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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Viagem e visita ao concelho de Alcácer do Sal

Brasão de Alcácer do Sal

Localização

           Alcácer do Sal é uma cidade portuguesa, sede do concelho com mesmo nome, pertencente ao Distrito de Setúbal, região (NUTS II) Alentejo e sub-região (NUTS III) do Alentejo Litoral, é um município de grandes dimensões, com 1479,94 km² de área e subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Palmela, Vendas Novas e Montemor-o-Novo, a nordeste por Viana do Alentejo, a leste pelo Alvito, a sul por Ferreira do Alentejo e por Grândola, a oeste também por Grândola, através de um braço do Estuário do Sado e a noroeste, através do Estuário do Sado, por Setúbal.



História

          A investigação arqueológica atesta a presença humana em Alcácer do Sal há mais de 40 mil anos. No entanto, remontam ao Período Mesolítico (fase em que se ensaia uma tímida fixação sazonal) os primeiros povoados conhecidos na actual área geográfica de Alcácer. Este período caracteriza-se por uma economia baseada na recolha e exploração dos ecossistemas do Paleo-Estuário do rio Sado quando este se estendia até São Romão. As actividades praticadas passavam pela pesca, recolha de marisco, caça e recolecção na zona de floresta; os utensílios usados, em sílex, davam continuidade às técnicas do Paleolítico Superior, mas encontravam-se já adaptados aos novos desafios do quotidiano.
Na fase Final do Mesolítico assiste-se à instalação das primeiras populações de cultura Neolítica na região da Comporta. Na fase Média e Final, quando emerge o fenómeno Megalítico, assinala-se ainda a presença destas populações na área urbana de Alcácer do Sal e noutros locais do interior do concelho, como é o caso do Torrão.
O clima de conflitos territoriais de “baixa intensidade” típico das fases culturais anteriores desaparecem e, com o advento da agricultura, pecuária e mineração, dão lugar a uma necessidade de dominar um determinado território, construindo-se os primeiros sistemas defensivos com carácter de permanência na região, de que é exemplo o povoado fortificado do Monte da Tumba, junto ao Torrão.
A passagem da Idade do Cobre para a Idade do Bronze corresponde ao “Horizonte Campaniforme” e pauta-se por uma fase obscura na qual alguns povoados fortificados da região são abandonados. Assiste-se então a uma reorganização do povoamento e a uma notória hierarquia de assentamentos, cuja expressão territorial se consolidará séculos depois, dando lugar na fase seguinte à emergência de estruturas “Proto-Estatais”, como o caso de Alcácer do Sal no decurso da Idade do Ferro.
O incremento e inclusão da região de Alcácer na economia do Mediterrâneo, controlada por comerciantes e colonos Fenícios que se instalam em Abul e em Alcácer, vão introduzir na região pela primeira vez (ou pelo menos de forma mais visível) os valores e a cultura do Próximo Oriente. Esta matriz cultural, miscigenada com a cultura local, mantém-se no decurso da II Idade do Ferro, sendo importante o contributo Púnico e de Cadiz na região. A existência de um alfabeto próprio e a cunhagem de moeda parece ser o reflexo da existência de uma estrutura Proto-Estatal consolidada com sede em Alcácer (denominada Bevipo) e da necessidade sentida por esta “Cidade-Estado” em manter os circuitos comerciais anteriores com o “Mundo Púnico”. Como consequência directa da derrota de Cartago na III Guerra Púnica, Alcácer vai ser anexada ao Império Romano em meados dos séculos II e I antes de Cristo.
O nome pré-romano Bevipo é deixado de lado e Alcácer recebe a denominação de Salacia (Urb Imperatoria) em honra da ninfa da espuma salgada, esposa do deus Neptuno, que traduz de uma forma clara a ligação da urbe romana ao comércio oceânico e a importância deste na economia da região. Nos séculos seguintes, Salacia vai sofrer as evoluções próprias de uma urbe romana nesta região da Lusitânia aberta à Rota do Atlântico, como “Placa Giratória” entre o Norte da Europa Romanizada e o Mediterrâneo, incrementada após a conquista da actual Inglaterra e País de Gales por iniciativa do imperador Cláudio.
A denominada Crise do Século III (passagem do Alto Império para o Baixo Império) terá tido repercussões nesta região, notando-se a crescente desvalorização da actividade portuária de Salacia a favor de Olisipo (Lisboa). Quando se dá a criação do império da Gália por cisão do Império Romano, a Hispânia adere; pouco tempo depois regressa à esfera imperial governada a partir de Roma. Quando por fim o imperador Diocleciano põe termo à “Anarquia Militar”, procede à reorganização total da estrutura administrativa imperial de forma a obter mais recursos para o aparelho de Estado. É provável que Salacia tenha sido objecto de transformações, cuja expressão permanece uma incógnita.
