Translate

terça-feira, 4 de junho de 2013

Viagem e visita ao concelho de Sesimbra

Brasão de Sesimbra

Localização

            Sesimbra é uma Vila portuguesa pertencente ao Distrito de Setúbal, região da Estremadura e sub-região da Península de Setúbal, é sede do município com o mesmo nome com 195,01 km² de área e  subdividido em 3 freguesias: Castelo, Santiago e Quinta do Conde. O município é limitado a norte pelos municípios de Almada e do Seixal, a nordeste pelo Barreiro, a leste por Setúbal e a sul e a oeste tem litoral no oceano Atlântico. A foz do rio Sado, a serra da Arrábida,o cabo Espichel e lagoa de Albufeira fazem parte da paisagem natural de Sesimbra. A terceira freguesia do municipio, designada por Quinta do Conde, tem igualmente o estatuto de Vila (homónima).



História

      A vigilância islâmica da fronteira marítima motivou no século X a edificação de uma ribat, os primórdios do castelo, conquistada por D. Afonso Henriques em 1165 para mais tarde em 1191, ser reocupada pelo califado almoada. Será antes de 1199 que Sesimbra é repovoada por francos, a quem D. Sancho I em 1201 atribui foral, para depois D. Sancho II em 1236 doar o Castelo à Ordem de Santiago, e D. Dinis em 1297 delimitar os limites do concelho. Neste período surge uma nova povoação nos areais de Sesimbra, a Ribeira de Sesimbra, atacada em 1384 pela frota castelhana que sitiava Lisboa e Almada, e que no século XV terá renovada importância, motivando o abandono da antiga vila muralhada. A partir do século XVI, a Ribeira sobrepõe-se, em importância, ao burgo castelar, conforme atesta o foral de D. Manuel I, em 1514, e a criação da nova freguesia de Santiago, em 1536.
A estrutura do castelo e do interior rural é secundada em detrimento da póvoa ribeirinha e das actividades ligadas ao mar, que as carreiras para o império condicionavam, desde a construção naval ao abastecimento das frotas. A nova vila tem assim tendências de expansão no espaço da baía, com uma malha urbana muito característica destas novas povoações do século XVI. O forte da Marinha, junto ao mar, a Capela e Hospital do Espírito Santo dos Mareantes, a Igreja Matriz, a Igreja da Misericórdia e os Paços do Concelho são edificados nesta altura. Durante este século, Sesimbra vê a sua população participar de modo activo nas expansão ultramarina. Com a crise de 1580 e a perda da independência, a vila começa a decair com a falta de homens e sobretudo com os ataques de piratas, tal como sucedeu em 1602, quando uma armada inglesa destroi o forte da Marinha. Só com a Restauração de 1640, Sesimbra recuperou de novo uma importante posição enquanto fronteira marítima, devido à acção do rei D. João IV, que ordenou a reedificação de uma linha de fortificações costeiras, com a fortaleza de Santiago e os fortes de S. Teodósio, S. Domingos, Nossa Senhora do Cabo e S. Pedro. No entanto, esta linha não foi suficiente para dissuadir os ataques marítimos, em particular dos corsários berberes, como sucedeu em 1665 e 1721.
Com o poder real de D. José e o despotismo pombalino do século XVIII, as terras de Sesimbra, propriedades dos Duques de Aveiro, últimos representantes da Ordem Militar de Santiago, mas conjurados na tentativa de assassinato do rei, passam para a tutela real, repartindo-se ainda o concelho, sobretudo na zona de Azeitão. Sucede o mesmo com o poder judicial, que transita para outras comarcas até às crenças religiosas e património da Ordem, que passam directamente para as paroquias. O início do século XIX reflecte novo período de carências motivado pelas invasões napoleónicas (1801-1807) e pelas guerras liberais (1834-1836), que conduz a uma ruína económica, social e populacional, agravada por posteriores epidemias (1857). Será necessário aguardar pela segunda metade desse século para a recuperação económica, centrada em  Sesimbra e nas actividades de pesca e da indústria conserveira, que influenciará novos contextos sociais mesmo nas comunidades rurais. A evolução do século XX promoveu o apogeu e o declínio da pesca, que a partir de meados desse século será secundada por uma nova industria, o turismo, acompanhado um renovado crescimento populacional do concelho. 

Bandeira de Sesimbra

Heráldica

Apresentação: Brasão encimado por quatro castelos identificadores do estatuto de concelho, com banda por debaixo com topónimo da sede de concelho. 

