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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Mosteiros de Portugal - Mosteiro de S. Pedro de Cête



Localização

           O Mosteiro de São Pedro de Cete, também conhecido como Igreja de São Pedro de Cete ou Igreja Paroquial do Mosteiro de Cete localiza-se em Cete, freguesia portuguesa do concelho de Paredes. Edifício classificado como Monumento Nacional desde 1910, este Mosteiro integra a Rota do Românico do Vale do Sousa.


História

        Fundado no século IX, segundo a opinião de alguns investigadores ou a finais do século X (985), segundo registos dessa época, teria sido uma basílica dedicada a São Pedro (Monasterio Sancti Petri de Ceti), ocupada por monges beneditinos, no final do século XI o mosteiro foi reconstruído por ordem de Gonçalo Oveques.
Em finais do século XIII e princípios do século XIV a igreja sofreu uma grande remodelação, incluindo alteração no tamanho da nave, reconstrução da capela-mor e alteração da fachada do edifício. O actual claustro, a torre e outros elementos do conjunto, são consequência dos restauros efectuados no século XV. O mosteiro foi ocupado por membros da Ordem de São Bento até ao século XVI4 , altura em que D. João III transferiu a titularidade do edifício para o Real Colégio da Graça de Coimbra (Gracianos). Inicialmente era um mosteiro masculino da Ordem de São Bento (Beneditinos), mas no dias de hoje é uma igreja paroquial (integra a rota do Românico do Vale do Sousa). 



Características

                   Arquitectura religiosa, românica e gótica. Mosteiro beneditino composto por igreja e zona regral no lado esquerdo, que se prolonga pelo terreiro, onde se situa a portaria. Igreja de planta retangular composta por nave, capela-mor de dois tramos de remate semicircular e torre sineira no lado esquerdo, com coberturas interiores em abóbada apontada na capela-mor, apoiada por contrafortes exteriores, e de madeira na nave, escassamente iluminada por frestas laterais e rosáceas nas empenas. Fachada principal em empena, tendo portal escavado composto por arquivoltas assentes em colunas e capitéis decorados. Fachada lateral esquerda com porta travessa em arco apontado. Interior com coro-alto, batistério na base da torre, reaproveitando primitiva capela funerária. Arco triunfal de perfil apontado e de arestas biseladas, dando origem à capela-mor marcada por arcaturas e nichos. Possui simples mesa de altar. No lado direito, claustro quadrangular, de piso único, com as alas a abrir por arcos de volta perfeita para uma quadra ajardinada; em torno deste, as antigas dependências. Particularmente é uma Igreja com fachada principal considerada como românica, mas classificada por Carlos A. F. de Almeida como gótica, visto resultar de uma reconstrução do séc. 14. Da primitiva igreja românica, possivelmente da 2.ª metade do séc. 12, conservam-se algumas pedras decoradas, o portal do claustro e a parte inferior dos muros de grande parte da nave. Também a cabeceira apresenta um traçado próprio da arquitetura românica, conferido pela utilização das arcadas cegas. Da construção primitiva, foram provavelmente reaproveitadas as primeiras fiadas da nave e o portal S. que dá acesso ao claustro, com tímpano apresentando uma moldura levemente toreada, em arcada ultrapassada com fortes sugestões da arte do séc. 11. Adossada à fachada principal, torre quadrangular ameada com merlões de perfil recortado e dois algerozes zoomórficos, tendo, na junção de ambos os volumes, possante botaréu, ornado por elementos manuelinos. Estas também se encontram bem visíveis na capela funerária sob a torre, com arcosólio em arco canopial, envolvido por azulejos de aresta. Na nave, um nicho mantém vestígios de pintura mural. O património integrado foi removido no âmbito das obras puristas da primeira metade do séc. 20.



Descrição do interior do Mosteiro

              Mosteiro de planta retangular irregular, composto pela igreja, claustro, a antiga Casa do Capítulo e algumas estruturas ligadas à exploração agrícola bastante arruinadas.

Igreja

          De planta retangular, composta por nave, capela-mor de perfil curvo e torre sineira adossada ao lado esquerdo, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave e múltiplas na capela-mor, sendo de quatro águas na torre sineira. Fachadas em cantaria de granito aparente, assentes em soco de cantaria saliente e rematadas por cornija, sustentada por cachorrada, sendo alguns dos elementos decorados com motivos vários. Fachada principal virada a SO., dividida em três registos separados por frisos de cantaria, o superior correspondente a alta empena com cruz latina no vértice; no inferior, portal escavado, em arco apontado, com quatro arquivoltas, em toros, a interior assente em impostas salientes e as demais em seis colunas de fustes lisos, assentes em dados e com as bases e capitéis decorados, com folhas, colchetes e elementos zoomórficos; são rodeadas por friso exterior ornado por esferas; no segundo registo. Sobre o portal, pedra de armas esquartelada sobre moldura quadrangular e, no segundo registo, uma rosácea rendilhada. No lado esquerdo, torre quadrangular de três registos separados por friso, o superior mais estreito e rematado por cordão e platibanda plena encimada por ameias decorativas. Na face NO., possui duas ventanas e pequena fresta que ilumina o acesso, surgindo uma terceira ventana na face NE., todas de volta perfeita; possui várias gárgulas, na forma de animais fantásticos. Na junção entre a torre e a fachada principal, na parte inferior e ladeando o portal, sobressai um possante botaréu, encimado por friso encadeado e por pináculos torsos, decorado, no lado direito, por vários pilares e capitéis. Fachada lateral esquerda rasgada por dois portais, um deles em arco quebrado, com duas arquivoltas, sustentadas por impostas salientes, ornado por quadrifólios e flores de figueira; no lado direito, um porta de menores dimensões em arco de volta perfeita e também com duas arquivoltas. Fachada lateral direita abre para o claustro. A cabeceira é exteriormente reforçada por oito contrafortes e rasgada por três frestas escavadas, em arcos apontados e molduras côncavas.