Nos séculos seguintes admite-se o gradual empobrecimento e desvalorização de Alcácer como lugar central do Baixo Sado a favor de estruturas urbanas de segunda categoria, como Setúbal e Tróia. O Torrão será sempre um caso à parte, revelando uma dinâmica evolutiva fiel à sua matriz. Acredita-se que no decurso da Antiguidade Tardia e até à anexação desta região ao Califado Omieda de Damasco (após 711), a estrutura urbana de Salacia sofreu uma transformação urbana: assistiu-se ao abandono gradual da zona do castelo, privilegiando-se a ocupação na zona baixa junto às instalações portuárias que teimavam em resistir. Alcácer foi conquistada pela primeira vez pelos Portugueses em 1160. Em 1191 é de novo recuperada por Ya´qub al-Mansur, que a transforma em sede militar desta região do Garb al-Andalus, através da reconstrução das muralhas. Esta última presença islâmica irá durar até 1217, altura em que é de novo retomada pelos Portugueses, auxiliados por tropas da V Cruzada. Recebe Foral em 1218 e o rei D. Afonso II confia novamente a sua posse à Ordem de Santiago, que a transforma em sua sede. Estabelecida em Alcácer, a Ordem de Santiago dominou durante séculos um vasto território que começava em Sesimbra e terminava no Algarve, controlando totalmente o Baixo Sado, o Alentejo Litoral e a Costa Vicentina, prefigurando uma estrutura “estatal” dentro do próprio reino de Portugal, que deu lugar a vários conflitos com o poder régio e o poder eclesiástico instalado em Évora.
Em finais do século XIII a sede da Ordem de Santiago passa para Mértola para apoiar a conclusão da conquista do Algarve, mas pouco depois regressa a Alcácer onde se mantêm até 1482, ano em que transita definitivamente para Palmela. Segundo estudos recentes, o Torrão terá sido conquistado por volta de 1233. Recebeu um primeiro Foral, que entretanto desapareceu, mantendo-se como concelho autónomo até ao século XIX. A população islâmica residente em Alcácer junta-se numa comunidade, sob a protecção do rei. A Ordem de Santiago também tinha os seus mouros. Os judeus também se instalam, enquanto a restante população distribuiu-se desde o interior do castelo até à área portuária. Apesar dos privilégios régios emitidos, gradualmente a população abandonou a cerca amuralhada e começou a concentrar-se junto ao rio.
Entretanto, em 1495, D. Manuel I é aclamado rei em Alcácer, com a saída da Ordem de Santiago, é fundado no espaço que ocupava antes o Convento Aracoelli, que permanecerá na área do castelo até 1834. 
Em 1502 o célebre matemático Pedro Nunes nasce no concelho, provavelmente em Vale de Guizo. Saliente-se ainda a importância de Alcácer do Sal na sustentação dos Descobrimentos Portugueses. A qualidade do pinheiro manso que abundava na região era tal que esta madeira era utilizada para algumas peças da construção naval e na própria construção das embarcações. Em termos económicos, a agricultura continuava a ser a actividade predominante tirando partido da fertilidade da terra, mas simultaneamente assistia-se ao incremento da actividade comercial.
Em 1758 Alcácer do Sal possuiria, segundo o Pároco de Santiago, 436 fogos e 1543 pessoas, a que se deve adicionar os 330 fogos e 1342 pessoas que o padre Bernardo Osório, prior colado de Santa Maria, registava existirem na sua freguesia nesse mesmo ano. Não se poderá negar o contributo fundamental que o rio Sado garantiu ao incremento das trocas comerciais. Pela sua navegabilidade, que chegava a Porto Rei, permitia a deslocação de embarcações até cerca de 50 milhas da costa, escoando-se por esta via grande parte da produção agrícola do Alentejo. Casas de frontões triangulares e volutas lembram o período áureo da exploração do sal.
Os sécs. XVIII e XIX terão constituído momentos altos no recurso ao rio enquanto grande via de penetração no Alentejo. As suas especiais características acabaram por proporcionar o surgimento de um conjunto de embarcações específicas, de onde se destacam os laitéus, as canoas, os galeões (primeiro de pesca de cerco e depois de transporte de sal) e os iates, todas usadas no transporte permanente de mercadorias. Já nos nossos dias, muita dessa importância se perdeu. Com a crescente utilização do caminho-de-ferro, o recurso ao rio foi sendo progressivamente abandonado ainda que se tenha conservado até à primeira metade do séc. XX, actualmente vivemos um novo ciclo na História de Alcácer.
De costas voltadas para o rio desde meados do século XX, assiste-se hoje ao enaltecimento do Sado como uma “mais valia cultural” que urge enobrecer, contribuindo deste modo para evitar que Alcácer se dilua no Alentejo Litoral e que antes se afirme como um espaço diferente a descobrir por quem visita o concelho.

