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sexta-feira, 8 de março de 2013

Viagem e visita ao concelho de Vila de Rei

Brasão de Vila de Rei

Localização

         O concelho de Vila de Rei está integrado administrativamente no distrito de Castelo Branco, ocupando uma área de 191.3 km2, distribuída por três freguesias e pela vila de Vila de Rei. É limitado a Norte pelo concelho da Sertã, a Este pelo concelho de Mação; a Sul pelos de Mação, Sardoal e Abrantes e a Oeste pelo concelho de Ferreira do Zêzere. A cerca de de 2 km encontra-se o Centro Geodésico de Portugal, na Serra da Melriça. No alto desta serra, encontra-se construído um marco com cerca de 8 metros de altura, denominado de "Picoto", marcando assim o centro a nível de coordenadas geodésicas. Vila de Rei recebeu foral de Dom Dinis em 1285, a área florestal deste concelho é bastante considerável, dominando o pinheiro, o eucalipto e o sobreiro.


História

          O topónimo de Vila de Rei é geralmente atribuído à altura de atribuição do foral concedido por D. Dinis, no entanto, alguns autores contestam esta hipótese. De facto, não existem certezas relativamente à data de atribuição do topónimo, pois na altura em que foi concedido o foral já se dava à povoação a atual designação o que mostra a existência de uma "villa" agrária povoada nos inícios da nacionalidade pela coroa e por isso dita "Villa de Rei". A 19 de Setembro de 1258, D. Dinis concedeu foral a Vila de Rei constituindo dessa foram um pequeno concelho cujo termo parece corresponder ao do actual território concelhio e a uma pequena parte do de Ferreira do Zêzere. Vila de Rei permaneceu na posse real até inícios, do século XIV; por essa altura foi realizado um acordo entre o rei e a Ordem do Templo, em que ficou decidido que esta concederia a lezíria e vários prédios em Santarém e em troca receberia o senhorio de Vila de Rei. Este facto é comprovado através de um documento de 9 de Agosto de 1306, em que o rei manda que o porteiro real, André Peres: "em nome de el-rei, fosse às vilas que el-rei há em Riba de Zêzere, as quais vilas dizem por nome, a uma, Vila de Rei, a outra Ferreira, e que as entregasse por el-rei a Frei Lourenço Martins, comendador do que há a Ordem do Templo em Santarém". Depois da extinção dos Templários, Vila de Rei passou a pertencer à Ordem de Cristo. A 1 de Outubro de 1513, D. Manuel I concedeu Foral Novo a Vila de Rei, renovando dessa forma o primeiro foral concedido por D. Dinis. Durante muito tempo, Ferreira do Zêzere esteve subordinada a Vila de Rei, de forma que os juízes de Ferreira iam prestar juramento aos de Vila de Rei e as suas apelações iam para estes. Esta situação manteve-se até 1517, data em que D. Manuel I sentenciou que Ferreira ficasse isenta de Vila de Rei e tivesse forca e pelourinho. Segundo o Cadastro de 1527, o concelho de Vila de Rei possuía um termo de três léguas de comprimento e duas de largura, sendo constituído por montes e póvoas e tendo por limites Abrantes, Sertã, Bicheira, Amêndoa, Ferreira do Zêzere e Águas Belas, o que corresponde a grosso modo ao território atual  Do século XVII para o XVIII, o concelho de Vila de Rei tinha dois juízes ordinários, três vereadores, um procurador, um escrivão da câmara, dois tabeliães, um juiz dos órfãos, um capitão-mor e uma companhia das ordenanças. O concelho de Vila de Rei foi extinto a 7 de Setembro de 1895, havendo sido restaurado a 13 de Janeiro de 1898. Eclesiasticamente, a paróquia de Santa Maria de Vila de Rei já se encontrava instituída do século XIII para o XIV e abrangia todo o atual concelho, sendo que as paróquias de S. João do Peso e Fundada eram filiais da de Vila de Rei. Já em princípios do século XVIII foram criados os curatos de Santa Maria da Fundada e de S. João Baptista do Peso, apresentados pelo vigário de Vila do Rei que tinha então 350 mil réis de renda anual. A 24 de Abril de 1744, D. João V doou o padroado da igreja de Vila de Rei ao infante D. Pedro, grão prior do Crato. Mais recentemente, no início do século XIX, as terras de Vila de Rei sofreram o impacto devastador das invasões francesas. Em 1950, com a construção da barragem do Castelo de Bode, uma parte significativa do concelho ficou submersa e com ela 8 povoações. Os grandes incêndios que deflagraram em 1986 e 2003 devastaram o concelho e consumiram entre outros bens, cerca de 80 % do total da sua área florestal, sendo no entanto a reflorestação já visível. Presentemente o concelho atravessa um surto de desenvolvimento em consequência da realização de inúmeras obras públicas, onde se destacam a ponte sobre o rio Zêzere, a variante à EN 2 entre Vila de Rei e Abrantes, e as variadas infra-estruturas educacionais, desportivas, culturais, de segurança pública, bem como as obras de requalificação urbana. Doravante estão criadas as condições para o desenvolvimento harmonioso e sustentado do concelho.