Iconografia: Brasão enquadrado em fundo cerize, representando a cor da Ordem Militar de Santiago, com um castelo que simboliza a primitiva povoação castelar. A memória muçulmana está retratada pelos crescentes sobre as torres laterais, e a posterior incorporação na Ordem Militar de Santiago representada pela cruz, no meio da torre maior do castelo. Todo conjunto tem como base as ondas verdes, que simbolizam os campos do concelho, e as ondas prateadas, que representam o mar. 


Cultura e Turismo

         Música, teatro, dança, exposições, animações de rua e recriações históricas são presença assídua no programa cultural do concelho de Sesimbra, que nos últimos anos tem apostado na promoção de eventos de qualidade e na valorização do património. A entrada em funcionamento do Cineteatro Municipal João Mota, em 2007, trouxe uma nova dinâmica ao concelho. A sala, com excelentes condições para todo o tipo de espectáculos, passou a ser o centro da actividade cultural, devido a uma programação regular e diversificada. Por este palco já passaram nomes como Teresa Salgueiro, Rui Veloso, Carlos do Carmo ou a Sinfonietta de Lisboa. O cinema tem sido também presença constante.  O Castelo de Sesimbra, a Fortaleza de Santiago e a Capela do Espírito Santo dos Mareantes são espaços privilegiados para a realização de algumas iniciativas, e uma forma de levar o público a descobrir a história, sensibilizando-o para a importância da recuperação e preservação destes monumentos.No início do Verão, com as Jornadas Medievais, revive-se no Castelo o ambiente da Idade Média, através da recriação da sociedade medieval peninsular. A Capela do Espírito Santo dos Mareantes de Sesimbra, edifício do século XV, recebe todos os meses concertos intimistas, que permitem uma grande proximidade entre os artistas e o público. Mensalmente, este local é também palco das Conversas na Capela, onde especialistas debatem diversos temas ligados ao concelho e à actualidade. A Fortaleza, com uma localização privilegiada junto à praia tem recebido concertos, exposições e a Feira do Livro de Sesimbra, durante o Verão.As artes plásticas também têm lugar na agenda cultural. A Sesimbra Art Spaces, exposição internacional de artes plásticas, reúne em Agosto, em vários espaços públicos, peças de cerca de uma centena de artistas dos “quatro cantos” do mundo. No final da última edição, alguns destes artistas esculpiram, ao vivo, seis esculturas de grandes dimensões que serão colocadas em vários locais do município. O litoral de Sesimbra apresenta uma diversidade única de paisagens, de onde se destacam algumas das mais belas praias do país. Na costa ocidental, o território é recortado pela Lagoa de Albufeira, muito procurada para a prática de windsurf e kitesurf. Um pouco mais a sul surge a praia do Moinho de Baixo, junto à Aldeia do Meco, caracterizada pelos seus extensos areais. Continuando ao longo da costa chega-se ao Rio da Prata, uma das primeiras praias naturistas do país, e logo a seguir aparece a praia das Bicas, local de eleição para os amantes do surf. A partir daí, as falésias passam a ser cada vez mais altas e escarpadas, acolhendo pequenas enseadas como a Foz ou os Lagosteiros, praias que impressionam pela sua beleza e interesse geológico.Depois de “dobrado” o Cabo Espichel, a costa sul vai desvendando pequenas enseadas de difícil acesso, envoltas em mistérios e histórias de piratas. A sua excepcional localização geográfica confere-lhe uma singularidade muito própria que se traduz na beleza e imensidão da paisagem. Pouco antes de se chegar a Sesimbra, uma formação rochosa em forma de cabeça de cavalo, identifica uma das praias mais belas da região - o Ribeiro do Cavalo. O acesso a este paraíso pode ser feito de barco ou através de um caminho na serra, que para além de alguma preparação física, exige bom conhecimento do local. O esforço da caminhada é recompensado assim que se chega ao areal.Seguindo a linha de costa entra-se na baía de Sesimbra, com o seu mar calmo, onde as actividades náuticas e de lazer convivem com as artes e tradições da  pesca. A poente situa-se a Praia do Ouro, e do lado oposto, a Califórnia. Ao centro, como que a delimitá-las, está a Fortaleza de Santiago, construção do século XVII que marca, de forma imponente, o areal, a baía e a vila.Nos últimos anos, Ouro e Califórnia, assim como o Moinho de Baixo, no Meco, receberam a Bandeira Azul, galardão que distingue as melhores praias da Europa, tanto pela sua qualidade ambiental e condições de segurança, como pelos equipamentos de apoio e actividades de educação ambiental realizadas. Sesimbra possui um valioso património edificado, que preserva momentos importantes da história e da cultura local.
Deste conjunto destacam-se o Castelo Medieval, a Capela do Espírito Santo dos Mareantes, o Santuário do Cabo Espichel e a Fortaleza de Santiago. Um roteiro pelo património do concelho não dispensa a passagem por nenhum destes monumentos.
O Castelo de Sesimbra situa-se numa colina a 240 metros de altitude, com vista privilegiada sobre o mar e a serra. Conquistado por D. Afonso Henriques em 1165, foi classificado como património nacional em 1910 e conserva ainda hoje os dois elementos essenciais da fortificação medieval: a muralha e a alcáçova.
No interior pode visitar a Igreja de Nossa Senhora do Castelo, exemplar da arquitectura religiosa popular portuguesa, o Núcleo de Arqueologia de Sesimbra, que testemunha a ocupação humana no território, desde o Paleolítico à Idade Média, a Torre de Menagem e o Centro de Documentação Rafael Monteiro.Descendo até à vila, a primeira paragem obrigatória é na Capela e Hospital do Espírito Santo dos Mareantes, edificada no século XV. Com fachada de estilo barroco, o edifício organiza-se por dois pisos: a capela, no piso superior, cujo acervo inclui uma importante colecção de Arte Sacra, da qual se destaca a Nossa Senhora da Misericórdia, pintura de Gregório Lopes, datada do século XVI, e o antigo hospital medieval, no piso inferior, o único exemplar do século XV existente em Portugal e um dos mais bem preservados da Europa.
A Fortaleza de Santiago, junto à praia, é outro dos pontos de grande interesse patrimonial. Construída no séc. XVII para defender a costa dos frequentes ataques de piratas, acolheu, no séc. XVIII o governo militar da região e a residência de Verão dos infantes reais. A visita ao património de Sesimbra só fica completa com a passagem pelo Cabo Espichel, onde se situa o Santuário de Nossa Senhora do Cabo, culto que remonta a 1410. O complexo arquitectónico inclui a Ermida da Memória, datada do século XV, a Igreja, as hospedarias, a casa da água e o aqueduto. Com mais de metade do território em área protegida, o concelho de Sesimbra é um local privilegiado para quem gosta de desfrutar da natureza. Desde a Arrábida ao Cabo Espichel, o verde da serra conjuga-se na perfeição com o azul do mar, criando paisagens únicas. São zonas de excelência para passeios, observação da fauna e flora, desporto e mesmo actividades radicais. 
As características geográficas do terreno, com falésias que se precipitam sobre o mar, criam condições óptimas para actividades verticais, como escalada e rappel. Tanto nas rochas mais baixas, propícias à aprendizagem, como nas escarpas mais íngremes, acessíveis apenas aos mais experientes, a sensação de estar suspenso vários metros acima do mar é ímpar. Os trilhos sinuosos rodeados por vegetação, que nos levam até estes locais, fazem as delícias de caminhantes e praticantes de BTT.