Bandeira de Alcácer do Sal

Heráldica

Brasão de armas: de ouro, com um monte negro realçado de verde, sustendo um castelo de vermelho, aberto e iluminado do campo, tendo a torre central carregada pelo escudo antigo das quinas de Portugal, acompanhando o castelo por duas cruzes de Santiago de vermelho. Em contra-chefe, seis faixas ondadas de prata e de azul, nas quais voga uma caravela de ouro realçada de negro, aparelhada de ouro e vestida e enfundada de prata. Coroa mural de prata de quatro cores. Listel branco com os dizeres “Cidade de Alcácer do Sal” de negro.  


Cultura e Turismo

         Rico e diversificado, o artesanato de Alcácer parte da utilização de materiais presentes na vida quotidiana e retoma, por vezes, a tradição e as funções da faina agrícola. Trabalhos em couro, como a correaria em geral, as selas e respectivas guarnições, bem como carteiras e malas, somam-se a minuciosos conjuntos de peças talhadas em madeira. A sela, especialmente pensada para o toureio e para passeio, é constituída por um cochim, arções (estrutura do assento) e abas. No exterior, os arções são forrados de cabedal preto ou de cor natural e enfeitados com pregos prateados de cabeça cónica fazendo floreados.
A cestaria em verga, os bancos em buinho e os bordados e rendas são outros trabalhos que se podem adquirir com grande qualidade em Alcácer.
Na Carrasqueira, povoação piscatória no estuário do Sado, a intrincagem de fibras vegetais é ainda a técnica utilizada na construção de cabanas que servem de habitação aos pescadores e suas famílias – os materiais utilizados são o caniço, o bracejo, e o estorno, recolhidos nos sapais do estuário. 
Tradição recuperada em 2006 após quase duas décadas de interregno, tem contado com elevada adesão da população que participa no evento a título individual ou juntamente com as colectividades do concelho. Na edição de 2008, a iniciativa contou com 700 foliões e vários carros alegóricos, que desfilaram pela marginal na terça-feira de Carnaval, animando a cidade à sua passagem.
Já em 2009, os foliões eram 1300 e os carros alegóricos 13, atraindo milhares de pessoas a Alcácer do Sal. Pela primeira vez em muitos anos realizou-se também corso carnavalesco na vila do Torrão, com cerca de 600 participantes e sete carros alegóricos, numa iniciativa que mobilizou a população local.
O número de participantes aumentou no ano de 2010 para os 1500 foliões, incluindo a participação de 35 associações e outros grupos em nome individual. A vila do Torrão fez a festa a 16 de Fevereiro, mas em Alcácer o corso só saiu à rua no dia 20, face à chuva que teimou em cair e obrigou ao seu reagendamento. No entanto, a grandiosidade do desfile de Carnaval em nada ficou aquém das expectativas e a animação e a criatividade voltaram a dar mostras de que residem em Alcácer.
O Parque de Campismo situa-se a dois minutos do centro histórico da cidade de Alcácer do Sal, a 20 minutos das praias do Alentejo e a 45 minutos de Lisboa. A sua localização privilegiada possibilita a descoberta do rico património natural e cultural que o concelho tem para oferecer. Este parque de três estrelas e com 32 alvéolos, oferece grande segurança e comodidade aos campistas, encontrando-se próximo de piscinas (coberta e descoberta), court de ténis, polidesportivo, área comercial e restaurantes.



Gastronomia

         A gastronomia de Alcácer do Sal prima pela sua riqueza. Baseada na triologia mediterrânica que combina pão, azeite e vinho, os habitantes locais adicionaram-lhe ervas aromáticas e outros produtos da terra, com destaque para a carne de borrego, porco e caça. Destaque ainda para o papel do arroz, do pinhão e de outras especialidades que sazonalmente nascem de forma espontânea pelos campos do concelho, caso dos espargos servagens, das túbaras ou das carrasquinhas.
São reconhecidos como pratos típicos da região: ensopado de enguias, migas de pão ou de batata, borrego assado no forno, coelho frito à  S. Cristóvão, batatas de rebolão com entrecosto, ensopado de borrego, sopa de beldroegas, sopa de peixe, achigã grelhado, massa de peixe, feijão adubado, açorda (prato bastante diversificado, que se pode comer com: azeitonas, bacalhau, uvas, figos, peixe frito, pescada, sardinhas assadas ou amêijoa). Destacam-se ainda os produtos de confecção tradicional, como os enchidos e queijos de ovelha, que são bastante apreciados.
A gastronomia de Alcácer prima ainda pela doçaria conventual. São famosas as suas receitas (algumas delas secretas) em que a qualidade dos géneros se combinou com a mestria dos confeccionadores para produzir requintados paladares. É preciso, sobretudo, não deixar de saborear as pinhoadas, a tarte de pinhão, os rebuçados de ovos, o bolo de mel, as queijadas de requeijão, os salatinos, o bolo real e os pastéis de feijão e amêndoa.
                                                                                                        Coelho frito à S. Cristóvão 
Coelho Frito à S. CristóvãoEnsopado de Enguias
Ensopado de Enguias 

                                                                                                        Queijadas de Requeijão 
Queijadas de RequeijãoPinhoadas
Pinhoadas