Translate

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Viagem e visita ao concelho de Castro Daire

Brasão de Castro Daire

Localização : 

           O concelho de Castro Daire está inserido no distrito de Viseu e tem uma área de 376.2 Km2 , distribuída por vinte e duas freguesias. A geografia do concelho caracteriza-se pelos seus contrastes de relevo, estando inserido numa zona montanhosa, enquadrado pelas serras interiores de Montemuro, Gralheira e Caramulo e extensos vales, sendo limitado a Sul pelo rio Paiva. O rio Paiva nasce na serra de Leomil e desagua no rio Douro, constituindo o principal elemento hidrográfico do concelho de Castro Daire.







História :

         O topónimo principal do concelho é composto por dois elementos, sendo o primeiro elemento, "Castro" uma clara alusão a um povoado fortificado que supostamente aí teria existido. Já o segundo elemento, "Daire", é também uma referência aos tempos castrejos, ou pelo menos pré-romanos. Nas Inquirições de 1258, a vila aparece com a designação de "Castro de Ario" e só do século XVI aparece a designação "Castro Daire". O aparecimento da forma atual do topónimo não é conhecida, contudo a mudança deve-se certamente à perda de sentido que a palavra tinha inicialmente. A forma mais antiga e que aparece nas Inquirições é a que mais se aproxima do original, pois os romanos quando aqui chegaram encontraram um povo lusitano que adorava um deus indígena a que davam o nome de "Arus" que em genitivo é "Ari" e em dativo é "Aro". Seria deste nome dativo que teria derivado a designação da povoação, após alguns fenómenos linguísticos, resultando o nome atual "Castro Daire". Podemos então dizer que o nome da vila recorda o culto ali celebrado a um deus do paganismo e não os bons ares da serra ou o nome do seu fundador como defendem alguns autores. Uma outra explicação para o segundo elemento do topónimo é que este seria um derivado do latim "agrum" que significa "campo". Tanto quanto se sabe, a ocupação humana no território que abrange o atual concelho é bastante remota e pode ser comprovada, por exemplo, pelos vestígios toponímicos relacionados com a presença de mouros, dois deles na designação de freguesias, outros que se podem relacionar com povoações pré-históricas fortificadas. A própria vila guardou no nome a lembrança de uma castro. Outros vestígios que atestam a antiguidade do povoamento prendem-se com os vários achados arqueológicos encontrados na área concelhia. Do período do Megalitismo, apesar de se conservarem topónimos como Arcas, Senhora das Antas ou Chã das Antas, referências a monumentos megalíticos, em nenhum dos casos se conserva qualquer vestígio dos antigos monumentos funerários que certamente terão existido, mas que acabaram por desaparecer. Ainda existentes são as mamoas de Santa Ouvida, na freguesia de Monteiras e de Pedra d'Arca, na freguesia de Almofala. A Época do Bronze que se inicia pelo primeiro milénio, está presente no concelho de Castro Daire, datando dessa época um molde de bronze de machado de duplo anel. Na Idade dos Metais, o concelho de Castro Daire, com muitos outeiros e montanhas, também foi habitado por povos castrejos; contudo, essa memória só perdura através da toponímia, em nomes como Castro da Maga, na freguesia de Moledo, Crasto, na freguesia de Cabril e no topónimo principal, Castro Daire. No entanto, não existe na vila qualquer indício do primitivo castro. A sua existência está baseada na topografia da vila e na sua situação geográfica. Dos vestígios conhecidos do concelho, o que porventura se refere com mais frequência é o de Muro que deu nome à serra, possível fortificação muito antiga e já arruinada em finais do século XI, segundo testemunhos documentais. O concelho de Castro Daire remonta aos tempos medievais e manteve desde essa época dimensões bastante reduzidas até ser alargado, na sequência da reforma administrativa de 1835-36. Para melhor compreender sua criação enquanto unidade administrativa, é necessário em primeiro lugar, ter em consideração a evolução e história