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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Viagem e visita ao concelho de Abrantes

Brasão de Abrantes

Localização

        Integrado no distrito de Santarém e na Região da Estremadura e Ribatejo, o Concelho de Abrantes ocupa uma área de 700.4 km2, distribuída por 19 freguesias. Tem por limites os concelhos de Vila do Rei, Ferreira do Zêzere e Sardoal, a Norte; Constância e Tomar, a Oeste; Chamusca e Ponte de Sor, a Sul; e Mação e Gavião, a Este.
Abrantes está inserido na zona de transição das regiões da Beira Baixa, do Alto Alentejo e no extremo Norte do Ribatejo e caracteriza-se pelas suas irregularidades de relevo e hidrografia, derivadas sobretudo pelo rio Tejo, podendo ser dividido em três zonas distintas: a zona do vale do Tejo, relativamente plana; a Zona Norte, de relevo acidentado; e a Zona Sul, de relevo moderadamente ondulado e com uma rede hidrográfica densa. O rio Tejo é o seu elemento hidrográfico mais importante, atravessando-o num percurso de 30 Km. Este rio foi também um importante elemento no desenvolvimento económico do concelho de Abrantes, pois aí existia um importante porto de cargas e descargas de mercadoria comercial.
O concelho é atravessado por várias linhas de água, além da já referida, sendo de destacar: o Rio Zêzere, as Ribeiras de Rio de Moinhos, Alferrarede, Boas Eiras, Mós, Balancho e Casalão e ainda o Rio Torto, entre outros. No rio Zêzere encontra-se a Albufeira do Castelo de Bode, com uma capacidade útil de 900,5 milhões de metros cúbicos e 3.500 hectares de área de superfície, sendo a maior bacia hidrográfica do país. É um importante aproveitamento hidroelétrico e de captação de água para abastecimento público. Em termos de atividade turística, o concelho está inserido na Região de Turismo dos Templários, Floresta Central e Albufeiras.