Bandeira de Vila de Rei

Heráldica

Brasão: de prata com uma quina antiga de Portugal acompanhada por uma cruz da Ordem do Templo e por uma cruz da Ordem de Cristo. Em chefe, de vermelho, uma palma de ouro em faixa. Em contra chefe  três faixas ondadas de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres «Vila de Rei» de negro.

Bandeira: esquartelada de amarelo e de azul. Cordões e borlas de ouro e azul. Haste e lança douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal de Vila de Rei».


Cultura e Turismo

           O concelho de Vila de Rei está incluído na Comissão Regional de Turismo dos Templários, sediada em Tomar e é detentor de belezas naturais e grandes potencialidades turísticas. A albufeira de Castelo de Bode é uma das principais atrações do concelho de Vila de Rei, tratando-se de um local ímpar para a prática dos desportos náuticos.

O que visitar

Centro Geodésico de Portugal

- Saindo de Vila de Rei em direção à Sertã, 1.8 km depois, encontrará devidamente assinalado o desvio para o Picoto da Melriça – Centro Geodésico de Portugal, 900m depois e encontrar-se-á no Centro Geodésico de Portugal o que significa estar no centro do país. Com uma altitude de 600 m, este local permite ao seu visitante uma visão de 360º sobre um horizonte vastíssimo, em que se destaca a Serra da Lousã e, com tempo limpo, a Serra da Estrela, esta quase a 100 km de distância. Neste local existe o Museu de Geodesia. Sala de exposição temática, pequeno auditório, loja de recordações e bar, enriquecem este espaço num local que é uma das referências do concelho.



Aldeia de Xisto - Água Formosa

- Água Formosa é uma localidade típica integrada no Programa das Aldeias do Xisto, sendo a grande maioria das suas casas construídas em xisto, mantendo a traça tradicional de outros tempos.
A 10 km do Centro Geodésico de Portugal, numa encosta soalheira, encontra uma aldeia cujo nome deriva de ali se encontrar uma fonte de Água Formosa. Ainda se encontram evidências das tradições antigas, como os vários fornos a lenha espalhados pela Aldeia; mas também evidências de tradições ligadas à utilização da força da água, num enquadramento natural que evidencia o melhor da relação entre Homem e Natureza.
Esta é uma aldeia que vive de esperança. Tem poucos habitantes residentes, mas a estes têm vindo a juntar-se muitos mais. Vieram atraídos pelo som da água a correr na Ribeira da Galega. Pela sincera simpatia dos vizinhos. Pelo caminho calcetado que conduz à fonte de água puríssima, um antídoto para o calor que também mata a sede de descanso. Experimente ainda atravessar a ponte pedonal sobre a ribeira, recentemente recuperada, para apreciar uma outra perspectiva da aldeia.