dos concelhos que primeiramente estavam instituídos neste território. Assim, no início da nacionalidade, o território do atual concelho de Castro Daire era dominado pelo extenso Julgado e terra de Moção. A parte ocidental desse julgado abrangia a freguesia de Pinheiro e os lugares de Fundo de Vila, Vila Seca, Outeiro, Ribas, Desfeita e Várzea Longa; na parte oriental estavam incluídas Cujó, S. Joaninho, Mões e Moledo e na parte central, a freguesia de Ribolhos. A parte ocidental era terra reguenga, pagando-se eirádega, jugada e outros impostos em géneros. Para além da própria cabeça do concelho e julgado de Moção, esta área abrangia, como já foi referido, a freguesia de Pinheiro que no século XII englobava as atuais freguesias de Ermida, Moura Morta, Picão e Pinheiro, sendo, portanto, a paróquia mais extensa do julgado. Neste mesmo século, foi fundado o mosteiro da Ermida, que imediatamente é coutado e passa a constituir a única zona não reguenga em toda esta metade ocidental do concelho de Moção. A fundação desse convento deverá integrar-se num objectivo mais vasto que é a tentativa de povoamento sistemático dessa região, devastada pelas lutas e despovoada pelas condições climáticas, pouco propícias à agricultura destas encostas montemuranas. A metade oriental era honrada e pertenceu a Egas Moniz, o amo de Afonso Henriques, nosso primeiro rei. A Egas Moniz pertenceu, aliás, grande parte do atual concelho de Castro Daire, pois ele teve na sua posse as honras de Mezio e Vale do Conde, Mões, Moledo e Gosende. Para além da terra de Moção, outras duas terras surgem ligadas à formação do concelho de Castro Daire, como é o caso da terra de Parada e de Lafões que abrangiam na sua área alguns concelhos que quando extintos vieram a integrar o atual concelho de Castro Daire. Para além destas três terras, o concelho foi ainda buscar ao julgado de Tarouca a zona nordeste, onde hoje se situa Almofala e que sempre pertenceu ao concelho de Mondim da Beira. Em 1842, com a extinção sucessiva de vários concelhos vizinhos, o concelho de Castro Daire era já composto por 12 freguesias: Castro Daire, Monteiras, Cabril, Ermida, Ester, S. Joaninho, Gosende, Mezio, Moura Morta, Picão, Pinheiro e Parada de Ester. Com a reforma dos concelhos - o de Mondim da Beira é extinto a 26 de Junho de 1896 - Almofala integra-se no concelho de Armamar donde transitou para o de Castro Daire a 13 de Janeiro de 1898. Entre o período de 1895 e 1898, com a extinção do concelho de Fráguas, Castro Daire passou também a abranger as freguesias de Touro, Vila Cova e Pendilhe que foram posteriormente transferidas para o concelho de Vila Nova de Paiva. Mamouros e Pepim pertenciam ao antigo concelho de Alva; Gafanhão era também concelho, assim como Reriz. Com a extinção destes concelhos, as suas freguesias passaram também a integrar o concelho de Castro Daire. Atualmente o concelho é composto por 22 freguesias, a mais recente das quais, Cujó, desanexada de S. Joaninho.

Bandeira de Castro Daire

Cultura e Turismo : 

    Castro Daire é um concelho com grandes potencialidades turísticas, dada a sua beleza e riqueza histórica e patrimonial. Dispondo de vários locais onde se pode apreciar uma vista fabulosa, são de destacar o miradouro do Calvário, com vista panorâmica do concelho de Castro Daire e o miradouro da vila, onde se pode ver o rio Paiva e o vale que o envolve. Um recurso turístico bastante importante de Castro Daire são as Termas do Carvalhal, situadas entre as bacias hidrográficas do Vouga e do Paiva. A nível de recursos culturais, são de destacar o Museu Municipal, onde se encontra um valioso espólio arqueológico e etnográfico, e a Biblioteca Municipal, espaço integrado na Rede Nacional de Leitura Pública, inaugurado em Setembro de 2001.



Gastronomia : 

         A gastronomia de Castro Daire é bastante variada e de longa tradição, nela se destacando os seguintes pratos: trutas de escabeche, torresmada à montemuro, cabrito no forno, orelheira com arroz de feijão, presunto fumado, pão de milho caseiro e bolo podre.