História

            Sobre a origem do topónimo principal deste concelho, "Abrantes", foram elaboradas várias hipóteses, sendo também várias as lendas que se contam a esse respeito, sendo uma das mais divulgadas a da "porta que se abre antes". Assim, conta-se que a 8 de Dezembro de 1148 travou-se no castelo uma violenta batalha entre as tropas de D. Afonso Henriques e os mouros. Ainda no rescaldo da batalha, com a vitória dos cristãos, os prisioneiros agrupavam-se, esperando ordens. Entre eles encontrava-se um jovem, Samuel, que tentava, em vão, libertar-se e procurava proteger a filha do alcaide, Zahara que também havia sido feita prisioneira. Moniz Machado, vendo a inquietação do jovem, procurou a rapariga e resgatou-a dos braços de um soldado, entregando-a à guarda de um seu conhecido monge de S. Bento que viera do Mosteiro de Lorvão, na companhia de El-rei. Entretanto, D. Afonso Henriques, procurando remunerar os serviços prestados naquela batalha pelo seu filho D. Pedro Afonso, deu-lhe o senhorio do castelo e nomeou-o seu alcaide-mor. No entanto, Pedro Afonso, acabou por partir com o pai para Torres Novas, pelo que a alcaidaria foi delegada a Moniz Machado. Antes de partir, D. Afonso Henriques consentiu que Zahara fosse restituída a seu pai e que ambos saíssem em liberdade, assim como o jovem Samuel. Moniz Machado tentava então conquistar o coração de Zahara, para desgosto de Samuel que também estava apaixonado por ela e que sofria por isso violentas crises de ciúme. Certa dia, Zahara pergunta a seu pai como deveria proceder se o cavaleiro viesse procurá-la e ele não estivesse em casa: deveria manter a porta fechada como se não estivesse ninguém, ou recebê-lo-ia? O seu pai, julgando ver nesta pergunta um novo intuito de ofensa ao alcaide do castelo, para evitar mais problemas, respondeu: "Nada temo nem receio da tua virtude, minha filha. E confio também na honradez do alcaide. Abre antes a porta!". Samuel ao ouvir estas palavras, endoideceu de ciúmes e correu pela povoação a gritar "Abre antes! Abre antes". Segundo reza a lenda, em memória do febril acesso de loucura de Samuel, a terra passou a ser chamada de Abrantes. No entanto, trata-se apenas de uma lenda, sendo que a origem do nome encontra-se ainda envolta em algumas dúvidas. O topónimo poderá derivar de um hipotético "Aurantes", derivado de "aurum", que significa "ouro", através de "Aulantes", forma que aparece num documento de 1176.
As origens do concelho de Abrantes remontam aos primórdios na Nacionalidade, sendo que para a defesa desta região se tornasse mais efetiva  D. Afonso Henriques doa o seu castelo à Ordem de Santiago da Espada em 1173, tendo três anos depois doado o canal de pesca de Abrantes ao Mosteiro de Lorvão para que este tratasse da sua conservação, pagando ao rei nove décimos da pescaria efetuada  Em 1179, o mesmo monarca concede foral a Abrantes. No foral, principia-se por estabelecer o fossado (serviço militar medieval) uma vez no ano, sendo obrigadas duas partes dos cavaleiros a participar nele, enquanto que a terça restante ficaria à guarda da vila. Quanto a multas, os casos crimes mais importantes eram regulados da seguinte forma: por homicídios, cem soldos; pelo o rousso, desde que a violada o publicasse, peitaria o criminoso depois da prova, ou no caso de ele não poder mostrar-se inocente, trezentos soldos, de que se deduzia a sétima para o paço. Este caso crime, na prova de culpa e respectiva multa, obedecia a certas formalidades prévias, publicando a ofendida a sua desonra, se ele a negasse, teria ela de apresentar o depoimento de três homens da própria qualidade do ofensor, enquanto que ele deveria jurar com doze e no caso de não o poder fazer pagaria a multa. O foral estabelecia também a imunidade pessoal para qualquer caso e pessoa, no mercado, na igreja e no concelho, para não se impedir a ninguém o abastecimento necessário à vida ou os meios de o angariar, o alimento espiritual e o uso de direitos administrativos e políticos, não se permitindo que nesses locais ou caminhos fosse alguém ferido ou agredido. Estabelece-se também no foral o "apelido" para cavaleiros e peões, sendo apenas escusados os que estivessem a serviço alheio, com a pena de dez soldos para o cavaleiro e de cinco para o peão. A mulher que abandonasse o marido pagaria uma multa de trezentos soldos (sendo este um crime comparável à multa de homicídio). Caso fosse a mulher a ser abandonada pelo marido, este pagaria apenas um dinheiro ao juiz. Igualmente se