Praia Fluvial do Penedo Furado

 - As características do maciço rochoso fazem deste local, bastante arborizado, um autêntico paraíso, oferecendo um conjunto de pequenas quedas de água, visíveis a escassos metros, que podem ser apreciadas ao percorrer um estreito caminho talhado na rocha. Esta é a estância balnear mais procurada do concelho de Vila de Rei, não só pela sua água límpida e cristalina que lentamente vai correndo pelo leito, através de uma passagem natural na rocha, mas também pelas infra-estruturas. Além das muitas sombras, a Praia Fluvial do Penedo Furado dispõe de bons acessos, localizando-se a cerca de 10 minutos de Vila de Rei, através do acesso viário pela EN2 e variante à EN2, estacionamento fácil, bar, balneários, parque de merendas e parque infantil. Este local é indicado para programas de família, pois a água tem pouca profundidade. A praia é também bastante procurada por campistas. O local permite a realização de diversas atividades desportivas, tais como pedestrianismo, escalada, rappel, slide ou canoagem, sendo um espaço polivalente de recreio e lazer. A água desta praia é identificada como água balnear interior, classificada de acordo com os níveis de vários indicadores na água, no âmbito da monitorização efetuada durante cada época balnear, sendo a classificação da água nos últimos anos Boa e/ou Excelente. A massa de água é a Ribeira do Codes, pertencente à Bacia Hidrográfica do Tejo, e o uso do solo na bacia de drenagem desta água balnear é quase inteiramente florestal, com pequenas zonas agrícolas. Já no ano de 2012, esta praia fluvial foi eleita uma das finalistas do concurso 7 Maravilhas - Praias de Portugal, na categoria de Praias de Rio. Nas proximidades, nomeadamente nos Vales do Zêzere, Ribeira do Codes e Lousa, existem diversas Conheiras, ou seja, amontoados de seixos rolados, resultantes de escavações a céu aberto de exploração mineira de ouro aluvionar pelos Romanos, cujas dimensões podem atingir 200-500 m de extensão superficial e 10-20 m de profundidade. No local existe também o Trilho das Bufareiras, percurso pedestre linear que culmina na Praia Fluvial do Penedo Furado e que conduz depois por caminhos antigos e plenos de mistério até à zona das Bufareiras, local de uma paisagem invulgar, fruto do maciço rochoso envolvente, por onde se descobrem várias quedas de água naturais, sendo um dos locais mais emblemáticos da região e importante atrativo turístico do concelho. Assim, com diversas histórias associadas a toda esta área, o Penedo Furado é um dos locais mais místicos da região. Mitos, contos e lendas que o povo foi passando de geração em geração, fazem também parte da História do Penedo Furado e deixam a imaginação popular aliar-se a toda a beleza do espaço envolvente.


Gastronomia

       A gastronomia, elevada a Património Cultural, é um dos pontos fortes do concelho de Vila de Rei, pois traz em si uma herança histórica extremamente valiosa, uma arte que a comunidade herdou dos seus antepassados e se recupera de geração em geração. Cozinhar não é apenas seguir uma receita. É algo mais intrínseco. É uma arte. À mesa dos vilarregenses encontra-se com frequência a afamada Sopa de Peixe, a quem se junta o Bucho Recheado, os Maranhos, o Bacalhau à Vila de Rei, Bacalhau à Cobra, Achigã Frito e Grelhado, Cabrito Assado, Cozido à Vila de Rei, Migas, Bolos Fintos, Arroz Doce de Vila de Rei, Tigeladas, Pudim de Vila de Rei, Broas de Mel e os bem conhecidos enchidos, queijo e mel.

                                                                                                                    Bucho recheado
Achigã frito 

                                                                 Pudim de Vila de Rei