Coroa e as ordens militares e religiosas aqui fixaram casais. Em 1354, D. Afonso IV doou os casais que a Coroa possuía no concelho, passando a jurisdição da terra para vários donatários. Mais tarde, a 8 de Março de 1514, D. Manuel I concedeu a Ílhavo novo foral, cujas dimensões e conteúdo já não eram como no tempo de D. Dinis, quando os mesmo eram variáveis; por eles se estabeleciam as liberdades e garantias das pessoas e bens dos povoadores, impunham-se impostos e tributos, definiam-se as multas devidas pelos delitos e contravenções, estipulava-se o serviço militar e os encargos e privilégios dos cavaleiros-vilãos, determinava-se o aproveitamento de terrenos comuns, etc. Com D. Manuel I, as cartas de foral deixavam então de ser normas de direito público onde os concessionários do foral recebiam a terra a título definitivo e hereditário, podendo aliená-la após algum tempo de residência obrigatória, para passarem a ser meros registos de isenções e encargos locais. Foi durante o reinado deste monarca que a jurisdição da terra de Ílhavo passou para a família Borges Miranda, mantendo-se na posse dos seus descendentes até 1854, ano em que faleceu o último donatário, o Conde de Carvalhais. A 17 de Março de 1812, José Ferreira Pinto Basto compra em hasta pública a Quinta do Paço da Ermida e três anos mais tarde, compra a Quinta e Capela da Vista Alegre, com todos os seus direitos. A proximidade de um canal navegável com ligação da Ria e do Mar, à então Vila de Ílhavo, e ainda o facto de estar próxima das então julgadas matérias primas, tornaram não só possível, como também viável, o empreendimento da Vista Alegre, iniciando-se a obras em 1824. Junto com a Fábrica assiste-se à construção de uma das mais interessantes Aldeias Operárias do século XIX em Portugal, onde se misturam quase trezentos anos de história, num complexo de construções que ainda hoje funcionam e cumprem o seu papel produtivo e logístico. Em época de prosperidade, o concelho de Ílhavo foi criado pelos decretos de 09 de Novembro e 31 de Dezembro de 1836, para vir a ser suprimido em 21 de Novembro de 1895; porém, alcançaria a restauração a 13 de Janeiro de 1898. Passado quase um século da restauração do seu poder concelhio, Ílhavo vê-se elevada a cidade, a 13 de Julho de 1990, fruto do seu desenvolvimento socio-económico e do crescimento urbano. Este concelho foi por excelência ao longo dos séculos, berço de marinheiros dedicados tanto à navegação mercantil, como à pesca, que se constituiu como a atividade mais característica do concelho. Durante centenas de anos, daqui partiam inúmeras embarcações para a Terra Nova e para a costa africana, fazendo da Gafanha da Nazaré um grande centro piscatório. A pesca do bacalhau, que foi atividade florescente, encontra-se hoje em significativa recessão, quer pelos crescentes impedimentos que os governos estrangeiros vêm colocando à pesca nas suas águas territoriais, quer pelas características obsoletas da frota nacional. Permanecerá contudo na memória colectiva não só das gentes de Ílhavo mas de todo o país, a pesca do bacalhau e toda a sua epopeia vivida nos mares frios da Gronelândia e da Terra Nova, sendo um património dos portugueses, onde os pescadores e capitães desta terra foram baluartes. A primeira representação da Terra Nova surge num monumento cartográfico, datado seguramente de 1502; tratando-se do planisfério português anónimo conhecido pela designação de "Cantino", por ter sido negociado em Lisboa por um embaixador do Duque de Ferrara, com aquele nome. Surge como "Terra del rey de Portuguall", porém deslocada para ocidente de forma a ficar a leste do meridiano de separação acordado no Tratado de Tordesilhas, pressupondo-se assim, uma intenção política por parte do reino português de a colocar em espaço sob sua influência. Para além disso, nota-se um outro facto, talvez mais importante, um listel onde está escrito o seguinte: "Esta terra he descober per mandado do muy alto exçelentissimo príncipe Rey don manuell Rey de portuguall a qual descobrio Gaspar corte Real cavalleiro da casa do dito rey, o quall quãdo descobrio mandou hu naujo com çertos omes e molheres que achou na dita terra e elle ficou com outro naujo e nunca mais veo e crese que he perdido e aqui ha muitos mastos".

Bandeira de Ílhavo

Cultura e Turismo : 

            O concelho de Ílhavo, além de beneficiar de uma excelente oferta natural para o desenvolvimento turístico, dispõe de inúmeras possibilidades de preenchimento dos tempos de lazer, muitas delas contando com a iniciativa das várias colectividades existentes no concelho, e dos vários representantes do folclore local. Das várias atividades  são mais comuns no concelho: a caça, a pesca, os desportos náuticos e múltiplos eventos culturais. O concelho usufrui também de uma extensa Zona Verde que o atravessa, classificada como Mata Nacional, e das praias da Barra, da Costa Nova e o Canal de Mira, que constituem o principal produto turístico do concelho. Todos estes factores levam a que o turismo ganhe cada vez maior projeção em Ílhavo, assistindo-se a um avolumar crescente da entrada de forasteiros, nacionais e estrangeiros, que para aqui se deslocam em busca das praias, da gastronomia, dos monumentos, das gentes e dos costumes tão característicos.



Gastronomia : 

        Em termos de gastronomia, os amantes da boa cozinha não terão razões de queixa deste concelho, que tem para oferecer a caldeirada de enguias, o peixe fresco grelhado, o bacalhau de todas as maneiras, o variado marisco, a famosa fritada de peixe, o pão de Vale de Ílhavo, mais conhecido por padas e o doce folar de Vale de Ílhavo.