comparava a homicídio, na multa, do crime de espancamento de mulher casada em frente ao seu marido. Outras disposições notáveis são: a equiparação dos cavaleiros-vilãos de Abrantes, em juízo e juramento; o foro de cavaleiro-vilão para os clérigos; a equiparação dos peões em juízo aos cavaleiros-vilãos de outras terras; a dispensa de montado nos gados abrantinos, pastando fora do termo do concelho; o impedimento de os "barones de Abrantes" serem dados em préstamo; a cobrança de montádego sobre os gados estranhos à terra e que venham pousar nela; a proibição sob pena de perda total, de qualquer estranho ao concelho vir dentro dos limites deste talhar e levar madeiras aos montes; e a permissão de se espancar e até assassinar quem viesse à vila tomar pela força alimentos ou qualquer coisa, acto aquele que ficava isento de responsabilidade criminal. 
D. Afonso II, em 1217, confirmou o foral concedido em 1179, restaurou o castelo e, segundo a tradição, mandou edificar a igreja de Santa Maria do Castelo. A 24 de Abril de 1281, D. Dinis doa o senhorio de Abrantes a sua mulher, D. Isabel de Aragão, sendo que o mesmo monarca melhorou a fortaleza, dotando-a com a Torre de Menagem e, querendo engrandecer mais a vila, passou aos seus moradores a jurisdição sobre os de Punhete (hoje Constância), ficando desde então esta povoação sob o domínio de Abrantes. Como geralmente acontecia, as relações de Abrantes com os concelhos seus vizinhos nem sempre foram as mais amigáveis, havendo por vezes conflitos de jurisdições e privilégios, como o que nos finais do século XIII opunha o concelho ao de Alter do Chão, que aliás era dependente em certos aspectos do de Abrantes. As questões entre estes dois concelhos foram resolvidas por D. Dinis em 1295, concedendo a Abrantes, como indemnização, o direito de não admitir para venda, vinhos de fora. Quanto à extensão inicial do termo abrantino, o diploma municipal não lhe refere os limites; mas é facto que a Nascente confrontava com o termo de Belver, sem a precisão necessária o que deu causa a uma questão entre as duas vilas na primeira metade do século XIV, da qual há um episódio, sobre esta relação de limites, no chamado Privilégio da Doação de Belver à Ordem do Hospital, para determinação de qual das vilas devia incluir a atual de Mação em seus termos. Mediante a imprecisão dos limites destas, a coroa reservou como solução o lugar de Mação para si; mas o facto é que com a doação de Abrantes por D. Dinis Abrantes à rainha Santa Isabel, esta acabou por dar-lhe Mação que também era dela, por termo. As tentativas de Mação para se separar foram sempre inúteis nesta época, confirmando D. Fernando a inclusão em Abrantes (27-4-1375), cujo o termo atingia o Zêzere; terminal no tempo de D. Sebastião, foi feita a inclusão da vila de Punhete (Constância). Tinha já englobado o Sardoal, por mando de D. João III e igualmente os actuais concelhos de Mação, Alter do Chão, Ponte do Sor que estavam sujeitos, em alguns casos, aos juizes abrantinos. No século XVI, Abrantes era uma das maiores e mais populosas terras do reino, sendo que dentro dos seus muros existiam quatro conventos de ordens religiosas e 13 igrejas. 
Durante os séculos XVII e XVIII, assumiu um papel bastante importante sob o ponto de vista militar, sendo por 2 vezes classificada como Praça de Guerra de 1ª Ordem. Em 1807 serviu a Junot como ponto de concentração das suas tropas para a investida sobre Lisboa. Mais tarde, desde 9 de Outubro do referido ano até 7 de Março de 1811, o General Massena com os seus soldados, cercou a vila, mas as tropas portuguesas, os habitantes e algumas tropas inglesas defenderam-se energicamente e os franceses debandaram, fugindo para Espanha. Napoleão, julgando-se senhor de Portugal, concedera o título de Duque de Abrantes a Junot, porém o título jamais foi reconhecido pelas autoridades portuguesas e, não obstante, Junot continuou a assinar como Duque de Abrantes. Anteriormente o título havia sido dado por Filipe IV, a D. Afonso de Lencastre que também não foi reconhecido. Em Novembro de 1862 foi inaugurado o troço ferroviário de Santarém a Abrantes e, em Março de 1868, foi adjudicada a construção da ponte rodoviária entre Abrantes e Rossio ao Sul do Tejo, e estes dois acontecimentos estiveram na base do progressivo desenvolvimento regional. Ativo centro republicano, Abrantes foi local de reuniões preparatórias do 5 de Outubro de 1910, o que de certa forma contribuiu para a sua elevação a cidade a 14 de Junho 1916.