Interior

           Em cantaria de granito aparente, com nave comprida e bastante alta, com teto de madeira e pavimento em lajeado de granito, com estrados de madeira na zona dos assentos dos fiéis. Coro-alto de madeira, assente em mísulas de cantaria e guarda de madeira, tendo acesso por escadas de caracol, no lado da Epístola e com porta a partir da torre, em arco apontado e de arestas biseladas; possui órgão elétrico. Na base da torre, com comunicação para a igreja, por arco quebrado de arquivolta exterior e imposta decorada, a capela funerária de D. Gonçalo Oveques, com abóbada de ogiva assente em mísulas ornadas por elementos vegetalistas e com bocete marcado por fecho ornado por pedra de armas, e pavimento em lajeado. Possui arcosólio de volta perfeita, encimado por arco canopial e friso fitomórfico, assente em dois colunelos finos e capitéis vegetalistas e está envolvido por azulejos de corda seca, ornados por motivos geométricos e florais; possui arca tumular totalmente decorada por elementos fitomórficos. Tem pia batismal em cantaria com pé tronco-piramidal e taça hemisférica, percorridos por caneluras helicoidais. Existe, ainda, um altar com mesa de cantaria e frontal revestido a azulejos de aresta. No lado do Evangelho, nicho de volta perfeita, contendo imaginária, surgindo, no lado oposto, nicho em arco abatido, ostentando pintura mural, a representar São Sebastião. Arco triunfal quebrado, de dupla arquivolta e friso bosantado, assente em colunas embebidas no muro, tendo capitéis decorados por faces e motivos fitomórficos; está encimado por óculo preenchido com uma cruz hexalva. Capela-mor, elevada por dois degraus, com dois tramos definidos por colunas embebidas na estrutura, com capitéis decorados, os quais se prolongam em arcos torais, que cortam a abóbada, de perfil abatido, sendo semicircular no topo. A parede testeira é marcada por arcaturas, assentes em colunas e capitéis decorados. Sobre supedâneo de cantaria, a mesa de altar do mesmo material. No lado do Evangelho, o túmulo do abade D. Estêvão, de granito, epigrafado e com estátua jacente sobre a tampa, representando o abade com a cabeça apoiada em duas almofadas, com mitra e vestes eclesiásticas, de pregas retas, segurando báculo na mão direita; sucede-se um nicho de volta perfeita e moldura saliente. No lado da Epístola, nicho em arco apontado, assente em impostas salientes e ornadas por folhagens, no lado S.






Claustro

            de planta quadrada, de um piso, com quatro alas alpendradas, comunicantes com as várias dependências conventuais, percorridas por arcadas de arco de volta perfeita sobre impostas e colunas facetadas assentes em murete; pavimentos de granito e coberturas de madeira; ao centro desenvolve-se um jardim, onde surgem várias sepulturas e, nas alas, cantarias em depósito. Sobre a ala NO., ergue-se a fachada da igreja, rasgada por arco ultrapassado e tímpano decorado por moldura toreada. Na ala NE., a denominada Casa do Capítulo, com acesso por ampla porta de volta perfeita, ladeado por janela com o mesmo perfil, onde funciona a sacristia. Esta tem um pilar central, com teto em vigamento de madeira e pavimento em lajeado. Possui arcaz e lavabo com espaldar retilíneo e almofadado, encimado por reservatório com vão em abóbada de concha; a bica forma um losango que verte para taça circular. Surgem, ainda, vários volumes retilíneos, alguns arruinados.




Exterior :

          Rural, isolado, destacado, nas proximidades da A4, no meio de grandes áreas agrícolas, precedida por amplo largo pavimentado a calçada portuguesa e espaço ajardinado, relativamente elevado e delimitado por guias, com cruzeiro ao Centro, e pontuado por árvores de grande porta. A S., desenvolve-se, a O., o cemitério. Junto à torre, três sepulturas em cantaria, com tampas angulares e um cruzeiro em cantaria, composto por plataforma quadrangular de dois degraus, onde assenta dado, coluna com os extremos retilíneos e de arestas biseladas, rematada por capitel cúbico e cruz latina. No adro, pia batismal seccionada por friso cordiforme.