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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Viagem e visita ao concelho da Guarda

Brasão de Guarda

Localização :

              O concelho da Guarda é sede do distrito homónimo, estando integrado na província da Beira Interior. O concelho é composto por 55 freguesias, uma das quais com sede em vila (Gonçalo); a cidade da Guarda que abrange as freguesias urbanas de Guarda (S. Vicente), Guarda (Sé) e S. Miguel da Guarda. O concelho é definido pelas bacias hidrográficas dos rios Mondego, Côa e Zêzere que constituem os principais cursos de água da Guarda. Está situado no último esporão Norte da Serra da Estrela, sendo a altitude máxima de 1056 metros de altitude.



História : 

         Existem vestígios bastante remotos da ocupação humana no território que corresponde ao atual concelho da Guarda e que permitem datar presença humana nesta região desde o final do Neolítico, princípios do Calcolítico. Um dos mais significativos testemunhos dessa primitiva ocupação é a anta de Pero Moço, datada do III milénio. Também da Idade do Bronze e do Ferro foram encontrados vários vestígios, como é o caso de algumas explorações mineiras. Segundo alguns autores, a região da Guarda esteve sob a dominação romana sendo que existiria um povoado de nome Lancia Opidana, e que na época dos suevos, terá adotado o nome de Warda. D. Sancho I atribuiu foral à Guarda a 27 de Novembro de 1199, tendo como principal objectivo o florescimento da cidade. Antes da atribuição deste foral, Guarda não era mais do que uma simples comunidade de pequena dimensão, guardada por uma pequena atalaia ou torre. O foral de D. Sancho I concedeu várias regalias aos que quisessem estabelecer-se no local. D. Sancho I dotou também o povoado com um castelo e muralhas que já se encontravam concluídas no reinado de D. Sancho II. Igualmente a pedido de D. Sancho I o Papa Inocêncio III elevou a Guarda às honras de cidade episcopal, sendo nomeado seu 1º Bispo D. Martinho Pais, cónego de Santa Cruz de Coimbra, em 1203. Ao conceder a D. Sancho I a transferência da Diocese de Egitânia para a Guarda, o Papa impôs a obrigatoriedade de manter sempre a designação de "egitaniense", não só à Diocese, mas a tudo o que a ela se referisse. O foral de 27 de Novembro de 1199 veio a ser confirmado em Dezembro de 1217 e em 1229. Houve outra carta de confirmação dos usos e costumes dos habitantes da Guarda dada por Afonso III em Leiria a 18 de Março de 1254. O mesmo monarca, a 25 de Março de 1255 concede-lhe carta de feira que começava oito dias antes do S. João e durava quinze dias, estando os seus mercadores protegidos, com a isenção de penhoras, durante trinta dias. D. Fernando reforça o carácter defensivo da Guarda mandando derrubar a Sé, o Convento de Santa Clara, a Igreja de Santa Marinha e outros edifícios junto à muralha. D. Afonso V manda convocar as cortes em Guarda em 1465, às quais comparece acompanhado pela sua irmã D. Joana. Em finais do século XV, com a expulsão dos judeus de Espanha, a cidade da Guarda viu aumentar consideravelmente o número dos seus habitantes e sentiu um novo impulso ao nível comercial. Conhecida pela cidade dos 5 Fs, a sua origem tem várias explicações: a explicação mais conhecida e consensual do significado dos 5Fs diz que estes significam Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa. A explicação destes efes tão adaptados posteriormente a outras cidades é simples: 
1- Forte: a torre do castelo, as muralhas e a posição geográfica demonstram a sua força;
2- Farta: devido à riqueza do vale do Mondego;
3- Fria: a proximidade à Serra da Estrela explica este F;
4- Fiel: porque Álvaro Gil Cabral – que foi Alcaide-Mor do Castelo da Guarda e trisavô de Pedro Álvares Cabral – recusou entregar as chaves da cidade ao Rei de Castela durante a crise de 1383-85. Teve ainda Fôlego para combater na batalha de Aljubarrota e tomar assento nas Cortes de 1385 onde elegeu o Mestre de Avis (D. João I) como Rei;
5- Formosa: pela sua natural beleza.

     Ainda relativamente ao 4º "F" da Cidade, é sintomática a gárgula voltada em direção a nascente (ao encontro de Espanha): um traseiro, em claro tom de desafio e desprezo. É comum ver turistas procurando essa Gárgula específica, recentemente apelidada de "Fiel". Outra explicação em que Júlio Ribeiro cantou a Guarda, vindo a nascer das suas quadras os 5 Fs tornados célebres: Feia, Farta, Fria, Fiadalga, Feiticeira, cinco Fs que o poeta deixou “gravadas” por baixo das armas da cidade. A estes cinco viria a acrescentar-se um outro F de falsa, atribuído ao facto de o Bispo, ao tempo das invasões de Castela (crise de 1383-85), ter facilitado a sua entrada no palácio, entregando-lhe as chaves. O ar, historicamente reconhecido pela salubridade e pureza, foi distinguido pela Federação Europeia de Bioclimatismo em 2002, que atribuiu à Guarda o título de primeira "Cidade Bioclimática Ibérica". Além de ser uma cidade histórica e a mais alta de Portugal, a Guarda foi também pioneira na rádio local, sendo mesmo a Rádio Altitude considerada a primeira rádio local de Portugal. As suas origens prendem-se com a existência de um sanatório dedicado à cura da tuberculose. Toda a região é marcada pelo granito, pelo clima contrastado de montanha e pelo seu ar puro e frio que permite a cura e manufactura de fumeiro e queijaria de altíssima qualidade. É também a partir desta região que vertem as linhas de água subsidiarias das maiores bacias hidrográficas que abastecem as três maiores cidades de Portugal: para a bacia do Tejo que abastece Lisboa, para a Bacia do Mondego que abastece Coimbra e para a bacia do Douro que abastece o Porto. Existe mesmo na localidade de Vale de Estrela (a 6 km da cidade da Guarda) um padrão que marca o ponto triplo onde as três bacias hidrográficas se encontram. É também uma zona que historicamente tem sido aproveitada para a mineração, havendo até algum folclore popular que afiança existir uma enorme jazida de urânio sob a cidade, e que os Americanos durante a Guerra Fria sabendo deste facto teriam proposto a Salazar mudar a cidade pedra por pedra para outro local. Certo é o facto de existir algum nível de radiação, especialmente em espaços fechados devido ao gás Radão.

Bandeira de Guarda

Cultura e Turismo : 

        São vários os atrativos turísticos do concelho da Guarda, quer pelos seus monumentos, destacando-se a esse nível a Sé Catedral, a capela do Mileu, as igrejas da Misericórdia e de S. Vicente, a Torre de Menagem, as casas Filipinas; as portas da cidade e o centro histórico; quer pela sua beleza paisagística proporcionada pela Serra da Estrela. Já a unidade museológica do concelho mais importante é o Museu da Guarda, instalado no edifico do antigo Seminário Episcopal. O museu integra várias coleções de arqueologia, numismática romana, escultura sacra dos séculos XIII-XVIII, pintura sacra dos séculos XVI-XVIII, armaria dos séculos XVII-XIX, cerâmica, etnografia regional, pintura e desenhos de finais do século XIX e primeira metade do século XX.



Gastronomia : 

        A gastronomia do concelho é muito diversificada, com destaque para o Caldo de Grão, o Bacalhau à Conde da Guarda,Bacalhau à Lagareiro, o Cabrito Assado, as Morcelas da Guarda e o Arroz Doce.