Bandeira de Abrantes

Heráldica

Brasão: de azul, uma estrela de 8 raios de prata em abismo, acompanhada de 4 flores-de-lis de ouro, postas em cruz, e de 4 corvos de sua cor, postos em aspa e volvidos em cortesia para a estrela. Coroa mural de 5 torres de prata. Listel branco, com a legenda, a negro: «Abrantes».

Bandeira: gironada de amarelo e azul, cordões e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro.

Selo: circular, com as peças de escudo sem indicação das cores e metais, entre 2 círculos, com a legenda: «Câmara Municipal de Abrantes».


Cultura e Turismo

             O concelho de Abrantes está integrado na Região de Turismo dos Templários, Floresta Central e Albufeiras e apresenta grandes potencialidades turísticas quer pelos seu valor patrimonial quer pela beleza paisagística da região em que se encontra inserido. A Albufeira do Castelo do Bode é um importante ponto de referência turística e de lazer, tendo a oferecer bastantes opções de atividades como a prática do Mergulho, o Windsurf ou o Ski Aquático. Nas localidades de Aldeia do Mato e Fontes foram desenvolvidos dois miradouros que permitem tirar o máximo partido da magnífica paisagem que a Albufeira tem para oferecer, sendo também de destacar em Aldeia do Mato, o Parque Náutico de Recreio e Lazer.
Abrantes dispõe de várias infra-estruturas que promovem e dinamizam a cultura, como é o caso da Biblioteca Municipal. As origens da Biblioteca Municipal remontam já ao século XIX. Em 1887 existia em Abrantes uma sociedade chamada Biblioteca Popular de Abrantes que depois adotou o nome de Sociedade João de Deus e cujos principais objectivos eram manter uma biblioteca e organizar conferências que fossem de encontro aos interesses do público. Apesar de ser então uma sociedade privada, esteve na origem da primeira Biblioteca de Abrantes. Em 1889, surgiu a Biblioteca Escolar de S. Vicente, onde se podiam usufruir dos livros em horário escolar. A 3 de Agosto de 1933 foram efetuadas obras nos Paços do Concelho e aí foi instalada a biblioteca que posteriormente viria a ser apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian que aí estabeleceu a Biblioteca Fixa nº134. Já em 1982 a biblioteca foi transferida temporariamente para o convento de S. Domingos onde funcionou cerca de dez anos, até ser construída e aberta ao público a Biblioteca Municipal António Botto, a 26 de Novembro de 1993. Uma outra importante infra-estrutura cultural no concelho de Abrantes é a Galeria Municipal de Arte, onde se promovem várias exposições temporárias, com o objectivo de divulgar o trabalho de artistas nacionais e estrangeiros. Destaque também para o Cine-Teatro S. Pedro, palco de vários espetáculos e para o centro de Novas Tecnologias, situado no antigo Matadouro.
Das unidades museológicas do concelho de Abrantes, destacam-se o Museu D. Lopo de Almeida, localizado na Igreja de Santa Maria do Castelo e o Ecomuseu em Martinchel. O Museu D. Lopo de Almeida foi criado pela Lei nº 1175 de 1 de Junho de 1921, e dispõe de um acervo patrimonial considerável, incluindo várias coleções (arqueologia, pintura, escultura, paramentaria, etnografia e talha dourada). O Ecomuseu de Martinchel situa-se a poucos metros da Barragem de Castelo de Bode e trabalha em coordenação com o Parque Náutico de Recreio e Lazer de Aldeia do Mato, funcionando com postos de informação, divulgação e dinamização do turismo local. No logradouro do Ecomuseu situa-se o mercado rural de Martinchel, onde estão disponíveis os mais genuínos produtos resultantes das hortas familiares locais. Entre os equipamentos desportivos acessíveis no concelho de Abrantes, são de destacar os Pavilhões Desportivos Municipais, as piscinas, o polidesportivo Dr. Rogério Ribeiro, vários campos de ténis e o parque radical.
                                                                                             Aldeia do Mato 
Albufeira da Barragem de Castelo de Bode


Gastronomia

          Entre as especialidades gastronómicas do concelho de Abrantes, o realce vai para o cabrito guisado ou assado no forno, para as migas fervidas com entrecosto, a carne de porco, as migas de feijão frade com nabiça, o arroz de lampreia, a açorda de sável, o achigã grelhado e as migas carvoeiras com bacalhau. Na doçaria destacam-se as tigeladas  as broas de mel, as limas, os castanhos, os mulatos e a tradicional palha de Abrantes.
                                                                                                        Palha de Abrantes
Cabrito assado no forno 

Tigeladas