Gastronomia

          A gastronomia sesimbrense está intimamente ligada à pesca e ao mar. Os seus aromas e sabores reflectem-se nos deliciosos pratos confeccionados à base de peixe e marisco, mas também na doçaria e nos produtos do campo, que devido ao clima e à geografia apresentam características únicas.O espadarte é uma das principais iguarias da gastronomia local. Ganhou popularidade nos anos 50, através da pesca desportiva de alto mar. As imagens espectaculares das capturas transportaram o nome de Sesimbra além fronteiras e deram um grande impulso ao turismo. Pode ser confeccionado de múltiplas formas, mas os bifes grelhados na brasa são os mais procurados, podendo encontrar-se na maioria dos restaurantes locais. O Peixe-espada Preto é outra espécie característica de Sesimbra, onde é pescado há mais de duas décadas. Tornou-se uma referência comercial e gastronómica, e actualmente está a passar por um processo de Certificação. Grelhado, em filetes, ou com arroz de ervilhas, são algumas das formas tradicionais de apresentar esta espécie. Durante a Quinzena Gastronómica do Peixe-espada Preto, os restaurantes do concelho mostram a sua versatilidade através de pratos que primam pela originalidade. Mas a cozinha sesimbrense não se esgota no mar. Na freguesia rural do Castelo, onde a agricultura tem grande preponderância, podem encontrar-se produtos como a Maçã Camoesa, a Pêra de Inverno, o queijo fresco da Azoia, o pão caseiro e a doçaria, de onde se destacam as Broas de Alfarim, os Zimbros, as Brisas do Castelo e os Almirantes. Todos os anos, no início do Outono, estes produtos são dados a conhecer pelos restaurantes locais durante a Semana Gastronómica Sabores de Outono. A apicultura é outra das actividades em crescimento no concelho graças às condições naturais da região. O mel e os derivados da apicultura são o centro das atenções na ZimbraMel, a maior feira do país dedicada à actividade apícola e que todos os anos reúne no Castelo de Sesimbra mais de 30 mil visitantes. 

Espadarte de Cebolada