Translate

sexta-feira, 1 de março de 2013

Viagem e visita ao concelho de Castanheira de Pêra

Brasão de Castanheira de Pera

Localização

      O concelho de Castanheira de Pêra encontra-se integrado no distrito de Leiria, sendo composto por apenas duas freguesias. Está situado nos planaltos da vertente Sul da Serra da Lousã, confrontando com os concelhos de Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande, Lousã e Góis. Castanheira de Pêra está inserido na bacia hidrográfica do Zêzere, cujo principal afluente é a ribeira de Pena, que atravessa o concelho no sentido Norte/Sul. A ribeira de Pena é alimentada por várias linhas de água, entre as quais se destacam as ribeiras da Gestosa e da Fonte da Telha.





História :

           O topónimo principal do concelho tem dado azo a várias interpretações, estando na origem de várias lendas, a mais famosa das quais a lenda de Peralta. Assim, segundo a tradição, esta princesa fugiu de Conímbriga em consequência da invasão e refugiou-se no castelo de Arouce, em Lousã. Daí, viu-se obrigada a partir, através da serra, em busca de seu pai. Chegando ao local onde hoje se situa Castanheira de Pêra, a sua aia faleceu e a princesa mandou sepultá-la num grande penhasco onde terá inscrito "Antigona de Peralta/Aqui foi da vida falta". Ainda segundo a tradição, Vénus, a Deusa, que perseguia a Princesa de quem jurara vingar-se, resolveu apagar parte dos dizeres tumulares ficando "Antiga de Pera". Apesar de esta história ter sido bastante divulgada na explicação do topónimo, existem outras interpretações, cujo fundamento é por certo mais crível. O topónimo é composto por dois elementos, sendo que o primeiro elemento parece tratar-se de uma referência à árvore de fruto "castanheiro"; já o segundo elemento, deriva do latim "Petra" que significa "Pedra". Esta localidade adotou o nome de Castanheira de Pedrógão até ao século XIX. A primeira referência escrita relativa a este concelho remonta a 1467, tratando-se de uma sentença de D. Afonso V relativa a uma questão levantada entre os pastores de Coentral e o município de Lousã. Um outro documento igualmente importante para a história deste concelho data de 1502, sendo desta feita relativo à fundação da freguesia de S. Domingos (atual Castanheira de Pêra) e à construção de uma igreja. A constituição do concelho data de 1914, tendo constituído anteriormente uma freguesia de Pedrógão Grande.

Bandeira de Castanheira de Pera

Heráldica

Brasão: de prata, com um castanheiro folhado e frutado de sua cor, sainte de um terrado de verde realçado de negro, cortado por três faixas ondadas de prata e de azul. O tronco do castanheiro acompanhado por dois rodízios de pás, em pala, de vermelho. Listel branco com os dizeres: «Vila de Castanheira de Pêra», a negro. Coroa mural de quatro torres de prata.

Bandeira: verde. Cordões e borlas de prata e verde. Haste e lança douradas.

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres: «Câmara Municipal de Castanheira de Pêra».


Cultura e Turismo

           Localizado nas encostas da Serra da Lousã, o concelho de Castanheira de Pêra dispõe de vários miradouros de onde se pode apreciar toda a região circundante, como é o caso do miradouro de Santo António da Neve, na freguesia de Coentral e o miradouro da Cabeça do Pião, em Castanheira de Pêra. O concelho dispõe também de duas praias fluviais que atraem bastantes veraneantes, na época estival: a praia do Poço Corga e a praia da Vila. No que diz respeito à vida cultural e desportiva do concelho, existem em Castanheira de Pêra várias associações que têm como principal objectivo a divulgação e promoção de várias atividades nessa área.

                                                                                                   Praia Fluvial do Poço de Corga 
Praia Fluvial das Rocas

Poços em santo António da Neve

Os Poços da Neve e o Ofício do Neveiro : 

         Segundo um trabalho do Dr. Herlander Machado, os poços da neve são seguramente mais antigos do que a capela. Admite-se mesmo que sejam muito anteriores a Julião Pereira de Castro no ofício de que só há notícia devidamente documentada a partir de 1757 em alvará de D. José também assinado pelo Marquês de Pombal. Dos sete poços construídos somente restam três que pela sua raridade foram considerados imóveis de interesse público. Estes três poços de construção tosca são redondos no seu interior; todavia dois são octogonais no seu exterior e um é circular. Estão cobertos por abóbadas de pedra em forma de sino achatado e todo o conjunto foi edificado com a pedra negra da região. Cada poço tem uma só porta, estreita, virada para nascente, como para evitar que, quando o Sol é mais forte, possa entrar pela estreita porta e derreter a neve ali guardada. Utilizando escadas de mão, feitas em tosca madeira, os homens desciam ao fundo destes poços – que então tinham uma profundidade superior a uma dezena de metros – e à medida que neles iam sendo despejadas as cestas com neve iam calcando esta com pesados maços de madeira que empunhavam vigorosamente, à maneira dos calceteiros de hoje. Empedernida, isolada entre os paredões alisados pelo estuque, coberta depois de palha e fetos, a neve conservava-se nesses amplos reservatórios, até ao Verão – sem que uma réstia de Sol lhe pudesse chegar. Quando chegava o tempo quente, a neve era cortada e seguia em grandes blocos para Lisboa. O transporte era feito, numa primeira etapa, em ronceiros carros de bois. Apenas três ou quatro desses grandes blocos podiam ser carregados nessas robustas carroças e eram cuidadosamente envolvidos em palha, em fetos, mesmo em serapilheiras ou, ainda, metidos em caixotes. Mas, mesmo assim, diz o testemunho oral que muita neve se perdia pelo caminho percorrido através dos tortuosos carreiros da serra, quase penosamente. Em Miranda do Corvo fazia-se a primeira muda dos animais e depois os carros partiam para Constância onde, da via terrestre, se passava para a via fluvial até ao Terreiro do Paço onde eram feitos saborosos gelados para o Rei e sua corte, tão saborosos que os Lisboetas os procuravam no Martinho da Arcada e outros cafés.


Gastronomia

     Da gastronomia tradicional do concelho de Castanheira de Pêra fazem parte as papas de milho, as couves de caramoiço e o caldo de castanhas. A gastronomia é dominada pelos sabores da serra, com o cabrito assado, o queijo e o requeijão, sem esquecer o tão apreciado mel da Serra da Lousã.